Grupo As Meninas do Conto volta em cartaz no dia 2 de junho, com espetáculo Mil Mulheres e Uma Noite na Oficina Cultural Oswald de Andrade…
Primeira montagem adulta do Grupo As Meninas do Conto, com direção de Eric Nowinski e dramaturgia de Cassiano Sydow Quilici, a peça tem como ponto de partida o livro As Mil e Uma Noites traduzida diretamente do árabe para o português por Mamed Mustafa Jarouche.
A proposta é fazer ecoar a voz de Sheerazade, – que, para entreter o rei e salvar a própria vida, não se cansa de contar histórias – uma mulher que enfrenta a tirania dos homens com a potência das histórias. A perspectiva feminina é a força motriz para a dramaturgia.Na peça, a voz dessa mulher é multiplicada pelas vozes femininas que compõem o grupo de sete atrizes. A dramaturgia sobrepõe as narrativas do livro a notícias contemporâneas de opressão feminina.
O livro contém fábulas de terror, piedade, amor, ódio, medos, paixões desenfreadas, atitudes generosas e de comportamentos cruéis, delicadas e brutais. A obra, de tradição oral árabe e persa, foi escolhida por ser uma referência universalmente reconhecida de difusão de contos populares. “É um livro de tradição oral com histórias milenares dos mais variados gêneros, e ao cruzarmos com histórias de opressão feminina exercitamos o processo de educação e transformação, que é a função do conto, em sua essência. O ato de parar para ouvir, exercitar a imaginação e se colocar no ponto de vista do outro”, diz a atriz Simone Grande.
O diretor Eric Nowinski conta que o grupo fez a primeira interface da obra d’As Mil e Uma Noites com recortes de jornal. “Ao abrirmos os jornais, revistas, sites e outros veículos de comunicação nos deparamos diariamente com notícias sobre abuso, injustiça e violência de gênero. É preciso seguir dando voz às mulheres. E não existe na tradição oral mundial imagem mais emblemática do que a de Sheerazade, noite após noite, seduzindo o sultão Sharyar por meio de narrativas fantásticas que percorrem os mais variados gêneros; e esta imagem é ainda mais universal quando entendida como diálogo entre o feminino e o masculino, entre o oprimido e o opressor,” explica.
“Em tempos de avanço das tecnologias de comunicação estamos perdendo os momentos de compartilhamento que a prática de leitura em voz alta pode trazer. Este tipo de leitura mobiliza não apenas a fala, mas também o corpo e a relação com os demais participantes, gerando um espaço para a construção de subjetividades,” analisa o Eric Nowinski.
Contemplado com a 4 ª edição Prêmio Zé Renato da Cidade de São Paulo em 2016, o espetáculo circulou por 4 bibliotecas municipais, cumpriu temporada em abril na Oficina Cultural Oswald de Andrade, além de promover leituras encenadas de episódios da obra que não constam da adaptação teatral.
Proposta de encenação
Com direção musical de Fernanda Maia e direção de movimento e coreografias de Letícia Doreto, um coro costura musicalmente as narrativas e conduz o público pelo espaço cênico percorrendo os diferentes espaços onde ocorrerão as histórias. Uma abertura musical contextualiza a plateia com a história de Sheerazade, de onde se desdobram as outras narrativas.
O coro funciona como um personagem, que tem a função de permear as cenas individuais com outras texturas sonoras, ambientação musical e diferentes composições espaciais. Instrumentos musicais como o darbuka, de tradição árabe, remete o ouvinte rapidamente a essa cultura. Outros, como o pandeiro, promovem um elo entre a música do oriente médio e do Brasil tornando possível revelar as influências árabes na cultura brasileira.
Também a iluminação tem função cenográfica. Na medida em que as histórias estarão instaladas em diferentes espaços cênicos, a luz, tanto quanto a ambientação de cada espaço é um importante índice de remissão a um espaço-tempo mítico situado entre o fantástico e o maravilhoso, universo proposto pelas narrativas e fábulas originais e o contemporâneo expresso em elementos da condição feminina , que reverberam em diferentes culturas e diferentes momentos históricos.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Grupo As Meninas do Conto, em colaboração com Cassiano Sydow Quilici
Direção: Eric Nowinski
Atrizes: Danielle Barros, Helena Castro, Lilian de Lima, Lívia Salles, Norma Gabriel, Silvia Suzy e Simone Grande
Direção de arte: Yumi Sakate
Direção Musical e Preparação Vocal: Fernanda Maia
Musicista: Carolina Bahiense
Preparação Corporal: Letícia Doreto
Assistentes de direção de Arte e contrarregragem: Diego Dac e Saulo Santos (Ateliê Russo)
Produção: Joice Pontes
Administração: Regiane Moraes
Mil Mulheres e Uma Noite
Oficina Cultural Oswald De Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro (próximo a estação Tiradentes do metrô)
Informações: 3221-4704
Capacidade: 35 lugares
Duração: 80 minutos.
Temporada: De 02 a 30 de junho
Sextas-feiras, às 21h
Sábados, às 20h
Classificação etária: 14 anos
Ingressos: Grátis (Distribuição de ingressos a partir de 1 hora antes da apresentação).
As Meninas do Conto
Formado em 1995, o grupo As Meninas do Conto, vencedor de diversos prêmios, (APCA e FEMSA, entre outros), vem direcionando suas criações ao público infantil, sem perder de vista a presença do adulto, que acompanha a criança na ida ao teatro. O grupo vem aproximando a relação com o público adulto através de apresentações em Saraus, Maratonas e Rodas de Histórias.
Possui em seu repertório oito espetáculos. A Princesa Jia e Porque o Mar Tanto Chora (Prêmio APCA e Prêmio Pananco), ambos de 2002. Em 2004, estreou o espetáculo As Velhas Fiandeiras (Prêmio APCA e Prêmio Coca-Cola Femsa). Papagaio Real, produzido em parceria com o Teatro Alfa, estreou em 2005. Em 2008, com o espetáculo BUUUU!! A Casa do Bichão recebeu o Prêmio APCA de melhor espetáculo do ano. Em 2010, estreou Pedro Palerma e outras histórias, indicado em várias categorias para o Prêmio Coca-Cola. Em 2012, com o espetáculo Bruxas, Bruxas…e mais Bruxas recebeu o Prêmio APCA para todas as atrizes do elenco. E em maio 2016, estre o Caminho da Roça, eleito Melhor espetáculo Infantil (Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem 2016) e melhor espetáculo de Valorização da Cultura Popular (Prêmio APCA/2016).
Fotos: Julia Chequer
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