Quem Tem Medo de Travesti? no Sesc Belenzinho

A Mostra Libertária, que reúne cinema, dança, literatura, música e teatro, e acontece até março no Sesc Belenzinho, traz em sua programação de fevereiro o espetáculo Quem Tem Medo de Travesti?, do Coletivo As Travestidas. A montagem faz apresentações dias 16, 17 e 18 de fevereiro…

 

 

 

Escrito e dirigido por Silvero Pereira, ator e pesquisador cearense, e pela diretora gaúcha e professora Jezebel De Carli, Quem Tem Medo de Travesti? é um teatro-musical e tem como base narrativa a construção histórica da travestilidade, onde travestis exerciam papel de protagonismo no teatro, cabendo-lhes ocupar lugar de destaque nas principais encenações do teatro de revista e, logo em seguida, chegando à decadência, exclusão e marginalização artístico-social.

Para Silvero Pereira, a peça é um olhar artístico sobre o universo Trans. “Um espetáculo epidérmico-sensível-agressivo sobre um olhar delicado, e quase cru, acerca do medo daquilo que não se conhece ou que se julga, mesmo sem conhecer. É um trabalho sobre verdade e necessidade de falar, de se ouvir, de gritar”, conta ele.

 

Universo Trans
A pesquisa para a encenação, sua proposição estética, trilha sonora e dramaturgia foram criadas a partir de fragmentos de vidas reais, coletados através de conversas com travestis, transexuais e transformistas, bem como pesquisas acadêmicas e vídeos documentários.

O espetáculo expõe histórias sobre a arte, exclusão, decadência e violência, presentes no cotidiano desta população. Entretanto, subvertendo estas tristes histórias, a obra vai além ao abordar narrativas de superação e transformação, tendo também o intuito de fortalecer e ampliar essa investigação, promovendo a valorização do ator-transformista e da criação do conceito, em teatro, da travesti enquanto alter ego do ator.

Quem Tem Medo de Travesti? acontece de uma parceria iniciada em 2013 com a montagem do espetáculo BR-TRANS. Esse encontro/intercâmbio possibilitou a criação de novos laços, aproximando e unindo artistas do Ceará, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Ficha Técnica
Idealização e pesquisa musical – Silvero Pereira
Direção e Dramaturgia – Jezebel De Carli e Silvero Pereira
Elenco – Deydianne Piaf, Verónica Valenttino, Alicia Pietá, Patrícia Dawson, Karolaynne Carton, Mulher Barbada. Preparação Vocal – Angela Moura
Música Original – Verónica Valenttino
Maquiagem – Alicia Pietá e Verónica Valenttino
Figurinos e adereços – Antônio Rabadan
Cenografia – Elaine Nascimento
Iluminação – Fábio Oliveira
Vídeos – Gabriel Gabura
Administração e Produção – Quintal Produções Artísticas
Direção Geral – Verônica Prates
Coordenação Artística – Valencia Losada.

 

 

 

Libertária – Mostra poéticas dissidentes, corpos insurgentes
Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho
Tel.: 2076-9700
Duração: 60 minutos
Temporada: até 31 de março

Quem Tem Medo de Travesti?
Sala de Espetáculos I
Duração: 60 minutos
Sexta-feira, 16 de fevereiro, às 21h30
Sábado, 17 de fevereiro, às 21h30
Domingo, 18 de fevereiro, às 18h30
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (estudante, servidor da escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência)
R$ 6,00 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes)
Recomendado para maiores de 18 anos
Bilheteria: De terça a sexta-feira das 9h às 21h30 e sábado, domingo e feriado das 9h às 19h30 (ingressos à venda em todas as unidades do SESC).
Estacionamento: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional e R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (credencial plena). Valor promocional para espetáculos noturnos pagos a partir das 17h mediante apresentação de ingresso – R$ 15,00 e R$ 7,50 (credencial plena).
Acesso para deficientes físicos.

 

Coletivo As Travestidas
O Coletivo As Travestidas resulta da pesquisa teórico-prática de 14 anos acerca dos universos de travestis e transformistas, sendo que seu primeiro passo cênico ocorreu na realização do solo Uma Flor de Dama, protagonizado pelo ator Silvero Pereira, em 2003. Desde então, a trajetória do Coletivo – com os espetáculos Cabaré da Dama (2008); Engenharia Erótica (2010); Yes, nós temos Bananas! (2012); BR-TRANS (2013); Quem tem Medo de Travesti? (2015); Três Travestis e Androginismo (2016) e Trans-Ohno (2017) – tem merecido destaque na cena teatral brasileira por sua dramaturgia, atuação e proposta estética com montagens voltadas ao questionamento histórico, social e político que buscam visibilizar a temática trans em todos os substratos de sua busca investigativa. Nestes quase 15 anos de estrada, o coletivo optou por trilhar um caminho incerto, errático, mas também vibrante, festivo, de denúncia, urgência, reflexão, de amor e dedicação.

 

Mostra Libertária
Como campo de experiências sensíveis, a arte tem potência para dar forma a territórios poéticos heterogêneos, onde coexistem liberdades de expressão e expressões de liberdades diversas. Mas a história efetiva das artes, tal qual conhecemos por meio de processos educativos variados, desde há muito tempo nos dá notícias do silenciamento de vozes poéticas subjugadas e do encobrimento de corpos dominados: de mulheres, homossexuais, transgêneros, negros e outros sujeitos sociais periféricos.

Ao se negar a legitimidade da presença, sabotar o lugar de fala e subjugar o protagonismo, constitui-se a contraface da condição de liberdade do campo artístico. De fato, como elemento estrutural da própria sociedade, as muitas formas de normatividade também marcam contraditoriamente a linha do tempo e os modos de produção artística. Por meio da presente mostra, o Sesc reitera o seu compromisso com a cultura e com a educação, ao trazer à baila produções e processos artísticos que debatem a liberdade de expressão concretamente, em sua imbricação com a liberdade dos corpos – que precisa ser construída permanentemente.

 

Fotos: Leonardo Pequiar  / Luiz Alves 

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