Trabalho, que tem direção de Reginaldo Nascimento e traz a atriz Amália Pereira no elenco, faz parte das contrapartidas do Prêmio Maria Alice Vergueiro. Texto inédito no Brasil, monólogo fala sobre a violência doméstica contra as mulheres e será apresentado online…
O Teatro Kaus estreia online o experimento da peça Carne Viva, da dramaturga Luh Maza, no dia 3 de dezembro, sexta-feira, às 20h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, por meio do Youtube das Oficinas Culturais do Estado de SP. Com direção Reginaldo Nascimento e a atriz Amália Pereira no elenco, o monólogo fala sobre a violência doméstica contra as mulheres. As apresentações virtuais são gratuitas e fazem parte das contrapartidas da Lei Aldir Blanc na Cidade de São Paulo, Prêmio Maria Alice Vergueiro, módulo 1, para manutenção das atividades do grupo.
Escrito em 2003, o monólogo Carne Viva aborda de maneira poética a história de opressão das mulheres. A peça apresenta como personagem Uma Mulher que ao se deparar com mais uma tarefa doméstica: cortar bifes e preparar uma refeição, entra em um transe espiritual. A obra parte de um imaginário feminino histórico, de condição matrimonial, e tenta percorrer caminhos para entender como o feminino se debate com a sociedade patriarcal.
“A nossa pesquisa sobre o texto Carne Viva teve início em junho de 2019, quando começaram as primeiras leituras e estudos. Com a chegada da pandemia, em 2020, o processo passou a ser desenvolvido de maneira mais espaçada. O presente resultado online é fruto da nossa investigação e experimentações em cima do texto, durante os quase dois de imersão sobre a peça, e uma maneira de mostrar o trabalho, que devido a pandemia, não pode estrear presencialmente”, afirma a atriz Amália Pereira.
Em Carne Viva uma mulher surge como uma figura que se revolta contra a domesticação pelo patriarcado, de forma ordinária: a insurreição de uma dona-de-casa contra o estereótipo de agressor doméstico. A situação ganha ares espetaculares por ela delirar-se um Jesus Cristo, o Deus masculino de nossa sociedade. Em uma ação contínua de cortar um pedaço de maminha em bifes para seu marido, revisita episódios de sua vida em meio a carne e sangue.
“Foi um longo processo, no qual o trabalho esteve focado em explicitar a voz feminina, a voz da atriz, o grito de tantas mulheres que sofrem violência, aumentada ainda mais na Pandemia. Trabalhar um monólogo é sempre difícil, fazer com que a intérprete seja o centro da cena, que sua voz e seu corpo estejam disponíveis e tragam sua verdade em dizer cada palavra do texto. Fazer com que a história por ela contada a atravesse, e os espectadores que acompanham o relato”, declara o diretor Reginaldo Nascimento.
“As sessões online não têm a mesma potência de um encontro presencial, porém, poder levar essa história a diversos pontos conectados pela rede é mais uma possibilidade de ampliar as discussões sobre a violência contra as mulheres”, finaliza o diretor. O Experimento Carne Viva tem captação de vídeo, edição, finalização e trilha sonora de Reginaldo Nascimento, que divide a direção de arte com Amália Pereira, que é a responsável pelo figurino.
Ficha Técnica
Texto: Luh Maza
Direção: Reginaldo Nascimento
Com o Teatro Kaus Cia Experimental
Elenco: Amália Pereira
Experimento Carne Viva
Oficina Cultural Oswald de Andrade
YouTube das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo
Dias 3, 4, 5, 10, 11, 12, 17, 18 e 19 de dezembro
Temporadas disponíveis para assistir nestes finais de semana, de sexta-feira a partir das 20h até o domingo.
Duração: 70 minutos
Recomendação: 18 anos
Ingressos: Gratuitos
Sextas a domingos
Luh Maza
É dramaturga, diretora e atriz. É autora de mais de 10 peças teatrais encenadas no Rio de Janeiro, São Paulo e em Portugal. Destacam-se “Restos”, no Centro de Referência da Dramaturgia Contemporânea do Rio de Janeiro; “A Memória dos Meninos”, no Centro Cultural São Paulo; e “Carne Viva”, no Fórum Municipal Luísa Todi em Setúbal, Portugal – todas sob sua direção. Sua dramaturgia já foi publicada na coleção Primeiras Obras (Imprensa Oficial), finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2010; no livro “Teatro” (Chiado Editora), lançado em países da Europa e África; e na antologia “Dramaturgia Negra” (Funarte). Seu espetáculo teatral mais recente é “Transtopia”, criado a convite do Theatro Municipal de São Paulo. Roteirizou o curta metragem “35”, dirigido por Del, que recebeu o troféu de bronze de Melhor Roteiro no Festival El Ojo de Iberoamerica, na Argentina; o Inclusive and Creative Awards Campaign, nos Estados Unidos; e o top 5 no Berlin Commercial, na Alemanha. Escreveu para a quarta temporada da série de televisão “Sessão de Terapia” com direção de Selton Mello para o Globoplay e GNT. Por este trabalho foi indicada a Roteirista do Ano do Prêmio ABRA 2020. Escreveu ainda séries inéditas com direção de José Henrique Fonseca, Luis Lomenha e Vicente Amorim para Globoplay, Netflix e HBO Max. Atualmente é chefe da equipe de roteiro de série com direção de Heitor Dhalia para a HBO Max.
Reginaldo Nascimento
Ator e diretor teatral, fundou o Teatro Kaus Cia Experimental em 1998. Mestrando em Artes Cênicas na Unesp-SP. Desde 1993 se dedica especificamente a direção teatral e a pesquisa do teatro de grupo, tendo assinado a direção de mais de 20 espetáculos entre eles: Contrarrevolução, de Esteve Soler; Hysterica Passio e O Casal Palavrakis; ambos de Angélica Liddell; O Grande Cerimonial, de Fernando Arrabal; Infiéis, de Marco Antonio de la Parra; A Revolta, de Santiago Serrano; El Chingo, de Edílio Peña; Pigmaleoa, de Millôr Fernandes; Cala a Boca Já Morreu, de Luís Alberto de Abreu; A Boa, de Aimar Labaki; Vereda da Salvação, de Jorge Andrade; Homens de Papel e Oração para um pé de chinelo, ambas de Plínio Marcos. Organizou e editou os livros Cadernos do Kaus 1º O Teatro na América Latina, publicado no projeto Fronteiras, em 2007, contemplado pelo Programa de Fomento, em 2006; e Cadernos do Kaus 3º Teatro Kaus, Da América Latina à Espanha, 10 anos de dramaturgia hispânica, publicado no projeto de mesmo nome em 2018, contemplado pela 30ª Edição do Programa de Fomento, em 2017, e a revista Cadernos do Kaus 2º Hysterica Passio, publicada no projeto de mesmo nome em 2016, contemplada com o Prêmio Zé Renato de Teatro, em 2015. Em agosto de 2009, idealizou e executou juntamente com o Grupo Kaus e em parceria com o Instituto Cervantes a Mesa de Debates Um Certo Arrabal, evento que trouxe a São Paulo o dramaturgo espanhol Fernando Arrabal.
Teatro Kaus Cia Experimental
O Teatro Kaus Cia Experimental, está radicado a cidade de em São Paulo desde outubro de 2001, e foi criado em dezembro de 1998, em São José dos Campos, SP, pelo ator e diretor Reginaldo Nascimento e pela atriz e jornalista Amália Pereira. Na capital paulista, a Cia. encenou as peças Contrarrevolução (2018), de Esteve Soler; Hysterica Passio (2015/2017) e O Casal Palavrakis (2012/2014), ambas de Angélica Liddell; O Grande Cerimonial, de Fernando Arrabal (2010/2011); A Revolta, do argentino Santiago Serrano (2007); El Chingo, do venezuelano Edilio Peña (2007); Infiéis, do chileno Marco Antonio de la Parra (2006/2009); Vereda da Salvação, de Jorge Andrade (2005/2004) e Oração para um pé de chinelo, de Plínio Marcos (2002). Participou em julho de 2007 do XVIII Temporales Internacionales de Teatro, em Puerto Montt e da Lluvia de Teatro de Valdivia, ambas no Chile, apresentando a peça A Revolta. Em novembro de 2007, lançou o livro Cadernos do Kaus – O Teatro na América Latina, um registro documental sobre todas as ações do projeto Fronteiras – O Teatro na América Latina, realizado pelo grupo durante os anos de 2006 e 2007, beneficiado pela 9ª edição do programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. No final de 2015 foi contemplada pela 3ª edição do Prêmio Zé Renato para circulação da peça Hysterica Passio e lançamento de uma revista do mesmo nome, com o texto da peça. Em abril de 2017, foi contemplado pela 30ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, com o Projeto Teatro Kaus – Da América Latina à Espanha – Dez anos de dramaturgia hispânica, para manutenção da pesquisa da Cia e lançamento de mais um livro do mesmo título.
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo
Telefone: (11) 3222-2662 | E-mail: oswalddeandrade@oficinasculturais.org.br
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira das 10h às 21h00, aos sábados das 11h às 18h. Pessoas que desejam visitar exposições e grupos artísticos que precisam ocupar espaços para ensaios devem agendar antecipadamente pelo site, onde também encontram informações sobre as medidas sanitárias para combater a proliferação de Covid-19; ou agendar pelo WhatsApp (11) 94343-9338
Acessibilidade: rampa de acesso para cadeirantes.
Programação gratuita. Parte da agenda é mantida de forma virtual – Saiba mais no hotsite +Cultura. Para conferir o que está disponível presencialmente, acesse o site do programa Oficinas Culturais.
Sobre O Programa Oficinas Culturais
Como uma iniciativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo desde 1986, e gerenciado pela POIESIS – Organização Social de Cultura, o Programa Oficinas Culturais promove formação e vivência à população no campo da cultura. O programa dialoga com o interior por meio de dois festivais (FLI – Festival Literário e MIA – Festival de Música Instrumental), Ciclos de Gestão Cultural, Ciclos de Estudos sobre Cultura Tradicional e Contemporaneidade, Programa Qualificação em Artes (qualificação artística de 60 grupos, entre teatro e dança), o Programa de Formação no Interior e ações dedicadas à pesquisa e à experimentação nas diversas linguagens artísticas, a partir da relação direta com 360 municípios, em mais de 600 atividades de formação. Além disso, na cidade de São Paulo, o programa realiza atividades de formação e difusão em três espaços: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Bom Retiro), Oficina Cultural Alfredo Volpi (Itaquera) e Oficina Cultural Maestro Juan Serrano (Taipas).
Sobre A Poiesis
A Poiesis – Organização Social de Cultura é uma organização social que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.
Foto: Divulgação
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