Idealizado pela dupla de atores Thais Müller e Guilherme Trindade o projeto de montagem de Tennessee Williams teve como partida o desejo de, sob diversos aspectos, revisitar esta obra clássica buscando conexões com o contemporâneo…
Para isso, formaram uma equipe disposta a ler por outros diapasões que saíssem de uma de compreensão hermética das personagens e da obra como um todo. Para explorar os territórios propostos no interesse original de montar “Zoológico de vidro” juntaram-se ao corpo criador Lavínia Pannunzio na direção, Sandra Corveloni e Bruno Rocha no elenco, além de Thais Müller Guilherme Trindade, Daniel Infantini nos figurinos, Marisa Bentivegna na cenografia, Gabriele Souza na iluminação e produção e gestão da Mosaico.
A montagem estreia em 22 de abril, no Sesc Santo André, na Grande São Paulo. “Amanda, Tom, Laura e Jim trazem à cena, cada um à sua maneira, movimentos que vem nos impactando, as vozes contemporâneas que ganharam espaço e que não podem mais ficar de fora”, diz Guilherme Trindade.
A encenação de Lavínia Pannunzio foi norteada em todo processo pela indagação: Quais são as brechas abertas por T W, quase 100 anos atrás, que nos permite montálo hoje?
“Investigamos juntos as camadas de significação das personagens e os efeitos do drama de estarem à margem da vida, numa mesa em que está posta a queda poética de uma estrutura familiar. Questionamos o fundamento moral da civilização ocidental, a violência que as mulheres são submetidas e que atravessa esse texto como uma das camadas da estrutura opressiva e hierárquica e as brutalidades promovidas pelo capitalismo e pela filosofia judaico cristã. E, mais do que nunca, é tempo de reparações”, completa Lavínia.
Zoológico de Vidro é a mais biográfica peça de Tennessee Williams, passada nos anos 1930/1940, numa América mergulhada na Grande Depressão – nesse zoológico fala de si e dos seus sonhos de artista, da sua saída de casa, da sua mãe e da sua irmã. TW teve em seu tempo uma visão analítica da sociedade, tratou da loucura e das pulsões sexuais de mulheres e homens, dos limites a que chegaram seus personagens, enquanto expôs questões sociais, hierarquias de poder, de classe, racismo e outras tantas fobias enquanto dedicava seu olhar para personagens desesperados, à margem da vida, fora do mecanismo de produção de uma sociedade desestruturada, dando-lhes voz.
Amanda Wingfield e seus filhos, Tom e Laura, residem em St. Louis, no Meio Oeste americano, em plenos anos 1930. Movida pelo sonho de salvar sua família, Amanda, matriarca da família Wingfield, arquiteta um jantar para casar sua caçula Laura, com o melhor pretendente possível, um homem que seja capaz de reerguer a família Wingfield. O pai, ausente. Saiu de casa e nunca mais voltou. A mãe, iludida. Vive no sonho americano onde mulheres são excelentes consumidoras de eletrodomésticos. A filha, coxa, deslocada por não caminhar em vários sentidos, como sua mãe sempre quis. O filho assumiu o papel de “homem da casa” e “arrimo de família” quando o pai fugiu e vive o conflito de aflorar sua identidade. O pretendente, um jovem negro, inteligente, bonito, bem-sucedido, é ele quem vai mudar o destino dos Wingfield.
A peça Zoológico de Vidro foi produzida pela primeira vez por Eddie Dowling e Louis J. Singer no Civic Theatre, em Chicago, Illinois, em dezembro de 1944, e no e de Nova Iorque, em março de 1945. A peça The Na Broadway estreou no ano seguinte, em 31 de março de 1945, permanecendo em cartaz no Teatro Playhouse até 29 de junho de 1946, com elenco formado por Eddie Dowling (Tom Wingfield), Laurette Taylor (Amanda Wingfield), Julie Haydon (Laura Wingfield) e Anthony Ross (Jim O’Connor). Em 1947, a peça teve sua primeira encenação no Brasil. Zoológico de Vidro foi o primeiro êxito de Tennessee Williams na Broadway em sua última montagem contou com a vencedora do Oscar Sally Field no papel de Amanda Wingfield, personagem baseada na mãe do próprio Tennessee Williams.
Tenessee Williams tornou-se um dos mais notáveis dramaturgos americanos do século 20, e foi também autor de contos, romances e poemas. O reconhecimento veio com as peças Zoológico de Vidro (1944, que lhe daria o primeiro de quatro New York Drama Critics’ Circle Awards) e Um Bonde Chamado Desejo (1947, prêmio Pulitzer). A elas se seguiram Summer and Smoke (1948), A Rosa Tatuada (1951), Gata em Teto de Zinco Quente (1955, prêmio Pulitzer), De Repente no Último Verão (1958), Doce Pássaro da Juventude (1959) e A Noite do Iguana (1961) – todas adaptadas para o cinema
Curiosidades
A peça foi adaptada para a televisão quatro vezes entre 1964 e 1977, incluindo uma versão que estrelava a lenda do cinema Katharine Hepburn como Amanda. Então, em 1987, Paul Newman dirigiu uma adaptação para o cinema com sua esposa Joanne Woodward naquele papel cobiçado. Um jovem John Malkovich co-estrelou como Tom, enquanto Karen Allen (Caçadores da Arca Perdida) fez o papel de Laura. Todos as montagens e encenações acima foram aclamadas. Woodward e Allen foram indicados ao prêmio Independent Spirit, Malkovich ganhou um prêmio de atuação no festival de cinema de Sant Jordi e os esforços de Newman foram indicados para o prestigioso prêmio Palma de Ouro do Festival de Cannes.
Ficha Técnica
Texto: Tennessee Williams
Tradução: Clara Carvalho
Direção: Lavínia Pannunzio
Elenco- Atores e Personagens
Sandra Corveloni – Amanda Wingfield
Thais Müller – Laura Wingfield
Bruno Rocha – Jim O’Connor
Guilherme Trindade – Tom Wingfield
Iluminação: Gabriele Souza
Cenografia: Marisa Bentivegna
Sonoplastia: Rafael Thomazini
Figurino: Daniel Infantini
Cenotécnico: Marcelo Gomes
Operação de som: Rafael Thomazini
Operação de luz: Ycaro Zanzini
Fotografia e filmagem: Bruna Massarelli e Vulva Films
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Produção: Cícero Andrade e Vivian Vineyard
Realização: Mosaico Produções Artísticas
Idealização: Duas Gotas
Zoológico de Vidro
Sesc Santo André
Teatro
Rua Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André – SP
(11) 4469-1200
Capacidade: 303 pessoas
Duração: 90 minutos
Indicação etária: 16 anos
Temporada: de 22 de abril até 28 de maio
Sextas-feiras, às 21h
Sábados, às 20h
Ingressos:
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (credencial plena e meia entrada)
Para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo* é necessário apresentar comprovante de vacinação contra Covid-19 (físico ou digital) e um documento com foto:
• Maiores de 12 anos devem apresentar o comprovante contendo as duas doses ou dose única da vacina.
• Crianças de 5 a 11 anos devem apresentar comprovante evidenciando uma dose (consulte o calendário e as orientações do município onde acontecerá a atividade).
Recomendamos o uso da máscara cobrindo boca e nariz.
Para atividades com ingresso, será necessário apresentar o QRCode na entrada da atividade.
*O acesso as unidades do Sesc estão sujeitas a legislação municipal em relação a Covid-19.
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