Dia 10 de março, às 19h, no Itaú Cultural, o violeiro Ricardo Vignini faz show de lançamento do seu 3º album solo, totalmente dedicado às violas dinâmicas ressonadoras…
O álbum Viola de Lata tem 10 faixas autorais, mais uma versão para Rio de Lágrimas (Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Piraci) e, com arranjo adaptado da tradicional melodia da cultura popular, a música “Galope na beira do mar”, letra da cantora e compositora Socorro Lira, com influências de música caipira, nordestina, folk, rock e blues.
No show tem participação especial da cantora Socorro Lira na música “Um Arame Só / Marimbau Tietê” (Ricardo Vignini e Socorro Lira) e na “Galope na Beira do Mar” (Domínio público / Socorro Lira), e do Tuco Marcondes, em algumas músicas com violão ressonador.
CD Viola de Lata
A paixão pela viola e sob a missão de manter viva a tradição da cultura popular, Ricardo Vignini tem inovado na cena instrumental, e neste novo álbum não poderia ser diferente.
Vignini conta que este é um disco totalmente solitário, sendo usadas apenas violas dinâmicas, a não ser pelas duas faixas cantadas por Socorro, e o Gavião tocando berimbau de lata ou marimbau nordestino na
“Galope na Beira do Mar”, e “Um Arame Só /Marimbau Tietê”.
Entre as 12 faixas de Viola de Lata, destacam-se uma versão de “Rio de Lágrimas”, composição de Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Piraci, e as faixas “Um Arame Só /Marimbau Tietê” (Ricardo Vignini e Socorro Lira) e “Galope na Beira do Mar” (Domínio Público/Socorro Lira) , e esta última conta com o som do marimbau de lata, ou berimbau de lata: e ambas com participação de Socorro Lira, a segunda também com Gavião, tocador de berimbau de lata (ou marimbau nordestino), tio da cantora, hoje falecido.
Histórias
“Um Arame Só /Marimbau Tietê”
Em 1991 o Ricardo Vignini arranjou um bico para entregar panfletos na rua, foi a maneira que ele arrumou para conseguir ir para o Rock in Rio 2, enquanto trabalhava na rodoviária do Tietê apareceu ao seu lado um senhor tocando marimbau, um caixote de madeira com um cabo de vassoura com um arame só e usava um garfo e faca para deslizar as notas (slide). “Essa maneira de tocar slide me marcou até hoje o meu jeito de tocar, contei essa história para a Socorro Lira que tinha um tio que tocava um instrumento parecido e ela fez essa letra em uma tacada só e cantou lindamente, conta Vignini.
“Metal das 12” (Para Ivinho) é tocada com uma viola dinâmica tricone – doze cordas, do luthier Luciano Queiroz.Vignini conta que “quando fui tocar no Rock In Rio em 2015 participando do show do Lenine também fez parte do espetáculo o maestro Letieres Leite da Rumpilezz Orkestra, e no ensaio quando me viu tocando disse “poxa você me lembra muito o Ivinho”.
Fiz essa música dedicada ao Ivinho, violonista e guitarrista pernambucano, que também era canhoto como eu, e tocava violão de 12 cordas de uma forma muito especial. Ivinho fez parte da banda Ave Sangria, tocou com o Alceu Valença e Zé Ramalho
“Galope na Beira do Mar” é uma modalidade de repente nordestino. Vignini, conhecia algumas gravações amadoras do Gavião, todas tocadas em um marimbau nordestino, um latão de óleo com uma só corda e cacos de telha. Ricardo inseriu sua viola dinâmica e Socorro Lira criou uma nova melodia e letra para “Galope na Beira do Mar”.
Viola Caipira Dinâmica/Ressonadora (Resonator Viola)
Produzido/Produced by: por Ricardo Vignini
Gravado, mixado e masterizado no Estúdio Bojo Elétrico entre 21/012/2018 e 02/01/2019
Fotos/ Photography: Marcelo Macaue
Arte Gráfica/ Graphic Art: Katya Teixeira
Revisão de texto Alexandre Toda Faitarone e Zé Helder
Tradução/ Tranlation: Alexandre Toda Faitarone e Richard Dale Clark
Revisão de texto/ Proofreading: Alexandre Toda Faitarone e Zé Helder
1. Amálgama
2. Do Ferro ao Pó
3. Moedão
4. Rio de Lágrimas
5. Um Arame Só / Marimbau Tietê – Participação de Socorro Lira
6. Minuando
7. Viola Vira Lata
8. Metal das 12 (Para Ivinho)
9. Solano Star
10. Adaga de Prata
11. Rua Aurora
12. Galope à Beira Mar – Participação de Gavião e Socorro Lira
O álbum em formato digital e físico pelo selo Folguedo – Tratore.
Ricardo Vignini – Lançamento do álbum Viola de Lata
Itaú Cultural
Sala Itaú Cultural
Av. Paulista, 149, piso térreo – Bela Vista (170 metros da Estação Brigadeiro do Metrô)
Capacidade: 224 lugares (com espaços para cadeirantes, obesos e portadores de necessidade especiais).
Duração: 80 minutos aproximadamente
Domingo, 10 de março, às 19h
Classificação: Livre
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: duas horas antes do espetáculo (com direito a um acompanhante)
Público não preferencial: uma hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Estacionamento: Rua Leôncio de Carvalho, 108
Bicicleta: Precisa ter cadeado próprio.
Veículos: R$ 10,00 / R$ 5,00 por hora adicional
Violas dinâmicas ressonadoras por Ricardo Vignini
A necessidade de ser ouvido mais alto foi que fez surgir os instrumentos ressonadores/dinâmicos no final da década de 20, quando surgiram os DOBROS (contração de DOpyera BROthers), inventados por John Dopyera, eslovaco radicado nos EUA-California, buscando atender a necessidade do músico de “lap steel” (colo) George Beaumont.
Aqui no Brasil em São Paulo, Angelo Del Vecchio, natural de Riposto – Sicília, começa a atuar como luthier em 1902, e no começo da década de 30 inventa o instrumento ressonador “Violão Dinâmico”. Mais tarde foram criadas também violas, cavaquinhos, bandolins e o violão tenor, muito popular no choro.
Como esses instrumentos eram antecessores da amplificação, fizeram muito sucesso em determinada época, mas com o surgimento dos captadores e amplificadores elétricos, tiveram expressivo declínio.
No Brasil quem adotou as violas dinâmicas com muito sucesso foram os repentistas nordestinos, pois suas vozes fortes casaram perfeitamente com o instrumento. Existem relatos de que os radialistas não gostavam que as duplas caipiras se apresentassem nas rádios com instrumentos dinâmicos, pois encobriam as vozes com seu imenso volume.
Os violões dinâmicos brasileiros chegaram nos EUA pelas mãos de uma dupla de índios autênticos, os Índios Tabajara, violonistas virtuosos que fizeram uma carreira de muito destaque lá. Hoje os “Dinâmicos” são bastante conhecidos no mundo todo por apreciadores dos violões ressonadores.
Minha paixão por esse instrumento vem do começo da década de 90, onde eu consegui meu primeiro violão dinâmico para tocar slide. Já em 2003, trouxe ao Brasil um dos maiores especialistas de instrumentos ressonadores e slide do mundo, Bob Brozman, e tive o prazer de tocar com ele cinco shows. Nós tínhamos planos para fazer uma viola ressonadora de metal através da National Guitars, que não se realizou devido à necessidade de adaptação da escala mais curta da viola para os instrumentos tradicionais da marca, o que seria trabalhoso e caro.
Minha primeira viola dinâmica ganhei do mestre de Catira e Folia de Reis radicado em Guarulhos-SP, “Seo Oliveira”, pai do músico Edson Fontes, meu companheiro no Matuto Moderno. Essa viola fez muitos giros de Folia, e foi tocada por Bambico, um dos maiores violeiros de todos os tempos, no disco em que gravaram “Missa Cabocla”.
Sempre que encontrava um luthier aqui, eu os encorajava a desenvolver uma viola no estilo Dobro, e um dos primeiros que se aventurou com sucesso nesse assunto foi o Luciano Queiroz, em 2007. De lá para cá já fez dezenas! Mais recentemente, o Alexandre Toda Faitarone da Delta Guitars, apaixonado pelos ressonadores de metal, também atendendo pedidos dos violeiros, acabou desenvolvendo uma viola ressonadora de metal em parceria com o luthier Fontana.
Esse álbum também traça um paralelo com minha outra paixão que é tocar slide. Em 1991 conheci o Marimbau Nordestino (ou Berimbau de Lata), um arame esticado em um pedaço de pau, com latas fazendo o papel de ressonadores, tocado com um bastão/graveto de forma percussiva, e com um caco de telha, um garfo, faca ou qualquer outro objeto deslizante marcando as notas. O nosso Lap Steel! Essa maneira do nordestino tocar influenciou muito meu estilo no slide, e graças à tecnologia, conseguimos fazer uma gravação em parceria com um autêntico “tocador” desse instrumento, o saudoso Gavião, tio da cantora Socorro Lira, na faixa ” Galope na Beira do Mar”.
Ricardo Vignini
O violeiro e compositor Ricardo Vignini, nascido na capital de paulista, também é produtor, faz parte do duo de violas caipiras Moda de Rock que faz releituras de clássicos do rock, membro fundador do Matuto Moderno que completa 20 anos em 2019. Tem 15 CDs lançados, entre eles 2 CDs solo, “Na Zoada do Arame” – 2010 e “Rebento – 2017, já se apresentou na França, EUA, México, Canadá e Argentina, tocou também com Lenine, Zé Geraldo, Guarabyra, Tavito, Tuia, Renato Teixeira, Índio Cachoeira, Katya Teixeira, Pepeu Gomes, Robertinho de Recife, Kiko Loureiro (Megadeth), Andreas Kisser (Seputura), Edgard Scandurra (Ira!), Marcos Suzano, Lúcio Maia (Nação Zumbi), Woody Mann, Bob Brozman, Macaco Bong, Maria Dapaz, Picassos Falsos, Spok, Liminha, Emmanuele Baldini, Pena Branca, André Abujamra, Os Favoritos da Catira, Pereira da Viola, Levi Ramiro, Paulo Freire.
É endorser da corda de viola americana D’Addario no Brasil, e violas Rozini, e proprietário do selo Folguedo, dedicado exclusivamente à música de viola.
Fotos: Marcelo Macaue
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