Até 26 de agosto, o Teatro Paulo Eiró apresenta o espetáculo infantil O Inimigo, com direção de Val Pires, com Leandro Ivo e Thiago Ubaldo no elenco. A realização é da República Ativa de Teatro…
Em meio a uma guerra, em algum lugar que poderia ser um deserto, há dois buracos. Nos buracos, dois soldados. Eles são inimigos. Sem poderem sair do lugar, eles são obrigados a conviver com o perigo, que está ao lado. Mas será que ele é tão perigoso assim? Será que tudo aquilo que contaram é verdade? De maneira lúdica e divertida, esses soldados vão se surpreender com o que está do outro lado do front.
O Inimigo traz à cena o universo da guerra de maneira inusitada e divertida. Inspirado no livro homônimo de Davide Cali, essa é uma daquelas histórias simples e profundas, que nos fazem enxergar além das aparências.
Para dar vida a esses personagens, a encenação optou por apresentá-los com um tom cômico e patético, enaltecendo a situação e promovendo uma reflexão sobre as razões e consequências de uma guerra.
Quem é o malvado da história? E o mocinho? Fugindo da simplificação bem x mal, o espetáculo evidencia a complexidade da questão, na qual não há vencedores.
Este é o sexto espetáculo de repertório da Republica Ativa de Teatro, que nesse ano de 2018 completa 12 anos de estrada, buscando sempre trazer questões pertinentes ao Universo Infantil.
O espetáculo realizou sua temporada de estreia no Centro Cultural São Paulo, já se apresentou no SESC Ribeirão Preto, foi contemplado pelo Edital do ProAC 2016 (num projeto que circulou por 10 cidades do Estado de São Paulo que tiveram batalhas da Revolução de 1932, numa viagem poética e histórica), participou da Mostra SESC Cariri de Culturas 2017 e do FENATA 2017 (onde conquistou 8 indicações e levou os prêmios de Melhor Cenário, Melhor Iluminação e Melhor Ator). Em 2018 participou do Circuito Cultural Paulista e se apresentou no SESC Campinas, e agora realizará essa nova temporada no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro.
A República Ativa de Teatro desenvolve desde 2006 uma sólida pesquisa dentro do universo teatral para crianças, intitulada “O Real Imaginário”. Com um premiado repertório de espetáculos, contações de histórias e oficinas, a Cia continua atuante, experimentando e reafirmando escolhas em prol de um teatro infantil artisticamente relevante.
O início dessa pesquisa se deu através da busca por textos consagrados na dramaturgia brasileira para crianças. Foi aí que se iniciou a primeira fase, ao qual chamamos “O Universo Infantil em Maria Clara Machado”, transpondo os textos dessa renomada autora para a realidade da criança contemporânea. Com o olhar atento para temas que fossem relevantes nos dias atuais, a Cia encenou a aceitação do ser diferente em nossa sociedade (“A Bruxinha Que Era Boa” – 2006), as perdas sofridas ao longo da vida e a busca por nossos sonhos (“O Cavalinho Azul” – 2008), a descoberta da liberdade, maturidade, autonomia e autenticidade (“A Menina e o Vento” – 2012). Junto a essa trilogia, foram criadas uma série de contações de histórias e oficinas a partir dos temas dos espetáculos, com adaptações de livros da extinta Editora Cosac Naify. Esse repertório recebeu 25 prêmios em diversos festivais pelo país, além de duas participações em festivais internacionais no Chile – “3º Encuentro de La Red Iberoamericana de Artes Escènicas” (2007) e “XIV Festival Internacional de Teatro ENTEPACH” (2009) – e grande repercussão de público e crítica. Entre agosto e novembro de 2012, a Cia realizou no SESC Bom Retiro o projeto “O Real Imaginário: O Universo Infantil em Maria Clara Machado”, que reuniu uma série de atividades, debates, reflexões, oficinas, contações de histórias, apresentações da trilogia e diversas atividades acerca de sua pesquisa e da dramaturgia de Maria Clara. Um dos resultados desse projeto foi “Clara Cor de Um Silêncio Azul”, um experimento desenvolvido em um processo de criação de três meses com a participação de mais de vinte jovens atores, sob a direção de William Costa Lima (Pequeno Teatro de Torneado).
Partindo dessa experiência, a Cia deu início a uma nova etapa de sua pesquisa, e verticalizou sua estética para a investigação do uso da tecnologia como linguagem poética no teatro infantil e sua relação com as crianças da chamada ‘geração google’. Essa segunda fase do trabalho ganhou o nome de “cubomagico.com”. Com o intuito de discutir os medos da criança contemporânea, a solidão, o abandono e as relações entre pais e filhos, a República Ativa estreou seu primeiro espetáculo totalmente autoral “Quem Apagou a Luz?” (2012) – contemplado pelo Programa Cultural das Empresas Eletrobras 2011 e eleito a Melhor Estreia Infantil de 2012 pelo júri popular do Guia da Folha de São Paulo. O espetáculo apresenta uma mistura de diversas linguagens como a animação 3D, o videomapping, a dança contemporânea, o sapateado, o conceito de expansão em três dimensões da música surround; tudo isso para potencializar sua estética e a discussões dos temas em cena. O segundo trabalho (também autoral) foi o espetáculo “Splash ou A História da Gota Que Sonhava Ser Rio” (2016), resultado do projeto “A Parte Que Falta” – contemplado pelo 1º Prêmio Zé Renato – que estreou no Centro Cultural São Paulo. Esse trabalho trouxe à cena uma discussão sobre os anseios e angústias da criança (e do ser humano) ao ter de se relacionar com o outro.
Ainda em 2016, a Cia estreou no Centro Cultural São Paulo o espetáculo “O Inimigo”, baseado na obra homônima de Davide Cali e sob a direção de Val Pires (Doutores da Alegria e Cia Vagalum Tum Tum), onde leva à cena as incoerências de uma guerra, com todas as suas contradições e possíveis desdobramentos. Com bom humor e muita delicadeza, esse espetáculo apresenta dois soldados-palhaços que nem sabem por que estão ali – apenas cumprem ordens e seguem o que está em seu manual de guerra, sem autocrítica nem atitude para mudar o que não lhes agrada, expondo as consequências dessa passividade. Contemplado pelo ProAC 2016, o espetáculo circulou por 10 cidades que vivenciaram batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932, fazendo assim uma ponte da história com o tema do espetáculo. Em novembro de 2017 fez parte da Mostra SESC Cariri de Culturas, no estado do Ceará, e do 45º Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa – PR (FENATA 2017), onde conquistou 8 indicações( 2 atores, cenário, iluminação, direção, figurino e trilha sonora) e 3 prêmios (Melhor Ator, Melhor Cenário e Melhor Iluminação)
Recentemente, a Cia foi contemplada pela 32ª Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, com o projeto “Sonhos em Tempos de Guerra”, que contará com a participação de diversos artistas e coletivos para a criação, desenvolvimento e reflexão da criança dentro das pequenas guerras cotidianas.
Nesses 12 anos de existência, a República Ativa de Teatro foi selecionada no Edital de Intercâmbio Cultural do Ministério da Cultura (2007 e 2009), Ocupação do Teatro Sérgio Cardoso (2008), Virada Cultural (2008 e 2016), ProArt (2008 à 2013), Ocupação dos Teatros Distritais da cidade de São Paulo (2010 à 2013), Programa Cultural das Empresas Eletrobras 2011 (Quem Apagou a Luz?), ProAC 2011 (O Cavalinho Azul), Virada Cultural Paulista (2013 e 2014), Programa Mosaico Teatral (2013), Circuito Cultural Paulista (2014), Prêmio Zé Renato (2014), ProAC 2016 (O Inimigo), Mostra SESC Cariri de Culturas (2017), além de diversos festivais nacionais e internacionais. Realizou ao todo mais de 400 apresentações públicas de seu repertório, incluindo 27 temporadas e circulando por cerca de 40 cidades em todo território nacional.
Ainda como parte de sua pesquisa, e como forma de promover reflexão e fomentar o pensamento estético e sensível para o teatro infantil, a Cia promoveu em 2012 os Debates “A Criança na Sociedade Contemporânea”, “A Criança, o Medo e a Era Tecnológica”, “Panorama de Espetáculos para Crianças na cidade de São Paulo”, e “Novas Linguagens Cênicas do Teatro para Crianças” com a participação de William Costa Lima, Dib Carneiro Neto, Val Pires, entre outros; e em 2016 os debates “A Geração Google: Informação X Conhecimento”, “Ausência e Busca da Felicidade”, e “Inovação no Teatro Infantil?”, tendo como convidados Angelo Brandini, Luiza Jorge, Renata Americano e Mariuza Pregnolato. Também ministrou, em 2012, a oficina “A Tecnologia como Linguagem Poética”, onde visou estimular o uso de equipamentos não apenas pelos seus recursos tecnológicos, mas como poesia que integra a cena, criando pequenos experimentos líricos-sensíveis.
Manter a qualidade dos trabalhos, experimentando e reafirmando escolhas a cada apresentação é parte do cotidiano desse grupo, que mantém seus estudos em prol de um teatro infantil pertinente, criativo e inovador.
Ficha Técnica
Inspirado na obra de Davide Cali
Adaptação: Leandro Ivo, Val Pires e Vivi Gonçalves
Direção: Val Pires
Elenco: Leandro Ivo e Thiago Ubaldo
Trilha Sonora: André Grynwask
Iluminação: Rodrigo Palmieri
Cenário, Figurinos e Adereços: Helô Cardoso e Leandro Ivo
Assistente de Cenário, Figurinos e Adereços: Gabriela Fuziyama
Costureira: Rosimeire Santos Souza
Fotografia: Fernanda Oliveira e Cacá Bernardes
Assessoria de imprensa: Miriam Bemelmans
Produção: Fulano’s Produções Artísticas
“O Inimigo”
Teatro Paulo Eiró
Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Alto da Boa Vista – Santo Amaro
Tels: (11) 5686-8440 / 5546-0449
Capacidade: 600 lugares
Duração: 50 minutos
Temporada: até 26 de agosto de 2018
Sábados e Domingos, às 16h
Ingressos:
R$ 16,00 (inteira)
R$ 8,00 (meia)
(vendas 1 hora antes de cada sessão)
Classificação: Livre
Fotos: Fernanda Oliveira / Cacá Bernardes
1 comentário em “O Inimigo no Teatro Paulo Eiró”Adicione o seu →