Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo no Sesc Interlagos

O Sesc São Paulo traz à zona sul da cidade, o Festival Dona Ruth, que será realizado gratuitamente na Unidade do Sesc Interlagos com espetáculos de teatro, performances, leituras encenadas, giras de conversa e shows…

 

 

 

 

De 19 de outubro a 03 de novembro, a unidade do Sesc Interlagos será palco da primeira edição do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo. Idealizado por Ellen de Paula e Gabriel Cândido, da Aquariane Produções Artístico Culturais, o Festival homenageia a atriz Ruth de Souza com um gesto afetivo de nomear o evento de Dona Ruth, na sutileza, na potência e com o respeito devido a umas das maiores atrizes do teatro, cinema e teledramaturgia do Brasil.

Ao todo são mais de 20 atrações entre Espetáculos de Teatro, Leituras Encenadas, Leitura Dramática, Performances, Contação de Histórias, Intervenção Artística, Show, Giras de Conversa, Quilombo Artístico e Ato Femenagem a atriz Ruth de Souza. Como uma abertura de caminhos que firma território como marco histórico para a cena artística da cidade de São Paulo e do Brasil, o Festival vem para demonstrar o seu potencial e se tornar uma ação permanente na agenda cultural paulistana.

O Sesc São Paulo em suas ações atua no fomento à convivência, ao respeito, ao protagonismo e à aceitação da legitimidade das diferenças. Neste sentido, busca promover a valorização de diferentes culturas e suas manifestações, bem como, participar do processo de reconstrução simbólica do Brasil como comunidade multicultural e plural, livre de formas de dominação e de exclusão. Norteado por essa premissa, realiza o Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo que atua diretamente na democratização do acesso cultural, por meio de diversas manifestações artísticas e com uma programação inteiramente gratuita. Assim, unidos pelos mesmos objetivos, contribuímos para a construção de uma sociedade mais consciente, crítica e de oportunidades.

“Peço licença à dona Ruth e a enalteço como mulher preta, artista e ancestral com profundo agradecimento por sua existência que muito me ensina sobre ser e persistir em ser. É bonito e potente poder fazer parte da criação e realização de Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo que vejo como um ato-movimento que vibra na mesma intensidade com que há muito se move o Teatro Negro no Brasil. Percebo que no cruzo entre estéticas e poéticas do fazer teatral negro contemporâneo persiste o gesto que escreve na história do agora um grito de revolta cheio de fúria e poesia pelo direito à vida e a liberdade dos corpos contra os quais as radicalizações violentas sempre se intensificam. Para mim, Dona Ruth – a mulher negra ancestral e o Festival de Teatro Negro de São Paulo – é a continuidade e a expansão da escritura desse grito”, contou a idealizadora do Festival, Ellen de Paula.

 

Homenagem à Ruth de Souza
De forma permanente, o Festival homenageia a atriz Ruth de Souza com um gesto afetivo dando a este território o nome de Dona Ruth, na sutileza, na potência e com o respeito devido a umas das maiores atrizes do teatro, cinema e teledramaturgia do Brasil.

Se faz de extrema importância o reconhecimento dessa mulher, negra e artista, símbolo de luta, resistência, criação e abertura de caminhos nas artes da cena para todas as artistas negras e todos os artistas negros que são a sua continuidade.

Em uma das ações em femenagem à Ruth de Souza, as Capulanas Cia de Arte Negra, Clarianas e Zona Agbara – grupos artísticos compostos por mulheres negras da zona sul de São Paulo realizam uma residência artística intitulada por Quilombo Artístico – Femenagem a Ruth de Souza. Neste Quilombo, as artistas partem de seus territórios de pesquisa-criação para dialogar com a vida e a obra de Ruth de Souza, tecendo poeticamente um Ato em Femenagem à grande atriz, que será apresentado publicamente no dia 03/11, no encerramento do festival.

“Primeiro é uma alegria impossível de medir ser continuidade da dona Ruth, e poder aprender com algumas de suas principais heranças: as ancestrais estratégias de criar e re-existir sempre. Considero Dona Ruth: Festival de Teatro de São Paulo um ato cheio de beleza e expressividade artística pela vida e pela liberdade. Diante de um contexto onde todas as violências físicas-psicológicas-simbólicas estão mais acirradas, sobretudo para população preta, este Festival de Teatro Negro é inevitavelmente espada contra a barbárie, e faz parte de um movimento que não pode mais ser parado. Que seja a primeira de muitas edições”, destacou o idealizador do Festival, Gabriel Cândido.

 

Encontro de gerações
No ato de homenagear e celebrar a vida de dona Ruth, e com ela a vida, a existência, o saber e a luta ‘das nossas mais velhas’, a primeira edição do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo reúne companhias, grupos, coletivos, artistas e pesquisadores promovendo o encontro, em relação à cena teatral negra, de quem vem antes com quem chega agora. Por este motivo, a primeira edição do Festival também celebra a existência e a continuidade dos grupos mais antigos, fundados entre 2000-2008, na cena teatral paulistana, e que estão presentes na programação: Invasores Cia Experimental de Teatro Negro, Cia Os Crespos, Coletivo Negro, Capulanas Cia de Arte Negra e Clarianas.

 

Para as Crianças
O auge do aprendizado acontece durante a infância, onde a multiplicidade de saberes compartilhados e construídos tornam-se referência para a nossa construção de mundo. Sendo assim, com um olhar atento para as crianças, o Festival traz em sua programação produções artísticas a elas dedicadas. São elas:

“Os Coloridos” da Cia Os Crespos, que questiona a visão deformante do racismo de forma lúdica, utilizando uma multiplicidade de cores como dispositivo para a reflexão acerca da diversidade cultural e étnica do país.

Vindo de Sorocaba-SP, o Grupo Trança de Teatro traz o espetáculo “Ilu Okan – O que minha vó contou”…

“As Panquecas de Mama Panya”, contação de histórias do grupo Abalá Conta, interpretada por Giselda Perê…

E também a intervenção/contação de história Depois de Amanhã é Ontem, do grupo Terreiro do Riso. A narrativa parte da pergunta: de onde vem essa negrada? Entre cantos, toques, danças e saudações o público e os brincadores se unem para construir uma ótica afro-orientada sobre risos e afetos, nessa caminhada ancestral e pedindo licença para passar.

 

Ações Artísticas e Formativas
Celebrando e reconhecendo a existência de Ruth de Souza, um conjunto de ações artísticas e formativas compõe a programação do Festival no formato de Giras de Conversa e Quilombo Artístico. Com o tema, Ruth de Souza: um prólogo para a cena negra no Brasil a primeira Gira de Conversa é proposta como espaço de diálogo movido pela trajetória e pelas memórias da atriz, na compreensão da importância de sua carreira, em relação às artes da cena, para gerações de artistas negras e negros no Brasil.

Denominada De Ruth de Souza às gerações artísticas atuais: porque dizemos Negro o teatro que fazemos?, a segunda Gira de Conversa tem como rastro a presença da atriz para debater aspectos que determinam, num dinamismo histórico e político, a necessidade de utilizarmos o marcador racial em nossas produções artísticas contemporâneas.

Já no Quilombo Artístico – Femenagem à Ruth de Souza – Capulanas Cia de Arte Negra, Clarianas e Zona Agbara se encontram em um potente processo de fabulações poéticas que emergem de seus campos de pesquisa-criação, para ir ao encontro de Ruth de Souza e se abrir às muitas outras mulheres negras.

O Quilombo Artístico também se abre e convida mulheres negras, com ou sem experiência em artes, interessadas em teatro, música, dança e performance para participarem de um processo formativo que se realizará em três encontros. Em caráter de oficinas, cada encontro será conduzido por um dos grupos e proposto desde as perspectivas político-poéticas do corpo negro mulher – com suas memórias, vozes, múltiplas identidades, potências, indignações, prazeres e anseios.

Desse bonito aquilombamento entre os três grupos e coletivas da zona sul paulistana, dá-se vida ao Ato Femenagem à Ruth de Souza, como uma celebração pública pelo que em nós, artistas negras e negros, e sociedade brasileira em geral, dona Ruth mobiliza.

 

 

 

 

 

Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo
Sesc Interlagos
Av. Manuel Alves Soares, 1100 – Parque Colonial
De 19 de outubro a 03 de novembro
Dias 19, 20, 26, e 27 de outubro e 02 e 03 de novembro)
Entrada: Gratuita
Ingressos (Os ingressos são gratuitos e a retirada será disponível uma hora antes de cada atividade na Central de Atendimento)
Recomendação Etária: Livre
Estacionamento:
R$ 12,00 Credenciados
R$ 24,00 Visitantes
Funcionamento: Quarta a domingo e feriados, das 9h às 17h.

Programação

Sábado, 19 de outubro

13h Caminho das Águas
14h As Panquecas de Mama Panya
15h O que eu costumo engolir?
16h Eu e Ela: Visita a Carolina Maria de Jesus

De 19 de outubro a 02 de novembro
Das 10h às 13h   Quilombo Artístico: Femenagem a Ruth de Souza

 

Domingo, 20 de outubro

12h Performance de uma travesti viva!
Não recomendado para menores 16 anos
13h Revolver
15h Os Coloridos

 

Sábado, 26 de outubro

13h Fala das Profundezas
15h Depois de amanhã é ontem
16h Buraquinhos ou O Vento é Inimigo do Picumã

 

Domingo, 27 de outubro

12h Trivejo
13h Gira de Conversa • Ruth de Souza: um prólogo para a cena negra no Brasil
Com Dani Ornellas, Luzia Gondim e Maria Ceiça – Mediação de Júlio Cláudio da Silva
15h Black Brecht: e se Brecht fosse negro?
Não recomendado para menores de 18 anos

 

Sábado, 02 de novembro

16h Sangoma
Não recomendado para menores 16 anos
!3h Gira de Conversa • De Ruth de Souza às gerações artísticas atuais
Com Cidinha da Silva, Lucélia Sérgio e Salloma Salomão – Mediação de Christian Moura

 

Domingo, 03 de novembro

13h Carne Viva
Não recomendado para menores 12 anos
14h Ato Femenagem a Ruth de Souza
15h Ilu Okan: O que minha vó contou
16h Clarianas – Show Quebra Quebranto
Programação completa detalhada no link Dona Ruth 

 

 

Foto da Cena de Black Brecht: E se Brecht Fosse Negro? Coletivo Legitima Defesa: Cristina Maranhão

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