Organizada por alunos do curso de Artes do Corpo da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), a XV Semana das Artes do Corpo acontece entre 24 a 28 de setembro na Casa Líquida em Pinheiros, na PUC-SP e no Teatro Tucarena – Perdizes. A programação, composta por 26 apresentações que incluem espetáculos, oficinas, aberturas de processos, ações performativas, vídeos e rodas de conversa é gratuita e aberta ao público…
Com tema Perspectivas Políticas, XV Semana das Artes do Corpo da PUC-SP pretende se inserir na programação cultural da cidade e propor diálogo com a população.
Pela primeira vez programada para espaços além do prédio da PUC-SP, em Perdizes, XV Semana das Artes do Corpo insere programação gratuita de artes cênicas na cidade de São Paulo e fomenta discussão política.
Nesta edição, a ideia da semana é a busca pelo diálogo. “Diante de uma sociedade que acostumada com dois lados, queremos ver terceiros, quartos e quintos para escapar às bolhas impostas pelas redes sociais, para fugir das certezas e para entrar em contato com o que nos é alheio”, destacam os idealizadores do evento. Para tanto, os alunos contaram com grande adesão de professores e artistas que irão oferecer aulas e debates abertos.
Alguns dos destaques da programação deste ano são:
• Conversa sobre políticas identitárias com a professora e crítica de dança Helena Katz;
• Conversa O que é o Teatro Nô? Com apresentação de trecho do trabalho do grupo Yoroboshiza, do professor Toshi Tanaka;
• Performance audiovisual [:A.CINEMA:] com o professor Sérgio Basbaum e os artistas Sérgio Gontijo e Dino Vicente;
• Mesa de debate “Perspectivas Performativas”, com as performers Chris Mello, Samira Brandão, Luciana Ramin e Maurício Ianês;
• Encontro Trágico com Escola de Artes Dramáticas e Artes do Corpo;
• Oficina Poesia Sonora com Lucila Tragtenberg.
Com financiamento praticamente nulo, a programação da Semana só é possível devido ao engajamento dos alunos/artistas/professores interessados em suas propostas. “Também é importante a visibilidade que o evento traz ao curso. Muitas pessoas que participam da semana acabam ingressando na graduação de Artes do Corpo em seguida”, comenta Junior Lima, um dos alunos envolvidos a edição atual. Ele, que está há três anos integrado com a programação, conta que ao longo deste período notou-se uma preocupação coletiva para que a Semana tivesse um alcance mais amplo, trazendo à PUC e a outros espaços da cidade outro público que não apenas o ligado à instituição.
“A Semana também é uma oportunidade para que os alunos experimentem na prática questões políticas e artísticas estudadas ao longo ano”, conta junior, complementando que neste ano haverá um encontro inédito entre alunos da PUC e da EAD (Escola de Arte Dramática), da USP, que irão apresentar material cênico e debater acerca de temas presentes em tragédias gregas.
XV Semana das Artes do Corpo da PUC-SP
Casa Líquida
Rua Alves Guimarães, 1417 – Pinheiros
PUC-SP
Rua Monte Alegre, 984 e Rua Ministro Godoy, 969 – Perdizes
Teatro Tucarena
Rua Bartira, esquina com a Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
Programação Completa
Segunda-feira, dia 24 de setembro
Casa Líquida
Rua Alves Guimarães, 1417 – Pinheiros
14h – Ritual de abertura
Diversos elementos estão dispostos no centro da roda, todos podem se colocar diante da roda e abrir a escuta para compormos juntos sonoridade e cena a partir da manipulação de tais elementos que variam entre instrumentos musicais, elementos da natureza e objetos cênicos. Pesquisa da turma 17 do curso de Comunicação das Artes do Corpo – PUCSP.
15h30 – O Amaral Amarelo: gestação + Flerte vibracional nº 4 com Caroline do Amaral e Narany Mireya
Entre o nascimento de uma persona e o desenvolvimento de outra as performers trabalham a ancestralidade feminina em diálogo.
16h30 – Workshop de Mapas com Adriano Chuva
O workshop será uma vivência de observação dos mapas feitos por Adriano Chuva, ao longo de mais de 10 anos de produção artística, e de experimentações pessoais, buscando na produção do próprio mapa, encontrar caminhos que contemplam visualmente a expressão própria. Trazer prancheta ou outro objeto de apoio, mais materiais desejados para o trabalho.
18h30 – Processo Aberto – Arthur A. Baldin Neste trabalho será exposto em um breve monólogo sobre a relação do próprio ator e suas debilidades. Arthur teve uma anoxia ao nascer, o que carretou alguns reflexos em sua coordenação motora. Este projeto está diretamente vinculado com seu trabalho de mestrado, onde trata do “Corpo Debilitado nas Artes Cênica”, criando assim uma ponte entre a teoria e a prática. Nando Bolognesi é seu diretor, ele agrega muito a este projeto, pois cria uma cena onde se trata de questões sensíveis, com bom humor.
19h – Eu nasci aqui, com Samira BR
Eu Nasci Aqui é um projeto da artista Samira Br que atravessa as linguagens da fotografia, teatro, performance, vídeo e instalação multimídia. Trata das relações da casa como corpo, das passagens e transformações do feminino e do cuidado com a história pessoal. Desde 2012 o projeto aconteceu em formatos e contextos diferentes. Atualizando os desejos e devires das mudanças vividas na vida da artista.
20h – Exibição de curtas
Cartilha do Estrangulamento (2018) por Painformer
A partir de uma provocação feita por Lindolfo Roberto Nascimento, as artistas Mariana Rezende, Ana Musidora e Lucia Machado apresentaram em performances respostas urgentes para seus “estrangulamentos”. Essas performances foram integralmente gravadas de forma igualmente urgente com celulares, e editadas e montadas por Taine Araújo. É dos embates da tentativa de olhar empático do propositor e dos discursos performativos das artistas que se dá a poética deste trabalho feito a dez mãos.
(10 minutos)
Ao Lado (2016)
Maria vive incorporada em sua rotina de trabalho. Os conflitos à sua volta parecem não lhe incomodar. Até que os barulhos ao lado param de ser inaudíveis, fazendo-a entrar em conflito entre os limites da omissão e suas consequências.
(5 minutos)
Direção: Taine Araújo
Assistente de Direção: Mateus Alves
Produção: Othilia Balades
Assistente de Produção e Casting: Karol Santareno
Fotografia: Letícia J. Pereira
Assistente de Foto: Thaís Regina
Direção de Arte e Maquiagem: Samara Silva
Assistente de Arte: Juan Santos
Sound Designer: Miguel D. Caligari
Assistente de Som e Roteiro: João Matias
Continuidade e Montagem: Amanda Pereira
Orientador: Pedro Brito
Saltatitório – Matiz de um intervalo (2018) Direção: Renata Lembo + conversa após exibição
Saltatitório foi concebido como um encontro de expressões: cor e movimento se descobrem e se criam, mutuamente. Duas personagens de diferentes realidades se cruzam ao acaso. Uma imersa nos problemas cotidianos e no ritmo da cidade, a outra disposta a construir novas realidades a partir daquela que observa. Desse encontro nasce uma narrativa sensível à flor da pele, estabelecendo novas relações entre corpo e espaço, arte e rotina, dinâmica e permanência.
(6 minutos)
Direção e roteiro: Renata Lembo
Fotografia e edição: Giovanni Lemes
Trilha sonora: Kim Schiavo
Dançarina: Larissa Zani Bueno
Pintura: Renata Lembo
Terça-feira, dia 25 de setembro
Teatro Tucarena
Rua Bartira, esquina com a Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
PUC-SP (Prainha e Prédio Novo)
Rua Monte Alegre, 984 e R. Ministro Godoy, 969 – Perdizes
10h – As teias do corpo – Abertura de processo da turma 18 com Francisco Medeiros (Tucarena)
Um experimento cênico em processo, nascido das vivências em sala de aula do primeiro ano, tentando uma relação indisciplinada entre as diferentes materialidades do curso.
12h – À vista, com Katie Carnicelli (Prainha)
“À vista” é uma performance participativa. O espaço de ocorrência tem como mobiliário uma mesa e duas cadeiras. A performer senta-se em um lado da mesa e a cadeira vaga é o convite para a participação do trabalho. Um caixa de espelho cobre o rosto da performer, a pessoa que irá participar do trabalho verá o seu próprio rosto refletido no espelho e uma conversa começa entre elas.
14h – Encontro trágico: turma 17 + turma 70 EAD (Sala 519 – 5º andar – Prédio novo + Tucarena)
No último semestre as turmas 17 de Comunicação das Artes do Corpo e 70 da Escola de Artes Dramáticas trabalharam a partir da leitura de tragédias gregas, ambas com o professor e dramaturgo Antônio Rogério Toscano (que na PUCSP trabalhou junto com Ana Teixeira). Neste encontro as turmas apresentam seu material cênico para, ao fim, conversar sobre suas vivências.
17h – Bagaça Class, com Késsia Midory (Tucarena)
Na contramão da dança clássica Késsia Midory propõe uma aula bagaceira para dançar o que a academia não contempla.
19h – Ou Via do Ponto Cego, com Via Querida Eu (Tucarena)
– Como eu faço pra chegar no ponto cego?
– Não tenho certeza, mas não dá pra chegar sozinho.
– Quer vir comigo?
– Posso tentar, mas vamos chegar em lugares diferentes.
– Por acaso duas pessoas diferentes já chegaram no mesmo lugar?
– Muitas já tiveram a impressão que sim, se trombando.
A via dessa performance está sinalizada com perguntas. As respostas do público são o combustível para o improviso de voz e movimento que perpassa as performadoras – agentes e veículos estéticos da subjetividade partilhada pelos presentes.
20h – Abertura de processo da ColetivA Brada (Sala 529 – 5º andar – Prédio novo)
O que é possível ser feito quando a intolerância e o dualismo parecem cercear o direito ao pensamento dissidente, à existência dissidente dos padrões de gênero e sexualidade? O que é possível ser feito quando os discursos de classificação estancam qualquer possibilidade de performar gêneros e sexualidades que não se limitam a um entendimento uno, estático ou subjugado? O que é possível fazer quando os corpos se delimitam a uma relação espaço-temporal que não permite sua impermanência?
A ColetivA Brada, motivada por essas perguntas, propõe um estudo cênico dos muros, caminhos, redes e afecções que permeiam essas questões. Exposições caóticas corporificadas são expostas em movimentos. Os corpos dançam aquilo que desequilibram suas estabilidades da existência e assim dançam o comum das relações tão diversas quando se pensa gênero e sexualidade.
Quarta-feira, dia 26 de setembro
Teatro Tucarena
Rua Bartira, esquina com a Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
11h – FAROFA.TRA! – Abertura de processo do TCC em Dança (Tucarena)
Violências sociais e individuais, periferias, centros e marginalidades: os corpos. A improvisação em dança como possibilidade de fricção. A construção coletiva busca o exercício da alteridade, é possível compartilhar violências?
FAROFA.TRA! junção de corpos farofeiros que questionam técnicas, estéticas, e fazeres em dança, CUnhados em referências consideradas invisíveis.
14h30 – Núcleo de Improvisação Zélia Monteiro (Tucarena)
O Núcleo de Improvisação é um grupo de pesquisa em dança contemporânea orientado por Zélia Monteiro, que surgiu em 1998 com a necessidade de alguns artistas em aprofundar e dar continuidade à pesquisa de linguagem iniciada com Klauss Vianna. Estuda a improvisação não apenas como procedimento para explorar e criar novas gramáticas de movimentos, mas fundamentalmente como estrutura de composição do espetáculo. Reúne artistas com experiências em diferentes linguagens: dança, teatro, música e artes visuais. Inspira-se na abordagem e pensamento de Klauss Vianna sobre o corpo e a dança e utiliza estes princípios como meio de estudar, descobrir e criar interfaces entre diferentes linguagens artísticas.
17h30 – Perspectivas performativas (Tucarena)
Conversa com artistas da Performance para discutir intersecções entre a performance e outras linguagens artísticas.
20h – Faca Lâmina, com PAY (Tucarena)
Quatro intérpretes criadores têm seus corpos habitados por bala, faça e relógio, referências imagéticas presentes no poema Uma faca só lâmina de João Cabral de Melo Neto. Porém, seus corpos carregam mais a ausência dos que são feridos sócio econômica e culturalmente. Essa ausência é manifesta numa dança torta, ferida, manca cujos corpos são territórios de protesto, guerra e rebeldia. Essa faca lâmina que incorporamos é também uma “fome pelas coisas/ que nas facas se sente.” É a avidez que permeia a sensibilidade, sensibilidade do artista cercado por um mundo político avesso à sua liberdade.
Quinta-feira, dia 27 de setembro
Teatro Tucarena
Rua Bartira, esquina com a Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
PUC-SP (Prainha)
Rua Monte Alegre, 984 e R. Ministro Godoy, 969 – Perdizes
10h – Oficina: Poesia sonora com Lucila Tragtenberg (Tucarena)
Criações vocais a partir de textos poéticos ou dramáticos, visando a geração de processos de experimentação poético-vocal.
14h – Teatro Nô com Grupo Yoroboshiza (Tucarena)
O professor e artista da performance Toshi Tanaka se apresenta com seu grupo de teatro Nô.
18h – Corpa gorda como instrumento do caos, com Anna Lima/La Sacerdotiza (Prainha)
A corpa gorda nua, grande, ocupante, devorante, potencializando ao máximo sua força incomodante. Caos.
20h – [:a.cinema:] com Rodrigo Gontijo, Sérgio Basbaum e Dino Vicente (Tucarena)
Buscando os limites da síntese entre som e imagem em criação coletiva, partindo de amplo repertório de imagens abstratas ou documentais + sons eletrônicos & analógicos, Rodrigo Gontijo, Sérgio Basbaum e Dino Vicente performam estruturas contrapontísticas e dialógicas que sobrepõem e contrapõem diferentes texturas e temporalidades, descobrindo possibilidades da criação de um espaço de acontecimento plástico da audiovisão.
Tendo como referência o “flickering cinema” de Peter Kubelka, as cores orgânicas e psicodélicas do Joshua Light Show, as mandalas hipnóticas dos irmãos James e John Whitney, e a materialidade objetiva dos filmes do grupo Fluxus — todos eles referências fundantes para as práticas contemporâneas de Live-Cinema — [:a.cinema:] quer proporcionar um mergulho em desenhos sonoros de alta voltagem sensorial, onde a música transborda para o cinema, e este transborda em som.
Sexta-feira, dia 28 de setembro
PUC-SP (Prainha e Prédio Velho e Novo)
Rua Monte Alegre, 984 e R. Ministro Godoy, 969 – Perdizes
10h – Perspectivas políticas: as políticas identitárias, com Helena Katz (Sala 529 – 5º andar – Prédio velho)
A professora e crítica de dança Helena Katz conversa sobre políticas identitárias e as perspectivas políticas na atualidade.
13h30 – Perspectivas futuras: encontro com ex-alunos de Comunicação das Artes do Corpo (Sala 529 – 5º andar – Prédio novo)
Alunos e ex-alunos do curso Comunicação das Artes do Corpo da PUCSP se encontram para conversar sobre perspectivas de futuro nas artes.
16h30 – O mais longe daqui, com Projeto Rolê (Pátio da Cruz – Prédio velho)
Qual a distância entre eu, você & onde a gente quer chegar? ‘o lugar mais longe daqui’ é a coreografia de um rolê como tantos outros caminhos que percorremos para nos adaptar & continuar a comunicar com aqueles que estão por perto enviando sinais para os que nem tanto. preparados, mas sem saber como, dilatando o tempo em curvas para observar como nos acomodamos às construções que nos distanciam dos encontros com o outro & como nos distanciamos dos outros para fazer chegar à nós mesmos – estamos apenas caminhando.
18h – As formas de dizer que te amo e objetos afiados – parte II, com Kênia Bergo (Prainha)
“Costuro o infinito sobre o peito.
E no entanto sou água fugidia e amarga.
e sou crível e antiga como aquilo que vês:
Pedras, frontões no Todo inamovível.
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes.
Recente, inumana, inexprimível
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam”
Hilda Hilst
20h – Em carne VIVA, com Coletivo Encarnadas (Prainha)
Espetáculo Em carne VIVA – projeto contemplado com VAI 2017. Que mais políticas culturais se ampliem para fomentar pesquisa de grupos além centro da cidade. Mulheres em cena!
O espetáculo EM carne VIVA tem como disparador temático a menstruação e como a sociedade lida com esse ciclo. Questionamos os ritos, abusos e opressões que as mulheres sofrem diariamente. Onde seu útero bate? O que te define como mulher? Qual seu real espaço na sociedade? Essas são perguntas que permeiam o trabalho. As atrizes jogadoras relacionam-se com símbolos do cotidiano em um jogo de cena, estabelecendo relações de cumplicidade no que diz respeito ao espaço feminino.
21h30 – Mundo Grande, com Taine Araújo (Sala 5)
Centrada no poema “Mundo Grande” de Carlos Drummond de Andrade aliado às ricas discussões na disciplina “Arte e Política” com o professor Miguel Chaia, a artista procura frestas de luz na relação eu-existência-sociedade em meio ao esvaziamento da vida. Uma performance em construção como um professor ao preparar a sua aula.
Fotos: Divulgação
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