Inédita no Brasil, Anatol, do dramaturgo e médico austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931), ganha montagem do consagrado Grupo TAPA, com direção de Eduardo Tolentino de Araujo. O espetáculo – contemplado pelo ProAC 2017, no edital de Produção de Espetáculo Inédito – estreia no dia 3 de agosto, no Teatro João Caetano…
Com tradução feita especificamente para a encenação, a peça, publicada em 1982, é o primeiro texto teatral escrito pelo polêmico autor vienense, que flertava com as ideias do psicanalista Sigmund Freud sobre a sexualidade humana. Pouco conhecido no Brasil, Schnitzler também é autor de La Ronde (“A Ciranda”), que foi censurada em 1903 por causa de seu conteúdo erótico – semelhante ao de Anatol.
Dividida em seis curtos episódios, com diálogos carregados de humor ácido, a peça traça as aventuras e desventuras de um Don Juan moderno em sua busca incessante de prazer em relações desprovidas de afeto. Em cada história, Anatol e seu cúmplice Max (uma espécie de duplo do protagonista) têm amantes diferentes – burguesas, atrizes, prostitutas e costureiras –, sem fazer distinção de idade, classe social ou estado civil.
Em uma época de moral sexual bastante elástica e liberação feminina, essas mulheres não são mocinhas frágeis e inocentes da literatura do século 19, mas sim donas da própria vida sexual. Em sua diversidade, elas revelam a vulnerabilidade do homem moderno em sua falsa crença de domínio e supremacia.
Tendo como pano de fundo a efervescência artística e intelectual de Viena na virada do século 19, ambiente que forjou o conceito de modernidade e revolucionou a vida cultural europeia do século 20. Apaixonado pela psiquiatria, Schnitzler disseca com bisturi o comportamento masculino diante de suas parceiras, seus medos e suas perplexidades.
Ficha Técnica
Título Original: Anatol
Texto: Arthur Schnitzler
Tradução: Eduardo Tolentino de Araujo e Fernando Navarro
Direção: Eduardo Tolentino de Araujo
Elenco: Adriano Bedin, Antoniela Canto, Ariel Cannal, Athena Beal, Bruno Barchesi, Camila Czerkes, Cinthya Hussey, Isabela Lemos e Natalía Moço
Direção musical: Alexandre Martins
Iluminação: Nelson Ferreira
Fotografia: Ronaldo Gutierrez
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli
Contrarregras: Luiz Antônio Motta e Natália Beukers
Técnico som/luz: Alan Foster
Designer gráfico: Mau Machado
Produção Cenário/Figurinos: Marcela Donato
Produção e administração: Ariel Cannal
Anatol
Teatro João Caetano
Rua Borges Lagoa, 650, Vila Mariana
Tel.: (11) 5573-3774
Capacidade: 438 lugares
Duração: 110 minutos
Estreia sexta-feira, 3 de agosto, às 21h
Temporada: Até 26 de agosto
Sextas e aos sábados, às 21h
Domingos, às 19h
Classificação: 14 anos
Ingressos:
R$ 20,00
R$ 10,00 (meia entrada)
Bilheteria aberta com uma hora de antecedência
Aceita cartão de débito / dinheiro
Tem acessibilidade
Não possui estacionamento conveniado.
Arthur Schnitzler
O austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931) foi médico e dramaturgo e fez grande sucesso em seu tempo, sobretudo nos países de língua alemã. Sua obra dialoga com as ideias de Sigmund Freud (1856-1939), o pai da psicanálise, que considerava o autor como seu alter ego. Em uma carta para Schnitzler, Freud escreve: “Creio que a sua natureza é a de um profundo investigador da alma, tão honestamente imparcial e intrépido como nenhum outro jamais foi”.
Sua peça mais popular é La Ronde (“A Ciranda”), cuja publicação, em 1903, gerou reações enfurecidas por seu conteúdo erótico e foi censurada e taxada como pornográfica. Uma adaptação cinematográfica da obra, com direção do alemão Max Olphus, foi responsável pela popularização do autor no ocidente. O filme, indicado ao Oscar de melhor roteiro em 1952, ganhou o prêmio da mesma categoria no Festival de Veneza em 1950.
Ainda mais recentemente, em 1999, o filme De Olhos Bem Fechados (“Eyes Wide Shut”), de Stanley Kubrick, com Tom Cruise e Nicole Kidman no elenco e com roteiro baseado em um conto de Schnitzler, estimulou a curiosidade por sua obra. Foi o último filme dirigido por Kubrick, que morreu antes mesmo do lançamento.
Independência feminina, antissemitismo, promiscuidade das relações são alguns dos temas abordados pela sua dramaturgia, que justificam o retorno de suas peças ao repertório dos teatros europeus. Outras obras de Schnitzler, já publicadas no Brasil, são Senhorita Else, Contos de Amor e Morte, Retorno de Casanova, Retorno de amor e morte, Breve romance de sonho, O Caminho para a liberdade, História de um sonho, Relações e solidão, A menina Eise. Cotovia, Cacatua Verde e Senhora Beate e seu filho.
Eduardo Tolentino de Araujo
Com 39 anos de carreira, Eduardo Tolentino de Araujo é fundador e diretor do Grupo TAPA. Ao longo de sua trajetória, acumula mais de 50 direções teatrais, entre clássicos e contemporâneos, nacionais e internacionais, tais como: Nelson Rodrigues, Maquiavel, Strindberg, Plínio Marcos, Alan Bennett, Lárs Norén, Shaw, Tchechkov e Pirandello. Suas produções mais recentes foram Doze Homens e Uma Sentença, de Reginald Rose; As Criadas, de Jean Genet; O Torniquete, de Luigi Pirandello; e A Cantora Careca, de Eugene Ionesco.
Grupo TAPA
Com mais de 80 prêmios da crítica teatral em 39 anos de existência, o TAPA é um dos grupos mais tradicionais e importantes da cena teatral paulistana. A companhia se notabiliza por seu repertório voltado aos autores clássicos. Sua trajetória inclui a maior parte dos grandes autores da dramaturgia universal, como Tchekhov, Shakespeare, Molière, Ibsen, Strindberg, Maquiavel e Piradello. Entre os autores brasileiros encenados pelo coletivo, destacam-se Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, Millôr Fernandes, Jorge Andrade, Artur Azevedo e Oduvaldo Vianna Filho.
Além do cuidado com a escolha do autor e o trato com o texto, outro foco do grupo é o ator, razão pela qual dedica grande atenção à preparação e à formação técnica de seus integrantes. O TAPA realiza, ainda, grupos de estudos regulares para os atores e também atua como formador de público, para o qual realiza palestras, seminários, leituras dramáticas abertas, entre outros eventos.
Alguns dos trabalhos mais recentes da companhia são A Cantora Careca (2018), de Eugene Ionesco; O Torniquete (2017), de Luigi Pirandello; Gata em Telha do Zinco Quente (2016), de Tennessee Williams; Esplêndidos (2015) e A Criada (2015), de Jean Genet; Anti-Nelson Rodrigues (2013), de Nelson Rodrigues; Berro (2013), de Tennessee Williams; e Senhorita Júlia (2013), de August Strindberg.
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