O pomar das almas perdidas

Intimista, singelo e poético, O pomar das almas perdidas nos lembra de que a vida sempre continua, apesar do caos e do sofrimento.

Obra de Nadifa Mohamed, inédita no Brasil de premiada autora britânica, Nadifa Mohamed, é o primeiro livro desta premiada autora britânica, publicado no Brasil. A obra conta, com sensibilidade e reverência a história de três mulheres, de classes sociais e idades diferentes, que, no final dos anos 1980, enfrentam na cidade de Hargeisa, na Somália, a guerra civil que devasta o país até hoje.

As três personagens centrais da obra são Kawsar, uma senhora viúva de luto pela filha. Depois de um ataque brutal na delegacia de polícia, ela fica acamada, dependendo da ajuda de vizinhos; Deqo, uma órfã que fora abandonada no campo de refugiados e encontra na casa de prostitutas proteção após fugir da cerimônia de aniversário da revolução, onde fez uma apresentação de dança; e Filsan, uma jovem soldado, que se oferece como voluntária na revolução, para mostrar que pode ser muito mais comprometida do que qualquer um de seus colegas homens.

A trama se inicia com um incidente envolvendo a menina Deqo durante a apresentação de dança. Ansiosa, ela erra a coreografia e é repreendida com golpes e xingamentos. Kawsar, que assiste à apresentação, avista de longe a situação e interfere. Logo, os seguranças a pegam pelo braço e a retiram do local, enquanto Deqo consegue fugir. A velha senhora é levada para a cadeia, onde é brutalmente espancada por Filsan, que faz isso porque acabara de ser humilhada pelo chefe de sua corporação.

O livro passa a acompanhar então a vida de cada uma das mulheres. Deqo se perde pelas ruas da cidade, perambulando pelas bancas do mercado até encontrar refúgio na casa de prostitutas. Machucada, impossibilitada de se mover, Kawsar volta para seu bangalô e passa a viver com a ajuda de uma jovem. Filsan retorna ao quartel e ao seu trabalho de patrulha. Nesse momento, a narrativa cresce e ganha uma qualidade poética admirável, para a qual muito contribui a musicalidade das palavras somalis sussurradas aqui e ali.

Aos poucos, a revolução cresce e o conflito armado se instala de vez, obrigando a população a deixar sua casa. Em meio aos escombros, aos cadáveres, à areia do deserto e às suas próprias perdas, Deqo, Filsan e Kawsar voltam a se encontrar para viver o seu destino final e comum, num trabalho magistral de construção de enredo que ajuda a explicar por que a revista Granta elegeu Nadifa Mohamed uma das melhores jovens escritoras britânicas de 2013.

 

A Autora

Nadifa Mohamed nasceu em Hargeisa, Somália, em 1981, e foi educada no Reino Unido. Estudou história e política no St. Hilda’s College, Oxford. Atualmente, ela mora em Londres. Seu primeiro livro, Black Mamba Boy, foi publicado em 2010.

Em um lugar desprovido de homens, Mohamed deu voz às mulheres somalis sem polêmicas de gênero, apenas com uma escrita vigorosa e cheia de nuances.

Nadifa Mohamed – premiada pela revista Granta em 2013 como uma das melhores jovens romancistas britânicas. Também recebeu o prêmio Trask Betty e outras indicações com seu primeiro romance, “Black Mamba Boy” – ainda inédito em língua portuguesa – onde transformou a história verídica de seu pai em ficção.

296 Páginas
Editora Tordesilhas
R$ 39,90
Foto: Divulgação

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