A partir de sua experiência como designer gráfico – que, a princípio, trabalha com linhas, formas e equilíbrio no plano bidimensional – o artista paulistano Paulo Otavio passa à tridimensionalidade, explorando as formas fundamentais encontradas na natureza e no cotidiano universal, nas 22 esculturas que compõem a mostra Movimento Constante – esculturas de Paulo Otavio, que ficará em exposição no Museu Afro Brasil até 09 de abril…

 

 

 

Tais formas, nas palavras de Paulo Otavio, ”são referentes ao remoto tempo das teorias geométricas, utilizadas desde sempre nas diversas civilizações, na manipulação do homem sobre a matéria, nas construções, nos objetos. Dessa maneira, não pertencem a esse passado nem ao futuro. São permanentes, atemporais.”

Na série que o artista traz ao Museu Afro Brasil, o artista trabalha a partir do círculo – a forma primordial, do todo – e potencializa linhas e volumes. O trabalho, com poética própria, traz também a herança do construtivismo russo e do neoconcreto brasileiro – movimentos que também se relacionam com o design gráfico. Nas peças mais recentes a essência da forma pura se apresenta em suaves e precisos volumes.

 

Movimento Constante por Emanoel Araujo

A escultura geométrica é a linguagem deste escultor. Assim, as formas circulares mostram sua habilidade em construir estruturas cheias de volumes que entram e saem do próprio corpo da obra, fazendo uma imagem que se afasta e se retrai num constante movimento. Não o movimento físico rotativo, mas aquilo que sugere outro movimento sutil para quem olha a obra que lhe chama para esses espaços negativos.

Há, portanto, muitas tentativas nessas esculturas de expressar certa procura de humanizar, muitas vezes, a frieza da forma acrescentando uma volúpia, uma sensualidade latente nesses círculos que avançam no espaço em busca de repouso.
Elas nascem de suas verticalidades como conquista do gesto. Não o gesto matemático, frio, mas aquele oriundo da procura de estar no espaço com sua impetuosidade, desafiando o seu equilíbrio entre formas negativas e positivas. Dessa maneira, a escultura se apresenta em sua permanência…

O certo é que a construção geométrica ainda pode atrair artistas para esse eterno diálogo entre o pensamento abstrato e a forma propriamente dita.
Uma permanente busca por acrescentar paixões poéticas e metafísicas ao desafio de humanizar essas expressões, como forma de procura do belo, do lúdico, da sensualidade e até da natureza, de onde tudo nasce e se cria e se recria como metáfora da existência humana.

 

Impulso do fazer por Paulo Otavio

Há dez anos, iniciei as primeiras experiências com chapas de ferro. Foi a possibilidade de transpor a linguagem geométrica do design gráfico para o tridimensional. Prática inegavelmente influenciada pelo construtivismo russo, de stijl e neoconcreto, movimentos artísticos que também se relacionam com o design gráfico. Fazem parte do aprendizado – que é constante –, mas a busca é sempre por uma poética própria.

Depois de cinco anos, mostrei algumas peças ao Emanoel Araujo que me incentivou a fazer mais.E fui fazendo. Passados três anos, mostrei novamente. Ouvi e segui seus conselhos. Numa outra ocasião, já em 2016, surge a oportunidade da exposição.

O olhar atento para a beleza das formas puras, a intuição, o prazer da invenção ao soldá-las e as possibi¬lidades do material geraram estas obras, resultado do impulso do fazer.

 

Forma pura e combinada segundo Paulo Otavio

Há dez anos, iniciei as primeiras experiências com chapas de ferro. Foi a possibilidade de transportar a linguagem geométrica do design gráfico para o tridimensional. Prática inegavelmente influenciada pelo Construtivismo russo, De Stijl e Neoconcreto, movimentos artísticos que também se relacionaram com o design gráfico. Fazem parte do aprendizado,
que é constante, mas a busca é sempre por uma poética própria.

Nas peças aqui expostas, a essência da forma pura se apresenta em suaves e precisos volumes.
É geometria combinada, construída e, até mesmo, simbólica. Fazem referência às remotas teorias geométricas utilizadas nas diversas civilizações na manipulação do homem sobre a matéria, a exemplo das majestosas teorias de Euclides, Pacioli e Fibonacci.

Mas, formas geométricas, ao mesmo tempo, representam a relação entre o humano e o divino. O círculo tem a propriedade simbólica da homogeneidade, da perfeição, do Todo. O círculo é também análogo ao tempo, o que gira, o cíclico. E ainda, o cíclico gera e emana energia.

O triângulo, é símbolo, entre outros, da tríade encontradas em diversas religiões.

Ao girar um triângulo pelo vértice, forma-se o cone. É curva e reta na dualidade de opostos complementares.

O olhar atento para a beleza das formas puras, a intuição, o prazer da invenção ao soldá-las e as possibi¬lidades do material geraram estas obras, resultado do impulso do fazer.

 

Paulo Otavio
Pós-graduado em Design Gráfico – Istituto Europeo di Design, São Paulo SP, 2008.
Graduado em Comunicação Social Publicidade e Propaganda Fundação Cásper Líbero, 1992.
Designer gráfico de livros e exposições de arte, paralelamente produz esculturas em aço carbono, tendo iniciado na técnica com Marcelo Mello em 2007. Antes, cursou escultura figurativa em argila/bronze no Atelier Israel Kislansky, 2004 a 2006. Frequentou também atelier livre (desenho com modelo vivo) na Pinacoteca do Estado 1991 e o atelier de gravura do Museu Lasar Segall, 1990.
Realizou, em janeiro de 2012, uma mostra na Estação Luz do Metrô, integrando o projeto Linha da Cultura.

 

 

 

 

Movimento Constante – Esculturas de Paulo Otavio
Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral Portão 10
Parque Ibirapuera CEP: 04094 050
São Paulo/SP – Brasil – Acesso pelo portão 03
Tel.: 3320-8900
Horário de funcionamento:
De terça-feira a domingo, das 10hs às 17hs, com permanência até às 18hs.
Ingresso:
R$ 6,00 (inteira)
R$ 3,00 (meia-entrada)
Gratuidade aos sábados
Visita Mediada:
O Museu Afro Brasil agenda visitas mediadas para os dias e horários:
Terça a sexta-feira 9h30, 11h30, 13h30 e 15h30
Sábados 10h30 e 14h
Domingos 11h

Fotos: Divulgação