A Guerra Não Tem Rosto de Mulher

De sexta a domingo no Teatro FAAP…

 

 

Vencedora do Nobel de Literatura, a bielorrussa Svetlana Aleksiévitch tem obra adaptada para o teatro no ano que marca o centenário da Revolução Russa. Com direção de Marcello Bosschar, peça narra histórias de mulheres sobreviventes de guerra.

A narrativa oficial das guerras é masculina. Na imensa maioria dos casos, conhecemos a história através de depoimentos de homens, sejam eles soldados, comandantes, capitães, presidentes ou historiadores. Recém-premiada com o Nobel de Literatura, a escritora bielorrussa Svetlana Alexievich entrevistou centenas de mulheres que sobreviveram à Segunda Guerra e transformou os relatos no premiado livro ‘A Guerra Não Tem Rosto de Mulher’.

Pela primeira vez, a obra chega aos palcos brasileiros no espetáculo homônimo concebido e dirigido por Marcello Bosschar, com temporada de sexta a domingo no Teatro FAAP, até 17 de dezembro. Em cena, Carolyna Aguiar, Luisa Thiré e Priscila Rozembaum dão voz a heroínas de guerra, em relatos que dão conta de temas tão complexos quanto o conflito em que estão envolvidas.

Bosschar conta que a autora precisou insistir muito para falar com as esposas dos “heróis” da guerra. “Elas são heroínas, mas se acostumaram aos bastidores por terem, segundo os maridos, uma versão menos ‘cinematográfica’ dos fatos. Svetlana deixa que as lembranças dessas mulheres ressoem de forma angustiante e arrebatadora, em memórias que evocam frio, fome, violência sexual e a sombra onipresente de morte. Muitas queriam falar sobre o amor, a menstruação, as lágrimas e a sensação horripilante de matar alguém pela primeira vez”, diz o diretor.

Apesar do valor histórico e documental, a proposta da direção foi a de privilegiar o humano em cena. Todas as referências de tempo e lugar foram retiradas da adaptação, assinada por Bosschar em parceria com as três atrizes. O palco está desnudo e as imagens são todas compostas através da coreografia e do movimento das intérpretes.

A ideia é que elas conduzam o público neste profundo mergulho pelos horrores da guerra, mas também o faça entrar em contato com os eventos cotidianos no front e nas batalhas. Do alistamento das jovens – que não faziam ideia do que iria acontecer com elas – ao anúncio do fim da guerra, passam pelo palco histórias de perdas, lutas e superações, mas também histórias de amor, amizade e afeto.

“Ao retirarmos referências geográficas e culturais, fazemos com que “a Guerra” possa ser qualquer guerra, inclusive as urbanas que estão tão próximas de todos nós. O que restou foram mães, irmãs, filhos e avós. Todos nós entendemos a linguagem da perda, da esperança e do amor. A peça é universal, pois é humana. São mulheres que morreram e outras que sobreviveram nas guerras passadas e nas presentes”, resume Bosschar.

Ficha Técnica
Texto: Svetlana Aleksiévitch
Concepção e direção: Marcello Bosschar
Dramaturgia coletiva: Carolyna Aguiar, Luisa Thiré, Marcello Bosschar e Priscilla Rozenbaum
Elenco: Carolyna Aguiar, Luisa Thiré e Priscilla Rozenbaum
Iluminação: Aurélio de Simone
Figurino: Kika Lopes
Trilha Sonora: Marcello Bosschar
Preparação Corporal: Carolyna Aguiar
Preparação vocal: Sonia Dumont
Programação Gráfica: Carol Montenegro
Fotografia: Milton Montenegro
Assessoria de imprensa: Morente Forte
Produção Executiva: Barbara Montes Claros
Direção de Produção: Celso Lemos
*Toda sexta, após a apresentação, o elenco convida o público para um bate papo*

 

 

 

A Guerra Não Tem Rosto de Mulher
Teatro FAAP
Rua Alagoas, 903 – Higienópolis.
Informações e Vendas: 3662-7233 e 3662-7234
Capacidade: 486 lugares
Duração: 80 minutos
Temporada: até 17 de dezembro
Sexta e sábado, às 21h
Domingo, às 18h
Ingressos:
Sexta R$ 50,00
Sábado e domingo R$ 60,00
Recomendação: 14 anos
Vendas Online: Teatro Faap
Bilheteria: de terça à sábado, das 14h às 20h. Domingo das 14h às 17h.
Aceita cartão de débito e crédito: Visa, Master ou Dinners.
Não aceita cheque.
Acesso para deficiente.
Ar-condicionado.
Estacionamento Conveniado:
ESTAPAR – Rua Alagoas 903 
Entrada pela Rua Armando Penteado – Portão G7

 

Fotos: Guga Melgar

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