Elizabeth Savala retorna a São Paulo com monólogo sobre “Despencadas”

Após mais de 10 anos longe dos palcos de São Paulo, a atriz Elizabeth Savala lotou o Teatro Brigadeiro neste sábado, 10, para a estreia de “A.M.A.D.A.S. – Associação de Mulheres que Acordam Despencadas“.

 

Neste monólogo cômico, a atriz de 61 anos interpreta Regina Antônia, que, na véspera de completar 48 anos, sente-se simplesmente “despencada” fisicamente. Em crise de meia-idade e aflita por não conseguir se impor às transformações que o tempo traz, procura a A.M.A.D.A.S. e, na melhor e já conhecida representação cinematográfica das reuniões de “alcoólicos anônimos”, toma o microfone para dividir seus dramas com as outras “despencadas” presentes – no caso, o público.

O texto é bem simples. Regina é casada, mãe de dois filhos, estereótipo de mãe, esposa e mulher. Seu fantasma é Celina Maria, popular amiga de colégio que reapareceu em sua vida e, aos 51 anos e após quatro gestações, ainda esbanja beleza, sensualidade e equilíbrio. A comparação que Regina faz entre si e a “amiga” é o fio condutor do espetáculo, estabelecendo o contraste necessário entre a mulher que traz as marcas da maturidade e a que, embora um pouco mais velha, é demasiadamente vaidosa e toda reconstruída com algumas cirurgias plásticas.

Regina, que se sente como se de um dia pro outro tenha perdido a rigidez dos seios e da vida, encontra em Celina o bode expiatório de sua crise existencial. Encontros aleatórios no shopping, na fila do supermercado, no banheiro, na rua, servem para que a personagem, no implacável “como ela consegue?”, exponha suas dúvidas, medos e insatisfações com o corpo e a vida.

A força do espetáculo está no cotidiano. De crises desprovidas de qualquer filosofia a cenas corriqueiras do universo feminino, como o drama minuciosamente abordado que é uma mulher usar o banheiro público e sobreviver às adversidades inerentes, como a falta de um lugar para pendurar a bolsa ou de papel higiênico e ainda equilibrar-se para nunca – nunca – encostar no vaso sanitário.

Savala, simples e maravilhosa, arrancou intermináveis e merecidas gargalhadas da plateia ao dar vida à mulher que, junto com seus 4.8, recebe também a missão de aceitar-se.

A crítica do espetáculo não é às mulheres vaidosas que batalham contra a idade, mas à ideia de que as que amadurecem “naturalmente” são inferiores. Afinal, as despencadas são AMADAS e seja homem ou mulher, uma hora todo mundo despenca.

Ao final da apresentação a atriz agradeceu aos patrocinadores, familiares e amigos presentes. Disse que, por ela, “já começava na terceira apresentação”, pois não gosta de estreias, que sempre a deixam bem nervosa. Savala também afirmou que nunca gosta de saber quais conhecidos estão na plateia, pois isso só aumenta o nervosismo. Enquanto falava, foi surpreendida no palco com um abraço dos atores Klébber Toledo e Camila Queiroz, com os quais contracenou na novela “Êta Mundo Bom”.

Antes que as cortinas se fechassem, agradeceu emocionada a todos os presentes e declarou que, se soubéssemos a satisfação que a nossa presença proporciona aos atores, voltaríamos sempre. “Afinal, tudo aqui é para vocês.”

Foto: Divulgação

 

Isaac Gonçalves

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