“Yebo” foi o primeiro, o espetáculo de estreia do grupo que carrega em seu nome o estilo de dança Gumboot criada pelos mineiros na África do Sul. Uma forma de comunicação rítmica através das batidas de suas botas de borracha, Subterrâneo, que estreia em 23 de março, no Teatro Anchieta – Sesc Consolação, é a continuidade desta pesquisa iniciada em 2008, ano de formação do grupo Gumboot Dance Brasil pelo do bailarino e coreógrafo Rubens Oliveira, que trabalhou com Antônio Nobrega, Inês Bogéa, Susana Mafra, Benjamin Taubkin e atuou por oito anos na Cia Teatro Dança Ivaldo Bertazzo, onde conheceu o Gumboot por meio do grupo Kova Brothers, da África do Sul…
O espetáculo propõe uma reflexão sobre o “subtérreo dos corpos”: as relações, marcas e memórias que cada indivíduo periférico carrega e constrói diante do contexto em que vive ou sobrevive. Os treze bailarinos cantam, dançam e realizam uma grande percussão corporal com batidas em suas botas de borracha acompanhados por uma banda ao vivo.
Subterrâneo faz referências à ancestralidade, à história e às memórias de um povo que, embaixo da terra, lutou por sua sobrevivência O espetáculo faz um contraponto com o Brasil de hoje, onde, assim como nas minas, a população pobre trabalha em condições degradantes. Suburbanos explorados cotidianamente, com suas memórias sendo soterradas e suas vozes abafadas. Como sobreviver? Como ressignificar o cenário e resgatar a humanidade dentro de uma estrutura tão repressora e historicamente violenta?
Estas e outras questões estão colocadas no espetáculo como reflexões para serem compartilhadas com o público.
O Gumboot surgiu na África do Sul no século XIX, em uma época em que foram descobertas várias minas de ouro e de diamante no país. Muitos sul-africanos de etnias diferentes foram forçados pelos colonizadores holandeses e britânicos a trabalhar nessas minas, em condições degradantes, sem ao menos conseguir se comunicar por não falarem a mesma língua (a África do Sul tem cerca de onze línguas oficiais).
Subvertendo o meio ao qual estavam submetidos, eles inventaram um jeito de se comunicar por meio dos batuques das botas, canto e gritos.
Segundo Rubens Oliveira, diretor do Gumboot Dance Brasil e entusiasta desta técnica – havia diversas simbologias que simplificavam essa comunicação como a “saudade da família”, o trem que os conduziam às minas e a própria iniciativa em se divertir por mais que estivessem em condições insalubres de trabalho. “A coerência de sons e ritmo foi amadurecendo e aos poucos transformaram a ‘comunicação das botas’ em dança”, sintetiza o bailarino.
Ficha Técnica
Diretor e coreógrafo: Rubens Oliveira
Direção Musical: Lenna Bahule e Rubens Oliveira
Trilha Sonora Gravada: Lenna Bahule, Alysson Bruno e Rubens Oliveira
Roteiro: Naruna Costa e Rubens Oliveira
Dançarinos: Danilo Nonato, Diego Henrique, Fernando Ramos, Munique Mendes, Naruna Costa, Pâmela Ammy, Rafael Oliveira, Rubens Oliveira, Samira Marana, Silvana de Jesus e Washington Gabriel.
Músicos: Mauricio Oliveira (percussão e sax), Kiko Woiski (baixo) e Rodrigo Braganc (guitarra).
Figurino: Danilo Maganha
Cenário: Karen Furbino
Cenotécnicos: Alexandre Souza e Rager Luan
Pintura de Arte: Edna Nogueira
Design de Luz: Melissa Guimarães
Operação de Luz: Melissa Guimarães
Operação de Som: Felipe Atta
Assessoria de impressa e Comunicação: Luciana Gandelini
Assistente de produção: Washington Gabriel
Produção Geral: Kelson Barros [Cazumbá Produções Artísticas]
Subterrâneo
Sesc Consolação
Teatro Anchieta
Rua Doutor Vila Nova, 245 – Vila Buarque
Tel.: 3234-3000
Capacidade: 280 lugares
Temporada: De 23 de março a 1º de abril (Exceto 30/3)
Quinta a sábado, às 21h
Domingos, às 18h
Ingressos:
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência)
R$ 12,00 00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes)
Classificação: Livre
Oficina
Gumboot Dance
Com integrantes do grupo
De 26 a 28 de março
Segunda a quarta, das 19h às 22h
Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação.
Fotos: Zarella Neto e Marcia Minillo
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