Em março de 2022, depois de 2 anos, Ronaldo Serruya volta a ministrar uma oficina presencial de dramaturgia a convite do Lucas Mayor e do Marcos Gomes do novo e charmosíssimo Espaço Garganta, na Vila Buarque…
O ator e dramaturgo Ronaldo Serruya conta que essa oficina intitulada “Linguagens da travessia: um olhar sobre as dramaturgias dissidentes” foi gestada com muito carinho durante esses dois anos de pandemia, muita leitura e organização de materiais para dialogar com uma serie de conceitos que venho pesquisando sobre as obras que flertam com as quebras e as fissuras. Ela já teve uma única versão online ano passado, mas agora a alegria de poder estar em roda, dialogando, discutindo e debatendo, e também produzindo materialidades”.
Linguagens da Travessia
Um olhar sobre as dramaturgias dissidentes
A proposta da oficina é refletir, mapear e dissecar ad questões e as categorias que friccionamos quando pretendemos criar obras que tematizem corporalidades que escapam. Como construir uma linguagem outra, descomprometida com a ideia de cânone, e atravessada por vivências que tematizam as forças que se precipitam para fora e além do ideal normativo? Como escrever a partir das quebras de contrato? Como pensar e desenvolver o ato da escrita como ato de desobediência criativa?
Em 04 encontros teóricos/práticos, iremos pensar modos de produção e elaboração de discursos que se insinuam a partir das bordas e através delas, tendo como ponto de partida conceitos e reflexões produzidas por autores que tem pensado modos de escape da política de interdição dos corpos engendrada pela estrutura hegemônica. Fazem parte das discussões dos encontros autores como Paul B. Preciado, Audre Lorde, Judih Butler, Patricia Hill Colins,Jota Mombaça, Gloria Anzaldua, Linda Alcoff, Grada Kilomba, Jack Halbstram, entre outros. Através de algumas provocações sobre estruturas, recortes temáticos e processos autobiográficos, a oficina se destina a todas as pessoas interessadas em processos de escritas contemporâneas, não canônicas, inclassificáveis ou que também estejam desenvolvendo produções dramatúrgicas em torno desse espectro, a partir da ficionalizações de si e dos atravessamentos que historicamente foram apartados do centro da cena.
Ao longo da oficina, exercícios de escrita serão propostos para os participantes, que podem também trabalhar a partir de materiais dramatúrgicos que já estejam experimentando e/ou em fase de produção.
Primeiro Encontro
Identidade/aliança/Linguagem e Dissidência
Segundo Encontro
A recusa do silêncio/ Contratrabalho/ O problema de falar pelos outros/ A produção do OUTRO/ O cu enquanto categoria de fracasso
Terceiro encontro
A escrita monstro/ A escrita travessia/ A dramaturgia dos estilhaços
Quarto Encontro
Ancestralidade e legado de Luta/ Os corpos choráveis e a força reparadora do luto
Bibliografia
1. Um apartamento em urano, Paul B. Preciado
2. Corpos que importam, Judith Butler
3. Pode um cu mestiço falar?, Jota Mombaça
4. O problema de falar pelos outros, Linda Alcoff
5. A arte queer do fracasso, Jack Halberstam
6. Não vão nos matar agora, Jota Mombaça
7. A transformação do silêncio em linguagem e ação, Aude Lorde
8. Ética bixa, Paco Vidarte
9. Imagens de controle, um conceito do pensamento, de Patricia Hill Collins e Winnie Bueno
10. Eu sou o monstro que vos fala, PaulB. Preciado
11. Corpos em aliança, org. Ana Claudia Aymore Martins e Elias Ferreira Veras
12. Relatar a si mesmo, Judith Butler
“Linguagens da travessia: um olhar sobre as dramaturgias dissidentes”
Oficina presencial com Ronaldo Serruya
Espaço Garganta
Rua Dr Cesário Mota Junior, 277 sobreloja – Vila Buarque
Quintas-feiras, 19h às 21h30
Dias 10, 17, 24 e 31 de março
04 encontros valor 250
Inscrições – espacogarganta@gmail.com
Atenção: o Espaço Garganta segue todos os protocolos de segurança!!!
Sobre Ronaldo Serruya
Ator e dramaturgo de um dos mais importantes grupos de teatro do país, o Grupo XIX de Teatro (SP), premiado no Brasil e no exterior. Em 2009 fundou o Teatro Kunyn, coletivo que pesquisa a questão queer nas artes cênicas. Pelo texto Desmesura ganhou o Prêmio Suzy Capó no 25º Festival MIX da Diversidade.
Desenvolve também o projeto Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS, projeto que analisa uma história social da doença e reflete sobre os estigmas que rondam corpos positivos através da fricção entre Arte x HIV.
Seu texto A Doença do Outro, ganhador do 7º Edital de Dramaturgia em pequenos formatos do CCSP (SP), é um monólogo sobre sua experiência vivendo com HIV.
Espaço Garganta
Garganta é um espaço novo para cursos, eventos e pecas em pequenos formatos aberto pelos dramaturgos Lucas Mayor e Marcos Gomes, do Grupo II de teatro. Localizado no bairro da Vila Buarque, na Rua Dr. Cesário Mota Júnior, 277 (sobreloja), próximo à Biblioteca Monteiro Lobato e ao Sesc Consolação. O nome é uma homenagem à poeta polonesa Wislawa Szymborska, em seu poema “Impressões do teatro”, que termina assim: Mas o mais sublime é o baixar da cortina / e o que ainda se avista pela fresta: / aqui uma mão se estende para pegar as flores, / acolá outra apanha a espada caída. / Por fim uma terceira mão, invisível, / cumpre o seu dever: / me aperta a garganta.
Foto: Acervo pessoal do ator e dramaturgo Ronaldo Serruya
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