FCD – Festival Contemporâneo de São Paulo

A 12ª edição do FCD apresenta uma programação internacional de dança no SESC Avenida Paulista, Itaú Cultural e Centro Cultural São Paulo formada por espetáculos, palestras, conversas, pitch sessions e encontros entre 5 e 10 de novembro…
 

 

 

Entre 5 e 10 de novembro de 2019 acontece a 12ª edição do Festival Contemporâneo de São Paulo, que traz duas potentes obras coreográficas internacionais: a coreógrafa e dançarina Ligia Lewis com “minor matter” (Sesc Avenida Paulista, 9 e 10 de novembro) e Panaibra Gabriel Canda em “Tempo e Espaço: Os Solos da Marrabenta” (Itaú Cultural, dias 6 e 7 de novembro). Além das apresentações, o FCD realiza palestras, conversas, pitch sessions e encontros entre público, artistas e programadores da EDN (European Dancehouse Network).

Em tempos cada vez mais adversos para as artes e para toda a diversidade da vida no Brasil, o festival apresenta trabalhos criados por coreógrafos de países e contextos diversos que investigam em seus corpos práticas sensíveis de partilha, multiplicidades poéticas que oferecem formas de resistência e reinvenção. Ligia Lewis e Panaibra Gabriel Canda realizam obras que ativam os afetos, provocam encontros que possibilitam os deslocamentos, as transformações, desestabilizando os lugares fixos. Ambas as obras partilham experiências plenas de vitalidade questionadora, alargando parâmetros para as artes contemporâneas.

A coreógrafa e dançarina Ligia Lewis apresentará pela primeira vez no Brasil seu trabalho. Lewis foi descrita pelo The New Yorker como uma “experimentalista americana” e traz ao FCD o espetáculo “minor matter”, premiado em 2017 com o importante Bessie Award para produção de excelência. O espetáculo é a segunda parte de uma trilogia (BLUE, RED, WHITE) onde Lewis recorre à cor vermelha, explorando a raiva e o amor. “minor matter” coloca em jogo dois dispositivos discursivos: blackness e a caixa preta. Criando uma lógica de interdependência entre as partes do teatro – som, luz, imagem e arquitetura – e os corpos dos performers, Lewis faz emergir múltiplos sentidos, onde cada “matéria menor” importa dando vida a uma materialidade poética e social vibrante. Uma poética da dissonância, a partir da qual surgem questões de representação, apresentação, abstração e limites da significação.

Panaibra Gabriel Canda, um dos precursores da dança contemporânea em Moçambique, questiona em “Tempo e Espaço: Os Solos da Marrabenta” o conceito de identidade como algo fixo e estável, desconstruindo representações de um corpo “puro” africano, em particular o corpo moçambicano. O coreógrafo explora um corpo plural, pós-colonial, contemporâneo que se relacionou com ideais de nacionalismo, modernidade, socialismo e liberdade de expressão, seu próprio corpo. Panaibra Gabriel Canda é coreógrafo há 25 anos em Maputo, seus trabalhos foram apresentados em diversos países e receberam importantes prêmios.

Após a apresentação de Panaibra Canda, o Coletivo ERER + realizará uma conversa com o coreógrafo aberta ao público. O coletivo é formado por estudantes da Escola Estadual Dr. Américo Marco Antônio (localizada em Osasco) e orientado por T. Angel, especialista em modificação corporal, performer e profissional da educação. O trabalho do Coletivo ERER + tem como foco a educação para as relações étnico-raciais e outros marcadores das diferenças sociais.

Além das apresentações e entrevistas, o FCD organizou um encontro público sobre os programas realizados por cinco Casas de Dança participantes da EDN (European Dancehouse Network), sediadas na Irlanda, França, Portugal, Finlândia e República Tcheca. A EDN é a rede de trabalho das Casas de Dança da Europa, teatros que apresentam, promovem e coproduzem dança contemporânea. O FCD promoverá também uma série de encontros (Pitch Sessions e ensaios abertos) entre os programadores da EDN e os seguintes artistas que trabalham em São Paulo: Cristian Duarte, Eduardo Fukushima, Clarissa Sacchelli, Elisa Ohtake, Leandro de Souza, Beatriz Sano, Elisabete Finger, Marta Soares, Eliana de Santana, Daniel Kairoz e Pedro Galiza.

 

 

 

 

Programação das atividades abertas ao público

 

Tempo e Espaço: Os Solos da Marrabenta
Panaibra Gabriel Canda (Moçambique)
Quarta-feira, 6 de novembro, às 20h
Quinta-feira, 7 de novembro, às 20h
Itaú Cultural
Av. Paulista, 149 – Bela Vista
Lotação da sala: 224 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Ingresso: Gratuito. Na bilheteria do teatro no dia da apresentação, abre 1h antes.

“Tempo e Espaço: Os Solos da Marrabenta” investiga identidade desmontando a ideia de corpo colonizado, descontruindo as representações culturais de um corpo considerado “puro” africano, em particular do corpo moçambicano. Desde a independência, em 1975, Moçambique tem sido uma terra de transformações sociais e políticas, onde um modelo inflexível comunista abriu caminho gradualmente para uma frágil democracia. Panaibra Gabriel Canda cria um auto-questionamento dançado. A performance investiga um corpo africano de hoje: pós-colonial, um corpo plural que absorveu ideais de nacionalismo, modernidade, socialismo e liberdade de expressão. Um corpo que reflete a fragmentação do país, as biografias, os anseios. Canda é acompanhado pelo guitarrista Jorge Domingos, que explora a música Marrabenta, uma forma musical nascida na década de 1950 a partir de uma mistura de influências locais e europeias.

Panaibra Gabriel Canda – Nasceu em Maputo, capital de Moçambique, onde vive. Estudou teatro, dança e música em Moçambique e Portugal. Realizou parte de sua formação em dança contemporânea com apoio do programa Danças na Cidade em Lisboa, onde trabalhou com artistas como Vera Mantero, Frans Poelstra e Meg Stuart. Desde 1993, desenvolve seus próprios projetos artísticos. Em 1998 fundou a CulturArte, organização que promove o desenvolvimento de projetos artísticos, workshops e práticas para dançarinos e coreógrafos africanos. Canda trabalha há 25 anos como dançarino e coreógrafo, apresentou suas obras em diversos países e recebeu importantes prêmios.

Ficha Técnica
Coreografia, dança e texto: Panaibra Gabriel Canda I Música: Jorge Domingos I Desenho de Luz: Myers Godwin I Adaptação de Luz: Aude Dierkens I Operação de Luz: Caldino Alberto I Figurino: Mama Africa & Lucia Pinto I Suporte Administrativo: Jeremias Canda I Adereços: Panaibra Gabriel Canda com o apoio de Gonçalo Mabunda I Produção: CulturArte (Maputo) I Coprodução: Sylt Quelle Cultural Awards for Southern Africa 2009 – Goethe Institut Joanesburgo I Apoio: Kunstenfestivaldesarts, Bates Festival, Festival Panorama, VSArtsNM I Agradecimentos especiais: Jesse Manno, Dan Minzer, Leah Wilks, Cynthia Oliver, Elsa Mulungo, Timotio Canda e Jorge Canda

 

 

minor matter
Ligia Lewis (República Dominicana/ EUA/ Alemanha)
Sábado, 9 de novembro, às 21h
Domingo, 10 de novembro, às 18h
Sesc Avenida Paulista
Av. Paulista, 119 – Bela Vista
Lotação da sala: 65 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Ingresso:
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (meia-entrada)
R$ 12,00 (credencial plena SESC).
Venda de ingressos: Na bilheteria do Teatro

Segunda parte de uma trilogia (Azul, Vermelho, Branco). Em “minor matter” dois dispositivos discursivos estão em jogo – blackness e a caixa preta. Neste trabalho, Lewis recorre à cor vermelha para materializar pensamentos entre amor e raiva. O trabalho se desdobra multidirecionalmente, criando uma poética da dissonância a partir da qual emergem questões de representação, apresentação, abstração e limites da significação. Ao longo da coreografia, os performers empurram seus corpos contra os limites do palco, enquanto simultaneamente demonstram uma relação humilde entre seus corpos e o espaço que os encapsula. Os artistas ficam exaustos enquanto seus corpos despem o palco de sua mística formal para abordar sua matéria/questão – negra. Em “minor matter”, o som atravessa épocas musicais para chegar à uma poética do presente íntimo. Com uma lógica de interdependência, as partes do teatro – luz, som, imagem e arquitetura – se enredam nos três performers, dando vida a um vibrante espaço social e poético.

Ligia Lewis é dançarina e coreógrafa. O seu trabalho foi apresentado em múltiplos contextos, incluindo teatros, museus e galerias. Dialogando com o afeto, a empatia e o sensível, a sua coreografia leva em consideração as inscrições sociais do corpo ao mesmo tempo que evoca suas potencialidades. Em 2017, Lewis recebeu os prêmios Bessie por “minor matter” e Prix Jardin d’Europe por “Sorrow Swag”. Seu trabalho tem sido apresentado em diversos festivais e programas: Abrons Art Center/American Realness (NYC), Flax/Fahrenheit (LA), Palais de Tokyo (Paris), TATE Modern (Londres), Stedelijk Museum/Julidans Festival (Amsterdã), REDCAT/Pacific Standard Time (LA), Tanz im August / HAU Hebbel am Ufer (Berlim). Enquanto performer, Lewis trabalhou com Ariel Efraim Ashbel, Mette Ingvartsen e Eszter Salamon. Colaborou com Wu Tsang, Twin Shadow e o coletivo de DJ NON Worldwide.

Ficha Técnica
Concepção e coreografia: Ligia Lewis I Performance: Keyon Gaskin, Corey-Scott-Gilbert, Ligia Lewis, Tiran Willemse (desenvolvida com: Jonathan Gonzalez, Hector Thami Manekehla) I Dramaturgia musical: Michal Libera, Ligia Lewis I Styling: Alona Rodeh I Desenho de Som: Jassem Hindi I Técnica de Som: Neda Sanai I Desenho de Luz: Andreas Harder I Técnico de Luz: Joseph Wegmann I Dramaturgia: Ariel Efraim Ashbel I Assistência: Martha Glenn I Produção Executiva e Difusão: HAU Artist Office/ Sabine Seifert/ Nicole Schuchardt
Produção: Ligia Lewis I Coprodução: HAU Hebbel am Ufer I Financiado por: Berlin Senate Department for Culture and Europe, Fonds Darstellende Künste e.V. I Apoio a residências: FD-13, PACT Zollverein, 8:tension/Life Long Burning, collective address.

 

 

Apresentação pública sobre EDN e cinco Casas de Dança participantes da rede
Sexta-feira, 8 de novembro
das 14h às 17h
Centro Cultural São Paulo – Sala de ensaio
Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso
Sujeito a lotação do espaço.
Ingresso: Gratuito

A European Dancehouse Network (EDN) é uma rede internacional para a dança contemporânea, formada em 2004 e atualmente co-financiada pelo programa Europa Criativa da União Europeia (2017-2021), uma associação crescente de 40 membros. A EDN é a rede de trabalho das Casas de Dança da Europa (teatros que apresentam, promovem e coproduzem dança contemporânea). A rede fomenta a confiança e a cooperação entre as Casas de Dança, compartilhando uma visão comum sobre o desenvolvimento da arte da dança através das fronteiras.

A EDN tem como missão cooperar na garantia de um futuro sustentável para o setor da dança e aprimorar a relevância da diversidade da dança na sociedade.

Apresentação dos Programas das seguintes Casas de Dança: Tanssin Talo – Helsinque (Finlândia), DeVIR/CAPa – Faro (Portugal), Tanec – Praga (República Tcheca), KLAP – Marselha (França), Dance Ireland – Dublin (Irlanda).

 

Foto do espetáculo “minor matter”, de Ligia Lewis: Julieta Cervantes

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