Hiperativo, de Paulo Gustavo, mostra que a vida é um stand up

Carismático e despretensioso, ator agrada ao estabelecer um bate-papo com o público e ressaltar a comicidade da vida…

No último domingo fui ao Juventus ver Dona Hermínia, digo, Paulo Gustavo, em HIPERATIVO. Diferentemente de Minha Mãe é Uma Peça, que lhe consagrou na cena artística nacional, Paulo surge de cara limpa, sem personagens ou cenário. Os primeiros 5 minutos são dedicados a uma mega produção que inclui dança e canto gregoriano, mas o restante do stand up conta apenas com o ator e seu afinado talento para o humor.

Em 1h30 de show ele nos diverte com histórias de sua vida e algumas pérolas de Dona Déa, sua mãe-musa inspiradora. Imagina que louco você tranquilo e favorável a caminho do açougue, quando de repente sua mãe vai na janela e grita “se ele quiser te dar o rabo não aceite”?!? Há também algumas histórias de amigas como Ingrid Guimarães, Heloísa Périssé, Samantha Schmutz e outros. “E outros”, inclusive, rende altas gargalhadas. O ator conta que, quando a Ingrid participou, nos anos 90, da primeira versão de Confissões de Adolescente, ela ainda não era conhecida do grande público. Em um belo dia, na publicação de uma matéria sobre a produção, o título era o nome das protagonistas e “e outros”. Mas “e outros” era só a Ingrid.

Paulo Gustavo prova no espetáculo que representa uma vertente do humor nacional que veio para ficar. Se, por muito tempo, o brasileiro riu de piadas encharcadas de palavrões e preconceitos, no sentido mais amplo possível, agora, felizmente, temos opções mais saudáveis. É possível fazer ótimas piadas e muito sucesso sem ofender ou polemizar. Lógico que persistem os humoristas “politicamente incorretos”, mas quem não faz parte dessa fatia de espectadores já pode rir sem se sentir incomodado.

Com o humor e carisma de sempre, o ator sabe retribuir o calor dos fãs. O show, formado por cenas da vida que ocorrem ou poderiam ocorrer a qualquer um de nós, propicia imediata identificação em quem assiste, ao passo que “tipo eu na vida” e “lembra daquele dia…” são frases facilmente ditas e ouvidas além do palco. A interação com a plateia, aliás, é bem legal e, mesmo ele lá e nós cá, o espetáculo parece aquele barzinho de sexta-feira com os amigos. Na mesa, os altos e baixos, mas sempre rentáveis pulos do dia-a-dia.

Na volta pra casa, a vida tem mais graça. Afinal, somos todos hiperativos.

Foto: Divulgação

 

Isaac Gonçalves

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