Grupo As Meninas do Conto, apresentação única dia 28 de outubro, na Área de Convivência do Sesc Itaquera…
Partindo de uma das maiores obras de referência da tradição oral, As Mil e Uma Noites, da cia teatral As Meninas do Conto, evoca nas sete atrizes-contadoras a emblemática figura de Sheerazade que, noite após noite, assegura a própria sobrevivência ao seduzir o sultão Sharyar por meio de narrativas fantásticas que percorrem os mais variados gêneros. Ao fundir estas histórias com relatos contemporâneos de opressão feminina, o espetáculo pretende potencializar o diálogo entre o feminino e o masculino, o dia e a noite, o passado e o presente, o lá e o aqui.
O livro contém fábulas de terror, piedade, amor, ódio, medos, paixões desenfreadas, atitudes generosas e de comportamentos cruéis, delicadas e brutais. A obra, de tradição oral árabe e persa, foi escolhida por ser uma referência universalmente reconhecida de difusão de contos populares. “É um livro de tradição oral com histórias milenares dos mais variados gêneros, e ao cruzarmos com histórias de opressão feminina exercitamos o processo de educação e transformação, que é a função do conto, em sua essência. O ato de parar para ouvir, exercitar a imaginação e se colocar no ponto de vista do outro”, diz a atriz Simone Grande.
O diretor Eric Nowinski conta que o grupo fez a primeira interface da obra d’As Mil e Uma Noites com recortes de jornal. “Ao abrirmos os jornais, revistas, sites e outros veículos de comunicação nos deparamos diariamente com notícias sobre abuso, injustiça e violência de gênero. É preciso seguir dando voz às mulheres. E não existe na tradição oral mundial imagem mais emblemática do que a de Sheerazade, noite após noite, seduzindo o sultão Sharyar por meio de narrativas fantásticas que percorrem os mais variados gêneros; e esta imagem é ainda mais universal quando entendida como diálogo entre o feminino e o masculino, entre o oprimido e o opressor,” explica.
“Em tempos de avanço das tecnologias de comunicação estamos perdendo os momentos de compartilhamento que a prática de leitura em voz alta pode trazer. Este tipo de leitura mobiliza não apenas a fala, mas também o corpo e a relação com os demais participantes, gerando um espaço para a construção de subjetividades,” analisa o Eric Nowinski.
Proposta de encenação
Com direção musical de Fernanda Maia e direção de movimento e coreografias de Letícia Doreto, um coro costura musicalmente as narrativas e conduz o público pelo espaço cênico percorrendo os diferentes espaços onde ocorrerão as histórias. Uma abertura musical contextualiza a plateia com a história de Sheerazade, de onde se desdobram as outras narrativas.
O coro funciona como um personagem, que tem a função de permear as cenas individuais com outras texturas sonoras, ambientação musical e diferentes composições espaciais. Instrumentos musicais como o darbuka, de tradição árabe, remete o ouvinte rapidamente a essa cultura. Outros, como o pandeiro, promovem um elo entre a música do oriente médio e do Brasil tornando possível revelar as influências árabes na cultura brasileira.
Também a iluminação tem função cenográfica. Na medida em que as histórias estarão instaladas em diferentes espaços cênicos, a luz, tanto quanto a ambientação de cada espaço é um importante índice de remissão a um espaço-tempo mítico situado entre o fantástico e o maravilhoso, universo proposto pelas narrativas e fábulas originais e o contemporâneo expresso em elementos da condição feminina , que reverberam em diferentes culturas e diferentes momentos históricos.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Grupo As Meninas do Conto, em colaboração com Cassiano Sydow Quilici
Direção: Eric Nowinski
Atrizes: Danielle Barros, Helena Castro, Lilian de Lima, Lívia Salles, Norma Gabriel, Silvia Suzy e Simone Grande. Musicista: Carolina Bahiense
Direção de arte: Yumi Sakate
Direção Musical e Preparação Vocal: Fernanda Maia
Preparação Corporal, direção de Movimento e Coreografia: Letícia Doreto
Assistentes de direção de Arte e contrarregragem: Diego Dac
Produção: Joice Portes
Administração: Regiane Moraes
Mil Mulheres e Uma Noite
Sesc Itaquera
Área de Convivência
Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1000, Itaquera
Telefone para informações: 2523-9200
Duração: 90 minutos.
Sábado, 28 de outubro, das 15 às 17 horas
Classificação etária: Não recomendado para menores de 12 anos
Ingressos: Grátis
Estacionamento: R$ 12,00 (credencial plena do Sesc) e R$ 24,00 (demais frequentadores).
26Transporte Público Sesc Itaquera: Metrô Itaquera – 7200m / Terminal São Mateus – 5200m.
As Meninas do Conto
Formado em 1995, o grupo As Meninas do Conto, vencedor de diversos prêmios, (APCA e FEMSA, entre outros), vem direcionando suas criações ao público infantil, sem perder de vista a presença do adulto, que acompanha a criança na ida ao teatro. O grupo vem aproximando a relação com o público adulto através de apresentações em Saraus, Maratonas e Rodas de Histórias.
Possui em seu repertório oito espetáculos. A Princesa Jia e Porque o Mar Tanto Chora (Prêmio APCA e Prêmio Pananco), ambos de 2002. Em 2004, estreou o espetáculo As Velhas Fiandeiras (Prêmio APCA e Prêmio Coca-Cola Femsa). Papagaio Real, produzido em parceria com o Teatro Alfa, estreou em 2005. Em 2008, com o espetáculo BUUUU!! A Casa do Bichão recebeu o Prêmio APCA de melhor espetáculo do ano. Em 2010, estreou Pedro Palerma e outras histórias, indicado em várias categorias para o Prêmio Coca-Cola. Em 2012, com o espetáculo Bruxas, Bruxas…e mais Bruxas recebeu o Prêmio APCA para todas as atrizes do elenco. E em maio 2016, estre o Caminho da Roça, eleito Melhor espetáculo Infantil (Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem 2016) e melhor espetáculo de Valorização da Cultura Popular (Prêmio APCA/2016).
Fotos: Júlia Chequer
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