Tablado de Arruar em Ciclo de debates e leituras

Parece guerra, porque é guerra, só não é a guerra que parece ser – Militares e Guerra Híbrida no Brasil atual…

 

 

 

O grupo Tablado de Arruar, criado em 2001 – portanto, às vésperas de completar 20 anos de atividade – sempre se debruçou em assuntos e pesquisas extensas que geraram trabalhos autorais profundamente ligados à realidade política brasileira. Para dar continuidade à pesquisa que vem desde 2011 abordando assuntos diretamente políticos e que resultaram em obras polêmicas como Mateus, 10 e a Trilogia Abnegação, com textos de Alexandre Dal Farra (vencedor do prêmio Shell, indicado a APCA, Governador do Estado de SP, entre outros), o grupo – que ainda conta com Clayton Mariano e Ligia Oliveira -, completa duas décadas de fundação com projeto Verdade (com estreia programada para 2022).

O foco é a atual militarização do poder em curso no país. A companhia vai tratar de questões políticas tendo como objeto de estudo as estratégias contemporâneas utilizadas pelos militares brasileiros para a ocupação do poder no Brasil, cuja gênese remete à Lei da Anistia (1979) e à Comissão da Verdade (2011-14).

A largada dessa programação é um Ciclo de Debates (on-line), de 20/7 a 13/8, chamado “Parece guerra, porque é guerra, só não é a guerra que parece ser – Militares e Guerra Híbrida no Brasil atual”. Entre os nomes confirmados estão o político José Genoíno, o coronel da reserva Marcelo Pimentel Jorge, os juristas e membros da Comissão Nacional da Verdade Pedro Dallari e a procuradora Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, os jornalistas Bruno Paes Manso e Chico Otávio, o cientista político João Roberto Martins e o filósofo Marildo Menegat.

Um dos conceitos que o Tablado tem se debruçado, além do psyop, é o termo ‘guerra híbrida’, uma “guerra por procuração”, em que os verdadeiros agentes do conflito permanecem invisíveis, e que já está em andamento no Brasil, com o avanço de militares em várias esferas do Poder federal, de forma silenciosa, sem chamar a atenção. Uma das referências da companhia é o antropólogo Piero Leirner, autor do livro “O Brasil no espectro de uma Guerra Híbrida”.

Mais um termo presente na pesquisa e nos debates é ‘cismogênese’, ou seja, criar cisão onde não existia, além da ‘guerra semiótica’ – isto é, o uso de diversos recursos linguísticos e semiológicos e a criação de um pseudo ambiente de que o País está imerso no caos para finalmente exortar a radicalização e polarização política.

A mesma programação contém, além dos debates, o Ciclo de Leituras com textos dramáticos e inéditos das peças Villa e Discurso, de Guillermo Calderón (Chile), Coisas Acontecem, de David Hare (Inglaterra), além das transcrições dos depoimentos do general Álvaro Pinheiro e do coronel Paulo Malhães à Comissão Nacional da Verdade. A equipe de atores e atrizes à frente dessa leitura será composta por Alexandra Tavares, André Capuano, Clayton Mariano, Gabriela Elias, Lígia Oliveira, dirigidos por Alexandre Dal Farra.

O projeto também prevê ainda, de setembro de 2021 até fevereiro de 2022, cinco ações artísticas que terão como foco a busca por olhar criticamente não só os militares, mas também o próprio campo da esquerda, que parece insistir em não enxergar a grandeza do problema atual, cuja face mais óbvia é o presidente, mas que está disseminado por praticamente todas as instâncias centrais de poder no país.

 

 

 

 

Parece guerra, porque é guerra, só não é a guerra que parece ser – Militares e Guerra Híbrida no Brasil atual

Ciclo de Debates e Leituras

20 de julho a 13 de agosto, grátis, no www.youtube.com/TabladodeArruar

Ciclo de Debates

Conversas com especialistas às terças-feiras, às 20h

20 de julho, terça-feira, com Marildo Menegat

Tema: Gestão da Barbárie e os Militares no Brasil

Marildo Menegat é filósofo, professor associado do Nepp-DH da UFRJ. Autor de A crítica do capitalismo em tempos de catástrofe, entre outros livros.
27 de julho, terça-feira, com Eugênia Gonzaga e Pedro Dallari

Tema: A Comissão Nacional da Verdade e Seus Desdobramentos

Eugênia Gonzaga Fávero é procuradora regional da República e coordenadora do GT memória e verdade da PFDC/MPF. Ex-presidente da comissão especial sobre mortos e desaparecidos políticos e co-autora das primeiras iniciativas de responsabilização judicial de agentes da ditadura.

Pedro Dallari foi o último coordenador da Comissão Nacional da Verdade. Foi Deputado Estadual por São Paulo por dois mandatos. É livre-docente e professor titular da Faculdade de Direito da USP. Foi juiz e presidente do Tribunal Administrativo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e é membro do Conselho Diretor do Centro de Estudos de Justiça das Américas (CEJA), órgão de Direito Internacional da OEA.
03 de agosto, terça-feira, com Bruno Manso e Chico Otávio

Tema: Milícias e Militares no Brasil Atual

Bruno Paes Manso, jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, autor do livro A República das Milícias – dos esquadrões da morte à era Bolsonaro.

Chico Otavio é repórter de O GLOBO e professor de Jornalismo da PUC-Rio. É também autor de cinco livros, sendo o mais recente “Mataram Marielle”, sobre a cobertura das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
10 de agosto, terça-feira, com Coronel Marcelo Pimentel e João Roberto Martins

Tema: Militares na Política

Marcelo Jorge Pimentel é Coronel, na reserva, do Exército da arma de artilharia. Iniciou a carreira em 1981 na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (Campinas-SP) e terminou na ativa em 2018, no cargo de Chefe do Estado-Maior da 7ª Região Militar (Recife-PE).

João Roberto Martins Filho é professor Titular Sênior da UFSCar. Autor de O palácio e a caserna, 1964-69 e organizador da coletânea Os militares e a crise brasileira.
13 de agosto, sexta-feira, debate de fechamento com José Genoino

Tema: A Esquerda Brasileira e o Alto Comando

José Genoíno foi cinco vezes eleito Deputado Federal pelo estado de São Paulo e é ex-presidente do Partido dos Trabalhadores. Participou por dois anos como combatente na Guerrilha do Araguaia, foi capturado em 1972 (permaneceu preso por cinco anos).

 

Ciclo de Leituras

Leituras dramatizadas às quintas-feiras, às 20h

Atores e atrizes: Alexandra Tavares, André Capuano, Clayton Mariano, Gabriela Elias, Lígia Oliveira. Direção: Alexandre Dal Farra

22 de julho – Leitura: fala do general Álvaro Pinheiro na CNV

29 de julho – Leitura das peças Villa e Discurso, de Guillermo Calderón (Chile)

05 de agosto – Leitura do depoimento do Paulo Malhães à CNV

12 de agosto – Leitura de trechos das peças

Stuff Happens, de David Hare (Inglaterra)

+ As Nações Unidas, de José Agrippino de Paula (Brasil)

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Foto: Divulgação

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