Em comemoração aos quinze anos da Cia, a criação e produção deste projeto se desdobra em duas frentes: a realização da dramaturgia Vambora! que encerra a trilogia iniciada com os espetáculos Salve, Malala! (Ganhador do Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem em 2017) e Existo! (Ganhador do Prêmio APCA de melhor espetáculo infanto-juvenil com a temática identidade de gênero em 2019) e a adaptação para o audiovisual, intitulado de Paisagens Antes do Fim contemplado pela Lei Aldir Blanc…
Quando a Terra Queima, Quando o Ar Falta e Quando o Mar Seca são os títulos dos três curtas-metragens que a premiada Cia La Leche se propôs a pensar questões sociais urgentes, como a devastação do meio ambiente que segue em curso e quais são as formas de olhar para essa realidade. Criado inicialmente para ser apenas um espetáculo, a dramaturgia foi adaptada para um roteiro em três paisagens – curtas audiovisuais de aproximadamente 15 minutos, que serão disponibilizados no canal de YouTube do grupo nos dias 4, 5 e 6 de dezembro. O nome do projeto que contempla os três curtas é Paisagens Antes do Fim.
Este trabalho com direção geral de Cris Lozano, dramaturgia e roteiro de Alessandro Hernandez, que também divide a cena com Ana Paula Lopez, foi escrito no período do isolamento social provocado pela pandemia da covid-19. Nele, a Cia se preocupou em abordar questões ambientais que assolam o mundo inteiro. As três paisagens/cenas distintas com personagens buscando novas formas de existência em um planeta em processo de decomposição foram gravadas em três territórios da periferia de São Paulo – espaços onde também estão acontecendo oficinas voltadas às crianças e adolescentes.
A Cia se inspirou nos pensamentos de ativistas ambientais como Greta Thunberg, Eliane Brum, Davi Kopenawa e Ailton Krenak e em notícias veiculadas sobre o modo como estamos lidando com as urgências nos nossos tempos.
“A dramaturgia aponta as possibilidades de criar novos mundos através da imaginação com personagens icônicos que revelam a proximidade da tragédia que se aproxima com o fim do planeta”, comentam Cris Lozano e Alessandro Hernandez, reforçando que a obra foi concebida para expor a urgência desse tema para crianças, adolescentes e pessoas de qualquer idade.
A escolha de realizar as gravações na periferia de São Paulo – Guaianases, Grajaú e Brasilândia- se deu pelo desejo de deslocamento da ideia do que é centro e periferia. Para a Cia que tem sua mobilidade localizada no centro e também está no perímetro da devastação ambiental, era necessário confrontar outras formas de ocupação de territórios que seguem vitimados por desflorestamentos, queimadas e enchentes.
As paisagens
Em Quando a Terra Queima, gravada em Guaianases, uma espantalha e um espantalho estão presos ao solo. O tempo é muito seco e a paisagem está devastada por uma queimada. O lugar é deserto e há, no espaço ,apenas uma linha de trem. O cenário escolhido para a gravação deste curta foi um campo de futebol, esporte popular que acontece em terra batida. Há nesse jogo a esperança de mudança, de arte, de crescimento. É quando o coletivo se junta para um fim mesmo que seu imaginário se esgote quando o jogo termina.
Quando o Ar Falta, gravada no Grajaú, traz a história de Socorro, um velho de milhões de anos, e Esperança, uma velha de milhões de anos – vivem dentro de uma baleia jubarte e ouvem o som de sua canção o tempo inteiro. Esperança cultiva bichos da seda e Socorro, livros. Os dois ouvem Ode à Alegria, da nona sinfonia de Beethoven, em um gramofone enquanto preparam uma festa de aniversário. Esse curta foi realizado em uma praça flutuante construída em cima da represa Billings, que recebe a comunidade para o lazer, passeio com seus bichos, encontros e desejos de navegar na água que se esgota.
Quando o Mar Seca, gravado na Brasilândia, acompanha a caminhada de um pinguim fêmea e um pinguim macho. São guiados pelas estrelas. Pelo chão, há pequenas estrelas cor de rosa que são na realidade os cocôs dos pinguins. Há no espaço um poço e, ao fundo, um iceberg derretendo. A filmagem aconteceu numa construção que planejava ser um planetário. Este local deixou como marcas uma estrutura incompleta, árida, concreto puro sem a possibilidade da presença humana para nenhuma diversão ou entretenimento.
Ficha Técnica
Direção Geral: Cris Lozano
Dramaturgia e Roteiro: Alessandro Hernandez
Elenco: Ana Paula Lopez e Alessandro Hernandez
Captação e Edição de Imagens: Guta Pacheco
Direção de Fotografia: Thais Taverna
Técnico de Som: Moisés Brasil
Figurinos: Chris Aizner
Costureira: Judite Lima
Cenários e Adereços: Julio Dojcsar
Trilha Sonora: Morris
Preparação Corporal: Ciro Godoy
Assistente de Produção: Márcia Rocha
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
Gestão de Mídias Sociais: Bruno Gasparotto
Produção: Cia La Leche
Paisagens Antes do Fim
Sábado, 4 de dezembro de 2021, às 16h – Quando a Terra Queima
Domingo, 5 de dezembro de 2021, às 16h – Quando o Ar Falta
Segunda-feira, 6 de dezembro de 2021, às 16h – Quando o Mar Seca
Grátis
*Transmissões pelo YouTube da Companhia
Duração: 15 minutos
Classificação: Livre – Recomendado para crianças a partir de 7 anos
*Após a transmissão haverá um bate-papo com o público
Cia La Leche – Histórico
Em 2021, a Cia La Leche completa 15 anos. Neste período, reuniu parcerias de artistas e colaboradores que construíram uma trajetória pensada para dentro do universo temático voltado para crianças e jovens partindo, como matéria inicial de pesquisa, uma fonte literária a ser adaptada para texto cênico, uma biografia a ser adaptada para texto teatral, uma ideia explorada e materializada em texto na sala de ensaio ou um texto previamente escrito.
Todas essas formas de se construir uma narrativa são os fundamentos que identificam o trabalho da Cia: a relação com o tema e com a produção do texto. Os processos criativos orientados pela diretora Cris Lozano sempre tiveram como princípio a exploração da narrativa como matéria da atuação, se valendo da investigação da palavra como corpo e do corpo como palavra.
Redes Sociais da Cia La Leche
Facebook: facebook.com/cialalechesp
Instagram: @cialalechesp
Curta metragem Quando o Ar Falta. Foto de Cris Lozano
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