Pagliacci, última semana no Teatro João Caetano

Na semana passada fui ver o espetáculo Pagliacci apresentado pelo grupo LaMínima, no Teatro Municipal João Caetano em São Paulo, apesar do feriado no dia anterior, o teatro estava repleto…

 

 

 

Desde o início, o espetáculo foi incrivelmente sedutor e ganhou facilmente o riso e simpatia do público. Com cenário simples e acolhedor, imensas telas conduziam a identificar um castelo rodeado de montanhas.

Em cena atores com figurinos que denotavam suas especificidades e formas de interação entre as diferentes linguagens utilizadas no espetáculo, como dança, poesia, malabares e canto atuavam com desenvoltura e imensa capacidade de interpretação e improviso, fazendo com que o público interagisse do começo ao fim, com seus olhares atraídos por todos os movimentos e encenações circenses, hora dinâmicos, em câmara lenta ou com sombras atrás de telas, interpretavam num toque contemporâneo a história de muitas vidas.

 

Num primeiro ato, a história se iniciou com dois palhaços que nunca andavam sozinhos, pois gostavam de estar em dupla. Enquanto um aceitava ser tolo, o outro não se reconhecia assim. “Um sobe e desce na escada que é o outro. Quando outro se apaga, um pode brilhar”. E assim seguiram agregando mais personagens de rua para a sua trupe. Durante esse episódio o cenário na parede frontal do palco se transformou, com uma imensa tela com a imagem de um palhaço em memória do ator Domingos Montagner e permaneceu assim até o final do espetáculo.

Dessa maneira todo o público se envolveu em cenas de nostalgia e amor, com a trama de infidelidade e vingança de uma peça dentro da peça, narrada poeticamente de maneira refinada por Peppe (o palhaço mais velho), o qual recebeu a encomenda de escrever tal drama, pelo dono ambicioso da companhia, Canio (pierrô) que ao saber do caso extraconjugal de sua mulher Neda, (colombina) com Silvio (arlequim), planejou juntamente com Tônio (palhaço quase mudo), um plano mirabolante para se vingar.

Enquanto que Strompa ora mulher neandertal, ora cartomante, apoiava e aconselhava a amiga á não se envolver nesse caso de amor perigoso e não podendo impedir que a relação de complementaridade e conflito entre os dois personagens centrais do enredo, Silvio, o palhaço que pensava ser tonto e Neda, mulher casada, que acreditava “ que se o amor é errado então todo o resto é pecado”, já não pudesse mais ser escondida.

E assim Pepe seguiu narrando o drama vivido pelo destino da trupe de diferentes artistas errantes do Brasil, porém, tal drama não passa da realidade humana onde o pecado, inocência, inveja, traição, amor, generosidade e coragem se misturam num ar melodramático de suspense teatral no cenário da vida.

A trilha sonora baseada na ópera do italiano Ruggero Leoncavallo é um espetáculo a parte, que envolve os sentidos com leveza, de uma forma prazerosa, chegando a remeter em alguns momentos a um foxtrote e tango, nos sons emanados de instrumentos de sax, flauta, trompete, trombone, acordeom, bateria e até mesmo alguns objetos causadores de efeitos sonoros especiais, como garrafas e serrote, permitiram uma afinidade maior entre a diversidade de linguagens do espetáculo e a concepção musical.

Realmente é por pura competência, trabalho e criatividade que a Cia. LaMínima segue sendo sucesso por 20 anos.

Parabéns pelo trabalho maravilhoso e que vocês continuem sempre nos encantando a cada espetáculo!

 

 

Mostra LaMínima 20 Anos
Pagliacci
Teatro João Caetano
Rua Borges Lagoa, 650 – Vila Clementino
Tel.: 5573-3774
03 a 12 de novembro de 2017
Sexta-feira, 10 de novembro, às 21h
Sábado, 11 de novembro, às 21h
Domingo, às 19h
Duração: 80 minutos
Recomendação: 14 anos
Ingressos: Grátis

 

Fotos: Paulo Barbuto

 

Beatriz Valchi

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