5ª Mostra de Dança Itaú Cultural ganha edição presencial e on-line

Com um olhar reflexivo e artístico sobre o gesto, o movimento e a relação do corpo com seu interior e exterior, a programação reúne estreias, experimentos e conversa, que acontecem no palco e nas telas virtuais. Ao longo de abril, conta com artistas dos estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo, e uma abertura de processo com participantes do Brasil, da França e do Paraguai…

 

 

 

 

 

A dança permeia boa parte da programação on-line e presencial que o Itaú Cultural realiza durante abril, com a 5ª Mostra de Dança Itaú Cultural, conduzida pela pergunta Por que Dançamos? Do dia 10 deste mês a 1 de maio, convidados de oito estados e três diferentes países levam o público a questionar, por meio de coreografias e trocas de ideias, sobre os motivos que levam os corpos a movimentar-se, relacionando-se consigo, com o outro e com o espaço, em uma experiência coletiva de sensações e sentidos.

A partir das 9h do domingo, dia 10, entra no site do instituto a programação on-line que pode ser conferida até o dia 1 de maio. Por sua vez, as trocas presenciais com a plateia ficam por conta da programação realizada de 13 a 17 de abril (quarta-feira a domingo), no palco da instituição. As atividades são gratuitas, e os ingressos devem ser reservados pela INTI (acesso pelo site www.itaucultural.org.br).

 

 

Presencial

Na abertura, nos dias 13 e 14 (quarta-feira e quinta-feira), às 20h, estreia GRAÇA – Uma Economia da Encarnação, da Cia Gira Dança, do Rio Grande do Norte, que chega pela primeira vez no palco, depois de ter estreado como dança-filme no início do ano. O espetáculo, criado em parceria com a coreógrafa Elisabete Finger e que é resultado do projeto Zona Dissoluta, contemplado pelo programa Rumos 2019-2020, traz corpos com camadas de histórias acumuladas, impressas, misturadas, desbotadas e dissolvidas. GRAÇA representa se reescrever e reencarnar nesse mundo.

Nos dias 14 e 15 (quinta-feira e sexta-feira), às 19h, os artistas da dança Davi Pontes e Wallace Ferreira, do Rio de Janeiro, apresentam Repertório N.2, no espaço da Arena, no IC. Segunda parte de uma experiência coreográfica voltada à dança como prática de autodefesa – e que inspirou, ainda, o projeto Escola Repertório de Autodefesa, também selecionado pela edição 2019-2020 do Rumos –, a performance utiliza técnicas informais e desviantes para dar luz a um pensamento crítico sobre o mundo no qual se vive.

A questão racial entra em cena com Vala: Corpos Negros e Sobrevidas, novo espetáculo que a Cia Sansacroma, de São Paulo, apresenta no palco físico no sábado, dia 16, às 20h. Inspirada no Cemitério dos Pretos Novos, localizado no bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro, a apresentação denuncia o genocídio de pessoas pretas ao longo do tempo. Denuncia também a estrutura social criada para justificar e moldar novos valores de urbanidade, civilidade, segurança pública e política de morte.

A mostra presencial fecha no dia 17, domingo, às 19h, com a apresentação de Ou 9 ou 80, com a Clarin Cia de Dança, criada pelo coreógrafo Kelson Barros, maranhense radicado em São Paulo. O espetáculo usa o universo do passinho e do funk para contar a história de dançarinos como intérpretes-criadores Iguinho Imperador, Juju ZL, Mario MLK Bros, Pablinho Idd, Yoshi Mhoroox, Yure Idd e RD Ritmado, da periferia do Rio de Janeiro e de São Paulo. O enredo é baseado em dois fatos – o primeiro ocorrido no ano passado e o outro em 2019: 80 tiros desferidos sobre o carro de uma família na Zona Oeste do Rio de Janeiro e nove mortos em um baile em Paraisópolis. A proposta é levar o funk, o passinho e seus dançarinos para além dos bailes, fazendo-os chegar aos palcos.

Além da mostra, a dança se faz presente, ainda, na atividade Arte na Rua, todos os domingos, às 13h e às 15h, na calçada em frente ao Itaú Cultural. A convidada de abril é a coreógrafa e bailarina Hullipop, que apresenta Impermanência. A performance retrata, por meio da dança contemporânea, a morte como um recomeço.

 

Na rede

Das 9h de 10 de abril (domingo), entra no site do instituto a programação on-line que segue até 1 de maio. Nela, espetáculos da região Norte dividem espaço com uma mostra com artistas do Espírito Santo. Também no virtual, mas via Zoom, um debate leva ao campo das ideias a pergunta Por que Dançamos?

Do Amapá, participa a Cia Casa Circo de Artes Integradas, com A Mulher do Fim do Mundo. Neste solo, a atriz e bailarina Ana Caroline vive as reflexões de uma mulher negra, que se depara com a existência de um corpo que respira a cada segundo para se manter em pé. Assim, estabelece um diálogo visceral, no qual um corpo negro e suas infinitas capacidades de afetação valida a existência de vários corpos que atravessam gerações flagelados socialmente.

O solo Apoena – Aquele que Vê Longe, da pesquisadora amazonense Francis Baiardi, trata de questões urgentes e sensíveis sobre humanidade. Temas como ancestralidade, direitos e expropriação são discutidos por meio de um corpo que carrega suas heranças, mas é atravessado pela violência do homem contemporâneo. Nessa volta ao passado, traz um olhar especial aos primeiros habitantes do Brasil e que hoje são indígenas sem-terra, questão imposta pelos colonizadores.

Da Mostra Lab.IC, no ambiente virtual, ficam disponíveis no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br, videodanças e videoperformances de seis artistas sobre temas que vão de estereótipos e exploração do meio ambiente à descolonização do corpo e objetificação da mulher negra. O projeto – que pode ser visto como uma mostra dentro da própria mostra – é capixaba, do Laboratório do Intérprete-Criador (Lab.IC), contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2019-2020.

Um dos seis trabalhos é O Amanhã Talvez Não Exista, série em três episódios de videodanças do artista e pesquisador em dança Marcelo Oliveira, que questiona o que fazer com um corpo em processo de luto. Para deixar a mente vaguear, o artista leva para o corpo a expressão desses sentimentos, com memórias afetivas que são despertadas, acolhidas e transformadas.

Mover Híbrido, do artista de dança contemporânea e mestre-sala em escola de samba Juliander Agrizzi, põe em questão os rótulos que são dados à pele ao longo do trajeto da vida. E, simbolicamente, o corpo fissurado fica exposto às contaminações do mundo…

A bailarina e coreógrafa Lalau Martins traz em Ísinqé a sua pesquisa sobre a esteatopigia (hipertrofia das nádegas por acúmulo de gordura) do povo Khoikoi, do sul da África – em especial nas mulheres, como Sarah Baartman (1789-1815), que foi exibida na Europa como uma aberração africana. Ela observa que, ainda hoje, muitas mulheres, em especial as negras, seguem sendo vistas como se não tivessem ancestralidade, sentimentos, desejos, mas sim como objeto de prazer sexual e curiosidade.

Ainda na motra Lab.IC, o intérprete-criador Farley José trata de identidade em Terra Santa. Nela, um homem afeminado é uma arte-política ao nascer com uma aparente divergência. E nesse movimento interno de cura, parte-se do trauma rumo à libertação.

A vídeo-instalação Vernissage: Muxima de Nganga, Meu Corpo Canta e Dança, de Yuriê Perazzini, por sua vez, questiona como ressignificar as histórias de violência da comunidade brasileira. Nesse processo, recorre aos ritos de autocura, autoconhecimento e de afirmação da ancestralidade afro diaspórica.

Por fim, na ecoperformance e documentário Lavra, o artista multimídia Weber Cooper denuncia e anuncia a relação entre homem e meio ambiente. Para tanto, leva a dança a ambientes de extração de mármore e granito no município de Cachoeiro de Itapemirim — pólo produtor de rochas ornamentais no Sul do Espírito Santo –, entrecruzando narrativas do passado, presente e futuro à (re)descoberta de uma ecologia somática.

Ainda dentro da mostra on-line, no dia 15 (sexta-feira), entra no ar às 20h, no YouTube do IC www.youtube.com/itaucultural, Insolente, um trabalho em construção do Grupo Gestus, que depois pode ser assistido até o dia 1 de maio. Tendo em cena a artista da dança Gilsamara Moura, do Brasil, a bailarina argentina residente no Paraguai Alejandra Días Lanz, e a turca radicada na França Pinar Selek, feminista, antimilitarista, socióloga, escritora e ativista, ele traz um olhar profundo sobre a mulher, sobre seguir em frente, mesmo com medo. Busca pistas para um mundo com mais equidade e menos opressão.

Já no dia 16 (sábado), acontece a mesa Por que Dançamos?, mediada pela pesquisadora carioca de dança Mariana Pimentel, que recebe convidadas que já tiveram projetos contempladas pelo Rumos para debater sobre o tema central da programação. São elas Inah Irenam, do projeto EPA! Encontro Periférico de Artes, da Bahia; Danielle França, do Frevo às Cegas, de Pernambuco; e Ivna Messina, do Lab.IC, do Espírito Santo. O encontro acontece pelo Zoom, sendo necessário reservar ingresso pela Sympla.

 

 

 

 

 

5ª Mostra de Dança Itaú Cultural – Por que Dançamos?

Programação On-Line

De 10 de abril (domingo), às 9h, até 1 de maio (domingo), às 23h59

Espetáculo A Mulher do Fim do Mundo
Com Cia Casa Circo de Artes Integradas (AP)
Duração: 35 minutos
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos por conter cenas que podem causar medo e cenas com nudez.
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

O solo é um tiro no escuro, que arremessa indagações, questionamentos e afirmações dentro de um estado reflexivo uma mulher negra que se depara com a existência de um corpo que respira a cada segundo para se manter de pé. Neste estado existencialista, estabelece um diálogo visceral e direto do corpo e, com os corpos, onde, através do corpo negro e suas infinitas capacidades de afetação e do seu discurso de afirmação, valida a existência desses vários corpos que atravessa gerações flagelados socialmente.

Ficha técnica:
Grupo: Cia Casa Circo de Artes Integradas
Espetáculo: A Mulher do Fim do Mundo
Texto e Direção: Jones Barsou
Intérprete: Ana Caroline
Trilha Sonora: Jones Barsou e Paulo Bastos
Montagem e Operação de luz: Jones Barsou
Desenho de Luz: Eloy Pessoa
Operador de som: Paulo Rocha
Design de Figurino/Costureira: Cia Casa Circo / Hildenê Martins
Captação de Imagens: Produtora Tenebroso Crew
Edição: Dyego Bucchiere
Câmera 01: Dyego Bucchiere
Câmera 02: Inca Moreira
Captação de Som e mixagem: Alecsandro Cantuaria

 

Espetáculo Apoena – Aquele que Vê Longe
Com Francis Baiardi (AM)
Duração: 35 minutos
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 10 anos por conter cenas que podem causar medo.
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Fala das questões urgentes e sensíveis que representam o sentido da palavra humanidade para as pessoas consideradas civilizadas. Assuntos como ancestralidade, direito, expropriação são discutidos através do corpo que carrega sua ancestralidade, deixando-se atravessar pelas violências do homem contemporâneo. Aquele que Vê longe é o presente/futuro, também a volta ao passado apresentado em movimento dança. É a imersão da percepção e sentido de existir que assolam a artista, ao refletir sobre os que estavam em território brasileiro primeiro, pois eles eram os donos da terra e, hoje, são indígenas sem-terra, uma questão imposta pelos colonizadores, uma usurpação dos territórios dos povos originários juntamente com o genocídio de diversas nações que aqui habitavam, tudo acontecendo desde dos anos de 1500. Porém, atualmente esse processo é dado há mais de cinco séculos de diferentes formas. É o caso da violência física e cultural, perdurando contra toda uma ancestralidade, e de ações políticas, sociais, econômicas e religiosas, a partir da lógica do pensamento colonial e neoliberal no qual estão enraizada a vida de alguns dos brasileiros.

Ficha técnica:
Concepção, direção e interprete: Francis Baiardi
Músico: Paulo Pereira e Samantha Espantalha
Cenografia: José Batista
Figurino: Diego Batista e Francis Baiardi
Criação de Luz: Carol Calderaro
Arte Corporal: Sateré Sahu
Designer Gráfico: Emerson Silva
Foto: Cila Reis
Assessoria de Imprensa: Monica Figueiredo
Coordenação de Produção: Rosana Brito
Assistente de Produção: Magno Fre’sil
Edição de Vídeo: Sesc/Am

 

Espetáculo Insolente – work in process
Com Grupo Gestus (BRA/PAR/FRA)
De 15 de abril (sexta-feira), às 20h, a 1 de maio (domingo), às 23h59
Disponível 24 horas por dia, no Youtube do Itaú Cultural www.youtube/itaucultural
Classificação Indicativa: 10 anos | temas sensíveis.

Duas mulheres. 50 e 60 anos.
Mais uma mulher.
Mais uma.
Mais …
Caminhos atravessados, despedaçados, feitos no presente,
rumam para contar suas histórias.
Vozes em movimento, corpas em movimento, na encruzilhada,
no entre, no Sul.
Entre cada uma de nós.
Entre conversas, anseios, lutas.
Insolente é sobre seguir em frente, mesmo com medo.
É sobre observar as ranhuras feitas na pedra, fruto de tempos pelas águas do rio, ora calmas, ora violentas, ora profundas.
É sobre as águas profundas das mulheres.
Insolente envereda-se por raízes de luta, olhando para essa insolência em comum em tantas mulheres, na busca por emergir pistas para um mundo com mais equidade e menos opressão.

Ficha técnica:
Criação, direção e performance: Gilsamara Moura (Brasil) e Alejandra Díaz (Paraguay)
Criado em colaboração com a artista convidada: Pinar Selek (Turquia/França)
Assistente de direção e criação: Beatriz Borghi (Brasil)
Dramaturgia: Carol Gierwiatowski (Brasil) e Beatriz Borghi (Brasil)
Música: Jannet Rico Preciado (Colômbia)
Iluminação: Cíntia Sadoyama (Brasil) e Nicolas Fernandes (Brasil)
Foto: Leila Penteado (Brasil)
Identidade visual: Marina Amaral (Brasil)
Edição de imagens e som: Frank Parsouth (Paraguay)
Produção: Neila Dória (Brasil) e Gilsamara Moura (Brasil)
Assistentes de produção: Carol Gierwiatowski (Brasil) e Beatriz Borghi (Brasil)
Realização: Grupo Gestus (Brasil) e Créar en Libertad (Paraguay
Mostra Labic

 

Espetáculo Mover Híbrido
Com Juliander Agrizzi (ES)
Duração: 19 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos | tensão
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

O que a sua pele carrega? Que etiquetas foram coladas em você ao longo do trajeto?
Corpo fissurado, exposto às contaminações do mundo
Direcionado a se especializar sem se espacializar.
Etiquetas, imagens e representações.
Genótipo e fenótipo.
Para o que eu dou atenção? O que descarto?
Corpo coleção
Criador de si.
Corpo camada.
Carne híbrida.
Cruza, entrecruza e mistura sem negar as partes
Move buscando formas de se relacionar com o mundo num corpo autofágico
Revelado numa dança ruminante.
A dança seguinte come a dança anterior.
Dançar o processo como uma peneira balançada pela estética do não terminado.
Criação em ato.
Criar hoje o passado
Pelas escolhas feitas no agora.
Inaugurar nossas ancestralidades futuras a cada segundo.
(Re)inaugurar começos sem silenciar os rastros.

Ficha técnica:
Intérprete-Criador: Juliander Agrizzi
Concepção, Roteiro e Direção: Juliander Agrizzi
Captação: Lucas Yuri Reis
Edição: Lucas Yuri Reis e Juliander Agrizzi
Texto e Voz: Juliander Agrizzi
Trilha Sonora:
Gabriel Bruno – Trilha Autoral para Mover Híbrido
Cartola – Preciso Me Encontrar (Releitura Beat de Thomas Cassol)
Colaboradores Labic: Ivna Messina, Yuriê Perazzini, Farley José, Alê Bertoli, Lalau Martins, Weber Cooper, André Açari, Marcelo Oliveira, Patricia Galeto e Luiz Carlos Cardoso.
Colaboradores Externos: Alexandre Américo, Patrícia Miranda, Lucas Yuri Reis, Rocio Infante, Maria Dolores Roncheti e Samuel Oliveira.
Este vídeo faz parte da pesquisa desenvolvida no Lab.IC Dança 2021, que tem apoio do
Rumos Itaú Cultural 2019-2020.

 

Espetáculo Ísinqé
Com Lalau Martins (ES)
Duração: 12 minutos e 22 segundos
Classificação Indicativa: 12 anos | conteúdo sexual.
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Ísinqé é fruto de pesquisa da esteatopigia corporal do povo Khoikoi, principalmente das mulheres, que foram apresentadas à Europa através de exibições silenciosas do corpo Sarah Baartman, tida como uma aberração africana. Mesmo atualmente com tantas tecnologias e conhecimento, muitas mulheres, em especial as negras, carregam mitos pelo desenvolvimento abundante da massa adiposa nas nádegas. Como se elas não tivessem ancestralidade, conhecimento, sentimentos, desejos, sendo usadas meramente como objeto de prazer sexual e curiosidade.

Ficha técnica:
Criadora/interprete: Lalau Martins
Direção e produção: Lalau Martins
Assistente de produção: Jadson Afonso
Figurino: Varal da Lalau
Produção musical: Mfive
Direção de fotografia: Sandy Vasconcelos
Preparação física: Clínica de Fisioterapia e Pilates Jamara Araújo

 

Espetáculo Terra Santa
Com Farley José (ES)
Duração: 27 minutos e 15 segundos
Classificação Indicativa: de 10 anos | tensão
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Um homem afeminado é arte-política, pois nasce de uma aparente divergência. A terra que designaram para ser batida, chão grosso, agora produz flores, dando lugar a uma catarse. Criar territórios e recombinar os caminhos passa ser fundamental para continuar existindo.

É o movimento geográfico de cura formado pelos tempos psicológicos de uma procissão interna que parte do trauma, rumo à libertação. Em busca do “profano”, criam-se novos adjetivos, para construir um lugar espiritual seguro e sagrado por meio da contradição.

Ficha técnica:
Intérprete-criador: Farley José
Concepção, direção, roteiro e edição: Farley José

 

Espetáculo Vernissage: Muxima de Nganga, Meu Corpo Canta e Dança
Com Yuriê Perazzini (ES)
Duração: 22 minutos e 24 segundos
Classificação Indicativa: 12 anos | medo; conteúdo sexual
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Torta capixaba é um alimento ou uma pessoa?
Torta Capixaba, prato originalmente do estado brasileiro do Espírito Santo, porém, para o sistema colonial, alguns corpos também são vistos como algo para servir e comido. Como ressignificar as histórias de violência da comunidade brasileira? Recorrer aos ritos de autocura, autoconhecimento e de afirmação da ancestralidade afro diaspórica foi o caminho escolhido.

Esta vídeo-instalação faz parte do processo criativo de investigação sobre memória, ancestralidade, gênero, etnias, dança afro diaspórica, jogos câmeras, instalações e corpo/casa como protagonistas. Fala sobre a casa e suas histórias, o corpo e suas histórias e a casa-corpo em seu território no bairro de Maruípe, que já foi povoado pelos povos originários e povos bantu em seu passado e hoje se atualiza com as histórias da cultura urbana e das danças Afro Diaspórica.

Ficha técnica:
Concepção, Roteiro e Direção: Yuriê Perazzini
Intérprete-criadora: Yuriê Perazzini
Edição: Barbara Galvão
Fotos: Juliander Agrizzi
Vídeo: Bárbara Galvão
Fernando Rodrigues e Marco Aurélio Depizzol
Texto e Voz: Yuriê Perazzini e Gabriela Leandro
Trilha Sonora: Mixagem Bárbara Galvão
Colaboradores Labic Dança: Ivna Messina, Juliander Agrizzi, Farley José, Alexandra Bertoli, Laudenir Martins, Weber Cooper, Luiz Carlos Cardoso, Marcelo Oliveira, André Açari e Patricia Galeto.

 

Espetáculo Lavra
Com Weber Cooper (ES)
Duração: 09:26
Classificação Indicativa: 12 anos. | medo, nudez, violência
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Lavra: Documentário experimental curta-metragem. Um laboratório de dança em ambientes de extração de mármore e granito no município de Cachoeiro de Itapemirim — pólo produtor de rochas ornamentais no Sul do Espírito Santo. Narrativas do passado, presente e futuro entrecruzadas à (re)descoberta de uma ecologia somática. Da interface entre ecoperformance e documentário surgem imagens-proposições que buscam denunciar-anunciar a relação entre homem e meio ambiente.

Ficha técnica:
Realização: Grupo Atuação
Direção, Performance, Roteiro: Weber Cooper
Câmera e Edição: Victorhugo Passabon Amorim e Weber Cooper

 

Espetáculo O Amanhã Talvez Não Exista
Com Marcelo Oliveira (ES)
Duração:
Episódio 01 – 14 minutos e 9 segundos
Episódio 02 – 17 minutos e 36 segundos
Episódio 03 – 11minutos e 42 segundos
Classificação Indicativa: 10 anos | medo.
No site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Série em três episódios de videodanças, para múltiplos lugares e instalações. Criado no luto e pro luto, nos propõe reflexões a respeito do hoje, aqui e agora.
O que fazer com um corpo em processo de luto?
Como ressignificar corporalmente o estado não lugar da criação?
Quando penso e se o amanhã não existe.
É apenas a esperança de que teremos uma nova oportunidade para não nos arrependermos daquilo que não fizemos.
Amanhã é a tradução semântica do otimismo.
Empurro para um virtual amanhã os espinhos que me ferem hoje a carne e me lembram da minha humanidade.
Se tiver que ligar, ligue agora.
Se for pra chorar, chore agora.
Se for pra perdoar, perdoe agora.
Se for pra recomeçar, recomece agora.
Se tiver que dizer que ama, diga agora.
Faça tudo agora, porque o agora já está nas mãos, mas o amanhã simplesmente não existe.
Amanhã ainda não veio e, se vier, quando vier não será mais “amanhã”, e sim um outro “agora”, que pode, inclusive, não vir.
E assim, quando o corpo expressa e a mente vagueia.
Memórias afetivas despertam, são acolhidas e transformadas.
Tudo o que se sabia era que “o amanhã talvez não exista”. Hoje, o meu desejo é que se tenha vida para que se possa (coletivamente) viver outros amanhãs.

Ficha técnica:
Intérprete criador: Marcelo Oliveira
Imagens: Alif Ferreira e Clemer Rodrigues
Edição: Clemer Rodrigues
Figurinos: Beiju Lingerie
Textos: Stela do Patrocínio e Marcelo Oliveira
Coordenação de projeto: Vitória Dornelas
Apoio técnico: Luiza Ferreira e Rafael Tezolin
Trilha sonora: Marcus Neves
disco Modular Drone Session B/C (selo Música de ruído)
Contribuições: Ivna Messina, Juliander Agrizzi, Farley José, Ale Bertolli, Lalau Martins, Yuriê Perazzini, André Arçari, Weber Coper, Patrícia Galeto e Luiz Cardoso
Dia 16 de abril (sábado), às 16h

 

Mesa Por que dançamos?
Com Inah Irenam – projeto EPA! Encontro Periférico de Artes (BA), Danielle França projeto Frevo às cegas (PE) e Ivna Messina – projeto Labic (ES) |
mediação de Mariana Pimentel (RJ)
Duração: 120 minutos
Capacidade: 270 lugares
Classificação Indicativa: Livre
Pela plataforma Zoom. Ingressos via Sympla. Mais informações: www.itaucultural.org.br

O encontro reúne artistas contemplados na última edição do Programa para discutir questões em torno do “Por que dançar?”

 

Programação Presencial

De 13 (quarta-feira) a 17 de abril (domingo)

Espetáculo Graça – Uma Economia da Encarnação
Com Cia Gira Dança (RN)
Dias 13 e 14 de abril (quarta-feira e quinta-feira), às 20h
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: Não recomendado a menores de 16 anos por conter cenas de nudez
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Entrada gratuita
Reservas de ingressos pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Graça são camadas de tinta e de histórias acumuladas, impressas, misturadas, desbotadas, dissolvidas nos corpos. Graça é uma oferta, uma dádiva, uma benção que vem de nós para nós mesmas. É a graça de se reescrever, de se reencarnar nesse mundo. É um estado – de graça – e um regime que rege uma dança. É uma economia de carne. Uma economia da encarnação.

Ficha técnica:
Coreografia: Elisabete Finger
Em colaboração com: Alexandre Américo, Ana Vieira, Jânia Santos, Joselma Soares
Performance: Ana Vieira, Jânia Santos, Joselma Soares e/ou Thaise Galvão
Direção artística: Alexandre Américo
Assistência de direção: Ana Vieira
Produção artística e executiva: Celso Filho
Acompanhamento de pesquisa e documentação: Samuel Oliveira
Desenho de Luz: Camila Tiago
Fotografia de divulgação: Brunno Martins e Guesc
Design gráfico: Vinicius Dantas (AYA+)
Colagem: Manuela Eichner
Direção financeira: Cecilia Amara
Direção Espaço Gira Dança: Roberto Morais
Produção: Listo! Produções Artísticas
Realização: Companhia Giradança

 

Espetáculo Repertório N.2
Com Davi Pontes e Wallace Ferreira (RJ)
Dias 14 e 15 de abril (quinta-feira e sexta-feira), às 19h
Duração: 35 minutos
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos por conter cenas de nudez
Arena (Piso 2)
Capacidade: 55 lugares
Entrada gratuita
Reservas de ingressos pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Repertório N.2 é a segunda parte de uma experiência coreográfica para pensar a dança como uma prática de autodefesa. Utilizando técnicas desviantes e informais, Davi Pontes e Wallace Ferreira apostam em uma genealogia alternativa, subterrânea, de práticas autodefensivas. Com estas coreografias, assumem o compromisso de pensar criticamente sobre o mundo, realizando a operação de coreografar entre imaginação e intuição, tentando libertar o pensamento das ferramentas do entendimento.

Ficha técnica:
Artistas: Davi Pontes e Wallace Ferreira
Obra comissionada por Frestas – Trienal de Artes 2020/21 – O rio é uma serpente, com curadoria de Beatriz Lemos, Diane Lima e Thiago de Paula Souza.

 

Espetáculo Vala: Corpos Negros e Sobrevidas
Com Cia Sansacroma (SP)
Dia 16 de abril (sábado), 20h
Duração: 50 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos – cena de exposição de corpos e violência social e histórica
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Entrada gratuita
Reservas de ingressos pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Inspirado na energia e vivência corporificada no Cemitério dos Pretos Novos, localizado no bairro da Gamboa no Rio de Janeiro, o espetáculo dispõe de corpos pretos, “abertos”, escancarando suas marcas e que se encontram mortalmente aprisionados. As cenas percorrem o espaço e o tempo através da ideia de um corpo oco, que denuncia a “limpeza” e/ou genocídio dos pretos ao longo do tempo e como toda essa estrutura social foi justificando e moldando novos valores, a urbanidade, a civilidade, a segurança pública e a política de morte. Com quatro momentos, o espetáculo atravessa uma linha poética, através da perspectiva de que esses corpos se alto reconstroem como sementes, de que negam esse destino necropolítico, de que são vias de sobrevidas constantes e de que afirmam a urgência de uma desobediência que é vital, necessária e política. Não basta a cultura da paz, segue-se rumo à cultura da justiça.

Ficha técnica:
Direção artística, direção coreográfica e concepção do espetáculo: Gal Martins
Assistente de direção: Djalma Moura
Intérpretes criadores: Aysha Nascimento, Cristiano Saraiva, Djalma Moura, Erico Santos, Marina Souza, Regina Santos, Sabrina Dias, Victor Almeida e Tiago Silva
Trilha sonora: Dani Lova e Fefê Camilo
Figurinos, adereços e visagismo: Gil Oliveira
Projeto de luz e cenografia: Caio Marinho
Assistência de cenografia: David Godoi
Engenheiro de som: Danilo Santana
Preparação corporal: Djalma Moura
Orientação de pesquisa: Aline Serzedello
Fotografia e audiovisual: Lua Santana
Direção de produção: Vanessa Soares – Movimentar Produções
Assistentes de produção: Dani Lova e Tonny Antonyo
Mídias sociais: Elo Negro Afrocomunicação
Assessoria de imprensa: Lau Francisco
Design gráfica: Lais Oliveira
Agradecimentos: Fábrica de Cultura do Jardim São Luís e Núcleo Ajeum
Este projeto foi realizado com apoio do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura

 

Espetáculo Ou 9 ou 80
Com Clarin Cia de Dança (SP)
Dia 17 de abril (domingo), 19h
Duração: 50 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos – linguagem imprópria, violência, medo.
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Entrada gratuita
Reservas de ingressos pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Voltado para o universo do passinho e do funk, conta as histórias desses dançarinos da periferia do Rio de Janeiro e de São Paulo: os intérpretes-criadores Iguinho Imperador, Juju ZL, Mario MLK Bros, Pablinho Idd, Yoshi Mhoroox, Yure Idd e RD Ritmado. O fio condutor do trabalho são as nove mortes no baile em Paraisópolis e os 80 tiros na família na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Neste trabalho o objetivo foi levar não só as músicas de funk e passinho para o teatro, no Centro da metrópole, como também os dançarinos, onde o olhar dos frequentadores de baile se identifica num ambiente diferente do habitual.

Ficha técnica:
Criação e direção artística: Kelson Barros
Intérpretes criadores: Iguinho Imperador, Juju ZL, Mario MLK Bros, Pablinho Idd, Yoshi Mhoroox, Yure Idd e RD Ritmado.
Figurino: Gabriela Araújo
Trilha: Dj Seduty
Design de luz: Renato Lopes
Produtor: Dafne Nascimento

 

Foto destaque A Mulher do Fim do Mundo: Alexander Galvão

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