No dia 3 de setembro, terça-feira, será inaugurada a exposição inédita Mídias Afetivas, que conta com obras dos artistas Letícia RMS, Coletivo Coletores, Oscar Nunes e Gozma. A curadoria artística é de Marília Pasculli (Verve Cultural) em parceria com a equipe da Casa Natura Musical. A mostra é a abertura do projeto que irá utilizar a fachada de LED da Casa como uma plataforma de arte digital, o Na Faixa. A exposição estará ativada de terça a domingo, das 18h às 22h, até o dia 20 de dezembro…
O painel se insere como mais uma das iniciativas da Casa Natura Musical para tornar o espaço um equipamento cultural disponível para o público na cidade. Além da programação pulsante, diversa e antenada de shows, a Casa também abre as portas para festivais de arte, eventos literários e de muitos outros segmentos culturais, sociais e artísticos.
Segundo Suyanne Keidel, diretora executiva da Casa Natura Musical, o Na Faixa atua como um canal de propagação cultural a céu aberto que, além de possibilitar uma maior integração da Casa com a cidade, busca dar visibilidade a questões urgentes, usando linguagem visual urbana intermediada por ferramentas digitais. O título do projeto se justifica por ser uma exposição gratuita e por sua exibição ocorrer numa faixa de 8,96m de comprimento por 1,92m de altura localizada na fachada da Casa.
A mostra Mídias Afetivas estabelece diálogo com um dos principais objetivos da Casa, que é proporcionar experiências e conteúdos engajadores, convidando os públicos a refletirem sobre discussões presentes nos dias atuais. Assim como essa mostra, as demais que passarem pelo Na Faixa vão abordar temáticas sociais e culturais relevantes na atualidade.
Sobre Mídias Afetivas
A mostra Mídias Afetivas aborda temáticas de tolerância relacionada à diversidade de gêneros, sexual, de raça e de corpos, propondo uma sociedade utópica onde o corpo de todos os cidadãos possa transitar em harmonia e segurança pela cidade.
Mídias Afetivas é composta por obras de quatro artistas que abordam suas questões a partir de ferramentas digitais e, juntos, difundem conhecimento e enfatizam a participação igualitária no discurso público.
Sobre as obras
Transtópico II, de Letícia RMS
Embora problemas como acessibilidade, segurança pública e mobilidade atinjam a todos, as mulheres são atingidas de modo mais intenso. A lógica do planejamento urbano além de não contemplar a perspectiva feminina, abre espaço para opressões de gênero, raça e classe, dificultando ainda mais a mobilidade e o direito à cidade. Silêncios e ausências continuam se repetindo, e a história das mulheres que atuaram na formação da cidade parece estar cada vez mais apagada, enquanto as políticas públicas continuam sendo pensadas na perspectiva masculina e fálica. Através de uma abordagem lúdica, Transtópico II discorre sobre um planejamento urbano utópico, onde questões de gênero e a perspectiva das mulheres são consideradas, garantindo a construção de cidades equitativas e seguras, criando trajetos visuais que se integram a lógica da metrópole, impedindo pelo menos no mundo fictício que o medo da violência e o assédio afaste as mulheres das práticas urbanas e impeça seu direito de ir e vir, garantindo nesse cenário lúdico a efetivação do direito à cidade.
DES/grafias, Coletivo Coletores
Escrever sem acasos as palavras apagadas, imprevistas. DES/grafias, de ontem e de agora, colocadas lado a lado para resistir. A obra sintetiza uma DESconstrução do discurso imagético social para criar uma nova forma de construir a nossa história. A partir de uma série de desenhos, grafias e símbolos recolhidos da memória urbana o Coletivo Coletores recria espaços de fala submersos, apagados, removidos, desterrados da cidade. Um olhar sobre as extremidades da geografia onde a linha não chega. Existimos antes das palavras e são elas que existem depois de nós, gravadas nos nomes, nas histórias, nos contos, nos muros, nas ruas, na memória.
Piscininha Amor, de Oscar Nunes
Com título inspirado por um dos um dos hits do verão 2019 – canção homônima do músico baiano Whadi Gama – a obra Piscininha Amor foi pensada especialmente para a tela de LED da plataforma NA FAIXA. Voltada para a rua, retrata a diversidade de corpos, gordos, confortavelmente deitados sob o sol, curtindo um verão despretensioso. Ocupar o espaço público com corpos que fogem do padrão estético normalmente retratado (e exaltado) pelas diferentes mídias é de extrema importância em tempos que, apesar de uma recente construção de sentimento de tolerância e aceitação com o discurso do Movimento Body Positive, cada vez mais também se reproduz o ideal corporal “instagram” de ser.
Acho que já nos conhecemos antes, Gozma
Em Acho que já nos conhecemos antes, Gozma ilustra relações amorosas LGBTQI+ de forma mais leve, positiva e amorosa, retratando personagens de gêneros não identificáveis. A obra representa o bonito aprendizado por meio dos corpos passageiros com os quais nos relacionamos durante nossa vida.
Sobre os artistas
Leticia RMS é artista visual e designer industrial. Em seus trabalhos artísticos, busca por meio dos cruzamentos entre técnicas manuais e digitais, dar forma às ideias através da criação de obras como intervenções urbanas digitais, figurinos, desenvolvimento de acessórios, cenografia, instalações e demais desdobramentos. Sua temática aborda questões como as diferentes formas de visibilidade das mulheres na sociedade, direito à cidade e resgate da memória cultural através da arte digital.
O Coletivo Coletores, formado em 2008, no bairro de São Matheus, Zona Leste de São Paulo pelos artistas Toni William e Flávio Camargo, tem como proposta trabalhar a cidade como meio e suporte para suas ações a partir de conceitos como arte e jogo, arquitetura do precário, design social, arte interativa e arte relacional, além do trânsito entre diversas linguagens, como instalação, estêncil, web art, fotografia, interfaces de baixas tecnologias, game art, vídeo mapping e publicações impressas. Por não possuir atelier próprio, realiza sua produção em trânsito há mais de dez anos, passando por espaços públicos que vão desde áreas em comunidades, ocupações, escolas, universidades, assim como, espaços institucionais voltados para arte e cultura.
Oscar Nunes é formado em Design pela Universidade de São Paulo (FAU- USP), com intercâmbio na Köln International School of Design, na Alemanha. Entre seus temas de interesse estão explorar na ilustração e no design a identidade brasileira, assim como a diversidade, seja a sexual e de gênero, como a de corpos.
Gozma é o projeto de ilustração de Filipe Ferreira. Nele, o artista evidencia os laços entre cidade e relacionamentos gays. Dates por aplicativos, banheirão, cruising são temas destes relacionamentos “clandestinos”, misturados com signos das ruas da cidade: bueiros, baratas, banheiros públicos. Gozma propõe um ponto de vista que foge das visões higienizadas sobre amor impostas pela publicidade e pela mídia, resgatando práticas e padrões presentes nessas relações desde sempre. Filipe é designer e ilustrador. Também trabalha com direção de arte, moda e cenografia.
Casa Natura Musical
Inaugurada em maio de 2017, a Casa Natura Musical celebra dois anos como um dos espaços mais relevantes e antenados do circuito cultural de São Paulo, tendo sido eleita como a melhor casa de shows de grande porte da capital paulista (O Estado de S. Paulo, em 5/10/18) e o Melhor Espaço Para Shows (Blog do Arcanjo / UOL, em 2/1/19). Com total visibilidade de qualquer ponto da plateia, a Casa oferece uma combinação de conforto e qualidade musical, configurando-se como palco ideal para abrigar nomes consagrados, novos talentos e projetos especiais. A Casa é comprometida com pautas que convidam o público a participar de reflexões e discussões muito presentes nos dias de hoje por meio de uma programação pulsante, diversa e inclusiva. Uma de suas propostas fundamentais é proporcionar experiências e conteúdos engajadores, dando voz a diferentes pessoas e movimentos. Localizada em Pinheiros, o empreendimento soma os esforços dos empresários Paulinho Rosa e Edgard Radesca aos da cantora e compositora Vanessa da Mata. O patrocínio é da Natura, empresa que há quase 15 anos destaca-se pela atuação na valorização da produção contemporânea e da identidade musical brasileira por meio da plataforma Natura Musical.
Casa Natura Musical
Rua Artur de Azevedo, 2134 – Pinheiros
Tel: (011) 3031-4143
Ingressos sem taxa de conveniência na bilheteria da Casa
Ingressos podem ser pagos com dinheiro, cartões de crédito e débito
Horário da bilheteria: de terça a sábado, das 12h às 20h. Segundas e domingos, quando houver show. Em dias de espetáculo, a bilheteria fecha mais tarde, até uma hora após o início da apresentação.
Venda de ingressos: www.casanaturamusical.com.br
Venda para pessoas com deficiência: 4003-6860
Foto destaque: Obra de Oscar Nunes
Foto da fachada: Amanda Clemente
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