Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio

Inspirado em livro que instigou os surrealistas, o espetáculo Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio, da Cia. Corpos Nômades, inicia temporada dia 30 de setembro, no Espaço Cênico O Lugar…

 

 

 

Fundada há 22 anos pelo coreógrafo, bailarino e professor João Andreazzi, um dos pilares da Cia. Corpos Nômades é a construção de performances de dança que dialoguem com outras linguagens criativas, como o teatro, as artes visuais e a literatura – sendo a última eleita para inspirar a criação de Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio.

O espetáculo inicia temporada com reformulações desde a primeira versão, de 2009. O projeto foi contemplado pelo 20º Programa Municipal de Fomento à Dança da cidade de São Paulo e, para comemoração dos 10 anos de existência do Espaço Cênico O Lugar, a Cia. Corpos Nômades conta com o apoio do O Boticário na Dança através do PROAC-ICMS/Governo do Estado de SP.

Baseado na obra Os Cantos de Maldoror, escrita pelo Conde de Lautréamont – codinome de Isidore Ducasse (1846 – 1870) –, o espetáculo da Cia. Corpos Nômades resgata figuras do livro considerado precursor do movimento surrealista na literatura e as recria a partir dos corpos dos bailarinos. João ressalta trechos em que animais mutantes são expressos no livro, como polvos, tubarões e águias que se formaram a partir de um mesmo corpo. “Há uma forte conexão com o zoomorfismo que faz parte da obra, mas não estamos diretamente ligados na parte descritiva e sim nas sensações que essas imagens causam”, diz João Andreazzi.

Um dos parceiros que colaborou diretamente com o coreógrafo na criação de Hotel Lautréamont é o escritor, poeta e tradutor Claudio Willer, responsável por uma das traduções da obra francesa para o português. “Ele assistiu um trabalho anterior nosso e identificou essas proximidades da dança a um corpo muito presente nas obras surrealistas”, diz o diretor.

Entre diversas referências estéticas que fizeram parte do processo de criação da obra, Andreazzi se diz especialmente contagiado pelo cinema produzido a partir do movimento surrealista e da obra do artista plástico Max Ernst.

Para Andreazzi, a proposta aberta do espetáculo tem o potencial de alcançar o público familiarizado à obra de Ducasse ou ao surrealismo, de forma geral, mas também de dialogar e causar reflexões em quem desconhece a temática.

Ficha Técnica
Concepção Geral, Direção e coreodramaturgrafia: João Andreazzi
Elenco: Gervásio Braz, João Andreazzi, Cristiano Bacelar, Rossana Boccia e Vagner Cruz
Textos: Conde de Lautréamont
Assessoria dramatúrgica e tradução da obra do Conde de Lautréamont: Claudio Willer
Adaptações e novos textos: Claudio Willer e Cia. Corpos Nômades
Montagem da Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini
Pianista ao vivo: Diogenes Junior
Iluminação: Décio Filho
Figurino: David Schumaker
Produção: Cia. Corpos Nômades
Fotos: Cris Lyra e Lenise Pinheiro
Agradecimentos: Bernhard Gal e Arco Duo (trechos da trilha sonora).

 

 

 

Hotel Lautreamónt – Os Bruscos Buracos do Silêncio
Espaço Cênico O Lugar
Rua Augusta, 325 – Consolação
Tel.: 3237-3224
Capacidade: 64 lugares
Temporada: De 30 de setembro a 12 de novembro
Sábados, às 21h
Domingos, às 20h30
Recomendação etária: 14 anos
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia)
Aceita cartões de débito e crédito.

 

 

Os Cantos de Maldoror
Livro poético escrito entre 1868 e 1869 por Isidore Ducasse sob o pseudônimo Conde de Lautréamont. Poeta francês de origem uruguaia, Ducasse serve de referência para a construção e a elaboração dos momentos cênicos coreografados.

De Marcel Duchamp a Samuel Beckett e de Manoel de Barros a Shakespeare, Andreazzi releu os autores a partir do tratamento específico dado ao corpo por Deleuze e Guattari, propondo encenações múltiplas, plurais. Ao mesmo tempo dança, teatro e música, as elaborações visuais criadas por Andreazzi e apresentadas pela Cia. Corpos Nômades são únicas; criando símbolos em cena, em vez de simbolizar.

O próprio ser mutante protagonista do Conto, Maldoror, dá ignição à criação coreográfica: trata-se de um homem que se recorda de haver vivido durante meio século sob a forma de tubarão, nas correntes submarinas que margeiam as costas da África. Ora jovem, ora de cabelos brancos; aqui moribundo, ali capaz de façanhas atléticas; transformado em águia para combater a esperança, polvo para melhor lutar com Deus, porco em seus sonhos, coisa informe, misturada à natureza, objeto de identidade indefinida.

Trecho do poema: “É um homem ou uma pedra ou uma árvore quem vai começar o quarto canto. Disfarça-se no combate ao bem: Tinha uma faculdade especial para tomar formas irreconhecíveis aos olhos mais treinados”.

 

Cia. Corpos Nômades
Desde seu lançamento em 1995, a Cia. Corpos Nômades participou de diversos eventos das Artes Cênicas: Com o espetáculo As Últimas Tentações de Santo Antão, a Cia. apresentou-se no Teatro Sérgio Cardoso/SP, no CCSP e no Festival Porto Alegre em Cena de 1995. Com os espetáculos Under One’s Very Eyes e Password:003, cumpriu temporada no Teatro Melkweg em Amsterdã em 1997. Com Shoot in the Hood, co-produção do Teatro Melkweg e Fellowship Phillip Morris, cumpriu temporada no Teatro Melkweg, participou do Festival Nederlandse DansDagen de 1998 em Maastrich (NL) e do evento “Dança em 1º ato” no SESC Pompéia/SP em 1999. Com o espetáculo de OOZE/EZOO (uma co-produção da Bienal da Dança do SESC de 2000, tendo como cenário o Cais de Santos-SP) – que integra elementos das artes cênicas contemporâneas e elementos da cultura Hip-Hop – integrou a programação do Balaio Brasil realizado pelo SESC São Paulo. Em 2001 OOZE/EZOO foi selecionado para a Mostra Oficial do Festival de Curitiba. Em seguida fez uma curta temporada no SESC Pompéia e uma Turnê pelo interior de São Paulo.

Em 2002 a Cia. fez a abertura do evento Outras Danças no SESC Ipiranga/SP com o espetáculo Pôs-Ter. Em 2003, participou do evento Dança no Arena do Centro Cultural São Paulo (CCSP) com Remix-Pôs/Ter. Em 2004 esteve com o espetáculo Hyperbolikós no espaço do Itaú Cultural e no CCSP nas Semanas da Dança. Com a mesma obra, realizou uma turnê pelo interior de São Paulo por algumas unidades do SESC em 2005 e integrou a programação do Panorama SESI de Dança e o evento 4 Movimentos no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro em 2006.

Com o espetáculo solo Nocaute, apresentou-se no CCSP, Fórum Mundial de Cultura no SESC Pompéia e na Mostra de Dança de Santo André em 2004. Com esse mesmo solo também integrou o Panorama SESI de Dança de 2005. Em 2005, com Algum Lugar Fora do Mundo – espetáculo em comemoração aos 5 anos de existência – a Cia. participou da Mostra Internacional SESC de Artes Mediterrâneo, da Virada Cultural da Cidade de São Paulo e das Semanas de Dança CCSP. Em 2006, participou da Caravana Paulista de Teatro. Em 2007 a Cia apresentou uma temporada no O LUGAR. Em 2008 apresentou-se na Caixa Cultural Rj – Teatro Nelson Rodrigues.

Em 2006 apresentou Cenas Corpos Nômades no evento Semanas de Dança – CCSP e na Virada Cultural da Cidade de São Paulo. Em 2007, Gramática Expositiva do Chão teve pré-estréia nos SESCs São José do Rio Preto e Santana, fez temporada no O LUGAR e em 2008 esteve no SESC Sorocaba, SESC Ribeirão Preto e cumpriu temporada no O LUGAR. Em 2007 o espetáculo Fuga Fora do Tempo teve sua estreia no evento Dança em Pauta do CCBB – SP. Esteve em temporada no O LUGAR em 2007 e em 2008. Em 2008 o espetáculo O Barulho Indiscreto da Chuva teve sua estreia e permaneceu em temporada no O LUGAR. Em 2009 houve a estreia do espetáculo Édipus Rex – A Máquina Desejante no Espaço Cênico O LUGAR com patrocínio da Sabesp.

Em 2010 Espectros de Shakespeare – Do Outro Lado do Vento teve sua estreia no SESC Consolação e permaneceu em temporada no O LUGAR. Em 2014 fez turnê pelo interior do estado de SP a convite do SESI – SP. Em 2011 o espetáculo Na Infinita Solidão dessa Hora e desse Lugar teve sua estreia no O Lugar. Temporada em 2012. Em 2012 o espetáculo Uma Sinfonia Entre a Medula Óssea e o Piscar dos Olhos teve sua estreia no O Lugar. Temporada em 2013. Em 2014 o espetáculo Hostel Project teve sua estreia no O Lugar. Participou de uma Mostra no SESC Campinas e do Fórum Internacional de Cultura por cidades de SP. Em 2015 o espetáculo O Especulador de Olhos Invisíveis de Carne teve sua estreia no O Lugar. Foi apresentado em Recife, no Rio de Janeiro e em Florianópolis em 2016.

 

Foto: Débora Brito

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