Cia Les Commediens Tropicales e Quarteto À Deriva reestreiam Baal.Material

O primeiro texto de Brecht, Baal, foi o ponto de partida para a criação de Baal.Material, espetáculo da Cia Les Commediens Tropicales e do Quarteto à Deriva que volta a ser apresentado na capital paulista de 26 de janeiro a 18 de fevereiro, no Galpão do Folias…

 

 

 

A montagem traz, assim como os espetáculos anteriores da Cia Les Commediens Tropicales, diversas linguagens para o palco: artes plásticas, vídeo, teatro e música circulam pelas cenas, sem hierarquia alguma entre elas. As apresentações gratuitas fazem parte do projeto Medusa Concreta contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.

Depois do espetáculo anterior, Guerra sem Batalha, os grupos se reuniram para ver quais caminhos seguirem, que autor ou trabalho poderia provocá-los como o fez Heiner Müller. “Foi em Baal, obra de estreia de Brecht, que encontramos nosso ponto de partida. Essa é a obra de Brecht que está menos ligada à sua dialética e todas as características conhecidas do autor. A exploração do lugar ambíguo da obra de arte contemporânea, diante das rupturas da moralidade é o prisma através do qual o Baal de Brecht se transforma em Baal.Material”, conta o ator Daniel Gonzalez.

A atriz Paula Mirhan completa: “pegamos o texto original do Brecht e alguns outros textos e, a partir deles, começamos a nos questionar sobre o que gostaríamos de discutir. Também não estamos fazendo uma peça para responder perguntas: levantamos uma série de questionamentos (éticos, políticos, artísticos, relação do público com obra de arte), com o risco de sair de lá com mais dúvidas do que quando entramos”.

 

Diálogo com outras linguagens
O espetáculo é composto por várias camadas, todas com igual importância para o enredo e independentes, apesar de conversarem entre si e se complementarem. Música e texto se alternam e se sobrepõem: Baal.Material incorpora, como estrutura, a forma e a atitude de um show musical. No espaço cênico os corpos performativos dividem espaço com arbustos, obras de arte pop reproduzidas à exaustão (230 caixas inspiradas em Brillo, obra de Andy Warhol) e uma betoneira produzindo cimento, ao mesmo tempo, a cena integra a projeção ininterrupta de vídeos – feitos pelas artistas do Bruta Flor.

“Cada camada da peça é uma obra à parte. Nada está ali para servir à cena. Esse pensamento está bem próximo das artes plásticas e é algo que estamos trabalhando há algum tempo em nossos trabalhos como grupo”, narra Daniel.

 

Novo espetáculo em 2018
A temporada de Baal.Material faz parte do projeto Medusa Concreta, que contempla as apresentações de espetáculos do repertório da Cia, como Mauser de garagem e Concílio da Destruição, que aconteceram no final de 2017, além da estreia de Medusa Concreta, que será criada ao longo de 2018 com estreia prevista para o início do segundo semestre.

Ficha Técnica
Encenação: Cia. Les Commediens Tropicales e Quarteto À Deriva
Texto: Cia. Les Commediens Tropicales a partir do texto Baal, de Bertold Brecht
Elenco: Beto Sporleder, Daniel Gonzalez, Daniel Muller, Guilherme Marques, Paula Mirhan, Rodrigo Bianchini, Rui Barossi e Tetembua Dandara
Iluminação: Daniel Gonzalez
Cenário e Figurino: Renan Marcondes
Vídeos: Cáca Bernandes e Bruna Lessa – Bruta Flor
Auxiliares técnicos: Cauê Gouveia, Lui Seixas e Matias Arce
Cenotecnia: ZangZagatti Oficina
Produção executiva: Mariana Pessoa e Cia. Les Commediens Tropicales

 

 

Baal.Material
Galpão do Folias
Rua Ana Cintra, 213 – Campos Elíseos (próximo a estação do metrô Santa Cecília)
Tel.: 2122-4001
Capacidade: 74 lugares
Duração: 75 minutos
Reestreia sexta-feira, 26 de janeiro, às 21h
Temporada: Até 18 de fevereiro
Sexta-feira e sábado, às 21 horas
Domingo, às 19h
Recomendado para maiores de 14 anos.
Ingressos: Grátis (Retirada de ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria)

 

Cia. Les Commediens Tropicales
Criada em 2003, dentro do curso de artes cênicas da Unicamp, a Cia. Les Commediens Tropicales está hospedada na capital paulista desde 2005, quando realizou a transposição do romance Galvez Imperador do Acre, de Márcio Souza, para os palcos. Com encenação de Marcio Aurelio, o espetáculo estreou no Festival de Teatro de Curitiba e fez temporada no Centro Cultural São Paulo. No mesmo ano a Cia. foi contemplada pelo Prêmio Estímulo Flávio Rangel da Secretaria de Estado da Cultura para montar a obra Chalaça a peça, baseada no romance O Chalaça, de José Roberto Torero e dirigida por Marcio Aurelio. A montagem estreou em 2006 no Sesc Santana e já realizou oito temporadas em São Paulo, com mais de 120 apresentações e participação em vários festivais. Em 2007 adaptou o romance A Última Quimera, de Ana Miranda com provocação cênica de Georgette Fadel e Verônica Fabrini. O espetáculo estreou no Sesc Avenida Paulista. No ano seguinte, o grupo desenvolveu o espetáculo 2º d.pedro 2º com provocação cênica de Fernando Villar, que realizou três temporadas em São Paulo. Em 2009 foi contemplada pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz para criação do espetáculo O Pato Selvagem, de Henrik Ibsen que estreou em janeiro de 2010 no Sesc Santana, onde também foi realizada mostra de repertório dos cinco anos de atividades da Cia. Em 2010 foi contemplada pela Lei de Fomento ao Teatro do Município de São Paulo e desenvolveu o projeto O que fazer com isso? em que foram realizadas temporadas de quatro espetáculos anteriores, uma série de experimentos com artistas convidados que culminou na obra (ver[ ]ter), uma coleção de intervenções cênicas que dialogam com o artista britânico Banksy e que teve participações de Georgette Fadel, Tica Lemos, Andréia Yonashiro e Coletivo Bruto. (ver[ ]ter) fez temporada no CCSP, Oficinas Culturais Oswald de Andrade, participou do programa Cultura Livre SP, Circuito Sesc de Artes, Mostra Sesc de Artes e foi selecionado para o FIT Rio Preto e FIT Dourados.

Em 2011 foi contemplada pelo programa de Ação Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura, para realização da obra Concílio da Destruição. Com dramaturgia de Carlos Canhameiro, finalista do Prêmio Lusobrasileiro de Dramaturgia e provocação cênica do Coletivo Bruto, a peça estreou em janeiro de 2013 no Sesc Pompeia e fez outra temporada no Teatro Cacilda Becker. Em 2012 foi contemplada no Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, onde foram realizadas temporadas da obra (ver[ ]ter) em diversos pontos da cidade e o colóquio sobre teatro performativo. Em 2013 foi contemplada pela Lei de Fomento ao Teatro, onde realizou o Laboratório Permanente de Plágio, reencenação das obras Corra Como um Coelho (Cia. dos Outros), Petróleo e Quem não sabe mais o que é, quem é e onde está, precisa se mexer (Cia. São Jorge de Variedades). Em 2015 estreou a Guerra sem batalha ou agora e por um tempo muito longo não haverá mais vencedores neste mundo, apenas vencidos em conjunto com o Quarteto à Deriva, a partir de textos de Heiner Müller. No mesmo ano, comemorando 10 anos de palco, o grupo realizou uma mostra de repertório e em 2016, estreou o espetáculo Baal.Material, inspirado em Brecht.

 

Foto: Mariana Chama / Caca Bernardes

 

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