No dia 29 de abril a mais nova unidade do Sesc São Paulo na capital, o Sesc Avenida Paulista, abre as suas portas com uma exposição especialmente proposta para a inauguração…
Trata-se da mostra inédita no país “Bill Viola – Visões do Tempo”, que, dialogando com a proposta da unidade marcada pelo trinômio corpo-arte-tecnologia, reunirá uma seleção de obras produzidas nos últimos 20 anos pelo artista estadunidense, pioneiro na linguagem da videoarte e imagem em movimento e considerado um dos artistas contemporâneos mais importantes do mundo.
A exposição – que receberá visitantes até o dia 9 de setembro, sempre com entrada gratuita – ocupará o espaço Arte I, localizado no 5º e 6º pavimentos da nova unidade, num ambiente que possibilita exposições e instalações artísticas com ênfase na produção contemporânea.
Apresentando um recorte de videoinstalações produzidas nas duas últimas décadas a curadoria da exposição foi realizada por Kira Perov, diretora executiva do Bill Viola Studio, em diálogo com Juliana Braga de Mattos e Sandra Leibovici, do Sesc São Paulo.
A seleção apresenta uma perspectiva da produção do artista que possibilita reconhecer caraterísticas essenciais em sua prática artística: a exploração das tecnologias e os recursos mais avançados do vídeo digital, por meio do uso de câmera lenta, duração estendida e efeitos de suspensão do tempo; a pesquisa sobre o corpo em performance; e a representação de aspectos relativos à existência humana, entre os quais os ciclos da vida, da morte e do renascimento.
Desta maneira, o público poderá conhecer obras recentes como Inverted Birth [Nascimento Invertido] e a série Martyrs [Mártires], além de outras produções dos anos 2000, como a série Transfigurations [Transfigurações] e os trabalhos Study for the Path [Estudo para o Caminho] e The Quintet of the Silent [O Quinteto dos Silenciosos]. Completando a exposição, também serão exibidos 4 programas de vídeo em monocanal com obras de Viola produzidas nas décadas de 70, 80 e 90 em sessões mensais no auditório da unidade, no térreo, com o objetivo de apresentar uma visão mais ampla do trabalho do videoartista.
Para o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, “a realização da exposição Bill Viola – Visões do Tempo ocorre em meio à celebração de inauguração do novo Sesc Avenida Paulista.” O diretor acrescenta ainda que “com essa iniciativa, em confluência com sua missão, o Sesc proporciona o contato de variados públicos com a relevante produção de Viola, contemplando ações educativas que visam estreitar as possibilidades de aprendizado e discussão acerca dos caminhos da produção artística contemporânea.
Já Kira Perov ressalta: “Bill e eu estamos muito felizes em apresentar esta exposição em São Paulo, marcando a inauguração de uma nova unidade do Sesc”. A cocuradora comenta ainda que “a seleção de 12 obras em vídeo, a maioria inédita no Brasil, inclui a poderosa instalação audiovisual, Inverted Birth (Nascimento Invertido), de 2014, uma reflexão sobre a essência da vida humana, nascimento e morte, e a transformação da escuridão em luz”.
Juliana Braga de Mattos acrescenta: “Ao apresentar a produção de Bill Viola, com uma particular abordagem sobre a passagem do tempo e de questões relativas à transcendência humana, esperamos propiciar uma percepção diferenciada dos ritmos da vida cotidiana.”
Dimensão Intensiva
Em texto sobre a exposição, a pesquisadora em Arte e Comunicação Christine Mello, conta um pouco sobre o trabalho de Bill Viola e as obras apresentadas nesta exposição:
Desde a década de 1970, quando Bill Viola descobriu o vídeo para explorar diferentes estados da experiência humana, seus trabalhos têm sido uma das principais referências na arte contemporânea diante das intensidades e afecções que permeiam o tempo, relacionadas ao campo da imagem e som, à experiência corpórea e à tomada de contato com o outro.
A obra de Bill Viola compreende o tempo em sua dimensão intensiva por meio de planos de contato que estabelece entre corpo, vídeo e ambiente. Em suas videoinstalações, o tempo é experimentado como vibração, como presença tátil, como uma duração intensiva que ativa o visitante no espaço. Ele pulsa no encontro da obra com o corpo do receptor, com uma vibração que promove a sensação física de movimento, intensificando o plano de contato entre corpo, vídeo e ambiente sensório.
Recursos avançados
Bill Viola sempre explorou os recursos das tecnologias de vídeo de última geração para auxiliar no uso de câmera lenta, reprodução estendida e efeitos de time-lapse. Diminuir a velocidade de uma ação é experimentar o significado interno dessa ação, e observar um objeto por um longo tempo dá ao espectador uma compreensão mais profunda do que o artista está olhando.
Forças intangíveis, como a luz, e as forças dos elementos da natureza – fogo, água, ar e terra, emanam de suas obras e representam locais de expressão espiritual que se originam de um ponto onde o Oriente encontra o Ocidente, encontrado nos ensinamentos místicos do budismo, o islamismo e o cristianismo. Em seus ambientes de vídeo imersivos, os temas maiores da existência humana estão presentes, as questões do ciclo da vida – nascimento, morte, renascimento – permitindo que o visitante as reflita de maneira pessoal.
Bill Viola
Bill Viola é um artista norte-americano nascido em 1951, em Nova Iorque. A partir de 1969, estudou na Faculdade de Artes Visuais e Performing da Universidade de Siracusa, Syracuse, Nova York, formando-se em 1973. Durante a década de 1970, Viola ajudou Nam June Paik e Peter Campus com vários projetos, e entre 1973 e 1980 trabalhou com o compositor David Tudor e o grupo de música de vanguarda Composers Inside Electronics. Em 1978, e novamente em 1983 e 1989, o National Endowment for the Arts concedeu o prêmio à Viola por seu trabalho em vídeo. De 1980 a 1981, ele morou no Japão e foi um artista em residência nos Laboratórios Atsugi da Sony Corporation em Atsugi, Japão. Ele recebeu o prêmio Video Artist Fellowship da Fundação Rockefeller em 1982.
Em 1983, ensinou vídeo no Instituto de Artes da Califórnia em Valência. Ele recebeu o Prêmio de Vídeo Polaroid em 1984 e passou parte desse ano como artista em residência no Zoológico de São Diego. A Fundação Memorial John Simon Guggenheim concedeu a Viola com uma bolsa de vídeo em 1985. Em 1987, ganhou o Prêmio Maya Deren do American Film Institute e dois anos depois, um Prêmio Fundação John D. e Catherine T. MacArthur. Em 1993, foi o primeiro destinatário do Medienkunstpreis, premiado pela ZKM Karlsruhe, Alemanha, e o Siemens Kulturprogramm. Em 1995, obteve o título de doutor honorário em Belas Artes pela Universidade de Syracuse.
Entre as inúmeras exposições individuais de Viola desde 1973 estão projetos no Museu de Arte Moderna, Nova York (1979); Bill Viola: Survey of a Decade, Contemporary Arts Museum, Houston, Texas (1988); Bill Viola, Fukui Fine Arts Museum, Fukui, Japão (1989); Bill Viola: Unseen Images, Kunsthalle Düsseldorf (19 de dezembro de 1992 – 28 de fevereiro de 1993); Moderna Museet, Estocolmo (4 de abril a 23 de maio de 1993); Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía Madrid (10 de junho a 22 de agosto de 1993); Musée cantonal des Beaux-Arts Lausanne, Saint-Gervais Genève (11 a 28 de novembro de 1993); Whitechapel Art Gallery, Londres (10 de dezembro de 1993 a 13 de fevereiro de 1994). Viola representou os Estados Unidos na Bienal de Veneza em 1995. Em 1997, o Whitney Museum of American Art em Nova York organizou uma importante pesquisa de 25 anos sobre seu trabalho, que viajou para seis museus na Europa e nos Estados Unidos. Desde então, as principais exposições do trabalho da Viola foram organizadas pelo Museu J. Paul Getty (2003) e pelo Mori Art Museum em Tóquio (2006). Em 2017, apresentou uma ampla retrospectiva no Guggenheim de Bilbao. Viola vive e trabalha em Long Beach, Califórnia.
No Brasil, seu trabalho foi apresentado em exposições coletivas: 9º Festival Videobrasil em 1992; na exposição “Eu fui o que tu és” no Paço das Artes, em 2012; na Bienal de Curitiba, em 2015; e na individual “Território do Invisível” no Centro Cultural Banco do Brasil, em 1994, com curadoria de Marcelo Dantas.
Kira Perov
Kira Perov é diretora executiva do Bill Viola Studio. Trabalha em estreita colaboração com Bill Viola desde 1979, gerencia, realiza acompanhamento criativo, e mais recentemente, colabora na produção dos trabalhos do artista em vídeo e instalações. Edita todas as publicações sobre Bill Viola, além de organizar e coordenar suas exposições em todo o mundo. Kira Perov é graduada em Línguas e Literatura na Universidade de Melbourne, Austrália, em 1973.
Exposição Bill Viola – Visões do Tempo
Sesc Avenida Paulista
Av. Paulista, 119, 5º e 6º Andar – Paraíso
De 29 de abril a 09 de setembro de 2018
Visitação:
Terças a sábados, das 9h às 22h
Domingos e feriados, das 10h às 19h.
Entrada gratuita
Livre para todos os públicos
Lista de Obras
Exposição Bill Viola – Visões do Tempo
Inverted Birth [Nascimento Invertido], 2014
Videoinstalaçao, cor, som, 8´22´´
Performer: Norman Scott
Cortesia: Bill Viola Studio
Martyrs Series [Série Mártires]
Earth Martyr [Mártir da Terra], 2014
Video, cor, sem audio, 7´10´´
Perfomer: Norman Scott
Air Martyr [Mártir do Ar], 2014
Video, cor, sem audio, 7´10´´
Performer: Sarah Steben
Fire Martyr [Mártir do Fogo], 2014
Video, cor, sem audio, 7´10´´
Performer: Darrow Igus
Water Martyr [Mártir da Água], 2014
Video, cor, sem audio, 7´10´´
Performer: John Hay
Cortesia: Bill Viola Studio
Study for The Path [Estudo para O Caminho], 2002
Videoinstalação, sem audio, loop
Cortesia: Bill Viola Studio
Four Hands [Quatro Mãos], 2001
Videoinstalação 4 canais, P&B, sem audio, loop
Performers: Blake Viola, Kira Perov, Bill Viola, Lois Stark
Cortesia: Bill Viola Studio
The Innocents [Os Inocentes], 2007
Videoinstalacao 2 canais, cor, sem áudio, 6´49´´
Performers: Anika Ballent, Andrei Viola
Cortesia: Bill Viola Studio
Three Women [Três Mulheres], 2008
Vídeo, cor, sem áudio, 9´06´´
Perfomers: Anika, Cornelia, Helena Ballent
Cortesia: Bill Viola Studio
Chapel of Frustrated Actions and Futile Gestures [Capela de Ações Frustradas e Gestos Fúteis], 2013
Videoinstalação 9 canais, cor, mono, loop
Performers: Tomas Arceo, John Brunold, Cathy Chang, John Fleck, Joanne Lindquist, Tim Ottman, Kira Perov, Valerie Spencer, Ivan Villa, Bill Viola, Blake Viola
Cortesia: Bill Viola Studio and Blain|Southern, London
Man Searching for Immortality/Woman Searching for Eternity [Homem em busca de Imortalidade / Mulher em busca de Eternidade], 2013
Videoinstalação 2 canais, cor, sem áudio, 18´54´´ sobre placas de granito preto
Performers: Luis Accinelli, Penelope Safranek
Cortesia: Bill Viola Studio
The Quintet of the Silent [O Quinteto dos Silenciosos], 2000
Vídeo, cor, sem áudio, 16´28´´
Performers: Chris Grove, David Hernandez, John Malpede, Dan Gerrity, Tom Fitzpatrick
Cortesia: Bill Viola Studio
PROGRAMA DE VÍDEOS
Integrada à exposição, será exibida uma série de programas especiais de videoteipes do artista das décadas de 70, 80 e 90.
Térreo. Gratuito. 12 anos.
Retirada de ingresso com 30 minutos de antecedência no dia da sessão. Sujeito à lotação do espaço.
Programa 1:
Aproximadamente 1 hora e 45 minutos
Sweet Light [Luz doce], 1977
Parte da coleção de videoteipes Memory Surfaces and Mental Prayers [Superfícies de memória e orações mentais]
Cor, som mono; 9:08 minutos
The Reflecting Pool [A piscina Refletora], 1977-9
Parte da coleção de videoteipes The Reflecting Pool – Obras selecionadas 1977-80
Vídeo, cor, som mono; 7 minutos
Ancient of Days [Ancião dos Dias], 1979-81
Parte da coleção de videoteipes The Reflecting Pool – Obras selecionadas 1977–80
Cor, som estéreo; 12:21 minutos
Anthem [Hino], 1983
Cor, som estéreo; 11:30 minutos
Angel’s Gate [Portal do Anjo], 1989
Cor, som estéreo; 4:48 minutos
Chott el-Djerid (A Portrait in Light and Heat) [Um retrato em luz e calor], 1979
Videoteipe, cor, som mono; 28:00 minutos
Programa 2:
The Passing [A Passagem], 1991
Em memória de Wynne Lee Viola
Preto e branco, som mono; 54:22 minutos
Programa 3:
Hatsu-Yume (First Dream) [Primeiro sonho], 1981
Para Daien Tanaka
Videoteipe, cor, som estéreo; 56 minutos
Programa 4:
I Do Not Know What It Is I Am Like [Não sei como é que pareço], 1986
Cor, som estéreo; 89 minutos
Fotos: Divulgação
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