Com trajetória marcada pela montagem de óperas infantis utilizando marionetes de fio, o grupo Pequeno Teatro do Mundo aborda as artes da lona pela primeira vez…
Qual é a sua memória mais remota do circo? Essa é uma das questões que norteia o espetáculo infantil “Grande Circo Grandevo”, do grupo Pequeno Teatro do Mundo. A peça faz sua temporada de estreia no Teatro B32 (Praça), em São Paulo, entre os dias 19 de março e 10 de abril, aos sábados e domingos, às 11h.
Na trama, carregada de poesia, uma trupe de artistas circenses idosos precisa se reinventar. Com uma vida rodeada por trapézios, cordas bambas, equilibrismos, malabarismos e até um globo da morte, o coletivo sente a necessidade de criar números mais condizentes com a realidade dos seus corpos.
Assim, o que era limite se tornou inspiração e eles buscam, de forma divertida, novos modos de encantar o público. “Nos debruçamos sobre a questão dos estereótipos da velhice, principalmente em relação ao lado físico. Percebemos, por exemplo, que nossos corpos já não respondem tão bem quanto há dez anos, mas, ao mesmo tempo, nossa cabeça continua muito produtiva”, conta Fábio Retti, um dos idealizadores do grupo.
Nesse contexto, o circo foi escolhido como plano de fundo por dois motivos: primeiro por ser uma linguagem extrema, que também exige uma superação física constante. E, segundo, pela própria paixão do coletivo por esse universo.
“Quando eu entro nesse ambiente, eu esqueço do mundo e começa um tempo mágico, do risco e da tensão. As emoções são exploradas à flor da pele. A gente fica ali torcendo e angustiado com os riscos. Por isso, os espetáculos são cativantes: eles têm esse desenho de emoções intensas. É uma experiência bem forte”, completa.
“O circo é um portal no tempo. É um cheiro, é um som, é estado de espírito. É um sabor e uma angústia. No circo os limites humanos são colocados à prova. Ali experimentamos todos os sentimentos possíveis. Embarcamos em um universo de sensações. São momentos de flutuação”.
Trecho de Grande Circo Grandevo
Mudança de ares
O espetáculo “Grande Circo Grandevo” representa uma nova vivência para o Pequeno Teatro do Mundo. Fundada em 2015, a companhia se destaca pela montagem de óperas infantis utilizando marionetes de fio. Até que, em 2021, os atores-marionetistas sentiram a necessidade de estar em cena de outra forma, interagindo mais ativamente com os bonecos.
“Uma ópera tem uma dramaturgia já pronta, com a música sendo a condutora de tudo, da letra, do canto e das marionetes. É quase como se fizéssemos uma coreografia de balé sobre aquelas canções, o que não dava muito espaço para que interagíssemos, a não ser que nos tornássemos personagens. Quisemos construir um espetáculo diferente do que fazíamos, mais despojado, inclusive, como um amadurecimento nosso”, comenta Fabiana Vasconcelos Barbosa, a outra idealizadora do grupo.
Ao mesmo tempo, o uso das marionetes de fio neste trabalho reforça a tradição do teatro mambembe, despertando o sabor de uma nostalgia repleta de alegria e memórias afetivas.
Em cena estão Fábio Retti e Fabiana Vasconcelos Barbosa, que também assinam a direção, a dramaturgia e a elaboração dos bonecos. A música original é de João Velhote e os figurinos são de Mila Reily. A produção é da Corpo Rastreado e da Isadora Teixeira.
Sobre o Pequeno Teatro do Mundo
O Pequeno Teatro do Mundo foi fundado em 2015 por Fábio Retti e Fabiana Vasconcelos Barbosa, ambos com mais de vinte anos de experiência profissional na área das artes cênicas, quando iniciaram a pesquisa em teatro de marionetes e construíram a carroça-teatro. A partir de então criaram três espetáculos que circulam por todo o país: “Rossini por um fio”, “O Menino e os Sortilégios” e “Onheama”. Realizou apresentações em diversos lugares, tais como Parque Buenos Aires, em São Paulo, 16ª Extrema Mostra Teatro e VIII FACCI – Festival de Artes Cênicas de Cachoeiro de Itapemirim. Em Bragança Paulista esteve em duas edições do Festival Arte Serrinha e do Festival de Inverno, além de realizar uma temporada na cidade. Participou do Festival Internacional de Londrina FILO 50+1, do SESC Encena no Paraná e do Festival da Criança no Teatro em Passos/MG. Em parceria com o Festival Amazonas de Ópera, apresentou seus dois primeiros espetáculos no Teatro Amazonas, em escolas, em hospitais e em comunidades ribeirinhas e indígenas no interior do Estado. Em julho de 2020 realizou a estreia online da ópera “Onheama”.
Ficha Técnica
Dramaturgia e direção: Fábio Retti e Fabiana Vasconcelos Barbosa
Marionetistas: Fábio Retti e Fabiana Vasconcelos Barbosa
Música Original: João Velhote
Cenografia: Fábio Retti
Cantores: Andreia Souza e Rodrigo Mercadante
Figurinos: Mila Reily
Fotos: Alécio Cezar
Produção: Corpo Rastreado
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
Grande Circo Grandevo
Praça Teatro B32
Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3732 – Itaim Bibi
De 19 de março a 10 de abril
sábados e domingos, às 11h
Ingresso:
R$50,00 (inteira)
e R$25,00 (meia-entrada)
Sem lugares marcados
Compre o ingresso neste link aqui
Duração: 50 minutos
Classificação: livre
Foto: Melissa Guimarães e Alécio Cezar
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