Cia LaMínima celebra com estreia teatral, mostra de repertório e exposição no Sesi SP

Aos vinte anos, a maioridade já está batendo à porta. O caráter já está formado e ao mesmo tempo que há uma trajetória anterior, um grande caminho ainda está apontado à frente. Assim é com a LaMínima, companhia que completa, em 2017, duas décadas de intenso trabalho na área circense e teatral…

 

 

O projeto LaMínima 20 anos tem realização do Sesi São Paulo, e conta com várias ações para a comemoração dessa data: a estreia do espetáculo Pagliacci, uma mostra de repertório com apresentações de montagens marcantes da carreira do grupo (À La Carte, Luna Parke, Reprise, A Noite dos Palhaços Mudos, Rádio Variété e Classificados) e uma exposição com fotos, objetos e figurinos. Pagliacci também faz circulação pelos bairros da cidade, nos CEUS, por intermédio do edital Prêmio Zé Renato de Teatro, da Prefeitura Municipal de São Paulo.

A concepção do projeto LaMínima 20 anos é de Domingos Montagner e Fernando Sampaio. Pagliacci, baseado na obra de Ruggero Leoncavallo, tem a direção artística de Chico Pelúcio e reúne uma ficha técnica ímpar, que alia profissionalismo e afeto: Luís Alberto de Abreu assina o texto e a adaptação, os atores Alexandre Roit, Carla Candiotto, Fernando Sampaio, Fernando Paz, Filipe Bregantim e Keila Bueno se juntam em cena para dar vida a uma trupe de palhaços e suas histórias de ciúme, traições e vilanias. Marcelo Pellegrini fez a direção musical, Marcio Medina criou a cenografia, Inês Sacay os figurinos, e Wagner Freire, a iluminação.

 

O Grupo La Mínima, criado em 1997, é uma dupla de palhaços, com origem circense cujo princípio é pesquisar o repertório clássico do palhaço, adaptá-lo e aplicá-lo a diversos suportes dramatúrgicos.
O palhaço está nas ruas e nas feiras, nos parques de diversão, nas histórias em quadrinhos, no cinema mudo ou falado, nos espetáculos de variedades e nos textos clássicos. O palhaço vai existir sempre. Ele nos possibilita perceber limites, diferenças e semelhanças através de um universo fantasioso, mas não menos objetivo. É ele que nos permite rir de nós mesmos. De Homero a Bocaccio, de Carlitos a Oscarito, de Leonardo da Vinci a Laerte, a humanidade há pelo menos 28 séculos registra o humor e ri dela mesma.

Os 20 anos do LaMínima
O ano de 2016 já deixava vislumbrar, para os atores do LaMínima, que as duas décadas de estrada poderiam ser comemoradas no ano seguinte com uma estreia acalentada há tempos por Domingos Montagner e Fernando Sampaio, seu parceiro de grupo: Pagliacci. Em uma sinopse escrita no ano passado por Domingos para apresentar o projeto LaMínima 20 anos, seu texto acabava com a palavra “generosidade” para conceituar a arte do palhaço, “ (…) uma arte exigente, que pede vocabulário e apuro técnico dos seus intérpretes, anos de prática, um profundo conhecimento da alma humana e acima de tudo, generosidade”.
É essa generosidade que permeia os 14 trabalhos estreados pela companhia até hoje e se materializa ao dar a chance ao público de fruir uma nova estreia teatral, uma exposição com fotos, figurinos e objetos e fazer circular pela cidade de São Paulo seis espetáculos de seu repertório.

Domingos Montagner
O ano de 2016 trouxe surpresas para o LaMínima. A dupla de palhaços Agenor e Padoca, nascida em 1997, fruto do encontro de Fernando Sampaio e Domingos Montagner no final dos anos 1980 no Circo Escola Picadeiro, não existiria mais. A parceria desses dois grandes atores circenses chegava ao fim, com a morte acidental de Domingos no Rio São Francisco, em setembro. Aos 54 anos, o ator que dividia as criações do LaMínima com Fernando saiu de cena, deixando um legado de 14 “filhos”, 20 anos de história e um exemplo de generosidade como artista e ser humano.

Luciana Lima, produtora da companhia desde 2001, nunca racionalizou se o projeto deveria ou não continuar. “Nunca pensei em desistir da comemoração dos 20 anos do grupo. Não foi uma escolha racional [prosseguir], porque é uma forma de termos, continuamente, a ‘presença’ do Domingos, ponderando a todo momento de como ele agiria nas situações, das grandes decisões até aos mínimos detalhes. O LaMínima 20 anos é uma consequência dessas duas décadas de trabalho, é mais que uma homenagem, é a constatação da evolução da linguagem da companhia, a sua relação com a arte e sua fidelidade aos princípios que a norteia desde sempre”, pondera Luciana que além de produtora, é atriz e esposa de Domingos.

Ela ainda lembra que o trabalho foi todo desenhado e conceituado em 2016, inclusive com a escolha da equipe de criação e elenco: “Tivemos duas reuniões com todos sobre como seria essa nova montagem, quais caminhos cênicos seriam possíveis, inclusive desenhos foram feitos por Domingos – ele costumava traduzir em ilustrações todas suas ideias, de cenas a figurinos e cenários.

Assim o LaMínima caminha e continua sua trajetória. No mesmo texto escrito por Domingos sobre os 20 anos do grupo, ele dizia “queremos comemorar [essa história], apresentando espetáculos que percorreram muita estrada, realizando uma exposição com fotos, figurinos, objetos que andaram conosco e estrear Pagliacci, um novo companheiro para nos ajudar a construir mais um trecho deste caminho, que ainda não sabemos onde é o fim”.
Que antes do fim, se houver, o LaMínima possa seguir adiante comemorando 20, 25, 30, 50 anos de trabalho, oferecendo ao público o melhor da arte circense, fazendo rir e se emocionar a cada nova montagem.

 

Texto e direção de Pagliacci
Pagliacci é, originalmente, uma ópera em dois atos, com música e libreto compostos por Ruggero Leoncavallo e representada pela primeira vez no Teatro dal Verme de Milão, em 21 de maio de 1892. Obra mundialmente conhecida, é um melodrama de um amor fracassado e traído envolvendo atores de uma companhia circense.
O Pagliacci, dirigido por Chico Pelúcio e escrito por Luís Alberto de Abreu, coloca em cena os personagens Canio (Alexandre Roit), chefe da companhia de saltimbancos e Nedda (Keila Bueno), esposa de Canio e foco do amor de Silvio (Fernando Sampaio), ator da companhia circense. Tonio (Filipe Bregantim), com sua índole questionável, namora a sedutora e voluptuosa Strompa (Carla Candiotto) e Peppe (Fernando Paz) é o dramaturgo da companhia, o bufão.

Nessa estreia do LaMínima, da ópera de Leoncavallo há apenas o título e os personagens. Para Abreu, autor desse texto escrito ineditamente para o grupo, a questão era beber na fonte do “[mote original] sério, pesado, melodramático e prisioneiro da moral do século XIX” e buscar os elementos da dramaturgia “na própria linguagem teatral e circense: a narrativa, a farsa, o melodrama, o metateatro, a eliminação da linearidade, tão característica da linguagem circense e do teatro de variedades”.

O diretor Chico Pelúcio considera que essa montagem, aliada à sólida linguagem teatral construída pelo LaMínima, será um “encontro dos primórdios da encenação do I Pagliacci, no tempo em que a ópera era apresentada para grandes públicos, populares em sua maioria, que encontravam ali uma comunicação forte, direta e reveladora. As óperas não eram para elites mas para a grande população”. E complementa que, “entrelaçar o circo, a música, a palhaçaria e a adaptação do dramaturgo Luís Alberto de Abreu, em uma obra, permitirá pesquisar um Brasil que transforma antropofagicamente suas influências”.

Ficha Técnica
Concepção: Domingos Montagner e Fernando Sampaio
Texto e adaptação: Luís Alberto de Abreu
Direção: Chico Pelúcio
Diretor assistente: Fabio Caniatto
Direção musical e música original: Marcelo Pellegrini
Elenco: Alexandre Roit (Canio), Carla Candiotto (Strompa), Fernando Paz (Peppe), Fernando Sampaio (Silvio), Filipe Bregantim (Tonio) e Keila Bueno (Nedda)
Iluminação: Wagner Freire
Cenografia: Marcio Medina e Maristela Tetzlaf
Figurino: Inês Sacay
Adereços: Cecília Meyer
Visagismo: Simone Batata
Pintura artística dos telões: Fernando Monteiro de Barros
Costureiras: Benê Calistro, Célia Calistro e Cidinha Calistro
Direção de Produção: Luciana Lima
Produção executiva: Priscila Cha
Programação visual: Sato Brasil e Murilo Thaveira (Casa Da Lapa)
Fotos: Carlos Gueller e Paulo Barbuto
Supervisão geral: Fernando Sampaio e Luciana Lima.

Ficha Técnica Musical
Música originalmente composta e arranjada por Marcelo Pellegrini
Produção musical: Surdina
Músicos: Gabriel Levy (Acordeon), Luiz Amato (Violino), Adriana Holtz (Violoncelo), Maria Beraldo Bastos (Clarinete), Rubinho Antunes (Trompete), Paulo Malheiros (Trombone), Tuto Ferraz (Bateria), Pedro Pastoriz (Banjo), Ronem Altman (Bandolim) e Leonardo Mendes (Guitarra)
Projeto de sonorização: Bruno Pinho
Músicas incidentais adicionais: “Intermezzo” e “Vesti la Giubba” da ópera “Pagliacci” (Rugero Leoncavallo), “Preludio – Ato I” da ópera “La Traviata” (G. Verdi), “Coro di zingari” da ópera “II Trovatore” (G. Verdi), “Preludio – Ato I” da ópera “Carmen” (G. Bizet), “Valsa – Ato I” de “Coppélia” (L. Delibes) e “Minha Vontade” (Chatim)/ Alexandre Roit (Flauta, Trombone, Piano de Garrafa e Percussão), Carla Candiotto (Acordeon e Percussão), Fernando Paz (Serrote, Trompete e Acordeon), Fernando Sampaio (Sousafone, Concertina, Piano de Garrafa, Teclado de Buzina e Percussão), Filipe Bregantim (Saxofone, Piano de Garrafa e Percussão) e Keila Bueno (Voz e Percussão)

 

 

Pagliacci
Teatro do SESI-SP, Centro Cultural Fiesp
Av. Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô
Temporada: de 30 de março a 2 de julho
Quinta à sábado, às 20h e domingo, às 19h.
Apresentações extras:
12 de abril, às 20h
7, 14 e 21 de junho, às 20h
Duração: 80 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Ingressos: Grátis
As reservas antecipadas de ingressos podem ser realizadas on-line pelo sistema Meu Sesi (www.sesisp.org.br/meu-sesi). Os ingressos remanescentes serão distribuídos nos dias do espetáculo, conforme horário de funcionamento da bilheteria (quarta a sábado, das 13h às 20h30, e aos domingos, das 11h às 19h30).

 

Mostra Repertório LaMínima
Todas as apresentações têm entrada gratuita.

À La Carte
Teatro do SESI-SP
Av. Paulista, 1313 – SP
Sem a utilização de um texto como base narrativa, mas através de um roteiro baseado em magias, técnicas circenses e números musicais, o LaMínima utiliza a arte do palhaço em prosaicos números de forte gestualidade. Queremos que o público não deixe de desfrutar do prazer de rir de si próprio.
Classificação Indicativa: 10 anos
Quarta-feira, 12 de abril, às 15h
Quarta-feira, 19 de abril, às 20h
Quarta-feira, 26 de abril, às 20h

 

A Noite dos Palhaços Mudos
Teatro do SESI-SP
Av. Paulista, 1313 – SP
Dois palhaços mudos são perseguidos por uma seita que os considera uma ameaça e pretende extingui-los. Caçados numa noite, os palhaços conseguem escapar, mas um deles é mutilado, perdendo o nariz. Solidário, seu parceiro parte com ele para um ousado “resgate nasal”. Perseguições em meio às sombras misturam-se a truques de magia, números musicais e outros absurdos cômicos que evocam os conflitos entre as intolerâncias contemporâneas e a lógica do palhaço… se é que ela existe.
Classificação Indicativa: 10 anos
Quarta-feira, 10 de maio, às 20h
Quarta-feira, 17 de maio, às 20h
Quarta-feira, 24 de maio, às 20h

 

Luna Parke
Um parque ambulante apresenta aos visitantes um acervo com as mais fantásticas atrações: Monga, a mulher-gorila; Jhonny, o homem-bala; e muitas outras surpresas, todas patrocinadas pelo poderoso “Elixir Luna Parke, a vida num instante! ”. A companhia encerra o espetáculo encenando uma farsa, talvez a mais bizarra das atrações.
Classificação Indicativa: Livre
Domingo, 04 de junho, às 14h – palco externo do Centro Cultural Fiesp – Av. Paulista, 1313 – SP
Sábado, 17 de junho, às 14h – Sesi Osasco – Av. Getúlio Vargas, 401 – Piratininga, Osasco
Domingo, 18 de junho, às 14h – no Sesi Osasco – Av. Getúlio Vargas, 401 – Piratininga, Osasco

 

Classificados
Teatro do SESI-SP
Av. Paulista, 1313 – SP
Depois que o Circo é impedido de ter animais entre suas atrações, um Leão e um Urso são postos na rua e fazem o impossível para sobreviver no mundo dos Homens.
Agora, em meio a Ratos de Laboratório, Macacos Humanizados e Gente Maluca, os amigos terão que recorrer a todo o seu talento para viver a maior aventura de suas vidas: conquistar um emprego que lhes garanta um prato de comida e um lugar para dormir.
“Classificados” é uma comédia infantil que homenageia todos os artistas – humanos ou não – que fazem de tudo para colocar mais alegria no mundo.
Classificação Indicativa: Livre
Quarta-feira, 07 de junho, às 15h
Quarta-feira, 14 de junho, às 15h
Quarta-feira, 21 de junho, às 15h

 

Rádio Variété
Três artistas do teatro de variedades num local público, começam a instalar uma parafernália “um tanto” tecnológica, porém aparentemente obsoleta. Aos poucos, este conjunto toma forma de um estúdio de “rádio-circo-teatro”, onde desfilarão atrações jornalísticas-dramático-musicais.
Classificação Indicativa: 10 anos
Domingo, 02 de abril, às 14h – palco externo do Centro Cultural Fiesp – Av. Paulista, 1313 – SP
Quinta-feira, 27 de abril, às 13h – Sesi Santana do Parnaíba – Av. Conselheiro Ramalho, 264 – Cidade São Pedro – Gleba A, Santana de Parnaíba
Sexta-feira, 28 de abril, sexta, às 13h – Sesi Cotia – Rua Mesopotâmia, 300 – Jardim Passargada I, Cotia

 

Reprise
Ao chegarem no local de apresentação, dois palhaços descobrem que foram contratados para o mesmo local, no mesmo horário, pela mesma pessoa. Depois de infrutíferas tentativas de provarem um ao outro sua prioridade no picadeiro, decidem realizar este trabalho juntos.
Classificação Indicativa: Livre
Domingo, 07 de maio, às 14h – palco externo do Centro Cultural Fiesp – AV. Paulista, 1313 – SP
Quinta-feira, 18 de maio, às 11h – Sesi Diadema – Av. Paranapanema, 1500 – Taboão, Diadema
Sexta-feira, 19 de maio, sexta, às 13h – Sesi São Caetano do Sul – Rua Santo André, 810 – Bela Vista, São Caetano do Sul

 

Exposição Lamínima 20 Anos
Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp
AV. Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô
Período: de 12 de abril a 9 de julho de 2017
Diariamente, das 10h às 20h (entrada permitida até 19h40)
Classificação indicativa: Livre
Grátis

Foto destaque: Paulo Barbuto
Fotos: reprodução do site do La Mínima 

 

1 comentário em “Cia LaMínima celebra com estreia teatral, mostra de repertório e exposição no Sesi SPAdicione o seu →

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *