Desde o Tempo das Tias no Sesc Belenzinho

Sexta-feira, 18 de março, as cantoras Aline Calixto, Dona Inah e Glória Bonfim dentro da programação do projeto ARTE – Substantivo Feminino…

O show “Desde o Tempo das Tias”, com as cantoras Aline Calixto, Dona Inah e Glória Bonfim, que farão uma homenagem à figura das tias, lideranças femininas que desde o surgimento do samba urbano representam autoridades comunitárias do gênero. A apresentação será na Comedoria do Sesc Belenzinho, a partir das 21h30 e faz parte do projeto ARTE – Substantivo Feminino.

No palco, as três sambistas de diferentes gerações vão celebrar estas mulheres, que são tão importantes no carnaval, mas não só. É por causa delas, que as alas das baianas hoje são obrigatórias nos desfiles das escolas de samba. Elas serão acompanhadas por uma banda base, formada por alguns dos principais músicos de samba da cidade de São Paulo: Ignez Francisco da Silva (violão 7 cordas), Milton de Mori (bandolim), Paulo Henrique de Mori (percussão), Gabriela Silveira de Andrade (percussão) e Getúlio Franco Ribeiro (cavaquinho). A direção musical é do violonista Marco Bailão e do bandolinista Miltinho Mori.

E a escolha dessas três artistas fica clara, quando conhecemos um pouco da carreira de cada uma delas.

Dona Inah
Dona Inah foi a primeiro negra a subir ao palco do “Araras Clube”, reduto da elite de Araras, cidade no interior paulista onde nasceu em 1935. Mesmo ganhando um concurso em Santo André, aos 20 anos, a carreira seguiu difícil e acabou se afastando da vida de artista para trabalhar em casas de família e cozinhas. Em 2002, houve uma virada em sua vida com o convite do produtor Heron Coelho para participar, ao lado de Marília Medalha e de Fabiana Cozza, do musical “Rainha Quelé”, em homenagem à Clementina de Jesus. Dois anos depois, gravou o primeiro disco “Divino meu samba” (2004), depois vieram “Olha quem chega.”(2007) e “Fonte de Emoção” (2013). Neste show, Dona Inah interpreta clássicos de sambistas como Cartola, Nelson Cavaquinho e Dona Ivone Lara.

Glória Bomfim
A baiana de Areal trabalhou como empregada doméstica em Salvador, como manicure em Copabacana, bairro nobre do Rio de Janeiro e como cozinheira nas casas de Renato Aragão e do casal Paulo César Pinheiro e Luciana Rabello. Glória Bomfim começou sua carreira aos poucos, assim como Dona Inah. Na década de 1980 frequentou as rodas de samba na quadra da Portela, onde, a pedidos de Mestre Marçal, sempre interpretava sambas de João Nogueira e Paulo César Pinheiro.

O primeiro disco só foi sair em 2007, “Santo e Orixá”, no qual prestou homenagem aos rituais e à simbologia do Candomblé, disco que foi relançado em 2011 pela Biscoito Fino. Hoje, Glória é babalorixá e autoridade nas rodas de samba do Rio de Janeiro. Para esta apresentação, Glória Bonfim canta os santos e orixás passando pelas canções “Encantadeira”, “Ogum Menino”, “Gameleira Branca” e “Anel de Aço”.

Aline Calixto
Representando a terceira geração do samba, Aline Calixto é carioca, mas aos seis anos foi morar em Belo Horizonte (MG) e aqui também representa uma nova mulher. Emancipada, independente, poderosa e feminista. Todos esses traços de sua personalidade estão no terceiro álbum, “Meu Ziriguidum” (2015). Defensora da causa da mulher, a cantora afirma que ainda há muito machismo na esfera do samba, mas mesmo assim a coisa vem mudando. “Primeiro, o machismo dentro do samba vem de uma esfera maior. Poucas mulheres se destacaram no samba e as que conseguiram tiveram que enfrentar muitas barreiras e quebrar muito paradigmas para a afirmação de sua arte”, comenta.

Recentemente, ela foi a porta-voz de mulheres indignadas com o desfile do novo uniforme do Clube Atlético Mineiro, que levou modelos para a passarela, apenas com a camiseta nova do clube e roupa íntima. Nesta experiência, para ela, o que mais chocou foi ver mulheres reafirmando o machismo. “Eu nem julgo estas mulheres, porque muitas delas ocuparam durante a vida toda o papel de coadjuvantes ou falam isso, porque não entendem o que é o feminismo. E o feminismo não se impor contra o outro. O que queremos são direitos iguais e parar de tratar o corpo feminino como um objeto. Isso é cultural e precisa ser quebrado.”

 

“Desde o Tempo das Tias” com Aline Calixto, Dona Inah e Glória Bonfim
Projeto ARTE – Substantivo Feminino
Sesc Belenzinho
Comedoria
Rua Padre Adelino, 1000
Tel: 2076- 9700
Capacidade: 396 lugares
Sexta-feira, 18 de março, às 21h30
Duração: 1h30
Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos.
Ingressos: R$ 25,00 (inteira). R$ 12,50 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência). R$ 7,50 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Ingressos à venda pelo Portal www.sescsp.org.br e nas bilheterias do SescSP. Venda limitada a quatro ingressos por pessoa. Não é permitida a entrada após o início do espetáculo.

 

Foto de Aline Calixto: Divulgação
Foto de Dona Inah: Joana Gudin
Foto de Glória Bonfim: Divulgação

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