Um grupo de amigos se reúne à mesa após uma festa de casamento. Entre conversas políticas e sobre as relações humanas, relembram os acontecimentos da noite. Porém, contar algo ou alguma coisa, mostrará que além de uma noite trágica de festas, eles tentam ser algo que jamais serão. Esse é o ponto de partida de Dinamarca, a nova montagem do Grupo Magiluth, que estreia dia 15 de setembro, no Sesc Belenzinho…
Baseado na obra Hamlet, de Shakespeare, o espetáculo tem direção de Pedro Wagner e dramaturgia de Giordano Castro, que também está em cena ao lado de Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Mário Sergio Cabral e Lucas Torres.
Em Dinamarca, segunda montagem de uma trilogia que começou em 2015 com o espetáculo O Ano em que Sonhamos Perigosamente, a trama de Shakespeare funciona como um alicerce, mas o estado do Brasil e do mundo, em 2017, é o verdadeiro assunto que o grupo que dissecar. Na montagem anterior, o grupo investigou os indivíduos inseridos num momento histórico onde mundialmente explodiram movimentos emancipatórios e se parecia que enfim os gritos das ruas levariam a mudanças. Agora, o Magiluth volta o seu olhar para um recorte social que caminha alheio a tudo isso, mas não menos importante na construção desse inflamável quebra cabeças.
Inspirado num dos textos mais conhecidos da dramaturgia ocidental, Hamlet. A tragédia escrita por William Shakespeare entre 1599 e 1601 é notoriamente considerada um clássico, pois apesar da época em que foi escrita, se mantém viva, atual e traz reflexões sobre a atualidade. Para Giordano Castro, responsável pela dramaturgia e também ator na peça, a história de Hamlet proporciona uma variedade de abordagens, leituras e caminhos sobre a mesma obra. “Dentro dessas possibilidades, a ideia de ficcionalizar uma bolha social do reino dinamarquês nos serve como argumento para a construção de Dinamarca.
Não se trata de uma adaptação ou versão do bardo inglês. Shakespeare foi ponto de partida, um esteio ou trampolim. Trechos, frases e sentidos de Shakespeare estão lá, mas não a linearidade, ou mesmo todos os personagens. A obra shakespeariana aparece explicitamente em alguns momentos, quase que cortando a narrativa, como uma memória ancestral”, afirma ele.
O Magiluth vem trabalhando no espetáculo desde outubro de 2016. De lá para cá, o que era Hamlet reverberou Dinamarca. “Somos um grupo de teatro que busca estar sempre em diálogo com o momento presente, tentando fazer de seus trabalhos um recorte do seu tempo. Para isso, buscamos como referências, obras atemporais. Que não se esgotam em possibilidades de interpretações. É talvez esta a força maior da tragédia Shakespeariana: revelar quem somos através dos conflitos que atormentam a cabeça do jovem príncipe. E quando somos revelados, entendemos como agimos, sendo produto e produtor da sociedade em que vivemos. Sendo assim, pensemos no planeta. Depois pensemos em um continente. Temos agora um país. Um estado dentro desse país. Uma cidade, uma sociedade, uma festa”, explica o diretor Pedro Wagner.
No espetáculo um grupo de amigos da mais alta nobreza reunidos à mesa de uma festa de casamento celebram os tempos, o momento presente e o “aqui”. Dentro de seus círculos de felicidades regradas, continuam esse tipo de existência, esse tipo de vida, onde “questões” não existem e o que mais precisam é manter o seu status quo. “Em Dinamarca focamos naqueles que estão encastelados, nos que se consideram o outro – o ideal do dinamarquês, evoluído, de primeiro mundo, top – olhando tudo de forma, como se não fossem afundar junto”, conta o diretor.
Um dos destaques no trabalho é a trilha sonora executada ao vivo pelo duo Pachka, formado pelos músicos Miguel Mendes e Tomás Brandão, que fazem música não só com instrumentos, mas com dispositivos eletrônicos, e participaram de todo o processo de criação do espetáculo ao lado do Magiluth. O grupo também contou com a colaboração de Giovana Soar e Nadja Naira, da Companhia Brasileira de Teatro, como provocadoras, e voltaram a trabalhar na direção de arte com Guilherme Luigi.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Giordano Castro
Direção: Pedro Wagner
Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sergio Cabral e Lucas Torres
Desenho de Som: Miguel Mendes e Tomás Brandão (PACHKA)
Desenho de Luz: Grupo Magiluth
Direção de Arte: Guilherme Luigi
Design Gráfico: Guilherme Luigi
Técnico: Lucas Torres
Realização: Grupo Magiluth
Dinamarca
Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho (próximo à estação Belém do metrô)
Tel.: 2076-9700
Capacidade da Sala de Espetáculos I: 100 lugares
Duração: 80 minutos
Temporada: De 15 de setembro até 15 de outubro
Sexta-feira e sábado às 21h30
Domingo às 18h30.
Recomendado para maiores de 18 anos
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (estudante com carteirinha e aposentado)
R$ 6,00 (credencial plena).
Acesso para deficientes físicos
Bilheteria – De terça a sexta-feira das 9h às 21h30 e sábado, domingo e feriado das 9h às 19h30
(ingressos à venda em todas as unidades do SESC).
Estacionamento – R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,0 por hora adicional e R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (credencial plena). Valor promocional para espetáculos noturnos pagos a partir das 17h mediante apresentação de ingresso – R$ 15,00 e R$ 7,50 (credencial plena).
Fotos: Bruna Valença e Danilo Galvão
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