O Homem que Queria Ser Livro

Darson Ribeiro apresenta, em março, seu espetáculo solo no circuito Biblioteca Viva, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, passando por Itaquera, Ermelino Matarazzo, Vila Prudente, Santana, Aricanduva, São Miguel Paulista, Pinheiros, Tatuapé, Perus e Vila Carrão…

 

 

 

 

O Homem que Queria Ser Livro é um título criado por Darson Ribeiro diante de um misto de história pessoal da infância e o seu atual momento, sempre tendo o teatro como meio de vida e expressão. Convidou Flavio de Souza para desenvolvê-lo, diante do que o próprio autor chama de “ótima embocadura para o ator”. Flávio é autor premiado com Fica Comigo Essa Noite e Castelo Ra Tim Bum. “Flavio consegue tratar de assuntos atuais e atemporais com dramaticidade e bom humor”, explica Darson.

Foi diante dessa contemporaneidade de pensamentos, mesclada a ensinamentos milenares e, ao mesmo tempo, extratemporais, que surgiu o convite para que Rubens Rusche assumisse a direção. “Rubens é um tipo de diretor que já quase não há. Ele pensa primeiro na lógica da escrita e vai, aos poucos, criando e demarcando laços de vogais a sentenças, dando volume, peso e dramaticidade ao que se lê, com o foco sempre no corpo do ator. O que se fala deve ser sentido primeiramente no corpo, só assim a voz se torna crível para contagiar as pessoas e, consequentemente, a emoção”, diz Darson. “E para fechar essa produção com chave de ouro, convidei Ney Matogrosso para gravar a canção ‘Coração de Luto’, do Teixeirinha, que abre a peça”, finaliza.

 

O espetáculo

O título O Homem que Queria Ser Livro é quase um trocadilho entre “li-vro” e “li-vre”. Segundo Darson Ribeiro, é o teatro em busca de algo que a maioria das pessoas, muitas vezes, esquece ou mesmo ignora: a retomada da criança interior, no sentido humanista da ação. Com esta montagem, Darson não teve como objetivo realizar uma “ode” ao livro, mas utilizar-se desse instrumento milenar para, por meio do teatro, reforçar ao to de “pensar em si”. Para ele, “a sugestão fica: tudo está em nós mesmos”.

Em 45 minutos, em um tom confessional, o ator apresenta de forma crua e sutil, em tons variantes entre drama, humor e poesia, um reverso desse mundo caótico, justamente pela falta de humanidade, e, consequentemente, por falta da leitura, o homem consigo mesmo. E ele cita Jorge Luis Borges: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria. ”

Esse ‘homem-livro’ do espetáculo se pendurou aos livros e ficou suspenso no ar – também no sentido metafórico do não alcance terreno, como se as palavras tivessem o poder de suspender, elevar, prum céu sonhado. “As pessoas já não sonham mais, sequer imaginam”, reflete o artista.

Ao contrário de um ‘anjo caído’, o ‘homem-livro’ desobedeceu aos homens, não ao Divino, e flutuou nas letras usando as capas dos livros como alicerce. E, diante de tamanho embrenhamento nas histórias, vê-se como Dom Quixote. Mas, afinal, os livros são aquilo que também o faz sair da fantasia e entender a realidade. E aí, ele vence.

Sobre a participação de Ney Matogrosso – A ideia de Darson Ribeiro em convidar Ney Matogrosso foi pela neutralidade do que ele consegue fazer com a voz e, ao mesmo tempo, o tamanho de dramaticidade que ele impõe quando canta. “Coração de Luto” nunca teve uma versão a capella. A primeira aparição de Darson no palco interpretando uma adaptação desta canção, feita pela sua mãe, aos cinco anos.

O texto, pelo autor Flavio de Souza – “O H. Q. Q. S. L. conta a trajetória de um homem que demorou para descobrir qual era sua missão na vida: fazer parte do grupo que mantém acesa a chama da sabedoria no mundo, neste momento histórico em que a falta de valores da maior parte da humanidade leva cada vez mais à desvalorização de virtudes e humanismo. A partir do título-ponto de partida criado pelo Darson, um ator-realizador, fiz um roteiro-enredo começando pelo amor de ambos pelos livros; e aí escrevi, usando quase que só a parte da minha mente-cérebro, onde atua a intuição, com a firme intenção de tornar divertida uma história um tanto pesada, com o maior número possível de brincadeiras com palavras.

O que diz o diretor Rubens Rusche – Após a perda de um ente querido, diante do enigma da morte e do nada, um homem sai em busca do sentido da vida, buscando nos livros seu alicerce. Nessa solidão, tornando-se um solitário e voraz leitor de livros para se defender da confusão mental que o invade, passa a encarnar, física e psicologicamente, diversos personagens de ficção, entre os quais, o cavaleiro da triste figura, Dom Quixote. No entanto, sofrerá um profundo e devastador abalo: a morte inesperada de sua mãe. Não reunindo mais forças para recorrer à imaginação e fugir assim da realidade, é por fim tragado por um escuro e profundo abismo, um poço sem fundo, que, milagrosamente, consegue superar e retornar à luz, transformado, renascido.
O Homem que Queria Ser Livro fala sobre vida e morte, bem como da necessidade que temos de atar essas duas pontas de nossa existência, de modo a formar um eterno círculo, um eterno retorno. Fala da autossuperação através do amor, de como devemos deixar de ser demasiadamente humanos e tornarmo-nos verdadeiramente humanos. O teatro, para nós, não pode ser apenas um meio de expressão estética, um veículo de uma mensagem qualquer ou um local de mero entretenimento. Precisa ser, sobretudo, uma espécie de ferramenta cirúrgica para uma operação transcerebral, para uma descida até o âmago do Ser, até esse ponto imóvel onde jaz a verdadeira criação. Essa perfuração, essa imersão, essa descida até as profundezas do espírito, é o que deve constituir a única pesquisa fecunda do artista.

Ficha Técnica
Idealização, título e interpretação: Darson Ribeiro
Texto: Flavio de Souza
Direção: Rubens Rusche
Participação especial: Ney Matogrosso (na canção “Coração de Luto”, de Teixeirinha
Assistentência de Direção: Arnaldo D’Avila
Cenário e figurino: Darson Ribeiro
Fotografia: Eliana Souza
Design gráfico: Iago Sartini
Diagramação: Torino Comunicação
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação
Visagismo: Claudio Germano
Design de luz: Rodrigo Souza
Iluminotécnica: Ednei Valdoski LPL Lighting Productions
Operação de luz e som: João Marcos Barbosa
Edição de som: Lalá Moreira DJ.
Gravação: Estúdio Alma Sintética (RJ)
Trilha sonora: Rubens Rusche
Vozes em off: Arnaldo D’Ávila, Juju Bac, João Marcos Costa, Rodrigo Souza e Cris Broilo
Armazenamento e logística: Personnalite Transportes & Mudanças
Produção: Dr Produções
Realização: Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
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O Homem que Queria Ser Livro
Programa: Biblioteca Viva
Bibliotecas Municipais da Secretaria Municipal de Cultura
Temporada: até 31 de março
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre
Ingressos: Grátis

 

Cronograma de apresentações

Sábado, 9 de março, às 14h
Biblioteca Rubens Borba
Rua Sampei Sato, 440 – Ermelino Matarazzo
Tel.: (11) 2943-5255

 

Domingo, 10 de março, às 11h
Biblioteca Ricardo Ramos
Pça. Centenário de Vila Prudente, 25 – Vila Prudente
Tel.: (11) 2273-4860

 

Sábado,16 de março, às 11h
Biblioteca Narbal Fontes
Rua Cons. Moreira de Barros, 170 – Santana
Tel.: (11) 2973-4461

 

Domingo, 17 de março, às 11h
Biblioteca Milton Santos
Av. Aricanduva, 5777 – Jd. Aricanduva
Tel.: (11) 2726-4882

 

Quarta-feira, 20 de março, às 14h30
Biblioteca Raimundo de Menezes
Av. Nordestina, 780 – São Miguel Paulista.
Tel.: (11) 2297-4053

 

Sábado,23 de março, às 14h
Biblioteca Álvaro Guerra
Av. Pedroso de Moraes, 1919 – Pinheiros
Tel.: (11) 3031-7784

 

Sexta-feira, 29 de março, às 14h
Biblioteca Prof. Arnaldo Giácomo Magalhães
Rua Restinga, 136 – Tatuapé
Tel.: (11) 2295-0785

 

Sábado, 30 de março, às 14h
Biblioteca Padre José de Anchieta
Rua Antonio Maia, 651 – Perus. Tel: (11) 3917-0751

 

Domingo, 31 de março, às 11h
Biblioteca Lenyra Fraccarolli
Pça. Haroldo Daltro, 451 – Vila Nova Manchester, Carrão
Tel.: (11) 2295-2295

 

Foto: Eliana Souza

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