Em O Homem na Prancha, que estreia no Complexo Cultural Funarte SP, de 17 a 19 de agosto, o bailarino Edson Beserra mergulha num resgate ancestral inspirado pelo quadro Navio negreiro, do pintor inglês William Turner, e no conto O Horla, do francês Guy de Maupassant…
Em cenário fantasmagórico, Edson traz um pouco das características das obras em que se baseou, fazendo uso também de uma busca biográfica. Além de estar em cena, Edson também assina a concepção e direção do espetáculo, que tem como assistente de direção Marcos Buiati. O espetáculo estreou na capital carioca e, depois de São Paulo, segue para Brasília, Salvador e Fortaleza ainda este ano. A circulação é patrocinada pelo Fundo de Apoio a Cultura do DF e conta com o apoio da Funarte/Minc e do Sesc.
A confluência dos movimentos da água e do vento, assim como da incidência de luz foram os motes dramatúrgicos para a construção do vocabulário coreográfico de O Homem na Prancha. As pinceladas impressionistas de Turner aparecem em cena por meio dos movimentos diluídos da água e das nuvens provocados pela ação do vento. As inquietações da personagem central do conto de Guy se desenvolvem com a sensação de uma presença não-física que o perturba, presença esta que é percebida pela queda de temperatura provocada pelo vento. No palco, Edson se inspira nesse vento para também apresentar uma construção do seu vocabulário de movimentos.
Beserra explica que, como uma criação artística sempre passa também por um processo autobiográfico, o Navio Negreiro de Turner o fez mergulhar em busca de sua ancestralidade e encontrar também em seus movimentos o seu corpo negro, além de pesquisar também o corpo que vê nos terreiros de Candomblé. “Peço uma licença poética à falange de marinheiros da Umbanda. Os marinheiros são espíritos que dedicaram suas vidas aos oceanos, vinculadas ao trabalho em embarcações. A manifestação física destes espíritos se caracteriza pela sensação figurativa de estar em alto mar. O cambalear natural das ondas é predicado marcante no comportamento dos que os incorporam e serviu para mim como norteador da sensação de estar em alto mar”, afirma. “O homem na prancha é o estado latente do homem que não sabe se lança-se ao desconhecido ou não”, completa o bailarino.
Toda a atmosfera fantasmagórica da obra de Maupassant, bem como as cores da obra de Turner, são reforçadas pela iluminação de Emmanuel Queiroz. Em O Homem na Prancha, a luz não é só uma alegoria cênica e assume um papel de protagonista ao lado do movimento.
Após a apresentação de estreia, Edson faz um bate-papo com o público sobre o espetáculo e seu processo de criação.
Ficha Técnica
Direção, concepção, coreografia e intérprete – Edson Beserra
Assistência de direção – Marcos Buiati
Figurino – Moema Carvalho
Iluminação – Emmanuel Queiroz
Filmes – Hierônimus do Vale
Sonoplastia – Kiko Barretto
Produção – Composto de Ideias
O Homem na Prancha
Complexo Cultural Funarte SP
Sala Renée Gumiel
Al. Nothmann, 1058, Campos Elíseos
Telefone para informações: 11 3662-5177
Capacidade: 53 pessoas
Duração: 40 minutos
Temporada: de 17 a 19 de agosto
Sexta-feira e sábado, às 19h
Domingo, às 18h
Classificação indicativa: 16 anos
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia)
Ingressos na bilheteria uma hora antes da sessão (pagamento somente em dinheiro)
Encontro/bate-papo após a sessão de estreia, na sexta-feira, dia 17 de agosto
Edson Beserra
Edson Beserra atuou como bailarino em algumas das principais companhias de dança do País, como Grupo Corpo Cia de Dança, a Cia de Dança Deborah Colker e a Quasar Cia de Dança. Em 2011, fundou o coletivo de produção e criação Composto de Ideias e, desde então, atua como coreógrafo, professor, diretor e bailarino. Seus projetos de criação e circulação em dança foram aprovados nos editais da OI, Caixa Cultural, FAC/DF, Funarte e O Boticário na Dança e vem sendo apresentados em Festivais por todo o Brasil. Como produtor e gestor atuou em festivais como Satélite 061 24h no ar, a Mostra CCBB Em Cartaz e Dança França Brasil, além diversas temporadas de espetáculos de dança e projetos apoiados pelo FAC e Funarte. Também foi ator, diretor e criador do espetáculo Liberdade Assistida, contemplado pelo Prêmio Afro 2017. Atualmente, além de estar em circulação com o espetáculo O Homem na Prancha, também está em criação de O Vazio é cheio de coisa, para Cia Nós no Bambu, que tem estreia prevista para outubro de 2018. Na montagem, Edson assina direção, coreografia e concepção geral.
Fotos: Thiago Sabino
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