Uma mordida levada de um cachorro na rua acabou sendo o ponto de partida para o diretor Esmir Filho no espetáculo Fábula do Inimigo, que faz apresentações de 13 a 21 de outubro, sábado e domingo, às 20 horas, no terraço do Centro da Terra. Com Renata Gaspar, Guilherme Magon e Bruno, a montagem tem direção de Esmir Filho, que ao lado dos atores, em processo colaborativo, criou e escreveu o texto…

 

 

 

 

Com projeções ao vivo em uma mescla de linguagens Fábula do Inimigo apresenta o labirinto onde as pessoas se perdem quando mergulham para dentro de si. No espetáculo, uma mulher aborda a relação dela com ela mesma e suas angústias projetando um potencial inimigo.

“Quando nos sentimos pequenos, incapazes, a imagem do inimigo se projeta em qualquer coisa externa que venha abraçar nossos sentidos. Neste delírio individual, o outro é nocivo e a defesa um hábito. Nos fechamos. Nossas narrativas se transformam em máquinas de guerra. Tornamo-nos nosso próprio inimigo. Essa peça/performance em constante construção expõe os percursos de nossas mentes ao construir a imagem do inimigo e aponta caminhos para reinventarmos uma relação possível com nós mesmos e com o outro”, explica o diretor Esmir Filho.

Amigo de longa data de Renata Gaspar, o diretor conta que Fábula do Inimigo foi a oportunidade de trabalhar com a atriz. “Já tínhamos a intenção de trabalharmos juntos e o convite do curador do Centro da Terra Ruy Filho para apresentarmos o projeto foi o momento certo para fazermos algo.”

Gravando a sexta, e última, temporada do programa Tá no Ar – A TV na TV e protagonizando a série Pais de Primeira, com estreia para novembro de 2018, ambos na Rede Globo, Renata Gaspar recebeu indicação ao Premio Shell de Teatro como melhor atriz no espetáculo Não Nem Nada, que ao lado de Chorume, integra a trilogia Placas Tectônicas, de Vinícius Calderoni.

 

Espaço de experimentação

As apresentações de Fábula do Inimigo integram a programação de Artes Cênicas do Centro da Terra. O espaço cultural abre as portas para receber apresentações de teatro, música, dança e performance naquilo que mais lhe parece óbvio: o experimentar. Sem a busca por produtos definitivos ou meras apresentações circunstancias para cumprir temporadas, os artistas são convidados a construírem experiências cênicas e musicais, estéticas, dramatúrgicas, coreográficas, performáticas e conceituais.

As Ocupações propostas pelo curador de Artes Cênicas Ruy Filho tem como diretriz a provocação de artistas ao experimentalismo de novas criações em processo, com foco em suas inquietações; não limitadas a resultados esperados, mas aos riscos, possibilidades e radicalidades da Arte. Definiu-se, ainda, frente ao valor experimental que as realizações não ocupariam os espaços como temporadas normais, mas na condição de pequenos eventos, ruídos disponíveis ao todo, nos quais relevantes nomes serão convidados a expor suas ideias e pesquisas. “Instituir um espaço de experimentação é fundamental ao crescimento da cena teatral, de modo a estabelecer no contexto da cidade de São Paulo novos parâmetros e proposições. O Centro da Terra entende estar no movimento sua pequena revolução participativa. Torcemos, o que é especialmente positivo, para que nem seja tão pequena assim”, acredita o curador.

Ficha Técnica
Com Renata Gaspar, Guilherme Magon e Bruno
Direção – Esmir Filho
Criação e Texto – Processo colaborativo
Imagens e Projeção – Esmir Filho
Agradecimento – Casa Líquida
Curadoria – Ruy Filho

 

 

 

 

Fábula do Inimigo
Centro da Terra
Rua Piracuama, 19 – Perdizes
Tel.: 3675-1595
Capacidade: 100 lugares
Duração: 50 minutos
Temporada De 13 a 21 de outubro
Sábado e domingo, às 20h
Classificação: 12 anos
Ingressos: Ingresso consciente de R$ 15,00 a R$ 50,00 (o público, consciente do trabalho envolvido para realização do espetáculo, e do valor que ele dá para vivenciar esta experiência, escolhe quanto acha adequado pagar pelo seu ingresso, de acordo com sua condição financeira).
Vendas: Sympla

 

 

Esmir Filho
Cineasta da nova geração viajou com seus filmes para diversos festivais nacionais e internacionais. Seu primeiro longa Os Famosos e os Duendes da Morte – com exibições nos cinemas do Brasil, França, Japão e Portugal – foi o vencedor do Festival do Rio 2009, além de ter sido selecionado para os festivais de Berlim e Locarno. O curta-metragem Alguma Coisa Assim ganhou prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes 2006, enquanto Saliva (também exibido em Cannes) foi escolhido para ser o curta representante do Brasil na corrida para o Oscar 2008. Em 2012, roteirizou, dirigiu e produziu a performance Kollwitzstrasse 52, um híbrido de cinema e teatro, em cartaz no Museu de Imagem e Som de São Paulo. Em 2018, lançou o longa Alguma Coisa Assim, coprodução Brasil-Alemanha, continuação do curta homônimo premiado em Cannes. Seu terceiro longa Verlust, com Andrea Beltrão e Marina Lima no elenco, encontra-se em fase de pós-produção.
Centro da Terra
O Centro da Terra é um espaço cultural independente sem fins lucrativos mantido por Keren e Ricardo Karman. Inaugurado em 2001 e reformado em 2015, suas instalações abrangem um teatro com palco italiano, um ateliê, uma praça de convivência com um café, um terraço e salas multiuso. O teatro situa-se doze metros abaixo da superfície terrestre e foi aberto, após dez anos de obras e escavações no quarto e quinto subsolos de um edifício, no bairro de Perdizes, na capital paulista. Seu nome vem da sua localização subterrânea e é, também, uma homenagem ao espetáculo Viagem ao Centro da Terra realizado, em 1992, pela Kompanhia do Centro da Terra.

A programação é dirigida a todos os públicos, focada em produções, apresentações e ações de formação em Música, Artes Cênicas e Visuais que priorizem a linguagem contemporânea, e que dialoguem com a pesquisa da Kompanhia do Centro da Terra. A escolha da programação é feita por uma equipe de curadores que, a partir de suas pesquisas autorais, trazem para o Centro da Terra trabalhos experimentais de artistas emergentes e/ou consagrados, lançamentos, remontagens, temporadas pós estreia e projetos especiais. O local também abriga a escola de Arte Grão do Centro da Terra, que desenvolve um curso livre em que crianças e adolescentes participam de experiências nas diversas linguagens artísticas e que tem como fundamento a liberdade de criação, a ludicidade e a participação coletiva em percursos singulares.

Foto: Esmir Filho / Divulgação