No ano de 1960, Carolina Maria de Jesus publica seu primeiro livro, Quarto de Despejo: Diário de uma favelada…

 

 

 

Agora, a Via Coletiva de Teatro revisita a obra da escritora para redescobrir a cidade de São Paulo, que ela narrou e ocupou. Através da peça Sonhos em Travessia: do fluxo ao abandono, o grupo, apoiado pelo edital ProAC- Produção de primeiras obras de teatro, celebra a vida e a memória de uma das primeiras escritoras negras e da favela a ser publicada e reconhecida por seu trabalho. Junto a Carolina, eles lançam a pergunta: quantas histórias invisíveis cabem em uma metrópole?

O grupo está levando oficinas, debates e o espetáculo para as regiões da cidade em que Carolina viveu: zona norte, centro e zona sul. Agora, a Via Coletiva irá ocupar a Oficina Cultural Oswald de Andrade, na região central. Nos dias 15 e 16 de julho ocorrerão as oficinas, no dia 17 um debate e dos dias 17 a 20 a apresentação da peça (mais detalhes sobre cada uma das atividades abaixo).

No final de julho, o projeto segue para a Ocupação Clariô, na zona sudoeste.

 

Peça
Em uma análise histórica, percebe-se que a construção da cidade de São Paulo deu-se pelo choque entre culturas e pessoas que buscavam a possibilidade de se estabelecer financeira e socialmente neste espaço. Ainda hoje vemos que, na história que nos é contada, diversas vozes que constituíram essa formação continuam não sendo ouvidas. Nesse sentido, reavivar a memória de Carolina Maria de Jesus e de tantas outras pessoas que recorrem à ocupação como forma de sobrevivência e resposta à segregação social é o que impulsiona a Via Coletiva de Teatro nesse projeto.

Assim, o grupo foi às regiões da cidade em que a escritora já morou em busca de depoimentos que narrassem as transformações urbanas desenfreadas na capital paulista. Das ruas ao teatro, as performances transformadas em dramaturgia dialogam sobre o limiar entre realidade e ficção no processo histórico de segregação espacial urbano.

A iniciativa, que surgiu no início do ano de 2018, em torno do projeto de conclusão de curso “Depoimentos sobre as fronteiras”, de Afonso Alves Costa, na habilitação em Atuação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, agora tem sua estreia através do espetáculo Sonhos em Travessia: do fluxo ao abandono. As primeiras aberturas ocorreram no Teatro Laboratório da ECA/USP. Agora, a peça segue para espaços nas regiões central, norte e sul de São Paulo. Dessa forma, tanto o processo de pesquisa e criação quanto a temporada estarão relacionados com o trajeto da autora de “Quarto de Despejo”.

Ficha Técnica
Elenco: Afonso Alves Costa, Ana Bonetti, Anderson Sales de Freitas, Marina Meyer e Martim Gueller
Colaboração dramatúrgica: Johnny Salaberg e Larissa Cavalcante
Sonoplastia: Martim Gueller
Iluminação: Marina Meyer
Cenografia e figurino: Renata Castillo
Costureira: Bárbara Brito
Produção: Angeli Cristie

 

 

Oficina
Será uma vivência de reconhecimento urbano-afetivo do bairro, Bom Retiro. Através de jogos de apresentação e narração de memórias a oficina ocupará a rua, onde os participantes irão praticar travessias que dialoguem com os caminhos dos moradores do bairro. A partir dessas travessias, os propositores provocarão o estímulo de criação cênica guiada pela memória da experiência do caminhar e intervir no cotidiano do espaço urbano.

A atividade é gratuita e aberta para pessoas com ou sem experiência artística maiores de 14 anos de idade.

 

 

 

 

Oficina Cultural Oswald De Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
Programação gratuita
Classificação: 14 anos

 

Peça

Sonhos em Travessia: do fluxo ao abandono
Ocupação Oswald
Temporada: 17 a 20 de julho
Quarta a sexta-feira, às 20h
Sábado, às 18h
Ingressos: Gratuitos (retirar ingresso com 1h de antecedência)

 

Oficina
Dias 15 e 16 de julho, às 14h

 

Debate
Tema: Como o local de onde viemos e quem somos marca nossa produção e prática artística?
Convidados: a confirmar
Dia 17 de julho, às 16h

 

Foto: Divulgação