Programação Teatral para o fim de semana do MIRADA em Santos

Dias 8, 9, 10 e 11 de setembro, a quarta edição do Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos tem em sua programação 11 espetáculos originários da Argentina, Brasil, Espanha, México, Peru e Portugal…

 

Espanha

Please Continue, Hamlet
Hamlet no banco de réus, Ofélia e Laertes como testemunhos e Polônio, a vítima de um golpe de espada desferido pelo Príncipe da Dinamarca. Todos eles são interpretados por atores, mas o juiz, o fiscal e os advogados são profissionais que atuam em tribunais da região, enquanto o júri é integrado por espectadores sorteados durante a sessão, ou melhor, a audiência. Eis o palco do direito arquitetado pelos criadores Roger Bernat e Yan Duyvendak para refletir sobre o papel da justiça no cotidiano dos cidadãos – que o diga o Brasil em tempos de transmissões ao vivo de julgamentos do STF.
Teatro e direito sempre foram percebidos como fóruns próximos à arte da representação, cada um de acordo com seus códigos. A performance convoca os meios, as linguagens, as convenções e a força dramática para redesenhar o lugar e o rito do que é justo em toda a sua subjetividade. Ao público é dado o protagonismo – à luz de Shakespeare –, estimulando o sentido cívico e embaralhando a distância entre a definição de justiça que ele tem e aquela atribuída pelo Estado.
Foto: Marc Ginot

Ficha Técnica:
Concepção e Direção: Roger Bernat e Yan Duyvendak, Elenco: Matheus Macena, Iléa Ferraz e Mariana Nunes, Direção Técnica: Txalo Toloza, Produção Executiva: Helena Febrés Fraylich
Projeto Apoiado Pelo Institut Ramon Llull

Sala Princesa Isabel
Paço Municipal – Praça Mauá, s/nº. Centro Histórico
Duração: 140 minutos
Domingo, 11 de setembro, às 15h
Classificação: 14 anos
Ingressos:
Venda de ingressos limitada a um par por pessoa
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Brasil

Sua Incelença, Ricardo III
O espetáculo ocupa o espaço público, fundindo e friccionando, poeticamente, a sangria desatada na peça de William Shakespeare e as referências da cultura popular do interior brasileiro, sobretudo mineira e potiguar, fruto da parceria do diretor Gabriel Villela com o Grupo Clowns de Shakespeare – RN.
A fábula sobre o duque que ascendeu a rei usurpando o trono na Inglaterra de mais de cinco séculos atrás vem atrelada à tradição do circo mambembe e das carroças ciganas. O plano de fundo é a Guerra das Rosas, entre os clãs Lancaster (rosa vermelha) e York (rosa branca, de Ricardo).
O título faz trocadilho com o pronome de tratamento dedicado a autoridades constituídas. As “incelenças” são um gênero musical fúnebre tipicamente nordestino e pertinente aos assassinatos e traições do vilão rumo à coroa.
De fato, a musicalidade é uma das tônicas do trabalho de 2010 visto em outros estados e em países como Rússia, Espanha, Chile e Uruguai. A visualidade dos figurinos e adereços e a gestualidade do elenco (inclinações à dança) também sustentam as cenas gestadas entre Natal, praiana, e Acari, no sertão do Seridó.
Foto: Pablo Pinheiro

Ficha Técnica:
Texto Original: William Shakespeare, Adaptação Dramatúrgica; Fernando Yamamoto, Direção Geral; Gabriel Villela, Diretores Assistentes; Fernando Yamamoto e Ivan Andrade, Elenco: Camille Carvalho, Dudu Galvão, César Ferrario, Joel Monteiro, Marco França, Nara Kelly, Paula Queiroz e Renata Kaiser, Figurinos: Gabriel Villela, Cenário: Ronaldo Costa, Direção Musical: Marco França, Ernani Maletta e Babaya

Parque Roberto Mário Santini (Emissário)
Av. Presidente Wilson, S/Nº José Menino – Santos
Espetáculo De Rua
Duração: 90 minutos
Sábado, 10 de setembro, às 17h30
Domingo, 11 de setembro, às 17h30
Classificação: 14 anos
Grátis

 

Peru

Simón, El Topo [Simón, A Topeira]
Homofobia vem do berço? Os criadores ousam desconstruir o preconceito sob a delicada perspectiva da criança, público preferencial do espetáculo de bonecos com potencial para cair na graça, também, de pais, responsáveis ou educadores.
A homossexualidade infantil é tratada com naturalidade e sofisticação nas formas animadas com brechas para uma língua inventada, o “toponês”. Simón pertence a uma família de toupeiras (ou de topos, no original espanhol). Acompanhamos o carinho familiar com os pais e a irmã. Certa vez, num parque, ele conhece Raúl, de quem se afeiçoa. Brincam o tempo todo. Amizade que incômoda aos olhos da intolerância. Até que uma tempestade coloca as vidas em risco. Mas a solidariedade vai reativar o valor da igualdade.
De sua infância, o diretor Alejandro Clavier guardou o respeito ao outro nas diferenças sociais, religiosas e raciais. Mas nada ouviu dos adultos sobre as distintas formas do desejo se manifestar. Essa consciência o levou a adaptar para a companhia Teatro la Plaza, nascida há 13 anos, o conto homônimo da terapeuta infantil espanhola Carmen de Manuel.
Foto: Giuseppe Falla

Ficha Técnica:
Autora do Conto: Carmen De Manuel, Direção e Adaptação: Alejandro Clavier, Elenco: Emanuel Soriano, Anai Padilla, Luccia Mendéz e Dusan Fung, Música: Magali Luque, Design de Luz: Jesus Reyees, Direção de Arte: Vladimir Sánchez

Auditório Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida – Santos
Espetáculo Para Crianças
Duração: 50 minutos
Sábado, 10 de setembro, às 17h30
Domingo, 11 de setembro, às 17h30
Classificação: Livre
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Cruzar La Calle [Atravessar A Rua]
Em luta contra o tempo no serviço de entrega em domicílio, um motoboy atropela um cachorro que consegue se desvencilhar das rodas, num átimo, e desaparece no horizonte. O dramaturgo Daniel Amaru Silva testemunhou esse episódio numa esquina de Lima, onde vive, semanas antes de iniciar a escrita da peça alinhavada a partir dessa imagem.
A trama tem cinco personagens. Abre com o jovem protagonista que presencia tal atropelamento. Na ficção, o animal não sobrevive. Filho de padeiro, ele decide ir atrás do motoqueiro. É um funcionário de casa de frango na brasa, casado com uma empregada doméstica com quem tem uma filha antissocial. Esta acaba conhecendo e se enamorando do protagonista enquanto a mãe dela vai trabalhar na casa do dono do cachorro, ora enlutado, enclausurado.
Vencedor do Concurso Nacional Nueva Dramaturgia Peruana, em 2014, Daniel Amaru Silva trata de entender, por meio desse ciclo vicioso, a voga global e neoliberal de seu país, onde os processos econômicos duram um triz e destoam do mundo real em que às vezes não há um médico ao redor, nem luz ou água para parte da população.
Foto: Divulgação

Ficha Técnica:
Texto: Daniel Amaru Silva Direção, Cenografia, Desenho De Luz E Sonoplastia: Carlos Tolentino Elenco: Stephanie Enríquez, Elsa Olivero, Rolando Reaño e Alaín Salinas, Figurinos: Alejandra Vieira Assistente de Direção: Leo Cubas Produção Geral: Ministerio de Cultura del Peru
Projeto apoiado pelo Consulado General del Peru em São Paulo

Ginásio Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida – Santos
Duração: 130 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 18h
Sábado, 10 de setembro, às 18h
Classificação: 16 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Brasil

O Avesso do Claustro
Personagem fundamental nas históricas lutas de resistência política durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) e na construção do ideário das comunidades eclesiais de base, sempre engajadas nos movimentos sociais, o arcebispo de Recife e Olinda, o cearense Dom Helder Câmara (1909-1999), tem sua memória posta no coração da dramaturgia suscitada enquanto missa profana e poema, celebração da utopia e da canção, no dizer dos criadores da Cia. do Tijolo – SP, que tem 8 anos.
Inspirado pela lira do bispo poeta, o espetáculo anseia por uma vigília coletiva para os dias de hoje a partir da trajetória de três figuras cheias de questionamentos e perplexidades diante da realidade, perambulantes pelo centro de três grandes cidades brasileiras: um pesquisador em visita ao Recife, uma moradora que caminha pelas ruas de São Paulo e uma cozinheira que vive aos pés do Cristo Redentor. Num encontro inusitado, elas se permitem ouvir de novo a voz do religioso, seus lampejos. Em diálogo com ele, ora concordam, ora se permitem questioná-lo. Em comum, não lhes faltam força para imaginar novos horizontes em tempos obscuros.
Foto: Alécio Cezar

Ficha Técnica:
Dramaturgia: Cia. Do Tijolo, Direção: Dinho Lima Flor e Rodrigo Mercadante, Elenco: Lilian de Lima, Karen Menatti, Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante e Flávio Barollo, Direção Musical: William Guedes Orientação Teórica Frei Betto Músicos Maurício Damasceno, William Guedes, Clara Kok Martins, Eva Figueiredo e Leandro Goulart

Ginásio Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida – Santos
Duração: 150 minutos
Tradução em Libras
Domingo, 11 de setembro, às 18h
Classificação: 12 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Espanha

Brickman Brando Bubble Boom – BBBB
O que pode haver em comum entre John Brickman, construtor do século XIX, pioneiro no sistema de hipotecas, e o ator Marlon Brando, ícone do cinema no século XX? Como a maioria dos seres humanos, ambos ambicionavam carinho, reconhecimento e casa. O teto, ironicamente, eles não conseguiram, no sentido de ter um ninho para chamar de seu. Essa estranha aproximação atemporal faz parte da narrativa original que a Agrupación Señor Serrano adota ao expor os reflexos da especulação imobiliária em seu país e disseminados a outras artérias do capitalismo global.
A alusão ao boom da bolha leva à passagem de cena em que os artistas constroem uma casa com paredes de isopor. Esta fará jus ao caráter efêmero do teatro. Já uma maquete ampliada por meio de projeção e outras interfaces audiovisuais – como a captura de imagens ao vivo – também reafirmam o caráter performativo da proposta.
Nascido em Barcelona em 2006, o coletivo (que também está no MIRADA com Birdie) cria um curto-circuito entre hiperinovadores produtos tecnológicos e modernas peças vintage. Resulta audaz a simbiose teatro, dança e videoarte ao aguçar os mecanismos de percepção humana.
Foto: Alfred Mauve

Ficha Técnica:
Ideia Original: Àlex Serrano Y Pau Palacios, Criação E Performance: Diego Anido, Àlex Serrano, Pau Palacios e Jordi Soler, Criação e Desenvolvimento Tecnológico: Martí Sánchez-Fibla, Assessor Dramatúrgico: Ferran Dordal, Desenho de Som: Roger Costa Vendrell e Diego Anido

Teatro Guarany
Praça Dos Andradas, 100 Centro – Santos
Duração: 60 minutos
Sábado, 10 de setembro, às 18h e 21h30
Classificação: 14 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Portugal

World Of Interiors [Mundo De Interiores]
Como em Untitled, Still Life, (Sem Título, Natureza-Morta), criação também presente no MIRADA, faz parte da inquietude da dupla portuguesa Ana Borralho e João Galante refletir sobre o lugar do público na experiência com a arte. Nesse trabalho de 2010, o conceito de performance vem colado ao de instalação, assumindo o hibridismo estético com as artes visuais. Logo de cara, é desmontada a expectativa de relação palco e plateia. O espectador se depara com pessoas deitadas no piso do espaço alternativo, de olhos fechados e sem movimento aparente. São cerca de 15 performers, atores ou bailarinos locais incorporados à proposta.
Ao suposto vazio externado pela paisagem de corpos, surge o murmúrio das respectivas vozes, como que chamando o público a ser ativo, a se aproximar, se permitir interagir, circunscrever um mínimo de intimidade enquanto entreouve trechos extraídos de peças do dramaturgo argentino Rodrigo García. Nessa partilha tênue, pode-se adotar o ritmo de entrar e sair dessa dinâmica conforme a vontade de cada um. O trabalho é um exercício coletivo sobre a escuta e seus múltiplos sentidos.
Foto: Borralho Galante

Ficha Técnica:
Conceito, Direção Artística, Espaço Cênico e Luz: Ana Borralho e João Galante, Texto :Rodrigo García (Fragmentos Da Obra Teatral), Tradução e Colaboração Dramatúrgica: Tiago Rodrigues, Elenco: Performers Locais que Participam de Workshop

Cadeia Velha
Praça dos Andradas, s/nº. Centro – Santos
Duração: 120 minutos
Domingo, 11 de setembro, às 19h
Classificação: 12 anos
Ingressos:
Venda de ingressos limitada a um par por pessoa
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Argentina

Las Ideas [As Ideias]
Uma mesa de pingue-pongue não é apenas o eixo cenográfico, mas a metáfora para a conversa de dois personagens. Postados nas extremidades, em pé ou sentados, ambos vestem bermuda e jogam com desenvoltura no campo dos insights criativos. Manejam raquetes e bolinhas com a mesma agilidade que operam um dispositivo portátil, no controle de som e luz, ou o laptop por meio do qual dão a ver suas ideias traduzidas em sons e imagens projetadas numa tela ampla (a terceira personagem?).
O espectador é estimulado a entrar na cabeça de um artista inquieto e confrontar os modos dele erguer ou destruir possibilidades. Como nos atos de escrever, apagar, corrigir e navegar na internet enquanto dialoga com o interlocutor, deslizando realidade e ficção. Las Ideas (2015) replica a situação de dois criadores no embate da concepção. Não se sabe se são eles mesmos ou seus personagens em busca de inspiração.
Indagar sobre os limites da representação teatral é uma das premissas que Federico León vem lançando mão em peças ou filmes ao longo de quase duas décadas.
Foto: Bea Borges

Ficha Técnica:
Texto E Direção: Federico León, Elenco: Julián Tello E Federico León, Desenho De Cenografia: Ariel Vaccaro, Desenho de Som E Vídeo: Diego Vainer, Desenho De Luz: Alejandro Le Roux, Produção e Assistência De Direção: Rodrigo Pérez E Rocío Gómez Cantero

C.A.I.S. Vila Mathias
Av. Rangel Pestana, 184. Vila Mathias – Santos
Duração: 60 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 20h
Sábado, 10 de setembro, às 20h
Classificação: 16 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

México

Cuando Todos Pensaban que Habíamos Desaparecido –Gastronomiaescénica [Quando Todos Achavam que Tínhamos Sumido – Gastronomiacênica]
O subtítulo dessa criação coletiva fornece outras pistas para o que virá: gastronomia cênica e teatro documental baseado na comida e na festa dos mortos. Ao contrário do tabu ocidental, na cultura mexicana o Dia de Finados é celebrado com as casas enfeitadas e os familiares e amigos preparando os pratos favoritos daqueles que não se encontram mais fisicamente entre eles.
Em vez de cobrir com terra, cravar uma lápide ou perpetuar o silêncio, o espetáculo propõe ao espectador vivenciar um ritual com pitadas de música, canto, dança, humor, ironia, crítica social, violência, máscara e memória dos artistas que, enquanto narram, manejam utensílios, talheres, legumes, verduras e ingredientes para cozinhar sobre uma mesa cenográfica.
O cheiro e tudo mais que se vê e se ouve são reais, as caçarolas, as histórias biográficas, as fotos afixadas num pequeno altar aqui, noutro ali. Mas não faltará margem para os rompantes oníricos. E para esse trabalho não convencional o Vaca 35 Teatro en Grupo, formado em 2007, contracena festivamente com criadores espanhóis.
Um Espetáculo Da Companhia Vaca 35 Teatro, em Coprodução com Fira Tàrrega, Nau Ivanow, Iberescena, Fonca – México en Escena E Teatro Unam/Ser/Amexcid.
Foto: Victor Merecio

Ficha Técnica:
Criação E Dramaturgia: Coletiva, Direção E Desenho De Espaço; Damián Cervantes, Elenco: Diana Magallón, Mari Carmen Ruiz, José Rafael Flores, Maite Urrutia e Irene Caja, Músico: Alejandro Gónzalez, Produção Executiva: Vania Sauer
Projeto apoiado pelo Fondo Nacional para la Cultura y las Artes de México; Fundação Arquivo e Memória de Santos

Casa Da Frontaria Azulejada
Rua do Comércio, 96 Centro – Santos
Duração: 90 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 20h
Sábado, 10 de setembro, às 20h
Classificação: 14 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Espanha

4
Desista de encontrar um tema a priori em peça de Rodrigo García, o diretor e dramaturgo argentino radicado em Madri, onde fundou o coletivo La Carnicería Teatro, em 1989. Para ele, é tarefa do espectador detectar o que lhe pareça essencial. A forma costuma ser radical e flerta com a cultura de massa. Mesmo ao criticar o triunfo do consumismo, como nesta criação de 2015.
Entre os ruídos de imagens, estão movimentos com roupa ensaboada, galos que calçam tênis infantis e vagueiam livremente, minhocas presas por plantas carnívoras, desenhos animados, o sobrevoo de um drone e reflexões sobre o doggy style.
O palco poderia ser uma tela frontal com perpendiculares, volumes, frente, fundo e vazios compostos de texto, vídeo, corpo, objeto, música. O artifício das artes cênicas é munição poética para o manifesto contra a fabricação da imagem, as ditaduras publicitárias e industriais do que é beleza. A violência sobre a mulher, o homem, o velho e, como mais perversão, o adolescente e a criança.
Em tempo: o título alude ao número de atores (participam ainda duas meninas da cidade de Santos, por volta de dez anos).
Foto: Marc Ginot

Ficha Técnica:
Texto, Espaço Cênico e Encenação: Rodrigo García, Elenco: Gonzalo Cunill, Núria Lloansi, Juan Loriente e Juan Navarro, Cenografia e Luz: Sylvie Mélis, Criação de Vídeo: Serge Monségu, Daniel Romero e Ramón Diago, Criação de Som: Daniel Romero, Serge Monségu e Juan Navarro

Teatro Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida – Santos
Duração: 75 minutos
Quinta-feira, 8 de setembro. às 20h
Sexta-feira, 9 de setembro, às 21h
Classificação: 18 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Brasil

Zona!
Crime, fuga e mágoas afogadas em mesa de bar. A sequência a seco não dá conta da experiência repleta de camadas. Designação de pequenos barcos ou prostitutas, conforme o dicionário, as catraias são determinantes no itinerário cênico pela zona portuária santista. No primeiro episódio, em alto mar, personagens perdidos, em busca de ou fugindo de, conduzem o público pela rota perto dos navios. No segundo, fantasmas do bairro do Paquetá cortejam o espectador pelas ruas e contornos do Mercado Municipal, área outrora de luxo e hoje abandonada. Por fim, o ato em ponte com os cabarés, à la teatrólogo alemão Bertolt Brecht, numa ocupação de moradia.
Autorreconhecido herdeiro dos tempos maus da obra de Plínio Marcos (1935-1999), O Coletivo formado em 2012, na Vila do Teatro, espaço de ocupação artística e gestão cultural autônoma, quer dar sequência às denúncias do ponto onde o autor as deixou. Por uma perspectiva caiçara e cuja linguagem abarque elementos da performance, da cena épica e das artes plásticas. Em permanente diálogo com a população, seres reais e, não raro, à margem na vida contemporânea.
Foto: Adilson Felix

Ficha Técnica:
Direção: Kadu Veríssimo, Texto e Dramaturgia: Criação Coletiva, Elemco: Junior Brassalotti, Caio Martinez Pacheco, Renata Carvalho, Priscila Ribeiro, Malvina Costa, Léo Bacarini, Thays Brats, Raquel Rollo, Mario Acenjo e Kadu Veríssimo, Figurinos e Ilustrações: Kadu Veríssimo, Iluminação: O Coletivo, Técnica: Fernando Henrique de Gois, Rafael Ruano, Wendell Medeiros e Rebecca Alba

Bacia do Mercado
Praça Iguatemi Martins, s/nº. Paquetá – Santos
Ponto de encontro no Sesc Santos. Espetáculo itinerante. Não acessível para pessoas com mobilidade reduzida
Duração: 80 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 21h30
Sábado, 10 de setembro, às 21h30
Domingo, 11 de setembro, às 21h30
Classificação: 18 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Portugal

Zululuzu
“As viagens são os viajantes”. Fernando Pessoa viveu parte de sua juventude em Durban, na África do Sul (1896-1905). Pouco escreveu sobre aquele período em terras colonizadas, normalmente encarado como de pouca influência em sua obra. A Companhia Teatro de Praga, sediada em Lisboa há 11 anos, lê com outros olhos a historiografia em torno do seu poeta-mor. O espetáculo abdica de buscar nas entrelinhas de Pessoa interpretações exóticas sobre aquele continente complexo e com história própria.
Os criadores entendem o resultado como uma homenagem ao escritor e à África do Sul. Uma viagem “delirótica” do coletivo a contrariar informações aparentemente duais e reexaminar o passado para libertá-lo de duelos empobrecedores. O trio de diretores cogita mesmo uma declaração ao fim do “apartheid” das ideias, dos gêneros e das formas – uma declaração para que o exotismo das partes dê lugar ao hinduísmo. “Porque se ‘tenho em mim todos os sonhos do mundo’, em ZULULUZU queremos o fora cá dentro”, anotam no programa de mão.
Foto: Alipio Padilha

Ficha Técnica:
Texto e Direção: Pedro Zere Penim, José Maria Vieira Mendes e André E. Teodósio, Elenco: André E.Teodósio, Cláudia Jardim, Diogo Bento, Jenny Larrue, Joana Barrios, Maryne Lanaro, Gonçalo Pereira Valves e Pedro Zegre Penim, Cenário: João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Figurinos: Joana Barrios, Música: Original Xinobi

Teatro Coliseu
Rua Brás Cubas, s/nº. Centro – Santos
Duração: 75 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 22h
Sábado, 10 de setembro, às 22h
Classificação: 12 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

Espanha

Libertino
O flamenco está no coração do espetáculo. Sintetizado em música e dança de raízes ciganas da Andaluzia, acompanhado por palmas, sapateado e violão, é o baile que garante a voltagem dramática no novo trabalho da Compañía Marco Vargas & Chloé Brûlé, de 2015, marco dos dez anos de estrada. Baile na acepção espanhola da evolução coreográfica, no caso, a dupla que dá nome à companhia e contracena com um ator e um cantor.
A dança, o canto e a poesia são norteadores para refletir sobre a liberdade. Uma gaiola é dos poucos objetos de cena e serve à metáfora da liberdade. Sob a penumbra e o refúgio de uma cela, um poeta é tomado por situações, personas e emoções invocadoras da memória. Ele é questionado, provocado e desafiado a decidir entre seguir isolado ou abrir-se ao fluxo da vida. Os criadores anseiam por uma atmosfera de poema sensorial escrito por meio de vozes, sonoridades, silêncios, respirações e pulsações que revelem o efeito libertador da expressão artística.
Um Espectáculo da Compañía Marco Vargas & Chloé Brûlé, em Coprodução com El Mandaito Producciones, Ochocochenta Ixd e Agencia Andaluza de Insituciones Culturales.
Foto: Divulgação

Ficha Técnica:
Direção, Coreografia e Baile: Marco Vargas E Chloé Brûlé, Direção Adjunta: Evaristo Romero, Texto e Interpretação: Fernando Mansilla, Cantor: Juan José Amador, Composição Musical: Gabriel Vargas, Desenho de Luz: Carmen Mori, Cenografia: Antonio Godoy, Figurinos: La Aguja en el Dedo

Teatro Brás Cubas
Av. Senador Pinheiro Machado, 48 Vila Mathias – Santos
Duração: 60 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 22h
Sábado, 10 de setembro, às 22h
Classificação: 14 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

 

México

Psico - Embutidos, Carnicería Escénica [Psico – Embutidos, Açougue Cênico]
Essa instalação cênica replica o aparelho digestivo e propõe uma vivência sensorial. A obra deglute os espectadores, estimulados a transitar pela estrutura em diferentes níveis, no limite de oito metros, contornando obstáculos até a etapa em que todos são, simbolicamente, expulsos do mecanismo. O objetivo do autor e diretor Richard Viqueira é transmitir a sensação de cumprir essa travessia dentro do organismo vivo. O itinerário é feito de encontros com os 19 atores, um a um, cujas idades variam na casa dos 20 aos 80.
A instalação funciona tanto no momento da apresentação – ocupada pelo público que percorre as estações e pode ser contemplado por quem está de fora – como após a sessão, quando vira também uma videoinstalação disponível à visitação nos demais horários, com telas embrenhadas no esqueleto cenográfico. Esse ambiente autônomo e interativo abrigará atividades ao longo do Mirada.
Nome despontado nas artes cênicas mexicanas na década passada, Viqueira assina essa produção para a Compañía Titular de Teatro de la Universidad Veracruzana, fundada em 1953, a mais longeva do país.
Foto: Samuel Padilla Adorno

Ficha Técnica:
Autor e Diretor: Richard Viqueira, Elenco: Marisol Osegueda, Gustavo Schaar Prom, Benjamín Castro, Karla Camarillo, Karina Meneses, Freddy Palomec, Marco Rojas, Gema Muñoz, Alba Dominguez, Rogerio Baruch, Féliz Lozano, José Palacios, Raul Santamaría, Hector Moraz, Carlos Ortega, Juana Maria Garza, Hosmé Israel, Jorge Castillo Luz Maria Ordiales, Cenografia e Iluminação: Jesús Hernández, Conceito de Espaço: Jesús Hernández e Richard Viqueira, Desenho Sonoro e Música Original: Joaquín López Chas (A Partir de Tema e Variações de Wim Mertens), Diretor Artístico: Luis Mario Moncada Gil, Assistente de Direção: David Ike, Produtor Executivo: Yoruba Romero
Projeto Apoiado pelo Fondo Nacional para la Cultura y las Artes de México

Área de Convivência Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida – Santos
Duração: 120 minutos
Sexta-feira, 9 de setembro, às 22h30
Sábado, 10 de setembro, às 20h30
Domingo, 11 de setembro, às 20h30
Classificação: 18 anos
Ingressos:
R$ 40,00
R$ 20,00
R$ 10,00

Amanhã, teremos a segunda parte da programação teatral do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos.

Foto de capa, 4 de Rodrígo Garcia: Marc Ginot

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