Oficina Cultural Oswald de Andrade recebe espetáculo de dança, “Sem Luz”

O mundo em suspensão após um grande desastre nuclear, como o ocorrido em Fukushima. Foi a partir dessa imagem que a escritora austríaca Elfriede Jelinek, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2004, escreveu o texto teatral Kein Licht. É ele que inspirou Sem Luz, espetáculo de dança do coletivo Teatro do fim do mundo, que está em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade, às quintas-feiras…

 

 

 

No palco, estão os intérpretes-criadores Artur Kon e Renan Marcondes. Artur estreia na dança e Renan, que vem da perfomance, também assina a direção do trabalho, que tem ainda direção de movimento de Carolina Callegaro (os dois diretores compõem o Pérfida Iguana, núcleo parceiro na criação) e provocação cênica de Andreia Yonashiro. A concepção sonora é de Sérgio Abdalla Saad Filho e o figurino de Renatto Souzza.

 

 

Ficha Técnica
Intérpretes-criadores: Artur Kon e Renan Marcondes
Direção: Renan Marcondes
Direção de movimento: Carolina Callegaro
Trilha sonora: Sério Abdalla Saad Filho
Figurinos: Renatto Souza
Provocação: Andreia Yonashiro
Produção: Mariana Otero
A montagem foi contemplada pelo Edital Proac Primeiras Obras de Dança de 2017.

 

 

 

 

Sem Luz
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
Tel.: 3222-2662
Capacidade: 40 lugares
Duração: 60 minutos.
Temporada: até 16 de junho
Quintas e sextas, às 20h
Sábados, às 18h
Ingressos: Grátis (retirada de ingressos uma hora antes do horário da apresentação)
Classificação: Livre

 

 

Elfriede Jelinek
Pouco conhecida no Brasil, Elfriede Jelinek é uma das mais importantes dramaturgas da atualidade. Artur, que estuda a autora austríaca em seu doutorado, já participou como ator e dramaturgista de duas montagens teatrais de Jelinek, Peça Esporte (2015) e Dramas de Princesas (2016), mas queria experimentar novas linguagens com essa dramaturgia pouco convencional que foi disparadora para a criação de SEM LUZ. Ele levou a ideia aos artistas que compõe o projeto e deu início à fase de criação.

“Partimos de uma recusa da atividade positiva do corpo como centro inquestionável da dança, buscando antes um limiar entre vida e morte, movimento e paralisia, corporalidade e espectralidade”, explica o diretor e intérprete Renan Marcondes. “Queríamos que de algum modo o corpo fosse desaparecendo em meio ao cenário, de modo que o próprio espaço se tornasse mais visível. O corpo é movido por alguma coisa, uma radiação que está no ar, e que ele capta, que penetra nele e num limite o desfaz”.

Essa proposta gera uma montagem em que o protagonismo não é dos performers e, sim, de extensos bastões de cobre manipulados pelos artistas em cena. “Nos interessa muito o movimento desses objetos que não conseguimos controlar, a sonoridade e imagens que são criadas por eles no ambiente onde se dá a cena”, explica Artur. “A ideia de ‘fim de mundo’, que está na peça bem como no nome do coletivo, nos faz pensar que esse mundo é (ainda) algo vivo, que os objetos que o habitam podem resistir à nossa ação sobre eles, ação essa que parece cada dia mais nos levar à beira do colapso”.

O texto de Eldriede Jelinek também aparece, sem contudo ser enunciado teatralmente, mas ajudando a criar as imagens desse mundo após uma grande catástrofe. O cenário e figurinos completamente cinzas, dialogando com uma luz completamente branca e a trilha sonora composta de fragmentos do texto completam os elementos da montagem.

 

Andreia Yonashiro é coreógrafa e bailarina. Criou em 2008 sua plataforma de pro- dução Ornamento da Massa e em 2001 o coletivo Micrantos. Através destes, realizou os trabalhos: Trio, ao lado de Mário Del Nunzio, Henrique Iwao e Marcelo Muniz (MIS, contemplado com edital Proac, 2011), Toró (Teatro Plínio Marcos, Funarte, Brasília 2010), Um leite derramado (Bienal SESC de Dança, 2009), Felisdônio (Semanas de Danças do CCSP 2009), A flor boiando além da escuridão (Teatro da Universidade de Bolonha, Itália, 2007) e Macabéa em Tempo de Morangos (Teatro Santa Cruz, 2006). Além de seu trabalho autoral, sua atuação recente inclui a parceria na direção dos espetáculos de dança Claraboia (Centro de Cultura Judaica, Galeria Olido e SESC Belenzinho, contem- plado com o Prêmio Funarte Klaus Vianna e com o Fomento à Dança para a cidade de São Paulo) e Sexo, Amor e outros Acidentes de Morena Nascimento (Teatro da Dança, São Paulo) e a proposição de pequenas intervenções para o trabalho (ver [ ] ter) da Cia Les Commediens Tropicales (Centro Cultural São Paulo, Contemplado com Fomento de Teatro de São Paulo). É responsável pela direção e coreotopologia da dança-instalação Pistilo (Centro Cultural da Juventude, São Paulo, contemplado com os editais Primeiras Obras e Proac 2010). É responsável pela produção e curadoria da atual ocupação da Sala Renée Gumiel da Funarte, em São Paulo, com o projeto “Dança e coreografia”.

 

Artur Kon é bacharel em Artes Cênicas – Interpretação Teatral pela UNICAMP, mestre (orientação Ricardo Fabbrini) e doutorando (orientação Celso Favaretto) em Filosofia na FFLCH-USP, linha Estética e Filosofia da Arte. Fundou a Cia de Teatro Acidental, onde trabalhou como ator e dramaturgista nas obras Mahagonny (2008, direção Marcelo Lazzaratto), Macacos me mordam (2009, direção coletiva), O rinoceronte (2011, direção Carlos Canhameiro), O que você realmente está fazendo é esperar o acidente aconte- cer (2014, direção Carlos Canhameiro) e Peça Esporte (2015, direção Clayton Mariano). Em 2010 ingressou como ator convidado na Cia de feitos, em São Paulo, onde criou os espetáculos infantis O pato, a morte e a tulipa (2010), Selma (2013) e Achados e per- didos (2015), dirigidos por Carlos Canhameiro. Participou como colaborador teórico do projeto de Fomento “Cena insurgente”, do Teatro de Narradores, ministrando um minicurso sobre a filosofia de Jacques Rancière, e do projeto “Baal.material”, da Cia Les Commediens Tropicales, com palestra sobre a possível atualidade do texto Baal, de Bre- cht. Escreveu as peças MateriaIVONE, encenada pelo coletivo Pérfida Iguana como obra de dança, e Aos peixes (peça-sermão).

 

Carolina Callegaro é criadora, intérprete e pesquisadora da dança. Seus principais interesses são a Improvisação, pensada como estratégia de composição dramatúrgica do corpo e da cena, e o Contato Improvisação, técnica que começou a estudar em 2005, no Estúdio Nova Dança, em São Paulo. Antes disso, se graduou no bacharelado e na licenciatura em dança na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Em 2013 formou o polo de criação Pérfida Iguana em parceria com Renan Marcondes, onde pesquisa a relação entre a dança contemporânea e as artes visuais. A peça mais recente desta parceria, intitulada Matéria Ivone, estreou em dezembro de 2016. Em 2015, o Pérfida Iguana estreou a instalação coreográfica Um instante anterior à extrema violência e a peça solo de Renan Como um jabuti matou uma onça e fez uma gaita de um de seus ossos para a qual Carolina fez a preparação corporal. urante o ano de 2017, trabalhou também como intérprete na peça Deslocamentos, de Marta Soares e estabeleceu outras duas parcerias, uma com a bailarina Érica Tessarolo, para quem fez provocação na pesquisa que culminou no solo O Peixe, e com a bailarina e performer Clarissa Sacchelli, com quem criou e atuou na performance Boas Garotas. De 2006 a 2016 atuou na Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros, dirigida por Alex Ratton Sanchez, como criadora e intérprete. Esteve presente em todas as criações do grupo: Pon- to de Fuga (2008 e 2015), Puntear (2009), Duas Memórias (2010), Lugar do Outro (2011), Espaços Invisíveis (2013) e no vídeodança Sobre ruas e rios (2104). Trabalhou também com Marta Soares na criação e interpretação da peça Um corpo que não aguenta mais (2007 a 2009). Foi bailarina e criadora da Cia. Perdida, dirigida por Juliana Moraes, de 2008 a 2013, onde atuou em Peças curtas para desesquecer (2012 e 2013) e (depois de) Antes da Queda (2008 a 2011). Foi prepa- radora corporal da companhia de teatro Les Commediens Tropicales de 2011 a 2014 e, durante o ano de 2009, foi artista-orientadora do Projeto Dança Vocacional, das secretarias de cultura e educação da cidade de São Paulo. Entre 2001 e 2008 trabalhou com o grupo Wasu.cia, formado por ela e outros alunos do curso de graduação em Dança e em Artes Cênicas da Unicamp. Neste grupo, três criações em parceria mais profunda com Clara Gouvêa se destacaram: Jardim de ro- sas mudas, espetáculo que ficou em cartaz de abril à junho de 2007 na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em São Paulo (contemplado pelo PAC n o 4 de 2006 – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), e Pour les deux e Abrir a porta da casa, que ficaram em temporada na mostra O Feminino na Dança do Centro Cultural São Paulo em 2004 e 2006 respectivamente.

 

Renan Marcondes é artista multimídia e pesquisador. Seu trabalho compreende os campos da performance, coreogra- fia e instalação. Doutorando pelas artes cênicas da ECA USP, Mestre em Poéticas Visuais pela UNICAMP (bolsa CAPES) e especialista em História da arte: teoria e crítica pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, instituição onde também obteve o bacharelado em Artes Visuais, quando realizou Iniciação Científica com orientação de Cauê Alves e apoio FAPESP. Artista premiado com o Proac Primeiras Obras de Dança 2014, 1o lugar no Setor de performance na sp-ar- te 2016; também premiado no 26o Salão de Arte da Juventude do SESC Ribeirão Preto e prêmio estímulo do 40o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto. Membro do corpo editorial da eRevista Performatus desde 2013. Realizou pen- samento visual (cenografia e figurino) das peças BAAL.material (cia Les Commediens Tropicales) e Dramas de Princesas (ciadasatrizes). Exposições individuais: Temporada de Projetos – Paço das Artes/MIS (2017), O que o corpo abriga (Gui- marães, CAAA – Portugal – 2017), Mostra Premiados – 26o Salão de Arte da Juventude (SESC Ribeirão Preto, 2015), Contra corpo (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2015), Objeto Indireto (OMA Galeria, 2016). Principais exposições e mostras recentes: 7o Salão dos artistas sem galeria (Zipper Galeria, Galeria Sancovsky, Orlando Lemos Galeria e Potrich Galeria, 2015-2016), 11a VERBO (Galeria Vermelho, 2015), [PER-FORMA] (SESC Bom Retiro, 2016); 48o SAC (2016), 41o SARP (2016), MOVIMENTA #1 e #2 (2015-2016), 65° Salão de Abril de Fortaleza (2015); ABRE ALAS 10 (A gentil carioca, 2015).

 

Fotos: Divulgação

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