Reestreia dia 09 de novembro…
Após duas curtas temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, com mais de 3000 espectadores, Angela Figueiredo e Fernanda Cunha voltam à cena, agora as segundas e terças no Teatro Eva Herz, para falar novamente do mundo feminino, das mulheres à margem da sociedade, das relações afetivas, de laços familiares, do amor e da falta de amor, da amizade e da solidão.
O texto da inglesa Chloë Moss conta a história de duas ex-presidiárias que se conheceram e se tornaram amigas dentro da cadeia e que provavelmente nunca teriam se conhecido fora da prisão. Lorraine, uma cinquentona que cometeu um crime grave acaba de sair e vai direto encontrar Marie, trinta anos, que saiu há mais tempo, mora numa quitinete mínima com moveis velhos e TV. Ela cometeu um crime mais brando e está sem perspectivas. Durante a primeira semana de liberdade de Lorraine, a relação delas se aprofunda e se transforma a partir da suposta liberdade recém-conquistada e do contato com pessoas e histórias do passado.A força do que houve antes é tão grande que elas se obrigam a reproduzir a amizade e parceria estabelecida entre elas. Intenso e por vezes divertido, o texto nos leva ao mundo das personagens e nos faz refletir sobre o processo de reintegração na sociedade. O que é ser livre novamente?
Angela Figueiredo e Fernanda Cunha são atrizes de gerações diferentes desenvolvendo parceria artística e de produção. Apaixonadas por seu ofício, elas se conheceram no II Festival de Peças de Um Minuto do Grupo Parlapatões, em 2010, no qual as duas participam do elenco. Nesta época iniciaram o processo, procurando e pesquisando textos. O primeiro desafio da Cia. foi o texto As Moças: O Último Beijo, de Isabel Câmara que teve a direção de André Garolli. “Arregaçaram as mangas”, investiram recursos próprios, agregaram profissionais e amigos até a realização do espetáculo que estreou em São Paulo em 2014 e no Rio de Janeiro em 2015, com sucesso de público e crítica. Agora, estão concretizando o segundo trabalho da Cia. As Moças, com a montagem do texto Noites Sem Fim.
Fernanda recebeu a indicação do texto This Wide Night de um amigo, o ator Dan Stulbach, que assistiu uma montagem do texto em Nova York, em 2010. This Wide Night estreou em Londres em 2008. Foi apresentado pelo Clean Break Theater Company, grupo que trabalha com mulheres que tiveram suas vidas afetadas pelo sistema da justiça criminal.
Noites Sem Fim tem direção geral de Marco Antônio Pâmio que chegou ao projeto de forma natural, primeiramente ajudando na negociação dos direitos autorais. Em seguida, ao ler o texto, conhecendo o trabalho anterior das atrizes, aceitou o convite para dirigir o projeto.
Noites Sem Fim por Marco Antônio Pâmio
Vejo Noites Sem Fim como a transposição de um relacionamento entre duas mulheres, criado artificialmente num microcosmo – uma cela de cadeia – para um macrocosmo – o mundo. Isso acaba implicando numa transformação desse relacionamento a partir da liberdade que o mundo dá a elas.
As duas provavelmente nunca teriam se conhecido fora da prisão e pouco têm em comum, a não ser a origem humilde. Mas a força do que houve antes é tão grande que elas se obrigam a reproduzir a amizade e parceria estabelecida entre elas, apesar dos prejuízos e incômodos pessoais que isso possa lhes trazer.
Como resultado, embora estejam usufruindo de um universo maior, voltam a se enclausurar num espaço claustrofóbico. Ou seja, dentro de uma possibilidade de abrir seus horizontes, elas optam por voltar a viver aquela antiga situação criada artificialmente. O mundo natural não consegue destruir as amarras daquilo que foi construído no mundo artificial. O que tinha importância antes num ambiente controlado se modifica e se deteriora rapidamente ao ser exposto à realidade descontrolada da vida.
A cela da cadeia se transporta para dentro de um apartamento quitinete. Porém, embora sejam as mesmas duas pessoas confinadas dentro do mesmo pequeno espaço, a atmosfera é completamente diferente, pois elas sofrem as influências dos projetos de vida (fracassados em ambos os casos) a que cada uma havia se proposto.
O que se modifica então, ao se sair de uma cela para outra? O relacionamento entre elas se aprofunda, se intensifica e se transforma a partir do contato com a liberdade e com pessoas e histórias do passado de cada uma.
Na encenação procurei fundir essas duas clausuras possibilitando aglutinar as duas experiências de forma mais contundente. Dentro dessa opção cênica, a cenografia sugere ambos os ambientes, as sonoridades remetem ao presente e aos fantasmas do passado, o desenho de luz complementa a atmosfera claustrofóbica.
E, acima de tudo, a montagem se apoia no trabalho das atrizes, que devem reforçar o caráter dicotômico das duas personagens. O ponto de partida foi a verticalização dos conteúdos do texto, posteriormente sintonizada com o trabalho de corpo e voz. Pretendo que Marie expresse toda a frustração da juventude perdida com más companhias e maus propósitos. Lorraine, por sua vez, tem que atingir o equilíbrio dramático de uma mãe amorosa que também é uma assassina.
Noites Sem Fim pretende, através da exposição das tensões sociais e, sobretudo humanas, mostrar a ferida aberta que se produz ao se retirar o indivíduo do cárcere e jogá-lo na prisão da vida.
Ficha Técnica
Texto Chloë Moss
Tradução e Preparação Corporal Marco Aurélio Nunes
Direção Marco Antônio Pâmio
Com Angela Figueiredo e Fernando Cunha
Cenário e Figurinos Cassio Brasil
Desenho de Luz Fran Barros
Trilha sonora e sonoplastia Branco Mello e Ricardo Severo
Assistente de Direção: Gonzaga Pedrosa
Visagista: Beto França
Direção de Produção Fernanda Cunha e Angela Figueiredo
Produção de Comunicação Fernanda Cunha
Coordenação de Produção Angela Figueiredo
Projeto gráfico Vicka Suarez
Assistente de produção e Contrarregra Luciana Affonso
Operador de Luz Claudinei Brandão
Operador de Som Bento Mello/André Zacarelli
Cenotécnico Domingos Varela
Assistente de Cenotécnico João Carvalho
Serralheiro Luís Carlos Fernandes
Assistente de Serralheiro Renato Fernandes
Costureira Yrondi Moço Rillo
Apoio Centro Cultural Banco do Brasil
Realização Casa 5 e Cia. As Moças
Noites Sem Fim
Teatro Eva Herz
Livraria Cultura – Conjunto Nacional
Avenida Paulista, 2073 – Bela Vista – SP
Tel.: 3170-4059
Capacidade: 168 lugares
Duração: 80 minutos
Curta Temporada: De 09 de novembro a 07 de dezembro
Terças e quartas às 21h
Ingressos:
R$ 40,00
Recomendação: 18 anos
Bilheteria: Terça a sábado, das 14h às 21h. Domingos das 12h às 19h. Formas de Pagamento: Dinheiro / Cartões de débito – Visa Electron e Redeshop / Cartões de crédito – Amex, Visa, Mastercard, Dinners e Hipecard. Não aceita cheque.
Venda online: Ingresso Rápido
Fotos: João Caldas / Divulgação
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