O Sesc Ipiranga recebe no próximo dia 23 de fevereiro, dentro do Projeto Fricções, a Zona Agbara com o espetáculo “Vênus Negra – Um manual de como engolir o mundo”…
O grupo apresenta por meio da dança um questionamento aos padrões e a marginalização do corpo negro. No palco Fabiana Pimenta, Dandara Gomes, Luciane Barros e Gal Martins, intérpretes e criadoras do espetáculo, se lançam na experiência singular de traduzir os processos que tangem suas existências e suas relações sociais.
O Grupo
A Zona Agbara é um grupo que consiste na visibilidade e valorização da produção artística de mulheres pretas e gordas utilizando a criação em dança como principal ferramenta de transgressão e afirmação estética e social.
Agbara Agbara – significado: Potência E Força em yoruba.
A urgência da missão do coletivo é colocar na cena da dança paulistana uma potência poética de um corpo que é marginalizado e excluído dos processos de criação coreográfica, por possuírem características físicas diferentes do padrão eurocêntrico estabelecido no cenário da dança no mundo.
A ideia é transgredir e criar uma fissura como representatividade e referência, para que novos olhares e discussões possam surgir dentro do cenário artístico e da performance e que possamos questionar esteticamente e politicamente quais os espaços existentes para produção dessas artistas.
O Espetáculo
Por meio de uma singela homenagem à Saartjie, a Vênus Negra, mulher africana que há dois séculos foi exibida em uma jaula na Europa por ter proporções avantajadas, o espetáculo propõe exorcizar a condição vivida por ela, transpondo essa problemática para o nosso tempo.
“Retratamos as Vênus Negras de hoje, do agora e do depois. No palco, temos corpos em constante afirmação e protesto, corpos que demarcam espaços simbólicos e geográficos. São intérpretes criadoras, pretas e gordas no afronte, como pontas de lança que sangram, mas deixam marcas fincadas na terra, engolindo o mundo e os resquícios da perversidade humana, regurgitando simbologias de resistência”, explica Gal Martins diretora do espetáculo.
Antes de chegar ao resultado deste espetáculo, foram promovidas discussões que auxiliaram no processo de construção. Temas como “Feminismo Negro e Gordofobia”, “Afetividade da Mulher Negra e Maternidade”, “Mulheres Negras Encarceradas e Mercado de Trabalho”, “Identidade de Gênero”, “Saúde Mental da Mulher Negra” e “Beleza, estética negra e religiosidade” foram abordados junto ao público, sempre com uma performance de dança ao final das atividades, criada a partir do que foi discutido durante o encontro.
Vênus Negra – Um manual de como engolir o mundo – Com Zona Agbara
Sesc Ipiranga
Teatro
Rua Bom Pastor, 822
Capacidade: 150 lugares
Duração: 40 minutos
Sexta-feira, 23 de fevereiro, às 21h
Ingressos:
R$20,00
R$10,00
R$ 6,00 (credencial plena).
Classificação: Livre
Acesso para deficientes físicos
Não há estacionamento
Projeto Fricções
Série de espetáculos, intervenções, performances, residências e oficinas que tratam da diversidade por meio de diferentes linguagens e formatos. Resistir e existir – em rede, em grupo, em coletivo – produzindo relações, afetos, propostas que borram as fronteiras entre arte e vida.
Foto: Sheila Signario
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