A ação coreográfica acontece de forma presencial na área externa da Oficina Oswald de Andrade. Durante as dez sessões previstas entre os dias 16 e 20 de dezembro, o espaço será continuamente transformado em sobreposições de camadas de papéis, sons, textos e movimentos. No dia 21, o grupo também lança a plataforma on-line escândalo…
Em nada garante nada, o novo trabalho do Grupo Vão, uma pergunta norteou o processo de criação das quatro diretoras, coreógrafas e performers Isis Andreatta, Juliana Melhado, Julia Viana e Patrícia Árabe: “o que nasce diante de uma paisagem devastada, o que brota depois do fim?”. Depois de onze meses de pesquisa e investigação, os resultados serão apresentados ao público no dia 16 de dezembro, em duas sessões, às 15h e às 17h, com a estreia presencial da ação coreográfica no espaço externo da Oficina Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo, SP). No dia 21, o grupo lança a plataforma on-line escândalo, que pode ser acessada gratuitamente pelo público, pelo site oficial e redes sociais do grupo.
Nos dois trabalhos, o caminho da pesquisa teve como ponto de partida procedimentos de sobreposições de camadas de criação de imagens e sons. A partir disso, surgiram a trilha, os vídeos e a ação coreográfica presentes na ação performática e na plataforma. “No início, tivemos orientação da performer vocal Inês Terra. Com sua colaboração, criamos um processo que começava com um registro de som de uma de nós, depois outra gravava em sobreposição, até nós quatro termos feito alguma intervenção”, contam as diretoras. Em seguida, foram criados vídeos em que cada artista buscou materializar os áudios criados coletivamente em imagens e movimentos. Essas gravações se tornaram trilha sonora, vídeos e ações coreográficas para a performance e a plataforma.
Contemplado pela 28ª Edição do Fomento à Dança, o projeto também incorporou como referência a origem de escândalo, que significa “pedra do tropeço”; do grego “skándalon” se refere a uma pedra na qual um indivíduo tropeça. Outras associações, assombro, terror, encantamento, brilho, por exemplo, estiveram presentes na pesquisa. Segundo as diretoras, no processo de criação, a ideia era buscar imagens e movimentos em relação com essas palavras.
Na performance, nada garante nada mostra uma ação contínua de construir e desconstruir uma paisagem: nas dez sessões do trabalho previstas, a área externa da Oficina Cultural Oswald Andrade será transformada por meio de sobreposições de camadas de papéis, sons, textos e movimentos. “A ideia é criar a sensação de infinitude: coisas desaparecem, se destroem, reaparecem de uma outra forma. Um tempo de constante construção e transformação.”, afirmam as criadoras. “As camadas de som, imagem, corpo e movimento são sobrepostas, recortadas, construídas, desmanchadas, transformando a todo tempo a imaginação do público a partir da relação entre presença e virtualidade”, completam.
O público poderá acompanhar a trilha com fones de ouvido retirados com a produção e também por telas de monitores que irão transmitir a performance ao vivo, por meio de imagens captadas por câmeras dispostas pelo espaço.
Plataforma escândalo
A plataforma on-line escândalo será lançada dia 21 de dezembro, um dia após o encerramento da ação performática presencial. A plataforma foi criada em colaboração com a artista visual e designer gráfica Lídia Ganhito, do Estúdio Pavio. É resultado do mesmo processo de pesquisa e de construção, com a ideia de sobreposição de camadas de criação, sendo um convite ao visitante navegar por uma paisagem ficcional em constante movimento.
O público navega no site e encontra “fragmentos e imagens que foram criados ao longo do processo, vídeos, textos e áudios”, afirmam as diretoras. Como na ação performática, a plataforma também carrega a sensação de infinitude, em transformação contínua.
Na “caminhada virtual”, também é possível escolher a trilha sonora e as artistas criadoras aconselham o público da plataforma a usar fones de ouvido.
Ficha Técnica
Direção Grupo Vão
Criação e performance Isis Andreatta, Julia Viana, Juliana Melhado e Patrícia Árabe
Figurino Renan Marcondes
Pesquisa de voz e orientação de trilha sonora Inês Terra
Criação de trilha sonora Isis Andreatta, Julia Viana, Juliana Melhado e Patrícia Árabe
Espaço cênico Renan Marcondes e Grupo VÃO
Desenho mural Lídia Ganhito e Emerson Freire (Estúdio Pavio)
Instalação de vídeo Marcelo Moraes e André Zurawski
Foto Mayra Azzi
Projeto escândalo
Concepção e coordenação Grupo VÃO
Falas públicas Coletivo Desvelo, Coletivo Cartográfico e Luciane Ramos-Silva
Aulas flertes Zumb.Boys
Residência e provocação artística Michelle Moura
Identidade visual LÍdia Ganhito (Estúdio Pavio)
Assessoria em redes sociais Rodrigo Melhado
Produção MoviCena Produções (Jota Rafaelli e Rafael Petri)
Nada Garante Nada
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo – SP – Área Externa
Capacidade: 60 pessoas
Entrada Gratuita
Classificação: livre
Dias e horários:
15 de dezembro – ensaio aberto – às 11h
16 de dezembro, às 15h e 17h
17 de dezembro, às 11h, 15h e 17h
18 de dezembro, às 11h e 15h
20 de dezembro, às 11h, 15h e 17h
Fone de ouvido: Equipamento a ser retirado com a equipe de produção. (levar RG ou documento para liberação).
Grupo Vão
O Grupo Vão é composto por Isis Andreatta, Julia Viana, Juliana Melhado e Patrícia Árabe. Com mais de 10 anos de existência, o VÃO desenvolve seu fazer artístico investigando formas de autogestão e direção coletiva como prática de criação e atuação política em dança. Atualmente desenvolvem o projeto Escândalo e seus trabalhos recentes são: FIM, 2018; No Hay Banda é Tudo Playback, 2017, e Move Cover, 2016.
Integrantes
Isis Andreatta vive e atua em São Paulo desde 2013 onde trabalha como performer, coreógrafa e educadora em projetos pessoais e em parceria com outros artistas. Fez graduação em Dança e mestrado em Artes da Cena pela Unicamp. É eutonista em formação. Está em criação do solo “Verde Abismo” iniciado em 2020 no PACAP4 / Fórum Dança em Lisboa e atualmente como parte de sua pesquisa de mestrado no DAS Choreography em Amsterdam (2021 – 2023). Integra o Grupo VÃO desde 2009. Se interessa por investigar percepção, corpo e movimento em sua dimensão psicofísica e desde 2015 tem expandido sua prática a partir de trabalhos realizados na intersecção entre saúde mental e artes performativas.
Juliana Melhado é uma artista independente, educadora e eutonista em formação. Se interessa por processos artísticos e pedagógicos que fomentam a autonomia e reflexões sobre sexualidade e gênero. Tem formação em dança pela Unicamp e especialização pela UFBA. Desenvolve o projeto solo “Eu posso sentir o seu poder!” desde 2013 e integra e co-dirige o Grupo VÃO desde 2009.
Julia Viana é artista e educadora. Atua no campo da dança, vídeo, artes visuais e práticas corporais terapêuticas chinesas. Investiga a relação entre imagem, sensação e movimento. Graduada em Dança e Mestre em Artes da Cena pela Unicamp. Integra os grupos e projetos artísticos Grupo VÃO, solo sul e Corpo Projeção.
Patrícia Árabe reside em São Paulo desde 2010, onde desenvolve suas parcerias artísticas, entre elas estão o Grupo VÃO, os artistas Cristian Duarte e Clarice Lima. Estreou o solo Descarada no contexto do PACAP (2) / Fórum Dança e circulou no espaço Alkantara e na BOCA | Biennial of Contemporary Arts. Desenvolve o projeto transposição, contemplado pelo Iberescena 2019 – 2020 em parceria com as uruguaias Vera Gurat e Tamara Gomes e a brasileira Carolina Minozzi. Entende o corpo como agente da percepção e investiga o instante como potência performática.
Foto: Mayra Azzi
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