Cia. Linhas Aéreas comemora vinte anos na estreia do espetáculo infantil Wendy e Peter

Anos após ter vivido aventuras mágicas na Terra do Nunca, onde conheceu fadas, piratas malvados, feras selvagens, tribos indígenas, os garotos perdidos e o temido crocodilo tic tac, Wendy (Ziza Brisola) cresceu. Já adulta, recebe em seu quarto a visita de Peter Pan (Patrícia Rizzi), companheiro de aventuras que já não consegue se lembrar dos momentos que viveram juntos. Esse é o mote do espetáculo Wendy e Peter, da Cia Linhas Aéreas, que entra em cartaz dia 14 de abril, no Teatro do Sesc Belenzinho…

 

 

 

 

Adaptado pelas próprias atrizes do livro Peter e Wendy, escrito por J. M. Barrie, publicado em 1911 – sete anos após a estreia da peça que tornou famosa a história de Peter Pan – o espetáculo da Cia. Linhas Aéreas propõe uma encenação de artes integradas, onde circo, teatro, dança contemporânea e Kung-Fu se encontram. Quem assina a direção e colaboração na dramaturgia é Bruno Rudolf, parceiro artístico da companhia desde 2006.

Na nova montagem, as intérpretes-criadoras privilegiam a figura feminina na obra de Barrie. “Entendemos que o livro e a peça de teatro homenageiam as mulheres e também as boas mães”, diz Ziza. Foi a partir desse entendimento que as artistas fizeram com que o nome de Wendy viesse antes do de Peter na peça.

“Peter Pan é uma figura que está o tempo todo em busca de uma mãe – ele procura isso na Wendy e é muito ressentido por ter sido abandonado da infância. Refletir sobre o feminino na arte é um foco constante na trajetória da Cia.Linhas Aéreas e nos parece especialmente necessário num momento como o atual, em que esse tipo de debate ganha mais força e gera reações na sociedade.”, complementa Ziza.

Para criar a figura dúbia de Peter Pan, um menino que carrega a infância em si – com suas ingenuidades, fantasias, emoções e crueldades – a companhia apostou no uso do Shen She Chuen Kung-Fu, luta oriental praticada pela atriz Patrícia Rizzi há 22 anos. “Entendemos que o movimento da luta tinha tudo a ver com algumas características do Peter, como a astúcia, a molequice e a determinação”, diz Patrícia.

Para ela, a fusão das artes funciona muito bem com os pequenos. “As crianças são o melhor público para experimentarmos essas misturas. Na cabeça deles a arte não está dividida, então eles estão livres de julgamentos e prontos para receber as nossas propostas”, complementa.

A artista teve os movimentos de luta dirigidos por Luis Pelegrini, seu professor de Kung-Fu desde o início da sua trajetória nesta arte marcial. Pelegrini já participou do elenco do Cirque du Soleil entre 1999 e 2002 como um dos personagens principais do espetáculo Dralion, que fez temporada pelos Estados Unidos da América e Austrália.

 

Árvore Cenográfica

Da casa de Wendy a um navio pirata; do céu em que as crianças voam até à casinha na árvore subterrânea da Terra do Nunca: tudo que se passa no espetáculo está representado numa única estrutura cenográfica, uma árvore de 4 metros de altura – peça de ferro criada pelo diretor de arte, cenógrafo, figurinista, arquiteto e artista visual Renato Bolelli Rebouças.

Nessa árvore, equipada com diversos aparatos técnicos de circo, as atrizes realizam voos e suspensões utilizando técnicas de dança aérea e penduradas por elásticos, cordas e tecidos. Transitam o tempo todo pela estrutura com movimentos acrobáticos e coreografias aéreas que vão transformando seus espaços nos diferentes lugares por que a história passa. No chão há o Kung-Fu estilo serpente sagrada, acrobacias de solo e dança contemporânea. Esta cenografia já foi utilizada pelo grupo em 2009, em um espetáculo adulto de dança-teatro chamado O Animal na Sala, com direção de Renata Melo.

Bruno Rudolf, diretor da peça, conta que já tinha certa intimidade com a árvore antes de assumir a direção. “Assisti ao espetáculo anterior e também participei de uma instalação na árvore em uma edição da virada cultural”, conta.

O artista é integrante da Cia. Solas de Vento, que também tem se destacado na criação de espetáculos multiartísticos. Nos seus trabalhos, são usados recursos audiovisuais, de circo e de teatro físico.

“Entrei como diretor da peça após dois meses que as meninas já tinham começado a levantar materiais. Meu papel foi trazer esse olhar externo e ordenar tudo que elas já vinham desenvolvendo”, diz.

Wendy e Peter é o quarto espetáculo dirigido por Bruno, sendo o primeiro voltando para crianças. Bruno tem vasta experiência de atuação em peças infantis e mais de dez anos de experiência como professor de arte-edução.

Ficha Técnica
Direção: Bruno Rudolf
Intérpretes-criadoras: Patrícia Rizzi e Ziza Brisola
Preparação física e coreografia de luta: Luis Pelegrini Direção de Arte (cenário e figurino): Renato Bolelli Rebouças
Desenho de Luz: Mirella Brandi
Trilha Original: Muepetmo
Produção: Mayara Wui e Ziza Brisola
Concepção e Realização: Companhia Linhas Aéreas

 

 

 

 

Wendy e Peter
Sesc Belenzinho
Teatro
Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho
Capacidade: 364 lugares
Duração: 60 minutos
De 14 de abril a 13 de maio
Sábados, domingos e feriados, às 12h
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia)
R$ 6,00 (Credencial plena)
Gratuito para crianças menores de 12 anos
Venda somente presencial
Classificação: a partir de 4 anos

 

 

Companhia Linhas Aéreas
A Companhia Linhas Aéreas pesquisa o diálogo entre diferentes discursos artísticos ligados ao movimento expressivo e ao uso do corpo e da imagem como narrativa. Trabalha uma linguagem autoral na junção de teatro, circo e dança. Iniciou sua carreira profissional em São Paulo, em 1999. Já realizou catorze espetáculos e recebeu prêmios importantes como Shell de Teatro, Petrobrás Cultural, Fomento à Dança e Fomento ao Teatro.
O grupo se insere num importante movimento de artistas e coletivos de circo contemporâneo que se desenvolveu em São Paulo a partir dos anos 90, tendo sido bastante ativo desde então, com participações muito bem-recebidas tanto em festivais como em temporadas na cidade e no interior de São Paulo. Procura direcionar sua pesquisa de criação para além da utilização apenas da virtuose de seus números aéreos e pensar mais especificamente formas de desenvolver uma dramaturgia ligadas ao circo e a uma narrativa visual. Seus espetáculos do grupo exploram profundamente a mistura de linguagens. A técnica circense mais pesquisada e utilizada pela companhia é a técnica aérea, que foi desconstruída tanto em termos de padrões de movimentação quanto pela utilização de diferentes materiais e suportes em cada encenação.

Entre suas criações, destacam-se os espetáculos:
“Memória Roubada” (2013), espetáculo de circo-teatro adulto criado em parceria com o diretor australiano Mark Bromilow e os grupos Solas de Vento (São Paulo) e Cia. Les Deux Mondes (Canadá). Foi vencedor do Prêmio CPT 2013, na categoria Melhor Projeto Visual, e indicado à melhor Direção.

“Pequeno Sonho em Vermelho” (2003), aprovado no Programa Petrobrás de Artes Cênicas, com direção de Francisco Medeiros e Lucienne Guedes e dramaturgia de Fernando Bonassi, indicado a quatro prêmios Shell; “Plano B” (2000), dirigido por Beth Lopes, que foi premiado no IV Festival de Teatro Físico-Visual da Cultura Inglesa e participou do Fringe Festival de Edimburgo; “O Animal na Sala” (2009), espetáculo de dança-teatro com direção de Renata Melo, contemplado pelo Programa de Incentivo à Dança Paulista 2008 da SEC; “Aqui Ninguém é Inocente” (2007), direção de Maurício Paroni, resultado do projeto Voltaire de Souza – o intelectual periférico, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro.

No universo infantil já criou três espetáculos, todos textos originais escritos pelo autor Paulo Rogério Lopes. “A Pulga do Arquiteto” (2012), selecionado no Programa Alfa Criança, dirigido por Débora Dubois e inspirado no Renascimento, que foi indicado ao Prêmio Femsa de Teatro Infantil e Jovem de melhor iluminação (Mirella Brandi), cenário (Renato Bolelli Rebouças) e atriz (Ziza Brisola). “Galinhas Aéreas” (2006), com direção de Carla Candiotto, premiado no 10º Cultura Inglesa Festival. E “Enlouquecendo a Mamãe” (2003), também com a diretora Débora Dubois. “Wendy e Peter” será a primeira adaptação de um texto clássico para crianças da Linhas Aéreas.

 

Fotos: Francisco Miguez

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