Em cartaz até o dia 21 de agosto, com Caco Ciocler, Juliana Galdino, Luiz Henrique Nogueira e Marjorie Estiano.
A diretora Monique Gardenberg foi convidada por Jô Bilac para dirigir a primeira encenação completa de sua obra Fluxorama em São Paulo, peça que surge de um processo de investigação da dramaturgia performativa. Tomando o ato de pensar como ponto de partida, a narrativa é constituída sob a ótica de personagens que vivenciam situações-limite e tornam-se reféns do fluxo de seus pensamentos e memórias, num curso ininterrupto de consciência.
A encenação toma como alicerce essa poética. A organização gráfica das palavras no papel e a pontuação formam uma espécie de dramaturgia concreta que determina a cadência da fala. O processo de pesquisa iniciou-se em 2009 e o texto tem sido foco de análise em oficinas de dramaturgia ministradas por Jô Bilac em Recife, Petrolina, São Paulo, Acre, Florianópolis, Joinville, Natal, João Pessoa e Campina Grande. Estes estudos geraram reflexões verticais e leituras diversas sobre a mesma obra, pluralizando sentidos, evidenciando o potencial de comunicação do texto.
A montagem de Monique Gardenberg conta com instalação de Daniela Thomas, trilha composta por Philip Glass, figurinos de Cássio Brasil, e está dividida em quatro monólogos, quatro histórias distintas que juntas compõem o Fluxorama, com duração total de 80 minutos.
No primeiro fluxo, Amanda, interpretada por Juliana Galdino, o público está diante de uma mulher com uma doença degenerativa misteriosa, que ao acordar se percebe surda e decide manter sigilo quanto ao seu estado. Com o passar das semanas Amanda vai perdendo outros sentidos vitais, redimensionando o tamanho da sua existência e suas escolhas na vida.
No segundo fluxo, Luiz Guilherme, interpretado por Luiz Henrique Nogueira, estamos diante de um acidente de carro: um homem numa estrada deserta, preso entre as ferragens do seu carro, tenta manter a consciência enquanto espera o resgate. Através de suas lembranças mais recentes, se apega a pequenas e grandes questões que tangem sua vida, como o seu relacionamento, os bens que adquiriu, as contas a serem pagas, um balancete sem saldo final.
No terceiro, Valquíria, vivida por Marjorie Estiano, acompanhamos uma mulher que cruza o ano correndo pela primeira vez uma maratona, a São Silvestre da São Paulo. Ao tentar superar os limites do seu corpo, seus pensamentos surgem como flashes desconexos a medida em seu desafio se transforma numa luta pela própria auto-estima.
O espetáculo finaliza com Medusa, texto ainda inédito, com o ator Caco Ciocler vivendo a tentativa desesperada de uma homem de meditar em meio ao caos urbano. Ao tentar esvaziar a mente, a busca por um sentido na vida se coloca em seu caminho.
Indo além no interesse em redimensionar o prisma de criação e discussão estética no teatro, Jo Bilac propõe analogias menos segmentadas entre as artes. De um modo geral, Fluxorama tem interesse por gráficos e imagens que escapam do cerco científico, ao prospectarem lugares e espaços impossíveis (dentro e fora da cabeça). Os 4 fluxos se convergem para um único espetáculo, criando amarração entre o subversivo social e a intimidade da mente. Fluxorama se propõe a uma reflexão a respeito do homem contemporâneo e o fluxo da vida, que corre acima de sua existência, o tempo inexorável e os limites físicos (que revelam nossa condição animal perecível) se contrapõe com a capacidade do homem de se angustiar com a grandeza da sua própria existência.
Ficha Técnica
Texto: Jô Bilac
Direção: Monique Gardenberg
Com: Caco Ciocler, Juliana Galdino, Luiz Henrique Nogueira e Marjorie Estiano
Música Original: Philip Glass
Cenário: Daniela Thomas e Felipe Tassara
Figurino: Cassio Brasil
Iluminação: Monique Gardenberg
Coordenação Cenografia: Camila Schmidt
Imagens Projeção: Albino Papa
Assistente de Direção: Mila Portella
Assistente de Direção em Valquíria: Kiko Mascarenhas
Preparação Corporal em Valquíria: Renata Melo
Programação Visual: Vicka Suarez
Produtoras: Selma Morente e Célia Forte
Produtora Executiva: Francine Storino
Assistente de Produção: Barbara Santos
Produção: Morente Forte Produções Teatrais
Realização: SESC
Fluxorama
Sesc Ipiranga
Rua Bom Pastor, 822 Ipiranga – SP
Telefone: 3340-2000
Capacidade: 200 lugares
Curta Temporada: até 21 de Agosto
Quintas e Sextas-feiras, às 21h
Sábados, às 19h e 21h
Domingos, às 18h
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante)
R$ 12,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes)
Duração: 80 minutos.
Recomendação: 14 anos
Bilheteria: De terça a sexta das 12h às 21h, sábado das 10h às 21h30 e domingo e feriado das 10h às 18h (ingressos à venda em todas as unidades do Sesc e pelo Portal Sesc SP). Não tem estacionamento.
Foto: Caio Gallucci
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