Espetáculo solo de Rodolfo Amorim, do Grupo XIX de Teatro, com direção de Antônio Januzelli, Galo Índio ganha nova temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 4 a 26 de outubro, com sessões às sextas-feiras às 20h e aos sábados às 18h. Ingressos gratuitos…
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O projeto foi contemplado pela 8ª Edição do Prêmio Zé Renato para a Cidade de São Paulo e a temporada tem o apoio institucional da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Após o espetáculo haverá um bate papo com convidados. A atriz e diretora Janaína Leite fala sobre o teatro autobiográfico, no dia 4 de outubro, sexta-feira, o diretor e dramaturgo Marcelo Soler sobre teatro documentário; no dia 5 de outubro, sábado; crítico e dramaturgo Miguel Arcanjo Prado sobre a crítica no teatro documental, no dia 11 de outubro, sexta-feira.
O solo mostra um órfão, que tenta retratar o seu pai ausente a partir de poucos fragmentos que se alojaram em sua memória. Na busca pelos contornos desse pai, sua própria infância emerge de sua memória e demonstra o quanto esse vazio foi determinante na construção da sua forma de ver e interagir com a vida. Um encontro entre pai e filho. Entre um adulto e sua criança.
Galo Índio remonta as lembranças do ator e autor Rodolfo Amorim em relação a morte de seu pai e o silêncio criado em torno desse fato na sua infância em Sorocaba. O ator pesquisou sobre a memória e as possibilidades de exploração da multiplicidade e transformações de uma narrativa. Entrevistas, relatos de pessoas próximas desse acontecimento e documentos, foram os materiais provocadores na construção desse retrato.
Nesse jogo de rememoração, incomoda mais ao órfão sua necessidade de pensar o pai, feita de dificuldades, imprecisões e faltas, do que propriamente a morte em si. Sua forma de enterrar o pai e compreender sua partida é desvelar as palavras que o encobrem. Assim, na tentativa de traduzi-lo, o confessor nos leva ao mundo invisível de sua história: à medida que precisa aliviar o fardo de sua criança e desse pai.
“Pensamos um procedimento que investigue e discuta não só o ato de estar só em cena, mas sobretudo, de utilizar a própria história do ator/narrador, em seus limites de interprete e confessor. Fazendo da fricção entre um fragmento do real e o imaginado, um meio de encontrar ecos com o público em sua materialidade cênica,” explica Rodolfo Amorim.
Em uma trajetória pelo passado com ecos no presente, a peça reconstitui a personalidade de um pai conservado e inventado no silêncio dos anos. A busca de detalhes para esse retrato, somada à dificuldade de traduzir em palavras as lembranças que restam de alguém que se foi, resulta nessa peça autobiográfica sobre a perda de um pai, conectada com as atuais formas de autorrepresentação e autoficcionalização.
Ficha Técnica
Texto e atuação: Rodolfo Amorim
Direção: Antônio Januzelli (Janô)
Iluminação: Beto de Faria
Direção de Arte: Renato Bolelli Rebouças
Operação de Som e Luz: Bruno Canabarro
Produção: Bruna Betito
“Galo Índio”
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Sala Espaço Cênico
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
Informações: (11) 3222-2662
Capacidade: 60 lugares
Duração: 60 minutos
Temporada: 4 a 26 de outubro
Sextas-feiras, às 20h
Sábado, às 18h
Classificação: 14 anos
Ingressos: Grátis
Rodolfo Amorim
Formado na Escola de Arte Dramática – EAD/ECA/USP e no curso de Licenciatura /Teatro na Faculdade Paulista de Artes. Integrante do Grupo XIX de Teatro. Atua nos espetáculos Essa Noite O Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar, Teorema 21, Hygiene, Arrufos, Marcha Para Zenturo – (projeto em parceria com o Grupo Espanca! de Belo Horizonte), Nada Aconteceu, Tudo Acontece, Tudo Está Acontecendo e Estrada Do Sul (projeto em parceria com o Teatro Dell Argine – Itália).
Criou em 2015 no Contact Theatre (Manchester – Inglaterra), com os jovens atores do CYC, o espetáculo The Shrine Of Everyday Things (Relicário do Cotidiano), peça vencedora do Manchester Theatre Awards como melhor trabalho jovem. Com a mesma Contact Young Company, em 2009, dirigiu e escreveu o espetáculo Memória Da Chuva. Ministrou, em junho de 2008, workshops no Barbican Center (Londres – Inglaterra) e no Contact Theatre (Manchester – Inglaterra). Na Polônia, em 2016, ministrou o workshop O Jardim Do Que Me Toca, no Strefa WolnoStowa, em Varsóvia. Em Julho de 2019 criou o espetáculo Precarious Carnaval em Salford Inglaterra em parceria com os artistas Lowri Evans e Renato Bolelli Rebouças.
Antônio Januzelli
Pesquisador das Práticas do Ator é professor nos Cursos de Graduação e Pós Graduação do Departamento de Artes Cênicas da ECA/USP. Foi professor de Interpretação e Improvisação na Escola de Arte Dramática da ECA/USP. É Membro de Bancas de Mestrado e Doutorado em Teatro em Universidades do Brasil e ministra oficinas no Brasil e América Latina. Autor dos livros A Aprendizagem do Ator, Ed. Ática/SP e Práticas do Ator e Relato de Mestres, a ser editado on line.
Foto: Jonatas Marques
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