Com ingressos gratuitos grupo paulista, que há dois anos construiu no bairro da Luz com 11 contêineres marítimos o Teatro de Contêiner Mungunzá, apresenta as montagens Epidemia Prata, Poema Suspenso para uma Cidade em Queda, Luis Antonio – Gabriela, Porque a Criança Cozinha na Polenta e o infantil Era uma Era…
Em 2019 a Cia Mungunzá de Teatro levará para as quatro regiões da cidade de São Paulo uma mostra de repertório com os cinco espetáculos do grupo. As apresentações gratuitas começam no Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo, na Zona Leste da capital paulista, com Epidemia Prata – de 21 a 23 de junho, sexta-feira e sábado, às 19h e domingo, às 17h. Com direção de Georgette Fadel, a montagem está indicada ao Prêmio Aplauso Brasil na categoria Melhor Espetáculo de Teatro de Grupo.
Na sequência serão apresentados os espetáculos Poema Suspenso para uma Cidade em Queda (de 27 a 29 de junho, quinta-feira a sábado, às 19h), Luis Antonio – Gabriela (de 5 a 7 de julho, sexta-feira e sábado, às 19h e domingo, às 17h) e Porque a Criança Cozinha na Polenta (dias 11 e 12 de julho, quinta e sexta-feira, às 19h e dia 14 de julho, domingo, às 17h). O infantil Era uma Era faz apresentações dias 29 e 30 de junho, sábado e domingo, às 16 horas.
Mostra de Repertório Cia Mungunzá de Teatro
Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo
Av. Paes de Barros, 955 – Mooca
Tel.: 2604-5558
Capacidade: 50 lugares
De 21 de junho a 14 de julho
Ingressos: Grátis (Retirada de ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro).
Programação
Teatro adulto
Epidemia Prata
De 21 a 23 de junho
Sexta-feira e sábado, às 19h
Domingo, às 17h
Duração: 60 minutos
Recomendado para maiores de 14 anos
Costura entre duas linhas narrativas: a visão pessoal dos atores sobre os personagens reais que conheceram em sua atual residência no Teatro de Contêiner – Centro de São Paulo, e o mito da medusa, que transforma pessoas em estátuas, Epidemia Prata (2018) é uma pequena gira teatral. Dura. Sólida. Nessa gira, a poesia é como um rato, deve se espremer pelos cantos para superar um céu de metal. Repleto de imagens e predominantemente performático e sinestésico, o universo prata, no espetáculo, assume uma infinidade de conotações que vão desconstruindo personagens estigmatizados pela sociedade e compartilhando a sensação de petrificação diante de tudo.
Apesar de levar à cena o endurecimento do ser humano e o fim da sutileza e da comunicação, Epidemia Prata, com texto autoral e supervisão dramatúrgica de Verônica Gentilin, não tem o objetivo de ser um espetáculo de denúncia e sim de alavancar a poesia. “Faço junto com a Cia Mungunzá um alerta desse endurecimento, do parafuso emperrado que não deixa o mundo girar como deveria, mas que também nos coloca como observadores dessa miséria”, conta a diretora Georgette Fadel.
Um chão todo azul com apenas uma carcaça de piano, uma tampa de bueiro e dois mil reais em moedas de cinco centavos a cenografia de Epidemia Prata se completa com uma tela de projeção em cima do palco. A tela mostra imagens relacionadas com objetos duros e de metais. “É a inversão do céu e terra, onde ninguém tem chão e o céu pode ser cruel”, diz Fadel.
Ficha Técnica
Argumento e Texto – Cia. Mungunzá de Teatro
Supervisão Dramatúrgica – Verônica Gentilin
Direção – Georgette Fadel
Codireção – Cris Rocha
Assistente de Direção – Victor Djalma Amaral
Preparação Corporal – Juliana Moraes
Direção Musical – Bruno Menegatti
Elenco – Gustavo Sarzi, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe, Pedro Augusto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias
Vídeos – Flavio Barollo
Arquitetura Cênica – Leonardo Akio e Lucas Beda
Figurino – Sandra Modesto e Cris Rocha
Desenho de Luz – Pedro Augusto
Materiais Gráficos – Leonardo Akio
Fotos de Divulgação – Letícia Godoy e Mariana Beda
Produção Executiva – Lucas Beda, Marcos Felipe, Sandra Modesto e Virginia Iglesias
Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro
Coprodução – Cooperativa Paulista de Teatro
Poema Suspenso para uma Cidade em Queda
De 27 a 29 de junho
Quinta-feira a sábado, às 19h
Duração: 70 minutos
Recomendado para maiores de 14 anos
Encenada em quatro torres de andaimes de cinco metros de altura e baseada em histórias e experiências pessoais dos atores, Poema Suspenso para uma Cidade em Queda (2015) tem direção de Luiz Fernando Marques – integrante do Grupo XIX de Teatro – e mostra um pouco sobre o sentimento de imobilidade que atinge muitas pessoas nos dias de hoje.
Poema Suspenso para uma Cidade em Queda é uma fábula contemporânea sobre a sensação de suspensão e paralisia geral do mundo moderno. Uma pessoa cai do topo de um prédio e não chega ao chão. Os anos passam e este corpo não consuma a queda. A partir daí, a vida das pessoas nos apartamentos desse edifício fica presa numa espécie de buraco negro pessoal, onde cada um vive uma experiência que não finaliza. Cada personagem fica preso em sua metáfora, ignorando o conjunto à sua volta.
O diretor Luiz Fernando Marques conta como a peça foi construída: “a Mungunzá é uma companhia atípica, só de atores. O convite veio logo após o sucesso deles com Luís Antônio-Gabriela, espetáculo premiado e minha responsabilidade aumentou com isso. Primeiro, ouvi o que esses atores queriam contar com esse projeto. Essa é uma das características da minha direção: focar nos atores e trabalhar em conjunto com eles. Na primeira parte do trabalho, com os workshops para levantar a dramaturgia, atuei como um provocador desse processo que foi super orgânico”, explica.
Ficha Técnica
Elenco – Verônica Gentilin, Virginia Iglesias, Lucas Bêda, Marcos Felipe e Sandra Modesto
Direção – Luiz Fernando Marques
Finalização Dramatúrgica – Verônica Gentilin
Dramaturgia – Cia Mungunzá de Teatro e Luiz Fernando Marques
Argumento – Cia Mungunzá de Teatro
Técnicos Performances – Pedro Augusto e Leonardo Akio
Diretor Assistente –Paulo Arcuri
Trilha Sonora Composta – Gustavo Sarzi
Desenho de Luz – Pedro Augusto
Cenário – Cia Mungunzá de Teatro, Luiz Fernando Marques e Paulo Arcuri
Direção de Arte e Figurinos – Valentina Soares
Vídeo – Lucas Bêda
Produção Executiva – Sandra Modesto e Marcos Felipe
Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro
Fotografia e Registro do Processo – Mariana Bêda
Luis Antonio – Gabriela
De 5 a 7 de julho
Sexta-feira e sábado, às 19h
Domingo, às 17h.
Duração: 88 minutos
Recomendado para maiores de 16 anos
Sucesso de público e crítica com mais de 400 apresentações e 40 mil espectadores em todo Brasil, Luis Antonio – Gabriela (2011) conta, desde 2018, com a atriz trans Fabia Mirassos no papel de Gabriela. No espetáculo, o diretor Nelson Baskerville coloca em cena sua própria história, onde o irmão mais velho, homossexual, Luis Antonio, desafia as regras de uma família conservadora dos anos 1960. O documentário cênico tem início no ano de 1953, com o nascimento de Luis Antonio, filho mais velho de cinco irmãos, que passou infância, adolescência e parte da juventude em Santos até ir embora para Espanha aos 30 anos, onde se transforma em Gabriela, e vai até 2006, data de sua morte.
Diferentes pontos de vista, como do irmão caçula que foi abusado sexualmente; da irmã que sai pelo mundo em busca do corpo de Gabriela; do pai que não reconhecia o filho travesti; e dos amigos e colegas de trabalho, que viam a figura da protagonista com uma mistura de admiração e estranhamento são usados na montagem para mostrar a transformação de Luis Antonio em Gabriela.
Ficha Técnica
A partir do argumento de Nelson Baskerville com intervenção dramatúrgica de Verônica Gentilin
Elenco – Fabia Mirassos, Marcos Felipe, Lucas Beda, Sandra Modesto, Verônica Gentilin, Virginia Iglesias e Lilian de Lima
Direção – Nelson Baskerville
Diretora Assistente – Ondina Castilho
Assistente de Direção – Camila Murano
Direção Musical, Composição e Arranjo – Gustavo Sarzi
Preparador Vocal – Renato Spinosa
Trilha Sonora – Nelson Baskerville
Preparação de Atores – Ondina Castilho
Iluminação – Marcos Felipe e Nelson Baskerville
Cenário – Marcos Felipe e Nelson Baskerville
Figurinos – Camila Murano
Visagismo – Rapha Henry – Makeup Artist
Vídeos – Patrícia Alegre
Produção Executiva – Sandra Modesto e Marcos Felipe
Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro
Porque a Criança Cozinha na Polenta
Dias 11 e 12 de julho e dia 14 de julho
Quinta e sexta-feira, às 19h
Domingo, às 17h
Duração: 80 minutos
Recomendado para maiores de 16 anos
Com cinco temporadas em São Paulo e participações em festivais nacionais, entre eles o festival de Curitiba e Recife, Porque a Criança Cozinha na Polenta (2008) é o primeiro espetáculo da Cia Mungunzá de Teatro e conta a história de uma menina romena cujos pais são artistas circenses exilados de seu país. A mãe se pendura no trapézio pelos cabelos todas as noites e o pai é um palhaço que não acredita em Deus. Enquanto, em seu exílio, excursiona pela Europa Central, a menina, ao lado da irmã mais velha, é arremessada de encontro ao despedaçamento de todos os seus ideais, bem como o preço por cada um deles.
Baseado na obra da escritora romena Aglaja Veteranyi, a montagem foi adaptada por Nelson Baskerville, que também assina a direção. Narrado por uma adolescente que se defende da degradação pela ótica infantil, a peça é ao mesmo tempo lírica e cruel.
Ficha Técnica
Texto – Aglaja Veteranyi
Tradução – Fabiana Macchi
Direção e Adaptação – Nelson Baskerville
Elenco – Verônica Gentilin, Sandra Modesto, Virgínia Iglesias, Marcos Felipe e Lucas Beda
Músico – Gustavo Sarzi
Técnicos Performances – Leonardo Akio e Pedro Augusto
Diretora Assistente – Ondina Castilho
Direção Musical – Ricardo Monteiro
Preparação de Atores – Ondina Castilho e Flávia Lorenzi
Iluminação – Wagner Freire
Figurinos – Aurea Calcavecchia
Cenografia – Flávio Tolezani
Vídeos – Patrícia Alegre
Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro
Teatro infantil
Era Uma Era
Dias 29 e 30 de junho
Sábado e domingo, às 16h
Duração: 70 minutos
Recomendado para maiores de 6 anos (permitida a entrada de crianças de qualquer idade)
Espetáculo da Cia Mungunzá de Teatro voltado para o público infanto-juvenil, Era uma Era (2015) tem direção de Verônica Gentilin e conta as desventuras de um rei que tenta, a qualquer custo, fazer parte da história e, para tal, documenta toda a fundação do seu reino e seus feitos.
Inspirada no livro O Decreto da Alegria, de Rubem Alves, a montagem tem como temas centrais a memória e a tecnologia e é encenada em um andaime de cinco metros de altura. No espetáculo, os personagens que contam a história do Grande Reino Ainda Sem Nome surgem de uma caixa abandonada. Barba Rala, rei deste Reino deseja a todo custo entrar para a história dando um nome ao seu Reino. A única forma que um Reino tem de ser reconhecido e entrar para a história, é completando 100 páginas no Grande Livro de Autos. Assim, o rei resolve registrar todo e qualquer passo nesse livro. Até que um dia, após um incêndio, o livro é destruído e os habitantes tem que recomeçar sua vida do zero. No entanto, nessa segunda parte da história, os tempos são outros e a tecnologia domina a vida das pessoas. A peça se repete, mas completamente contextualizada no caos da era digital. Novamente o Reino cresce e vai se preenchendo de memórias e registros e selfies até entrar em colapso de novo.
Ficha Técnica
Direção – Verônica Gentilin
Dramaturgia – Verônica Gentilin e Cia Mungunzá de Teatro
Atores criadores – Sandra Modesto, Virginia Iglesias, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe e Pedro Augusto. Músicas e Trilha sonora – Gustavo Sarzi
Narração – Gabriel Manetti
Desenho de Luz – Pedro Augusto
Cenário – Cia Mungunzá de Teatro
Cenário Áudio Visual – Lucas Schlosinski e Lucas Bêda
Adereços – PalhAssada Ateliê
Figurinos – Fausto Viana e Sandra Modesto
Direção de Vídeos – Lucas Beda
Animação 2d – Lucas Beda e Lucas Schlosinski
Animação 3d – Lucas Schlosinski
Técnico de Projeção e Som – Leandro Siqueira
Técnico de Luz – Ghabriel Tiburcio
Projeto Visual – Leonardo Akio
Produção Executiva – Sandra Modesto e Marcos Felipe
Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro
Fotografia – Mariana Beda
Sobre a Cia Mungunzá
A Cia. Mungunzá de Teatro iniciou suas atividades em 2006, com uma pesquisa realizada em parceria com o diretor Nelson Baskerville, em torno do teatro épico de Bertolt Brecht, que gerou o espetáculo Porque a criança cozinha na polenta. Entre 2008 e 2010, a peça realizou temporadas em São Paulo e participou de festivais em todo o Brasil, recebendo mais de 30 prêmios. Entre 2011 e 2013, também com a direção de Nelson Baskerville, a companhia realizou o premiado Luís Antônio-Gabriela, que narrava a história de transformação do irmão de Nelson Baskerville no travesti Gabriela. Concebido na perspectiva do teatro-documentário ou documentário cênico, Luís Antônio-Gabriela fez temporadas em São Paulo, além de circular por todo o Brasil e fazer apresentações em Portugal recebendo vários prêmios, entre eles o Shell e o APCA, o da Cooperativa Paulista de Teatro e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. Em 2015 estreia Era uma Era, que inaugura o repertório infantil da Cia e no mesmo ano, o grupo leva aos palcos Poema Suspenso para uma Cidade em Queda, onde desdobra o tema da família em uma pesquisa sobre os relicários pessoais dos atores e pedaços de histórias, que se unem a experiências universais.
Em 2017 A Cia inaugura o Teatro de Contêiner Mungunzá, formado por 11 contêineres marítimos em uma antiga praça abandonada no bairro da Luz, centro da cidade de São Paulo. Vencedor do Prêmio APCA na categoria especial de teatro e um dos indicados ao Prêmio Shell de inovação pelo uso arquitetônico inédito voltado para o teatro, inserido na região degradada do centro da capital paulista, o Teatro de Contêiner Mungunzá recebeu, em dois anos, 549 apresentações teatrais (113 espetáculos diferentes). No ano seguinte, o grupo estreia Epidemia Prata, com direção de Georgette Fadel, que comemora 10 anos do coletivo e devolve ao público de forma engajada e poética a experiência vivida em um ano no centro de São Paulo, desde a criação do espaço na região da Luz. Também em 2018, a Cia lança o livro-arte sobre os 10 anos do grupo – Mungunzá: Obá! Produção Teatral em Zona de Fronteira… – com assinatura do pesquisador teatral Alexandre Mate e colaboração de José Cetra.
Foto Luis Antonio Gabriela: Matheus José Maria
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