Sesc Consolação recebe a Jorge Garcia Companhia de Dança em Plano-Sequência/Take 2

De 25 de abril a 3 de maio, a Jorge Garcia Companhia de Dança ocupa o Sesc Consolação para apresentação de seu último espetáculo Plan0–Sequência/ Take 2…

 

 

 

 

Criado em função e a partir do espaço que ocupa – em 2017 a obra estreou na Casa das Caldeiras e para tanto fez uma imersão em suas dependências – ‘Plano-Sequência/ Take 2’ reescreve agora em 2018 sua coreocinegrafia para o espaço da área de convivência do Sesc Consolação. A temporada, curta (24 de abril a 03 de maio), foi antecedida por um período de ensaios (9 a 19 de abril) na própria unidade. A companhia também ofereceu um curso Coreocinegrafia: câmera, espaço e performatividade (9 a 12 de abril).

 

Plano-Sequência/ Take 2
O espetáculo é inteiramente imerso na interação com o cinema, a coreografia é filmada e transmitida ao vivo, em um único plano-sequência. Em mais de uma hora sem interrupção e um take, os sete bailarinos em cena – incluindo o próprio diretor Jorge Garcia – se alternam entre filmar e ser filmado.

O mais recente trabalho do grupo tem uma importante contribuição no processo de pesquisa e criação: a provocação do cineasta Heitor Dhalia, que ajudou na aproximação com a linguagem cinematográfica, uma característica da Jorge Garcia Companhia de Dança que se mantém ao longo das produções.

O público do espetáculo verá uma coreografia que se projeta e se movimenta em função da câmera. Por outro lado, o próprio ato de filmar se transforma em ação. Quem filma e quem está sendo filmado faz parte da cena. “Gosto dessa mistura de linguagem: um corpo que está em cena filmando um corpo vivo. Para mim, é dança, é movimento. Às vezes, o corpo que filma dança mais do que o que está na frente da câmera”, diz Jorge Garcia.

A companhia mergulhou em um intensa pesquisa com o cinema desde Take a Deep Breath, peça de 2016, feita no espaço do próprio grupo, a Sede Capital 35, em Perdizes. Lá, embora o grupo já usasse a ideia de longas sequências em tempo real e discutisse os limites do que é ou não parte da cena, ainda não explorava um lugar aberto, com interferências da cidade.

Interlocutor no projeto, o cineasta Heitor Dhalia lançou ideias de sua experiência com o cinema para ajudar a companhia a ampliar as possibilidades de caminhos e de formatos da união entre dança e cinema.

“O Jorge é um criador totalmente conectado com o nosso tempo. Produz uma arte urgente, em movimento, que pesquisa uma intersecção entre linguagens. No caso, o cinema e a dança. Sou fã dessa pesquisa e acho que novos significados surgem a cada espetáculo. É fascinante ver um grupo com uma visão criativa tão interessante e desafiadora”, afirma Dhalia.

 


Corpo-câmera
Na nova coreografia, os bailarinos se transformam em corpo-câmera no manejo da 70D, da Canon. O trabalho de gruas e travellings feito no cinema geralmente por máquinas, no espetáculo são conduzidos pelos próprios intérpretes, em deslocamentos de grande exigência física – para que as imagens não tremam ou sofram com passagens bruscas.

“Fizemos um grande estudo para adaptarmos essa linguagem à dança. Desde como o corpo se comporta para usar a câmera, passando por entender a fotografia e a luz no cinema até a captação direta de áudio”, conta Jorge.

Para chegar a esse resultado, o grupo contou com a experiências de alguns profissionais de diferentes áreas em workshops, realizados ao longo do ano: “Corpo-câmera”, com o também bailarino e artista multimídia Joaquim Tomé; “Experiências cênicas na construção de um ato-espetáculo-Dramaturgia”, com Rogério Tarifa, diretor, ator e dramaturgo; “Experiências cênicas na construção de um ato-espetáculo – O som no cinema”, com Diego da Costa, diretor, roteirista, montador e microfonista de cinema; “Cinematografia”, com o diretor de fotografia Azul Serra.

Ficha Técnica
Direção e Coreografia: Jorge Garcia
Elenco: Giuli Lacorte, Jorge Garcia, Manuela Aranguibel, Marina Matheus, Rafaela Sahyoun, Mariana Molinos e Felipe Teixeira
Assistente Geral: Gabriela Branco
Design de Luz: Ari Buccioni
Improvisação Sonora: Eder “O“ Rocha
Cenário: Leo Ceolin e Jorge Garcia
Figurino: Jorge Garcia
Design Gráfico: Sonaly Macedo
Registro Fotográfico: Silvia Machado
Produção Executiva: Bufa Produções – Aline Grisa

 

 

 

 

Plano-Sequência/ Take 2
Sesc Consolação
Espaço de Convivência
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
Duração: 60 minutos
Temporada: Dias 25 e 26 de abril e 02 e 03 de maio de 2018
Terça a quinta-feira, de 20h30 às 21h30 (Exceto dia 01/05/2018)
Ingresso: Gratuito
Classificação: Livre

 

Jorge Garcia (Diretor e Intérprete)
Jorge Garcia começou sua carreira aos 19 anos, em Pernambuco, na Compassos Cia de Dança. Mas sua inquietação com o movimento vem desde a infância, quando gostava do surfe e do futebol de várzea. Combinou essa herança corporal com estudos em danças populares brasileiras, dança contemporânea e balé clássico.
Chegou a São Paulo aos 23 anos e ingressou como bailarino da Cisne Negro Cia de Dança. Depois, a convite de Ivonice Satie, passou a integrar o elenco do Balé da Cidade de São Paulo. Nesse grupo, permaneceu por sete anos e criou trabalhos marcantes como Divineia (2001) e RG (2006) e Árvore do Esquecimento (2015).
Paralelamente, participou e criou para projetos independentes. Fundou, por exemplo, o GRUA (Gentlemen de Rua), grupo de improviso, vídeo e performance. Também trabalhou com óperas, teatro, circo e cinema.
Em 2005, fundou sua própria companhia, a Jorge Garcia Companhia de Dança, com a qual se dedica a sua pesquisa de linguagem em dança e outras possibilidades artísticas. São mais de 20 trabalhos entre coreografias, videodanças e performances.

 

Jorge Garcia Companhia de Dança
Desde que foi fundada, em 2005, a companhia desenvolve pesquisa em dança e busca novas possibilidades na intersecção com outras artes e na valorização dos artistas como intérpretes-criadores em potencial.
Sediada em São Paulo, em um espaço próprio, a Capital 35, o grupo conta com mais de 15 trabalhos apresentado ao longo dos anos e estabeleceu diversas e importantes parcerias com outras artes: teatro, música, cinema e artes visuais. Para tanto, conta com colaboração contínua de artistas e grupos, Ari Buccioni, Leo Ceolin e mais recentemente Heitor Dhalia, que conferem às produções da Companhia uma estética própria.
A Jorge Garcia Companhia de Dança possui em seu repertório mais de vinte produções entre espetáculos, videodanças e performances. Entre as peças, destacam-se Cantinho de Nóis (2005), a trilogia Nihil Obstat (2009), Imprimi Potest (2013) e Imprimatur (2014), Área Reescrita (2010) e a mais recente pesquisa Take a Deep Breath (2016). Em 2014, o editor e poeta Cide Piquet organizou a publicação de Lugar Algum, e-book que reflete e revisa a trajetória da Companhia.

 

Fotos: Silvia Machado

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