A trilogia de peças de rua pensadas para a infância e juventude – A Ciranda do Villa, Mário e as Marias e Piolin – integra o projeto…
Esse homem é brasileiro que nem eu…, que propõe a investigação da vida e obra de artistas brasileiros que valorizaram a cultura
O que tem em comum Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade e Abelardo Pinto, mais conhecido como o palhaço Piolin? Além de importantes artistas para a cultura popular, os três brasileiros estabeleceram um diálogo sobre identidade nacional e pluralidade cultural, determinando uma maior conexão entre suas obras e o público. Com o objetivo de resgatar a importância cultural e histórica desses três artistas, a Cia. Lúdicos de Teatro Popular apresenta uma mostra de repertório com os espetáculos A Ciranda do Villa, Mário e as Marias e Piolin. As três montagens integram o projeto Esse homem é brasileiro que nem eu…, que propõe a investigação da vida e obra de artistas brasileiros que valorizaram a cultura.
Contemplada pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura e com foco em apresentações na Zona Leste da capital paulista, a mostra de repertório da Cia. Lúdicos de Teatro Popular tem sua próxima sessão dia 5 de maio, quinta-feira, às 14h, na Casa de Cultura Hip Hop Leste com o espetáculo A Ciranda do Villa. A montagem, que aborda a vida e obra do maestro, compositor e multi-instrumentista Heitor Villa-Lobos, volta a ser apresentada dias 2 de julho, sábado, às 15h, na Casa de Cultura Raul Seixas; 3 de julho, domingo, às 16h, no Teatro Flávio Império e 16 de julho, sábado, às 15h, na Biblioteca Hans Christian Andersen.
Já a peça Mário e as Marias, livremente inspirada na vida e obra do poeta, escritor, crítico literário, musicólogo e folclorista, Mário de Andrade, com influências de obras de outros modernistas, tem apresentações dias 14 de maio, sábado, às 11h, na Biblioteca Hans Christian Andersen; 2 de junho, quinta-feira, às 14h, na Casa de Cultura Hip Hop Leste e 19 de junho, domingo, às 16h, no Teatro Flávio Império. O terceiro e último espetáculo da trilogia, Piolin, sobre Abelardo Pinto, o Palhaço Piolin, que nasceu num picadeiro e morreu engasgado com uma bala, tem sessão dia 7 de julho, quinta-feira, às 14h, na Casa de Cultura Hip Hop Leste.
Para Gira de Oliveira, que dirige as três montagens, os espetáculos não têm a pretensão de serem biográficos. “Selecionamos fragmentos das histórias desses três grandes artistas brasileiros para retratarmos, de forma lúdica, nossa visão sobre eles e suas obras. Com certeza marcaram nossa cultura com uma arte autêntica e brasileira, tão importante para o nosso tempo”, conta o diretor.
Quem foi Heitor Villa-Lobos?
O compositor, maestro e multi-instrumentista brasileiro nasceu no Rio de Janeiro em 5 de março de 1887. Sua mãe o queria médico e seu pai lhe deu a primeira viola de arco. Aos 16 anos fugiu para a casa de sua tia Fifina. Foi ela quem lhe apresentou O Cravo Bem Temperado, de Bach, inspiração principal para sua obra Bachianas Brasileiras, da qual faz parte O Trenzinho do Caipira. Villa-Lobos realizou viagens por todo o Brasil e, dentre tantas controvérsias a respeito dessas andanças, fora comparado com Macunaíma ao utilizar de suas artimanhas para trazer ares de modernidade às suas obras. Bebeu de muitas fontes populares para compor sua obra de música instrumental brasileira. Atualmente sua obra é considerada uma referência de grande relevância no Brasil e no mundo. Morreu no dia 17 de novembro de 1959 no estado do Rio de Janeiro.
Quem foi Piolin?
Abelardo Pinto nasce num circo na cidade de Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo, em 27 de março de 1897. Filho de Dona Clotilde e do Seu Galdino, artistas de circo, inicia sua carreira artística aos seis anos de idade. Mais tarde recebe o apelido de Piolin, que significa “barbante” em espanhol. Piolin inaugura seu próprio circo e se estabelece na cidade de São Paulo por mais de 40 anos. Em seu auge, além de ser reconhecido pelos modernistas, em especial Oswald de Andrade, como um “artista tipicamente brasileiro”, e homenageado por eles num almoço intitulado Festim Antropofágico – Vamos Comer Piolin, tinha em seu circo uma cadeira cativa reservada ao presidente Washington Luís, que comparecia toda quinta-feira. No ano de 1961, depois de 18 anos instalado na Avenida General Osório da Silveira, Piolin recebe uma intimação para desocupar o espaço. Ele passa então, a morar sozinho no seu antigo camarim, uma pequena casinha de madeira. Em 1972, num evento em comemoração aos 50 anos da Semana de Arte Moderna, o circo de Piolin é armado novamente no vão livre do Museu de Arte de São Paulo – MASP e o dia de seu aniversário passa a ser considerado como o Dia Nacional do Circo. Piolin morre no dia 4 de setembro de 1973 em São Paulo, dentro de sua casa, engasgado com uma bala e com insuficiência cardíaca.
Quem foi Mário de Andrade?
Mário Raul Moraes de Andrade nasceu em São Paulo no dia 9 de outubro de 1893. Poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta, colecionador, correspondente e fotógrafo brasileiro, escreveu diversas obras, como Macunaíma, Amar, Verbo Intransitivo e Paulicéia Desvairada, além dos contos Vestida de Preto, Tempo da Camisolinha e Peru de Natal, entre outros. Foi um dos responsáveis pela realização da Semana de Arte Moderna em 1922, e o primeiro diretor do Departamento Municipal de Cultura da cidade de São Paulo, por meio do qual realizou a Missão de Pesquisas Folclóricas por todo o Brasil na busca e registro da cultura do povo brasileiro. Durante toda sua vida defendeu uma linguagem nacional para promover a integração entre o ser brasileiro e sua terra. Morreu no dia 25 de fevereiro de 1945 em São Paulo vítima de um ataque cardíaco.
Programação
A Ciranda do Villa
Na montagem de 2009, Tuhu – apelido dado a Heitor Villa-Lobos em sua infância – recebe a visita de Tia Fifina e sua trupe. Encantado com aquele universo artístico, decide acompanhá-la em suas viagens, mas seus pais não permitem, pois ele ainda é muito pequeno. Para que Tuhu não fique triste, Tia Fifina lhe dá uma viola de presente. Desolado, ele adormece junto ao seu instrumento musical e, em seus sonhos, realiza uma grande ciranda por todo o território brasileiro onde se depara com cantigas e lendas da cultura popular.
Indicado aos prêmios FEMSA 2009 nas categorias: Melhor Texto e Trilha Sonora; e Cooperativa Paulista de Teatro 2009 na categoria: Melhor Trabalho Realizado na Rua, A Ciranda do Villa traz à cena sete atrizes em um resgate das singelas brincadeiras e canções folclóricas regionais brasileiras. O espaço cênico tem na sua distribuição a configuração de arena, onde o público se disponibiliza em forma de ciranda com as atrizes/narradoras sempre ao centro, resgatando assim, o primeiro formato das cirandas em que os músicos ficavam no meio enquanto as pessoas, de mãos dadas, cantavam e dançavam ao redor.
Ficha Técnica
Texto – Evill Rebouças
Direção – Gira de Oliveira
Elenco – Aila de Barros, Alba Brito, Cristiane Guerreiro, Gizele Panza, Nayara Martins, Vanessa Menezes e Vera Carnevali
Direção Musical – Bakhy
Cenários, Adereços e Figurinos – As Mariposas e Cia. Lúdicos de Teatro Popular
Danças Populares – Luanda Eliza
Produção – Cia Lúdicos de Teatro Popular.
A Ciranda do Villa
Recomendação etária – Livre
Grátis
Dia 5 de maio, quinta-feira, às 14h
Casa de Cultura Hip Hop Leste.
Rua Sara Kubitscheck, 165 A – Cidade Tiradentes
*Apresentação com libras.
Dia 2 de julho, sábado, às 15h
Casa de Cultura Raul Seixas
Rua Murmúrios da Tarde, 211 – Jose Bonifácio.
Dia 3 de julho, domingo, às 16h
Teatro Flávio Império
Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba
Dia 16 de julho, sábado, às 15h
Biblioteca Hans Christian Andersen
Av. Celso Garcia, 4142 – Tatuapé
Mário e as Marias
O espetáculo de 2013 com cinco atrizes no elenco conta a história do menino Mário, que recebe de presente de seus pais um par de óculos muito especiais, que permitem que ele enxergue o seu mundo de forma surpreendente. É o nascimento de um novo olhar, de um novo amar. O menino parte em busca de seu próprio reconhecimento por meio daquilo que seus olhos passam a ver: Maria!, que ora representa a gente, o lugar, a cultura do Brasil. As pessoas na plateia, dispostas frente a frente, são convidadas a se olharem, com afeto e carinho, através das lentes do próprio espetáculo.
Contemplado com o prêmio APCA 2013 como Melhor Espetáculo de Rua para Crianças, e indicado aos prêmios FEMSA 2013 nas categorias: Especial – pela pesquisa em Mário de Andrade, Trilha Sonora e Produção; e Cooperativa Paulista de Teatro 2013 na categoria: Melhor Trabalho Realizado na Rua, Mário e as Marias apresenta poesia, música e dança, que se misturam e se reinventam. O palco, ao ar livre, é delimitado por duas cordas estendidas paralelamente, sem marcação nas extremidades, formando um corredor aberto, que, ora representa as ruas de São Paulo, ora o Rio Tietê, ora os caminhos de Mário de Andrade.
Ficha Técnica
Dramaturgia e Músicas – Cia Lúdicos de Teatro Popular
Direção – Gira de Oliveira
Elenco – Alba Brito, Gizele Panza, Jéssica Nascimento, Juliane Pimenta e Vera Carnevali
Direção Musical – Pedro Paulo Bogossian
Cenários, Adereços e Figurinos – As Mariposas e Cia. Lúdicos de Teatro Popular
Danças Populares – Aurélio Prates Rodrigues
Produção – Cia Lúdicos de Teatro Popular.
Mário e As Marias
Recomendação etária – Livre
Grátis
Dia 14 de maio, sábado, às 11h
Biblioteca Hans Christian Andersen.
Av. Celso Garcia, 4142 –Tatuapé
*Apresentação com libras.
Dia 2 de junho, quinta-feira, às 14h
Casa de Cultura Hip Hop Leste.
Rua Sara Kubitscheck, 165 A – Cidade Tiradentes
Dia 19 de junho, domingo, às 16h
Teatro Flávio Império.
Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba
Piolin
A peça de 2018 reconta a história do palhaço que nasceu num picadeiro e morreu engasgado com uma bala. Em um espaço cênico que relembra um picadeiro e um camarim, os quatro atores – Cristiane Guerreiro, Gizele Panza, John Halles e Nayara Martins – dão vida aos palhaços de um circo. Entre músicas tocadas ao vivo, acrobacias e números clássicos de palhaço, o espetáculo conta, de forma não linear, a vida de um artista genuinamente brasileiro.
A composição visual de Piolin dialoga diretamente com a poesia das cenas e da história, e apresenta propostas inspiradas na arte barroca, em elementos do modernismo e do circo para criação do cenário, dos adereços e figurinos em tons de bege, azul e vermelho. O cenário, que aposta no lúdico, é formado por uma lona de sete metros que cobre o chão. O espaço é rodeado por vasos com flores, e conta também com uma vara de pescar com um guarda-chuva lembrando a lona do grande circo.
Ficha Técnica
Dramaturgia e Músicas – Cia Lúdicos de Teatro Popular
Direção – Gira de Oliveira
Elenco – Cristiane Guerreiro, Gizele Panza, John Halles e Nayara Martins
Direção Musical – Alexandre Guilherme
Preparação Circense – Osvaldo Hortêncio
Cenários, Adereços e Figurinos – Paolo Suhadolnik
Design Gráfico – Gabriel Victal
Fotografia – Manu Costa
Vídeo-Teaser – John Halles e Verônica Vieira
Operação de Som – Eduardo Carnevali
Produção – Cia Lúdicos de Teatro Popular.
Piolin
Dia 7 de julho, quinta-feira, às 14h
Casa de Cultura Hip Hop Leste.
Rua Sara Kubitscheck, 165 A – Cidade Tiradentes
Recomendação etária – Livre
Grátis
Sobre a Cia Lúdicos de Teatro Popular
A Cia Lúdicos de Teatro Popular surge em 2000 e tem como base investigar a popularização de linguagens, priorizando essencialmente as diversas possibilidades de discursos poéticos e ideológicos por meio de dramaturgias além da palavra. Nos quatro primeiros anos, o grupo escolhe obras clássicas, entre elas Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, Vestido de Noiva, O Mambembe, Auto da Compadecida e Sonho de Uma Noite de Verão e, devido a aceitação pública, constitui-se em repertório. Teve como foco pesquisar a vida e obra de cada autor, levando em consideração o contexto cultural e sociopolítico, porém, ao transpô-lo para o momento presente, a intenção é suscitar o pensamento crítico. A partir de 2005 a Cia estabelece estudos práticos, integrando quatro linguagens: a música, a poesia, o conto e a cena e, para tanto, adota o princípio de criar dramaturgias coletivamente. Surge Histórias Que o Vento Conta, um projeto infantil baseado na obra de Hans Christian Andersen e que resulta em dois espetáculos: A Arca Encantada e O Velho do Sono. Em 2007 a Cia passa a estudar a vida e obra de Heitor Villa-Lobos e estreia A Ciranda do Villa. Influenciada pelas experiências com a pesquisa e circulação do mesmo, a Cia cria o projeto Esse homem é brasileiro que nem eu…, que é uma tentativa de potencializar a pesquisa sobre a vida e obra de artistas brasileiros, utilizando-se da linguagem do teatro de rua, feito para crianças, com músicas ao vivo. O espetáculo A Ciranda do Villa é a primeira fase desse projeto, a segunda fase, iniciada em 2011, é chamada de Mário e as Marias, que abarca a vida e obra de Mário de Andrade e a terceira fase, iniciada em 2015, fecha a trilogia com a pesquisa sobre Abelardo Pinto resultando no espetáculo Piolin.
Site: cialudicos.wordpress.com
Instagram e Facebook: @cialudicos
Foto Piolin: Manu Costa
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