Marrero lança disco em vinil

E prepara apresentação especial para o próximo domingo, 13 de março às 13:45h no festival Lollapalooza…

Em seu primeiro álbum de estúdio, o Marrero, formado por Anderson Kratsch, Estevan Sinkovitz e Felipe Maia, resolveu realizar um antigo sonho: gravar tudo de maneira analógica, fazendo uma imersão total no estúdio durante dois dias. O disco ganha agora uma edição especial em vinil, lançado pela Skol Music.

“O Marrero inicia nossos lançamentos em vinil. Disco apropriado para inaugurar a série que segue nossos padrões de alta qualidade sonora e gráfica, com fabricação em vinil 180 gramas. Quando digo adequado é pelo fato do álbum ter sido gravado ao vivo no estúdio, com todos juntos na mesma sala, incluindo a voz. Foram pouquíssimos e quase imperceptíveis os acréscimos de overdub gravados posteriormente, especialmente para reforçar o estéreo acrescentando pequenos detalhes de guitarra e voz e torna-lo ainda mais impactante, sem perder a essência rock”, explica Carlos Eduardo Miranda, diretor artístico do selo StereoMono.

 

Marrero
“Em todos os seus ciclos de morte e ressurreição, o rock sempre foi mediado por surtos de raiva e promessas de fuga. Raiva de ser um adolescente sem dinheiro. Raiva de não ter a menina que se é afim. Raiva de um sentimento de inadequação que nunca tem fim.

O que o rock sugere e permite em termos de comportamento e alteração de percepções é tão importante quanto a música que ele vende. Sem raiva, sem quebrar tabus e sem permitir o surgimento de novas formas de ver o mundo, ele perde a relevância, se empobrece existencialmente e deixa de fazer sentido.

Gravado em apenas três dias por Anderson Kratsch (voz e fender rhodes), Estevan Sinkowitz (guitarra) e Felipe Maia (bateria), o disco de estréia do Marrero capta essa raiva em estado bruto e a devolve em dez faixas compactadas em 40 minutos e quatro segundos de som pesado. Gravadas, como não poderia deixar de ser, à moda antiga: em uma mesa analógica e um gravador de rolo de duas polegadas.

É como se a banda tivesse levado muito a sério alguma missão secreta que lhe foi passada em um determinado ponto da vida. Aconteça o que acontecer – ídolos teens que surgem e desaparecem dia após dia, “fenômenos” que não duram um verão, estilos musicais cada vez mais auto-referentes e bandas tão perigosas quanto um show de André Rieu – Anderson, Estevan e Felipe estarão lá, aquecendo as válvulas de seus amplificadores e desvelando riffs que não fariam feio em um disco do Blue Cheer ou do Grand Funk Railroad.

Mas de nada valeriam o discurso e a postura se o Marrero não fosse capaz de entregar grandes canções. “AU”, “Pense Por Dois”, “Rei” e “Aquele Mesmo Lance” revisitam o metal pós-thrash dos anos 1990 misturando os riffs típicos do estilo com uma sonoridade vintage e andamentos que vão do blues ao hard rock. Bem mais pop, “Quem Será” é um rock aparentemente linear e com cara de hit, mas desviado do rumo aqui e ali por escalas e riffs que fogem do óbvio.

O disco segue ainda com o blues pesado de “Há 20 Anos Atrás”, o bolero progressivo heavy-metal de “Estrela Negra”, o hard-rock “Desdém” e a lenta e angustiante “Dó que Destrói”. O final fica por conta de “Fiel”, que revisita mais uma vez as influências blues e heavy-metal da banda e se mantém como uma das faixas mais intensas do disco.

Marrero é uma banda puta da vida, mas esperta o suficiente para transformar sua raiva em música de qualidade. E manter a relevância de um estilo que precisa morrer e renascer sempre para continuar fazendo sentido.

Skol Music
Vladimir Cunha

Foto: Rui Mendes

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