Negritude e literatura brasileira no programa Tramas Culturais da Casa-Museu Ema Klabin

A partir do dia 16 de agosto, a Casa-Museu Ema Klabin promove o programa Tramas Culturais com o tema “Negritude e literatura brasileira: da visão etnográfica ao ubuntu”. Serão quatro encontros, sempre às quintas-feiras, das 19h30 às 21h30, nos meses de agosto e setembro, orientados pela professora Oluwa-Seyi Salles Bento. Com vagas limitadas, as inscrições gratuitas podem ser realizadas no link Casa-Museu …

 

 

 

 

A literatura brasileira, desde o século XVII, traz em seu bojo as marcas de uma sociedade de base escravocrata, que elege a branquitude como qualidade ideal e relega os negros e mestiços à condição de subalternos, marginais ou ainda ausentes das páginas das obras canônicas. Esta literatura, executada por escritores que não possuíam qualquer compromisso com uma representação positiva da negritude, parte de uma premissa etnográfica, a qual enxerga o negro como essencialmente outro.

No entanto, a condição de objeto desses sujeitos negros é problematizada e revertida quando mãos negras demonstram-se engajadas no processo de denunciar o racismo, construir uma contra narrativa acerca dos personagens negros na literatura e demarcar o espaço social do negro enquanto escritor.

As aulas expositivas serão cercadas de vídeos, dinâmicas e troca de ideias.

 

Oluwa-Seyi Salles Bento é graduada em Letras (USP- 2016) e professora de Língua portuguesa no Cursinho Popular Florestan Fernandes(SP). Realizou pesquisa de Iniciação Científica, no Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU/ USP) sobre as relações educacionais e familiares entre Brasil e países africanos. Atualmente, cursa mestrado na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua portuguesa (USP). Com pesquisa intitulada “Orisà e literatura afro-brasileira: a esteticização dos arquétipos dos deuses yorùbá nos contos de Conceição Evaristo”, Oluwa-Seyi analisa como a agência autoral negra, à luz da ética africana Ubuntu (cuja tradução é “eu sou porque nós somos”), busca presentificar na literatura uma identidade favorável dos adeptos, simpáticos e divindades do Candomblé. Também realiza formações de professores sobre educação para as relações étnico-raciais.

 

 

 

 

Tramas culturais: “Negritude e literatura brasileira: da visão etnográfica ao ubuntu”
Casa-Museu Ema Klabin
Rua Portugal, 43 – Jardim Europa
Tel.: 3897-3232
Inscrições no link Fundação Ema Klabin
Grátis
Vagas: 35 (mais 15 em lista de espera)

Programação

16 de agosto
1º encontro – das 19h30 às 21h30- Personagem literário – expressão de intencionalidade do autor, sua visão de mundo e marcas de seu tempo. O personagem, na literatura, por vezes, é o elemento considerado mais importante da obra, o qual gera empatia ou repulsa por parte dos leitores, mas ignora-se que sua construção é fruto de escolhas e concepções de mundo de seu autor. ➔ Dinâmica: Personagens memoráveis da Literatura brasileira.

30 de agosto
2º encontro – das 19h30 às 21h30 : Ausências, invisibilidades, marginalizações e presenças contraproducentes – representação negativa de personagens negros na literatura brasileira. Leitura e análise de obras de Gregório de Matos, Aluísio de Azevedo, Monteiro Lobato, Helena Morley, Mário de Andrade, entre outros. ➔ Exibição de episódio do programa de TV Nação, da TVE: “O Negro na Literatura” 25’41

13 de setembro
3º encontro – das 19h30 às 21h30: Olhar, voz e mãos negras no centro – representação positiva de personagens negros na literatura brasileira. Leitura e análise de obras de Maria Firmina dos Reis, Lima Barreto, Geni Guimarães, Ney Lopes, Ana Maria Gonçalves, entre outros. ➔ Exibição de 2 episódios da série Letras Pretas, do youtube : “Literatura como direitona construção da identidade negra” 11’04 e “Literatura negra – personagens que transbordam as barreiras do racismo” 12’55.

27 de setembro
4º encontro – das 19h30 às 21h30: “A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe Oxum!” – òrìsà na literatura brasileira e o (des)comprometimento de representação positiva. Leitura e análise comparativa de obras de Conceição Evaristo e Jorge Amado que possuem personagens relacionados ao candomblé (adeptos, simpáticos e divindades da religião).➔ Exibição de episódio do programa de TV Nação, da TVE: “Intolerância Religiosa – Programa 1” 23’51 e “Intolerância Religiosa – Programa 2” 27’48.

 

Foto: Casa de Exú, Carybé – Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, Carybé, 1980, SP, pág. 52 (Acervo Fundação Ema Klabin)

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