15ª Temporada de Dança do Teatro Alfa, franceses da Cie DCA, de Philippe Decouflé

Primeira atração internacional da 15ª Temporada de Dança do Teatro Alfa, franceses da Cie DCA, de Philippe Decouflé, se apresentam a partir do dia 31 de agosto em curtíssima temporada…

 

 

 

 

São apenas três sessões do espetáculo mais recente da Cie DCA, que une dança, circo, música, teatro e recursos de artes visuais e forte influência das histórias em quadrinhos.

Nouvelles Pièces Courtes (2017) está dividido em seis atos e tem inspiração nas peças curtas apresentadas por ícones da dança moderna, como George Balanchine, Martha Graham e Merce Cunningham.

Bailarino brasileiro Julien Ferranti dança na companhia O coreógrafo Philippe Decouflé ressalta que seu gosto pelo formato curto vem do rock’n’ roll.

 

As comemorações dos 20 anos do Teatro Alfa e da sua 15ª Temporada de Dança continuam. Depois da temporada concorrida para espetáculos do Grupo Corpo, entra em cartaz a primeira programação internacional, representada pela Cie DCA, de Philippe Decouflé. Nouvelles Pièces Courtes fica em cartaz dias 31 de agosto, 1º e 2 de setembro (sexta-feira, 21h30, sábado, 20 horas e domingo, 18 horas). Faz parte do elenco o bailarino brasileiro Julien Ferranti.

A companhia de Decouflé veio para o Teatro Alfa pela primeira vez há 18 anos. Ela já se apresentou em 2000 – quando a Temporada de Dança ainda não estava oficializada –, 2008 e 2012. Marcado por espetáculos oníricos, cheios de imaginação, encantamento e humor, Decouflé apresenta sua criação mais recente, Nouvelles Pièces Courtes, que apresenta o talento interdisciplinar do coreógrafo em combinações incomuns entre dança, música, circo, teatro, cinema – além de forte influência das histórias em quadrinhos.

Sobre Nouvelles Pièces Courtes, espetáculo que estreou em maio de 2017 em La Rochelle, no Grand Théâtre de la Coursive, e em dezembro em Paris, no Théâtre National de Chaillot, novo teatro-sede da DCA – Decouflé diz: “Muitos espetáculos de dança moderna que me marcaram são construídos na forma de peças curtas. De Georges Balanchine a Merce Cunningham, passando por Martha Graham e Alwin Nikolais, os coreógrafos americanos que me influenciaram, apresentaram quase sempre espetáculos compostos por peças curtas. Penso que este sistema convém à dança, onde a escritura é sempre mais poética do que narrativa e onde o formato deve ser adaptado ao tema. Acho que meu gosto pelo formato curto vem, mais ainda, do rock’n roll, com suas obras musicais breves e eficazes”.

Dividido em seis atos, Nouvelles Pièces Courtes eleva ao máximo as decoufleries – como ficou conhecida a fusão singular entre dança, circo e imagem, desenvolvida por Philippe Decouflé. A composição de cada ato é única para o trabalho: em algumas delas a estrutura coreográfica é essencial, e em outras a dança é apenas um elemento de uma série complexa de componentes. Há muitas técnicas envolvidas, da dança à pantomima (história representada por meio de gestos mímicos), do chão às acrobacias aéreas, todas usadas de forma livre, de acordo com o efeito que Decouflé pretende causar no público.

A escolha também representa uma série de possibilidades para os artistas que estão em cena que, além de dançar, também cantam, falam, atuam e tocam instrumentos. “Em certos momentos as imagens ao vivo são aprimoradas pelo uso de imagens projetadas, mas sempre com bastante atenção ao equilíbrio para que nenhuma imagem se sobreponha ou seja mais potente que outra. A ideia é permitir que o espectador deixe seu olhar vagar à vontade por essa paisagem dentro de um mundo transbordante e em camadas”, diz o artista.

 

Nascido no Brasil, bailarino da Cie. Decouflé visita o país pela terceira vez

O bailarino Julien Ferranti nasceu no Brasil em 1990, mas foi adotado e partiu para o sul da França ainda bebê. Ferranti, que iniciou a carreira dançando jazz em uma academia francesa, faz parte da DCA desde 2011. “Fiquei muito impressionado com os pedidos de Philippe na audição. O que ele quer ver, o que o toca, além do aspecto técnico, são as pessoas”, diz o bailarino. Para ele, uma das maiores evoluções enquanto artista na companhia de Decouflé aconteceu em 2015, no espetáculo Contact, quando teve de tocar piano para substituir a intérprete Clémence Galliard, que estava grávida neste período. “Essa confirmação que Phillipe nos dá é uma motivação que raramente encontramos em outro lugar”, complementa.

Ainda segundo Julien, o que diferencia a DCA de outras companhias é o aspecto participativo que a define. “Eu e Alice Roland (outra artista da cia) amamos poesia e unimos esse ponto em comum para criar pequenos vídeos que são uma interpretação visual de haicais japoneses. Se a companhia fosse focada unicamente em dança, esse trabalho não teria sido possível, mas além de coreógrafo, o Philippe também é um afinador de talentos e sempre busca um terreno comum para artistas que são muito diferentes entre si”.

Desde que se mudou para França, Julien só veio ao Brasil duas vezes. “É muito engraçado viajar para um país onde eu poderia ter crescido. Estou feliz em dançar no Brasil, porque me disseram que o público brasileiro é caloroso e para nós é muito bom ouvir as reações das pessoas”, finaliza.

 

Phillippe Decouflé
Philippe Decouflé (Neuilly-sur-Seine, 22 de outubro de 1961) fundou sua companhia de dança – a DCA (Decouflé Compagnie des Arts) – em 1983. Influenciado pelas histórias em quadrinhos, pelo cinema e o circo, suas criações atraíram atenção imediata por conta da inovação e do humor. Coreógrafo, bailarino, clown e cineasta, Philippe Decouflé se formou em Partis, na Escola Nacional de Circo. Depois de estudar com o renomado mímico Marcel Marceau, mudou-se em 1982 para Nova York, onde trabalhou com os coreógrafos Merce Cunningham e, principalmente, Alwin Nikolais – o mago da composição cênica, precursor na integração da dança com efeitos visuais e sonoros.

A singular linguagem artística de Decouflé é uma sutil e requintada convergência dessas influências: do circo, ele tirou a virtude do divertimento; das técnicas da mímica, uma boa dose de poesia e, de Nikolais, o profundo senso de utilização da cor, do movimento, das metamorfoses corporais e dos efeitos especiais. Soma-se a isto a sua grande paixão pelo cinema e as trucagens.

Além do extenso repertório concebido para a companhia DCA, Decouflé tornou-se um diretor cênico intensamente requisitado para assinar grandes produções ao redor do mundo. Desde 1992, quando ganhou popularidade ao encenar as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Albertville, já realizou espetáculos para o 50º aniversário do Festival de Cinema de Cannes, o 10º Kanagawa Arts International Festival, no Japão, para o Cirque du Soleil (Íris, em 2011), para um tributo a David Bowie solicitado pela Philharmonie de Paris (Wiebo, em 2015) – entre muitos outros.

Ficha Técnica
Direção e coreografia: Phillippe Decouflé
Assistente de coreografia: Alexandra Naudet
Elenco: Flavien Bernezet, Meritxell Checa Esteban, Julien Ferranti, Jules Sadoughi, Suzanne Soler e Violette Wanty
Música original: Pierre Le Bourgeois – Peter Corser / Raphael Cruz and Violette Wanty (trio) / Cengiz Djengo Hartlap
Textos: Alice Roland
Design de luz e gerente de palco: Begoña Garcia Navas
Design de vídeo: Olivier Simola e Laurent Radanovic
Cenografia: Alban Ho Van
Figurino: Jean Malo e Laurence Chalou
Assistentes de figurino: Peggy Housset e Charlotte Coffinet
Operação de luz: Chloé Bouju
Operação de voos e stage managing: Léon Bony
Stage managing and set construction: Guillaume Troublé
Som: Jean-Pierre Spirli
E também: Benoit Simon (desenvolvimento de softwares de vídeo), Mathias Delfau (fotografias do dueto aéreo), Malika Chauveau (tela de madeira)
Agradecimento: Ken Masumoto
Músicas adicionais: Antonio Vivaldi: extraits du Stabat Mater (Andreas Scholl , Ensemble 415 Chiara Bianchini) et du Concerto pour 2 Mandolines en Sol Majeur (Claudio Scimone) / Antonio Carlos Jobim, Samba de Uma Nota Só (The Composer of Desafinado Plays) Hoopi Sol, Farewell Blues / Joseph Racaille, Cléo Mambo / Tau Moe Family, E Mama Ea / Paulinho Da Viola, Dança de Solidão / Shugo Tokumaru, Bricolage music (Toss album)
Produção: Compagnie DCA / Philippe Decouflé
Coprodução: Chaillot – Théâtre National de la Danse (Paris), La Coursive – Scène Nationale de La Rochelle, Espace Malraux – Scène Nationale de Chambéry et de la Savoie, La Filature – Scène Nationale de Mulhouse, Théâtre de Nîmes – Scène Conventionnée pour la Danse Contemporaine, Bonlieu – Scène Nationale d’Annecy.

 

 

 

Cie. DCA –. Nouvelles Pièces Courtes (2017)
Teatro Alfa
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro
Tel.: (11) 5693-4000
Capacidade: 1.110 lugares
Duração: 90 minutos
Temporada: de 31 de agosto a 2 de setembro
Sexta-feira, às 21h30
Sábado, às 20h
Domingo, às 18h
Classificação: Livre
Ingressos:
Plateia superior – R$ 75,00 (inteira) e R$ 37,50 (meia)
Plateia – R$ 200,00 (inteira) e R$ 100,00 (meia)
Vendas: Ingresso rápido ou pelos telefones: 11 5693-4000 | 0300 789-3377
Acessibilidade motora e visual
Estacionamento: Sala A. Vallet R$ 45,00 Self Park R$ 31,00

 

 

Sobre a Temporada de Dança
Nesta edição, estão reunidos os grupos mais fundamentais da trajetória do Teatro Alfa: A mítica companhia da coreógrafa alemã Pina Bausch (1940 – 2009), que em vida sempre priorizou se apresentar no Alfa em suas vindas ao Brasil; o Grupo Corpo, que desde 1998 tem se apresentado anualmente no Alfa, elegendo-o como o teatro de todas as suas estreias; o coreógrafo sueco Mats Ek acompanhado da bailarina espanhola Ana Laguna, que dançam juntos pela primeira vez no Brasil; o francês Philippe Decouflé com espetáculo inédito que combina dança com música, circo, teatro, cinema e a influência das histórias em quadrinhos; a Cia. de Dança Deborah Colker com releitura do espetáculo Nó e a São Paulo Companhia de Dança com coreografias do repertório e criação inédita de Joëlle Bouvier, da geração da “nova dança francesa”, movimento renovador surgido entre as décadas de 1970 e 1980.
Mesmo estando sempre presente na programação do Teatro Alfa desde sua inauguração (1998), foi a partir de 2004 que a dança ganhou uma temporada própria e protagonismo na sala de espetáculos. As mais destacadas companhias de dança do Brasil e da cena internacional têm marcado presença ano após ano. Para os espectadores e artistas da dança, o Alfa virou referência e criou laços que se aprofundaram com o tempo.
Pina Bausch costumava expressar grande satisfação pela sala de espetáculos – assim como o Grupo Corpo, que de 1998 até hoje se apresenta anualmente no Teatro Alfa. Também foi no Teatro Alfa que a Tanztheater Wuppertal, de Pina Bausch, passou a se apresentar exclusivamente a partir de 2000, quando apresentou o espetáculo Masurca Fogo. Pina Bausch e sua companhia retornaram em 2001 para estrear Água, criação inspirada no Brasil. Em 2006 trouxeram Para as crianças de ontem, hoje e amanhã. Em 2009, as apresentações de Café Müller e Sagração da Primavera se fundiram à comoção causada pela morte súbita da coreógrafa, dois meses antes. O retorno da Tanztheater em 2011, com Ten Chi, mostrou que a obra de Pina continuava mais viva do que nunca.
‘Dance, dance, senão estamos perdidos’. A célebre frase da artista é fonte de evocação constante para todos os que conheceram e se apaixonaram pela obra desta extraordinária artista. Reencontrar o trabalho de Pina através da Tanztheater Wuppertal, a mítica companhia que continua mantendo vivo o legado da coreógrafa alemã, ganha significado especial nesta temporada que celebra os 20 anos do Teatro Alfa”, diz Elizabeth Machado, superintendente do Teatro Alfa. Em 2018, além da Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch e do Grupo Corpo, a Temporada de Dança do Teatro Alfa traz mais quatro grandes atrações.
O coreógrafo sueco Matk Ek e a bailarina espanhola Ana Laguna se apresentam juntos pela primeira vez em palcos brasileiros em uma celebração à dança da maturidade. Junto com Pina Baush, Mats Ek compõe o rol de criadores mais potentes dos séculos 20 e 21. Contemporâneos, criaram linguagens distintas e transformadoras, com alta carga teatral. Ana Laguna já havia se apresentado no Teatro Alfa em 2010, junto com Mikhail Baryshnikov.
Agora ela volta para dançar Memory, com Mats Ek, em um encontro raro nos palcos. O programa inclui mais uma obra do coreógrafo sueco inédita em palcos brasileiros: Axe, que será dançado por Ana Laguna e o bailarino Yvan Auzely. A carga poética do espetáculo se completa com a exibição do filme Old and Door, que mostra Birgit Cullbert, pioneira da dança moderna na Suécia, dançando coreografia que seu filho, Mats Ek, fez especialmente para ela em 1991. São cenas que nunca foram exibidas no Brasil.
Entre as várias gerações de criadores da arte da dança que têm marcado presença no Teatro Alfa destaca-se o francês Philippe Decouflé, cujos espetáculos oníricos, cheios de imaginação, encantamento e humor, chegaram ao Teatro Alfa em 2000, com Shazam!. Em 2018, Decouflé e seu grupo, o DCA, nos trazem novas delícias com Nouvelles Pièces Courtes, que apresenta o talento interdisciplinar do coreógrafo em combinações incomuns entre dança, música, circo, teatro, cinema – além de forte influência das histórias em quadrinhos.
A dança brasileira também se destaca na programação de 2018. Além do Grupo Corpo, apresentam-se a companhia de Deborah Colker e a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), com seu repertório que reflete tanto os clássicos quanto a modernidade. Para a Temporada de 2018, Deborah Colker e seu elenco trazem uma releitura de Nó – espetáculo que marcou a estreia da companhia no Teatro Alfa, em 2005, e que inaugurou, na linguagem da coreógrafa, a busca de uma dramaturgia e de questões humanas universais.
Já a São Paulo Companhia de Dança, que se apresenta no Teatro Alfa desde sua fundação, em 2008, traz três coreografias neste ano. Além de Meu Único Dia, do brasileiro Henrique Rodovalho, e 14’20”, do tcheco Jirí Kylián, outro criador fundamental da dança mundial, a SPCD realiza em nosso palco a estreia de uma criação de Joëlle Bouvier, coreógrafa que pertence à geração da chamada “nova dança francesa”, movimento renovador surgido entre as décadas de 1970 e 1980.

História em Números
Entre 1998 e 2017, em suas Salas A e B (1.110 e 200 lugares, respectivamente), o Teatro Alfa apresenta 675 espetáculos. Entre todos os títulos, foram 7.249 apresentações, um público total (contando espetáculos artísticos, projetos sociais eventos) de 3 milhões e 145 mil pessoas e um público de espetáculos abertos (com venda de ingressos) de 2 milhões e 400 mil pessoas. Desde 2003, quando foi lançada oficialmente a Temporada de Dança, foram 762 apresentações para um público de 658.183 pessoas. Participaram 47 companhias internacionais e 18 nacionais durante esses anos. “Tomamos a decisão de trabalhar com foco na dança em 2003, mas a primeira edição vendida sob a forma de assinatura aconteceu em 2004″, informa Elizabeth Machado. “Se quisermos considerar os números só a partir de 2004, teremos 738 apresentações e um público de 636 mil e 871 pessoas”, completa. Na abertura do teatro, em 1998, viram para cá Cirque Eloize, Alwin Ailey American Dance Theater, The Parsons Dance Company e Twayla Tharp Dance Company, além das nacionais Mimlus Cia de Dança e Cia de dança do Amazonas.

 

Fotos: Laurent Philippe e Charles Freger

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