Italiano radicado no Brasil, Puppi apresenta música sobre náufragos urbanos

Cidadão do mundo, Federico Puppi reflete os lugares por onde passou…

 

 

 

Seja em sua terra natal, a Itália; nos países da Europa e da África, onde fez turnê com Maria Gadú; ou mesmo no Brasil, pátria que o acolheu. A musicalidade de cada local influenciou no disco do violoncelista e produtor, e o resultado se observa no single “Ciranda dos Náufragos”. De uma forma peculiar, a música relaciona o vai-e-vem do mar, que eventualmente assume o seu lugar, e os imigrantes, que enfrentam as tormentas políticas para (re)conhecer um novo lar. O lançamento está também disponível nas plataformas de streaming, pelo selo Sagitta Records.

O vídeo dirigido, filmado e editado por Almir Chiaratti dá nova amplitude à imagem de Puppi. Exibida nos prédios, ela representa a figura do expatriado, que está em todo lugar – ainda que não seja notado. “A ideia do clipe nasceu numa mesa de um botequim na Lapa depois de um show. Conversando com Almir Chiaratti, diretor do clipe, chegamos na ideia de projetar a minha imagem em todo lugar da cidade. De alguma forma eu virei o náufrago e estando em todo lugar, mostro que os náufragos estão por todo lado, é só observar.”, explica Puppi.

O clipe foi gravado com poucos recursos técnicos e muita criatividade. As projeções nos prédios deram à equipe a oportunidade de alcançar um tamanho que pensavam ser impossível. De acordo com Puppi, um dos principais desafios foi encontrar edifícios com superfícies livres e alcançáveis pela projeção. A dualidade vista na tela, entre o músico e os prédios, traz um significado muito mais profundo: “Os náufragos estão em todo canto, em qualquer lugar, enquanto a cidade inteira se reflete neles. Os dois são permeáveis e permeados.”

 

Essa relação próxima do imigrante e da cidade tem ligação também com a técnica do pizzicato no violoncelo, que é quando as cordas são tocadas com os dedos, ao invés do arco. A ideia do pizzicato traz algo tribal, natural e a partir desta percepção, a música evoluiu de tal forma que se assemelhou com uma dança de roda. A canção é tocada no cello com um timbre parecido ao da rabeca, e as percussões marcam a pulsação do som.

A “Ciranda dos Náufragos” é uma música que traz diversos significados. O termo “ciranda” significa a dança de roda, originária de Pernambuco, em que as pessoas dançavam e tocavam esperando os marinheiros retornar do mar; como também significa a passagem de tempo. “A minha não é uma ciranda pernambucana musicalmente, mas ela é uma dança em homenagem aos náufragos urbanos: os perdidos, os que não são considerados, os que não são vistos. Os náufragos que povoam as cidades, que são em cada canto. Os marinheiros que perderam o barco e ficaram encalhados nas ruas da cidades. Os náufragos dentro da cidade, a cidade dentro dos náufragos”, finaliza Puppi.

Participaram do videoclipe Suzana Nascimento (direção de interpretação), Guto Carvalho Neto e Désirée Bastos (figurino); O vídeo foi gravado no estúdio de Leandra Benjamin e Sofia Ibarguren, além de paisagens urbanas da cidade do Rio de Janeiro.

Integram a faixa, composta por Federico Puppi, os músicos Lancaster Pinto (baixo), Felipe Roseno (percussão) e Mário Wamser (violão de aço), além do próprio Puppi (violoncelo e synth). A música foi gravada entre fevereiro e setembro de 2017, no estúdio Ouvido em Pé, por Federico Puppi, Mário Wamser e Mari Blue (Rio de Janeiro). Exceto percussões gravadas no estúdio Roseno’s House, por Felipe Roseno (São Paulo). A canção foi mixada no estúdio Toca do Mendigo (RJ) e masterizada por Andrea Bernie De Bernardi (estúdio Eleven Mastering, Itália).

 

Foto destaque Federico Puppi: Andre Hawk
Foto: Almir Chiaratti

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