O Coração dos Homens, em nova temporada no Cemitério de Automóveis

Reestreia no dia 21 de novembro, com apresentações de sexta a segunda…

 

 

No romance “Amuleto”, de Roberto Bolaño, um dos personagens alude ao “coração dos homens, que sangra como as mulheres […] e que obriga os verdadeiros homens a se responsabilizarem por seus atos, quaisquer que sejam”. Desta passagem, a jovem e premiada autora brasileira Veronica Stigger extraiu o título de seu novo monólogo, que coloca o espectador diante da voz de uma mulher que relembra sua infância, em Porto Alegre, nos últimos anos da ditadura militar. Da rememoração de uma peça infantil, encenada em inglês para alunos de pré-escola, emerge uma reflexão que tem no sangue uma espécie de motivo condutor, sobre a violência implícita nas relações de gênero, classe e raça. O texto sensível de Veronica evidencia tanto um conflito social da personagem como um conflito existencial, características que levam o público a transitar entre a emoção e o estranhamento, favorecendo a reflexão para além do simples envolvimento.

O forte traço confessional que se apresenta em O Coração dos Homens influenciou o diretor Henrique Stroeter a optar por uma encenação que remetesse de certa forma a uma sessão de terapia em que a personagem é a paciente e cada um dos espectadores, seu analista.

Sua direção propõe a proximidade com o público espacialmente, valendo-se ora de uma linguagem mais intimista, ora de uma linguagem mais teatral, com o intuito de favorecer a relação e o jogo entre público e intérprete e assim, propiciar ao espectador um mergulho mais profundo na obra.

A autora Veronica Stigger e a atriz Fernanda Cunha mantém uma parceria artística desde 2008, quando Veronica convidou Fernanda para interpretar a personagem Morg de seu texto “Pat e Morg”, apresentado no Dramamix das Satyrianas e dirigido pela própria autora em parceria com Eduardo Sterzi. A partir daí, a parceria se repetiu sucessivamente e passou a contar com o talento de mais um integrante, o diretor Henrique Stroeter, que dirigiu as leituras dramáticas de “Os Canibais” (2009); “Casa do Brasil” (2010); “O Coração dos Homens” (2012) e “Prólogo” (2013).

Em 2012, após a leitura encenada de O Coração dos Homens, e com o incentivo de amigos e artistas como Elias Andreato, Veronica, Fernanda e Henrique decidiram seguir adiante com o projeto, ampliando o texto e transformando-o em uma peça de teatro de fato.

O Prólogo, escrito em 2013 e apresentado como leitura dramática novamente na programação das Satyrianas foi o passo seguinte nesse processo, e em 2016, amadurecidas as ideias da autora, diretor e atriz, O Coração dos Homens pode ser levado ao público como espetáculo. E, num contexto da dramaturgia nacional que tanto prescinde de boas dramaturgas contemporâneas vivas, trazer à cena o texto de uma brasileira tão jovem e já reconhecida por seu trabalho adquire contornos de extrema importância.

Ficha Técnica
Texto de Veronica Stigger
Direção: Henrique Stroeter
Assistente de direção Daniel Mazarollo
Atriz Fernanda Cunha
Designer de luz Fran Barros
Cenário e figurino Marco Lima
Técnico de som: Armando Junior
Técnico de luz: Rodrigo Bella Dona
Coordenação de produção: Cristiani Zonzini e Fernanda Cunha
Idealização Fernanda Cunha, Henrique Stroeter e Veronica Stigger
Realização Sesc SP

 

O Coração dos Homens
Cemitério de Automóveis
Rua Frei Caneca, 384 – Consolação – SP
Informações: 2371.5743
Capacidade: 30 lugares
Duração: 50 minutos
Curta Temporada:
De 21 de novembro até 19 de dezembro

Sextas e Sábados às 19h
Domingos às 18h
Segundas às 20h
Ingressos:
R$ 20,00
R$ 5,00 (estudantes de teatro, mediante comprovação)
Recomendação: 16 anos

 

 

Veronica Stigger
Autora
É escritora, crítica de arte e professora universitária. Possui doutorado em Teoria e Crítica de Arte pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado pela Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) e pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. É coordenadora do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema e professora das Pós-Graduações em História da Arte e em Fotografia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Entre seus livros publicados, estão “O trágico e outras comédias” (Coimbra: Angelus Novus, 2003; Rio de Janeiro: 7Letras, 2004 e 2007 [2ª ed.]), “Os anões” (São Paulo: Cosac Naify, 2010), “ Delírio de Damasco” (Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2012) e “Opisanie świata”(São Paulo: Cosac Naify: 2013; Prêmio Machado de Assis, Prêmio São Paulo na categoria Autor Estreante, Prêmio Açorianos para Narrativa Longa). Alguns de seus contos foram traduzidos para o catalão, o espanhol, o francês, o sueco, o inglês, o italiano e o alemão. Em 2013, teve textos seus adaptados para o teatro por Felipe Hirsch no espetáculo “Puzzle”, apresentado em Frankfurt e São Paulo.

 

Fernanda Cunha
Atriz e Produtora independente
Pós-graduação (lato sensu) em Gestão Cultural pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e formação em Interpretação pelo Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É atriz e produtora da Cia As Moças com o projeto “Noites Sem Fim”, direção de Marco Antônio Pâmio, que estreou em julho de 2016 no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo; produtora e atriz do espetáculo “As Moças: O Último Beijo” de Isabel Câmara, com direção de André Garolli, que estreou no primeiro semestre de 2014 no Espaço Parlapatões, reestreou na Sala Experimental do Teatro Augusta (2º semestre de 2014), foi convidado a integrar o projeto “2014 em Cena” da Prefeitura de São Paulo (que reúne os melhores espetáculos do ano); reestreou no Espaço Parlapatões em São Paulo no primeiro semestre de 2015 e seguiu para o Rio de Janeiro com estreia e temporada no Teatro Poeirinha. Como atriz, também faz parte do Núcleo de Pesquisa de Intepretação do Teatro Àgora, com direção de Celso Frateschi; Em 2014 integrou o elenco de “Dentes Guardados” de Daniel Galera, com direção de Mário Bortolotto. Em 2013, atuou em “A Casa de Bernarda Alba” de Federico García Lorca, com direção de Elias Andreatto; em “Mulheres” de Charles Bukovski, com Grupo Cemitério de Automóveis; e se apresentou em Lisboa durante o evento do “Ano do Brasil em Portugal” com os espetáculos: “Festival de Peças de Um Minuto” com textos portugueses, dirigidos por Henrique Stroeter e Claudinei Brandão e “Festival de Peças de Um Minuto” com textos brasileiros, dirigidos por André Garolli, Roney Fachinni, Pedro Granato, Kleber Montanheiro, Marcos Loureiro e Claudinei Brandão – ambos espetáculos fazem parte do repertório do Grupo Parlapatões, grupo com o qual a atriz já realizou inúmeros trabalhos

 

Henrique Stroeter
Diretor
Foi indicado como melhor diretor Prêmio Femsa 2010 pelo espetáculo Parapapá com o Grupo Parlapatões. Dirigiu os espetáculos “Freudislândia”; “A Meia Hora De Abelardo”; “Todo Bicho Tudo Pode Sendo o Bicho Que Se É”( indicação de melhor autor ao Prêmio Femsa Coca-Cola 2007) e “Será Que a Gente Influencia o Caetano?”. Seus últimos trabalhos como ator foram nas peças: “Morte Acidental de Um Anarquista” de Dario Fo com direção de Hugo Coelho; “39 Degraus” e “O Terraço”, ambas com direção de Alexandre Reinecke; “E o Vento Não Levou”, direção de Roberto Lage; Com o Grupo Parlapatões: “O Papa e A Bruxa”, “Vaca de Nariz Sutil” (indicação melhor ator Prêmio Quem 2008). Na televisão fez parte do elenco do Programa Infantil Quintal da Cultura (vencedor do Prêmio APCA 2015 de Melhor Programa Infantil). Fez parte em outras épocas de outros programas da TV Cultura: “Rá Tim Bum”; “Ilha Rá Tim Bum”; “Castelo Rá Tim Bum” (personagem Perônio); “X Tudo”; “Glub Glub”.

 

Foto de cena: Erik Almeida
Fotos: Reprodução do facebook

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